YukiO arrependimento veio na hora que Alex abriu a porta, o cheiro bom veio junto com a visão dele apenas com uma bermuda baixa, era possível ver o cós da cueca branca. Ele enxugava os cabelos molhados do seu recente banho.— Entra. — Deu-me as costas e seguiu em direção ao quarto.Entrei um pouco nervoso olhando para suas costas ainda molhadas. Muito tentador, pois a vontade que tive de lamber cada gota daquela água foi imensa.Alex tinha o corpo forte, nada muito definido. O que mais me chamava atenção era uma tatuagem na barriga, um sol e uma lua. O sol em cima e a lua embaixo. Não era tão grande, mas achei bonito o contraste dos traços escuros com sua pele clara. Não era a primeira vez que via, mesmo assim, ainda me pegava observando demais.— Fique à vontade, Yuki, vou só vestir uma camisa.Uma voz interna gritou para que ele não colocasse, felizmente, eu controlava bem minhas vontades. Assim eu penso e me convenço diariamente.Ele parecia chateado, ou talvez só cansado, era rar
YukiAlgo fofo como eu? Ele me acha fofo?Abri a boca para retrucar, mas me vi sem palavras. Um cara não chama o outro de fofo, bem, a menos que esteja brincando, certo?Isso! Quando estão brincando.Alex gosta de soltar alguns comentários desnecessários. É isso, apenas isso.Coloquei os jogos na mesinha de centro e tentei ignorar pensamentos intrusivos que insistiam em me levar para outros caminhos.— Escolha um — disse por fim, reprimindo a vontade de perguntar a razão de me achar fofo.— Hmm, tem bastante coisa aqui. — Alex puxou um dos tabuleiros. — Kaito e eu costumamos jogar nas horas vagas.— Que jogo é esse aqui?— Um Shogi, é um jogo bem popular aqui no Japão.— Parece complicado. — Alex pegou uma das peças de madeira no formato pentagonal.— Um pouco, precisa de uma boa estratégia. É como xadrez, o objetivo é capturar o rei, mas há algumas regras diferentes.— Eu sei jogar xadrez, vamos jogar esse.— Tem certeza? — Franzi o cenho. Não era um jogo simples, ainda mais para qu
YukiPoucas vezes na vida fiquei bêbado, sempre fui muito responsável e isso me permitia não falar mais do que a boca e nem dar vexame.Infelizmente, nem todos eram assim.Alex estava muito bêbado agora e Kaito, dormindo de qualquer jeito no sofá. Meu irmão chegou bastante sorridente, isso denunciava seu estado. Já Alex… ele achou um litro de uma bebida mais forte que estava há um tempo guardada: um destilado de arroz. Não tinha tanto álcool, mas isso era no caso de beber pouco, mas ele já estava secando a garrafa. Ele e Kaito se juntaram e beberam mais. E eu, eu apenas assisti os dois falarem coisas idiotas e ficarem cada vez mais bêbados.O resultado foi esse: dois bêbados e uma sala bagunçada, mas o problema maior nem era esse, Alex ainda estava acordado.— Aí ela disse que eu não tinha tempo pra ela, que ela era carente, que precisava se divertir e aquela baboseira toda. — Alex falava alto e já estava preocupado com os vizinhos. — Ela me culpou pelo meu próprio chifre, foi uma v
Alex O reflexo no espelho mostrava o quanto eu estava cansado. As olheiras profundas eram o resultado de noites mal dormidas, já faz uma semana que estou aqui e ainda não me acostumei. Infelizmente, essa não é a única razão para a minha falta de sono. Joguei água no rosto mais uma vez e me olhei novamente no espelho. Estava cedo, acordei antes do despertador tocar. Saí do banheiro secando o rosto e olhei minha roupa separada em cima da poltrona, mesmo aqui, ainda precisava usar um terno escuro. Suspirei ao tirar o robe do hotel. Escolhi o Japão especialmente por sua distância, mas também por ser bem diferente da minha realidade. Digamos que essas “férias” sem data de término teve uma boa razão, ou talvez seja apenas um capricho. Não importa, estava decidido e não iria voltar atrás. A maioria julga essa minha decisão como apenas um delírio, afinal, muitos venderiam suas almas em troca de uma fortuna do tamanho da minha. Aos olhos dos outros, não me falta nada e é inconcebí
