Capítulo 2
Dentro do elevador.

Ademir olhava para o pingente de jade em seu peito, com os olhos cheios de melancolia.

Embora ele estivesse preparado para isso, quando chegou a hora de realmente encerrar o casamento, ele ainda não conseguiu ser completamente indiferente.

Ele pensava que a felicidade era simples: três refeições por dia, vida tranquila, apenas ser feliz era suficiente.

Agora, ele entendia.

Então, ser ordinário também era um tipo de pecado.

Após três anos de imersão nos sonhos doces, agora era hora de acordar.

Enquanto ele estava distraído, o seu celular começou a tocar.

Ao atender, uma voz familiar soou:

- Sr. Ademir, sou Cesar Souza da Associação Comercial de Cidade A. Ouvi dizer que hoje é o seu aniversário de casamento com a Sra. Beatriz, preparei um presente especial para a ocasião. Quando o senhor está disponível?

- Agradeço a gentileza, Sr. Cesar, mas não será mais necessário daqui pela frente. - Disse Ademir indiferente.

- O quê? - Cesar ficou um pouco surpreso.

De alguma forma, ele sentiu que havia algo de errado.

- Sr. Cesar, tem mais alguma coisa para dizer? - Ademir mudou de assunto.

- Ah, bem... Na verdade, tem algo que preciso lhe pedir. - Cesar tossiu embaraçado. – O fato é que, tenho um amigo que contraiu uma doença esquisita recentemente. Procuramos muitos médicos famosos, mas nenhum deles conseguiu curá-lo. Espero que o Sr. Ademir possa nos ajudar.

- Sr. Cesar, você deve conhecer as minhas regras.

- Claro! Se eu não tivesse sinceridade, não ousaria incomodá-lo. Para ser honesto, esse meu amigo tem lá em casa uma erva rara que o senhor procura, a Erva do Coração do Dragão. Se o senhor puder ajudar, esta erva de fitoterapia será o seu pagamento. - Cesar disse.

- Você está falando sério? - Ademir perguntou com uma expressão séria.

- Com toda a seriedade!

- Bem, se é realmente assim, eu mesmo vou lá. - Ademir concordou imediatamente.

Ele não tinha nenhum interesse em dinheiro ou joias.

Mas algumas ervas raras eram coisas que ele mais desejava.

Porque, ele precisava delas para salvar a vida!

- Muito obrigado, Sr. Ademir, vou mandar alguém buscar o senhor agora mesmo! - Cesar sorriu aliviado.

Embora fosse um dos Três Gigantes da Cidade A, e também o respeitado Presidente da Associação Comercial, ele ainda era extremamente cauteloso diante de Ademir...

- Que sorte! Encontrei outra erva rara, agora só faltam cinco. Acho que tenho tempo suficiente. - Ademir murmurou para si mesmo.

O humor sombrio de antes, finalmente se aliviou um pouco.

Nesse momento, as portas do elevador se abriram com um som de sino.

Ademir deu um passo à frente e saiu. Assim que saiu pela porta da empresa, viu duas figuras familiares se aproximando em sua direção.

Uma era a mãe de Beatriz, Eduarda Almeida.

O outro era o irmão mais novo dela, Carlos Silva.

- Mãe, Carlos, o que trazem vocês até aqui? - Ademir cumprimentou primeiro.

- Você e Beatriz já se divorciaram? - Eduarda foi direta ao ponto.

- Sim. - Ademir forçou um sorriso. – Isso tudo não tem nada a ver com Beatriz, foi problema meu, não a culpe por isso.

Sua intenção era terminar tudo amigavelmente, mas depois de ouvir suas palavras, Eduarda apenas bufou:

- Claro que é o seu problema! Eu conheço a personalidade da minha filha muito bem, se você não tivesse feito algo para magoá-la, como ela se divorciaria de você?

- O que? - Ademir ficou surpreso, meio sem reação.

Ela estava... Invertendo os fatos?

- Mãe, nesses três anos, você deve ter visto claramente o que eu fiz. Acredito que não fiz nada que magoasse Beatriz. - Disse Ademir.

- Ora, o coração de um homem é um abismo, quem sabe o que você fez? De qualquer forma, minha filha se divorciando de você, certamente fez o certo! Olhe para você, você ainda é digno da minha filha? - Eduarda desdenhou.

- Mãe, não acha que foi longe demais com essas palavras? - Ademir franziu ligeiramente a testa.

Três anos atrás, se não fosse por sua ajuda, como a família Silva teria chegado aonde estava hoje?

- Fui longe demais? E daí? Não estou falando a verdade? - Eduarda cruzou os braços.

- Chega, mãe! Não perca tempo falando com ele! - Neste momento, Carlos, que estava ao lado, deu um passo à frente. - Ademir! Você se divorciou da minha irmã, não me importo, mas aquele dinheiro, você tem que me dar!

