Capítulo 4
Zeus não deu chance para Diya se defender. Ele, com o rosto frio e a fúria estampada, virou as costas e saiu da sala sem olhar para trás. O estrondo da porta ao se fechar ecoou pela sala, e o vento gelado que entrou pelas janelas fez o ambiente parecer ainda mais gélido. A escuridão densa da noite, junto com o som das ondas, engoliu o coração de Diya.

Diya riu, mas não de alegria. Ela forçou-se a segurar as lágrimas enquanto pegava a xícara na mesa e a arremessava:

— Zeus, fode-se!

O que estava reprimido em seu coração explodiu, rasgando o disfarce que ela manteve por três longos anos. Zeus queria que ela se retirasse da família Santos, usando Bianca para humilhá-la. Mas agora que ela estava disposta a sair, ele parecia não querer mais.

Ela sabia que Zeus não estava relutante em se divorciar. Zeus sempre foi o dominador, o que estava no controle. O casamento deles, como tudo o mais, também tinha que ser ditado por ele. Ele poderia descartá-la, mas ela não poderia descartá-lo. O divórcio tinha que ser uma decisão dele, não dela.

Por que ele poderia passar a noite de Natal com Bianca, a mulher que ela mais odiava, e ela teria que sair de cena para dar lugar a eles? Não, ela queria o divórcio. E queria a metade dos bens. Não daria tudo de bandeja para Bianca.

Com a cabeça ainda girando por causa da bebida, Diya foi ao banheiro lavar o rosto. Quando saiu da sala privada, a festa no navio já tinha acabado. Até Bianca já havia ido embora. Diya ergueu uma sobrancelha, colocou os saltos altos e deixou o iate sozinha.

A noite estava fria, o vento cortava como facas. Diya ficou sozinha à beira-mar, observando as luzes das casas ao longe. Encarou a solidão da noite de Natal e, sem pensar duas vezes, ligou para seu tio Gustavo Ribeiro.

Meia hora depois, um Porsche preto e luxuoso parou diante dela. Diya, vestida de forma tão provocante, já estava quase sem sentir as mãos e os pés. Ela entrou no carro, sentindo o calor que a envolveu por completo, e finalmente deixou cair sua máscara, olhando para Gustavo com os olhos vermelhos de lágrimas contidas:

— Tio... por que demorou tanto?

Gustavo, o principal advogado do Brasil, com uma reputação impecável e um histórico de vitórias em todos os casos que pegava, olhou para a sobrinha com um misto de frustração e ternura:

— Garota, finalmente se lembrou de mim? Pensei que você tivesse nos esquecido.

Diya, ainda com os olhos marejados, agarrou-se ao braço de Gustavo:

— Tio, eu senti sua falta.

Gustavo franziu o cenho, preocupado:

— O que aconteceu? Onde está Zeus? Ele te machucou?

Diya, sentindo o calor do ombro de Gustavo, esfregou o nariz contra ele:

— Tio, você pode ser meu advogado? Eu quero me divorciar de Zeus! Não aguento mais, aquele desgraçado!

Gustavo não podia suportar ver sua sobrinha sofrer desse jeito:

— Eu sabia que você só me procuraria se tivesse algum problema! Me diga, por que escolheu um cretino como ele? Agora se arrependeu, não é?

Gustavo, com o coração apertado e um pouco de raiva, deu um leve peteleco na testa de Diya:

— Se seu avô e seus outros tios souberem disso, Zeus vai pagar caro.

— Não, tio! Você precisa esconder isso deles. Tenho medo que meu avô fique tão irritado que acabe passando mal... Por favor, tio, você sempre foi o melhor para mim.

Além disso, ela não queria desapontar seu avô.

— O estado de saúde dele realmente não está bom. O médico disse que a doença piorou nos últimos dias. O maior desejo dele sempre foi segurar um bisneto nos braços, ele está sempre esperando boas notícias de você. — Disse Gustavo.

Ao ouvir isso, Diya sentiu o coração apertar.

Anos atrás, quando a família Ribeiro, a mais poderosa do Município Sul, sofreu um grande golpe, seu avô adoeceu gravemente, e seus tios enfrentaram traições e dificuldades. Para salvar a família Ribeiro, Diya se ofereceu para cumprir o contrato de casamento com Zeus.