Alex — Desculpe, não foi minha intenção invadir seu espaço. — Terminei de amarrar o lenço em sua mão. Ele sorriu levemente e puxou sua mão com calma, apesar de constrangido, foi gentil. — Obrigado, mas está tudo bem. Preciso ir, por favor me diga quanto foi o café. — Apressou-se pegando a carteira de dentro da mochila. — Deixe-me pagar pelo serviço da lavanderia também, sua camisa… — Não precisa, foi só um acidente — o interrompi. Seus olhos negros me encararm por um momento e achei intrigante a forma que me olhou. Era um rapaz bonito, devia ter seus vinte e poucos anos, claramente, um estudante universitário. — Desculpe-me. — Ele ajeitou sua bolsa em um dos ombros e saiu apressado. Olhei para o chão e percebi que havia um pequeno caderno. — Espere! — Tentei chamá-lo, mas ele foi rápido e já estava longe. Que japonês assustado! Mas me pondo em seu lugar, acho que também me assustaria se um homem estranho me tocasse no meio da rua. Bem, no fim, eu fui o errado que não prestei
Yuki — Eu sabia! Um homem que usa um perfume desses tem que ser bonito. E como ele é? Quero detalhes. — E pra quê? Foi só um homem que esbarrei na rua. — Ah, nunca se sabe se vão se encontrar de novo. — Rina, não delire. Não há a menor possibilidade de vê-lo novamente. — Quem é que sabe? Às vezes ele pode ser seu verdadeiro amor. — Que frase mais brega. — Acabei rindo, sua imaginação não tinha limites. — De onde tirou isso? — Amor à primeira vista existe, sabia? Mas não desconversa, quero detalhes do tal homem, anda, estamos chegando na sala. — Ok — Suspirei em desistência. — Ele é alto, loiro e tem olhos azuis. — Só isso? — Só. O que mais você quer que eu diga? — Ah, sei lá! Poderia dizer que ele é um gato, um puta de um gostoso, que tem um corpo daqueles, a boca gostosa… — Por Deus, Rina. Não continue, sinto vergonha. — Yuki, só estou desempenhando meu papel de amiga. Há quanto tempo você não namora? Você precisa arrumar um amor, de preferência um homem lindo e gostos
Yuki — Bem… — Olhei-o um pouco perdido e ele tomou a frente ao responder com um grande sorriso. — Me chamo Alex. Não somos amigos. Ainda — enfatizou, o que aumentou meu constrangimento. — Apenas nos esbarramos hoje de manhã em um pequeno acidente. — Apresentou-se curvando seu corpo para frente levemente, mas era desajeitado, de certa forma, engraçado. — Me chamo Matsumoto Rina, este é meu namorado Takeru Ito, somos amigos do Yuki. E, bom, estamos com um pouquinho de pressa... então, com licença. Nós nos falamos depois, Yuki. Foi um prazer te conhecer, Alex-san. Rina acenou e simplesmente saiu arrastando Ito. Eu não sabia onde enfiar a cara, ela fez de propósito. — Desculpe por isso — meu murmúrio saiu um pouco pesado. — Não tem problema. Yuki, não é? — Meu nome soou um pouco diferente no seu sotaque e confirmei com um aceno estranhando a informalidade que somente meus amigos e família tinham comigo. — Eu vim devolver seu caderno, caiu naquela hora. Precisei abrir para p
Alex O almoço foi servido e conversamos um pouco mais. Desejei tê-lo como amigo. Apesar da nossa clara diferença de idade, nossos assuntos eram compatíveis, Yuki pareceu ser muito maduro para um jovem universitário, claro, isso era um julgamento errado da minha parte, não devemos generalizar, além disso, eu não podia comparar seus costumes com os do meu país de origem. — Você foi a primeira pessoa que tive uma conversa informal e fora do trabalho. — confessei já bem mais a vontade. — Apesar do encontro incomum. Foi desastroso. — Olhei sua mão enfaixada que segurava o hashi e senti a consciência pesar. — Mas diante de tantas coisas que preciso resolver no momento, relaxei um pouco com esse almoço. — Ah, falando nisso… seu lenço, ainda não pude lavar. Se não for um problema pode me passar um endereço? Gostaria de mandar entregar assim que possível. — Não precisa ter esse trabalho, só jogue fora. Eu ainda não tenho endereço, estou em um hotel enquanto procuro um apartamento. Está me