- Dinheiro? Que dinheiro? - Ademir perguntou com uma expressão confusa.

- Pare de se fazer de desentendido! Não pense que eu não sei, minha irmã te deu oito milhões como compensação pelo divórcio! - Carlos disse friamente.

- Isso mesmo! Aquele dinheiro todo é da minha filha, você não tem o direito de pegá-lo! Devolva já! - Eduarda estendeu a mão em um gesto de cobrança.

- Eu não peguei um centavo daqueles oito milhões. - Ademir negou.

- Até parece! Quem recusaria oito milhões? Acha que somos idiotas?! - Carlos não acreditava nem um pouco.

- Ademir, se você tiver bom senso, é melhor devolver o dinheiro, ou não me culpe por virar a cara! - Eduarda o advertiu.

- Se vocês não acreditam, podem ligar para a Beatriz. - Ademir estava com preguiça de se explicar.

- O que? Você está nos ameaçando? Escute aqui, hoje, não importa quem venha implorar por você, você terá que sair sem nada, nem mesmo um centavo! - Disse Eduarda com raiva.

- Mãe! Já que ele não admite, vamos revistá-lo!

Carlos estava impaciente e começou a procurar nos bolsos de Ademir diretamente.

Eduarda também não quis ficar para trás e fez o mesmo.

- Mãe, realmente precisamos levar a situação a esse ponto? - Ademir franziu a testa.

Ele realmente não esperava que, logo após assinar os papéis do divórcio, as pessoas da família Silva fossem ser tão rudes.

Não tinham nenhum respeito.

- Quem é sua mãe? Não ouse me chamar assim! Quem você pensa que é? Você acha que é digno de nós? - Eduarda disse com uma expressão de repugnância.

Enquanto falava, suas ações não paravam.

Depois de uma longa busca, os dois não encontraram nada.

- Estranho, será que ele realmente não pegou o dinheiro? - Carlos não se conformava.

Nesse momento, ele notou pelo canto dos olhos o pingente de jade no peito de Ademir, então estendeu a mão e simplesmente o arrancou.

- Esse não é o pingente de jade antigo que minha irmã costumava usar? Como ele está com você? Você o roubou? - Carlos perguntou com desconfiança.

- Isso é herança da minha família Pereira, devolva agora! - A expressão de Ademir escureceu.

Ele podia não querer um centavo, mas o legado de sua mãe, ele precisava recuperar!

- Herança de família? Então, isso significa que é valioso? - Os olhos de Carlos se iluminaram.

- Ademir! Você comeu e bebeu de graça na minha casa durante três anos, então considere este pingente de jade como juros, vamos embora! - Eduarda fez um sinal para o filho e estava prestes a ir embora.

- Pare aí mesmo! - Ademir agarrou o pulso de Carlos e disse em voz baixa. - Devolva o pingente de jade!

- Ai! Dói! Merda, me solta! - Carlos sentiu como se seu pulso estivesse prestes a ser quebrado.

- Devolva para mim! - Ademir disse, palavra por palavra.

- Vá te catar! Prefiro jogar o pingente de jade fora do que te devolver!

Ao ver que não conseguia se soltar, Carlos se irritou e atirou o pingente de jade no chão com força.

Houve um som de estalo.

O pingente de jade se partiu em pedaços.

Ao ver isso, Ademir pareceu como se atingido por um raio, seu rosto ficou completamente pálido.

Esse... Era o legado de sua mãe!

Era a única coisa que ele tinha para se lembrar dela em toda a sua vida!

- Você ousa me bater? Que se dane tudo então! - Carlos esfregou o pulso, xingando.

As mãos de Ademir se apertaram lentamente, os ossos estalando.

Aqueles olhos frios estavam agora vermelhos e injetados de sangue.

- Bastardo! - Ademir não aguentou e desferiu um tapa bem forte no rosto de Carlos.

Com a bofetada, Carlos girou duas vezes no ar e caiu no chão pesadamente.

Por um momento, ele estava tão tonto que não conseguia se levantar.

- Criatura mal-educada! Já que sua mãe não soube te ensinar, então eu mesmo vou te ensinar!

Ademir agarrou o cabelo de Carlos e o puxou para cima.

Depois, deu outro tapa, e outro. Cada golpe fazia um som ensurdecedor no rosto de Carlos.

Com cada som alto e nítido, Carlos logo foi espancado até ficar com o rosto inchado e sangrando pela boca, uma cena horrível.

- Você ousa bater no meu filho? Eu vou lutar com você até o fim! - Eduarda gritou, pronta para ajudar.

- Saia daqui! - Ademir se virou e olhou para ela.

Aqueles olhos vermelhos como os de um demônio fizeram Eduarda congelar onde estava.
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