Seus tios eram solteiros, então a responsabilidade de continuar o legado da família Ribeiro caiu sobre seus ombros. Seu avô até a designou como futura líder da família, pedindo que ela e Zeus tivessem uma vida feliz e que ela logo lhe desse um bisneto. Mas as coisas não saíram como planejado, e sua vida se tornou o caos que é agora. Por isso, ela sempre quis ter um filho, não só para conquistar o coração de Zeus, mas também para dar esperança ao seu avô.

Todos pensavam que, quando ela deixou a família Santos e foi enviada para o campo para ficar com seu avô, que ela e sua família eram caipiras do interior. Mas ninguém sabia a verdadeira identidade de seu avô, o mais enigmático Rei do Jogo do Brasil, Cessar Ribeiro.

Quanto ao último desejo do avô, Diya já tinha um plano em mente:

— Tio, primeiro me ajude a esconder a verdade. Quando eu estiver grávida, aí sim contamos ao vovô sobre o divórcio com Zeus.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntou Gustavo, franzindo o cenho.

— Quem disse que eu preciso ter um filho com o Zeus? Contanto que os genes sejam bons, qualquer homem serve, não é? — Diya reprimiu a dor em seu coração e cruzou as pernas, com uma expressão tranquila. — Tio, pode ficar tranquilo. Dentro de dois meses, eu com certeza estarei esperando o bisneto da família Ribeiro.

Gustavo sabia que Diya estava agindo por impulso:

— Ter um filho não é algo que se faça sem pensar. Não, precisamos planejar isso com calma.

A família estava preocupada com o futuro de Diya, mas isso não significava que permitiriam que ela se tornasse mãe solteira só para cumprir o desejo de ter um herdeiro. Mas Diya estava decidida:

— Tio, só cuide do divórcio. O resto, eu sei o que estou fazendo.

Zeus achava que Diya não poderia viver sem ele? A mãe de Zeus não havia lhe dado um ultimato, planejando expulsá-la de casa em três meses? Então, ela iria esfregar na cara deles que eles estavam errados! Ela mostraria a Zeus que, sem ele, poderia ter filhos com qualquer outro homem. E não precisaria de três meses. Ela poderia trocar de homem agora mesmo. Além disso, ela escolheria um homem mil vezes melhor que Zeus! Aquele homem desprezível poderia ir para o inferno com Bianca!

Com esse pensamento, Diya pegou o celular e enviou uma mensagem:

[Publique um anúncio para encontrar um homem que possa me dar um filho. Menos de trinta anos, altura mínima de 1,88m, bonito, QI acima de 200, excelente na cama e bem-educado. Lembre-se, ele precisa ser mil vezes melhor que Zeus!]

Do outro lado, ao receber a mensagem de Diya, a pessoa ficou empolgada, mas manteve a compostura, respondendo de forma objetiva:

[Entendido. Entrega em domicílio em 24 horas. Princesa, finalmente você resolveu aparecer.]

No dia seguinte, era Ano Novo.

Toda a família Santos estava reunida. Todos, exceto Diya, que costumava ser a anfitriã dedicada todos os anos. Luiza Duarte estava furiosa, rangendo os dentes. Quem ela pensava que era, para sequer ousar não voltar para casa?

Então, quando Zeus entrou sozinho na mansão, o estalo da xícara se quebrando ecoou pelo salão, seguido de um grito furioso do Mestre Santos:

— Seu desgraçado! Que tipo de besteira você andou fazendo dessa vez? Ainda tem a cara de pau de voltar pra casa?

A atmosfera, antes festiva, da família Santos, despencou em segundos.

Zeus, com sua altura imponente e postura nobre, vestia um terno preto impecável, coberto por um casaco de lã cor de camelo devido ao frio. Seus cabelos caíam desordenadamente sobre a testa, exalando um ar de frieza e indiferença. Na família Santos, quem ousaria contrariar o Mestre Santos patriarca? Apenas Zeus.

Mesmo após o sermão, Zeus sorriu e entrou na casa, entregando o casaco ao mordomo. Ele olhou ao redor, buscando alguém, e, ao não encontrá-la, seu sorriso esmaeceu levemente:

— Onde está Diya?
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