Capítulo 5
Luiza murmurava, com uma mistura de amor e irritação, para o filho:

— Sua esposa não foi te procurar ontem à noite? E ainda não voltou? Ela não ficou com você? No meio das festividades e ela some sem dar notícias, sem sequer atender as ligações! Não tem o menor respeito! Seu avô ficou furioso! Eu sabia que não deveria ter permitido esse casamento. Ela, uma menina criada no campo, não tem a mínima condição de ser parte da família Santos! Ela nunca deveria ter tido a sorte de entrar para a nossa família!

Zeus lembrou-se do momento em que Diya mencionou o divórcio na noite anterior. Pensou nela bebendo e jogando. Era como se fosse outra pessoa, completamente diferente da garota recatada que sempre aparentava ser na família Santos. Ele soltou uma risada fria:

— Não é bem assim.

Luiza não entendeu direito o que filho quis dizer, mas não estava disposta a falar sobre a nora do interior. Preferia que ela não voltasse, pois assim, não teria que lidar com ela:

— Ouvi dizer que Bianca voltou? Não me importo com o que seu avô pensa, vou dar mais três meses para ela. Se não engravidar, Bianca retoma o lugar que é dela!

Zeus manteve o semblante calmo, mas seus olhos ficaram sombrios:

— Mãe... foi você que falou de divórcio com ela?

— E o que você esperava? Que Diya continuasse aqui, ocupando espaço sem cumprir seu papel?

Zeus soltou uma risada sarcástica, não disse mais nada e foi embora, batendo a porta com força.

— Zeus! — Chamou Luiza, mas ele já tinha ido.

Ao entrar na mansão, Mestre Santos estava parado nas escadas com sua bengala. Ele olhou para Zeus com uma expressão severa e disse:

— Seu ingrato, venha para o meu escritório agora!

Zeus seguiu Mestre Santos para o escritório. Assim que entraram, Mestre Santos desferiu um golpe com a bengala na perna dele:

— Seu insolente, você acha que eu não sei das suas peripécias na noite de Natal? Diya quer se divorciar de você! Estou te avisando, enquanto ainda há tempo para consertar as coisas, vá atrás dela e peça desculpas. Você não sabe o que tem nas mãos! Se realmente se divorciarem, ela não vai voltar atrás! Eu vou ser claro com você: nunca vai encontrar outra mulher melhor que Diya!

Zeus, com as mãos nos bolsos, aguentou a dor e levantou os olhos lentamente:

— É mesmo? Acha que conhece ela melhor do que eu?

— Conheço, sim! — Respondeu Mestre Santos, com firmeza.

Zeus apertou os lábios, formando uma linha fina e fria.

Mestre Santos soltou um suspiro exasperado:

— Eu realmente não entendo você. Foi você quem quis casar com Diya, foi você quem guardou escondido as fotos dela na carteira durante todos aqueles anos em que ela esteve no Sul. Como pode tratá-la assim agora que está casado? Que tipo de tolice é essa? Vou deixar bem claro: para mim, Diya é a única mulher que importa. Se você ousar se divorciar dela, esqueça o posto de herdeiro. Vou passá-lo para o seu irmão! E tem mais, se ela não engravidar nos próximos três meses, não me chame mais de avô!

Zeus ficou visivelmente sombrio ao ouvir essas palavras. Ele respondeu, com um tom cada vez mais desafiador:

— Se o senhor quer tanto um bisneto, deveria pensar em ter outro neto ao invés de perder tempo comigo!

Dito isso, ele saiu do escritório com passos largos, deixando Mestre Santos irado.

— Pois bem! Se você machucar Diya, vai se arrepender! — Gritou Mestre Santos, enquanto Zeus saía.

Ao sair do escritório, Zeus retornou para o quarto que ele e Diya dividiam na Mansão Florensa. Era o quarto onde ele costumava ficar antes de se casar. Desde o casamento, ele raramente passava as noites ali, porque Diya estava sempre por perto. Mas agora o quarto estava vazio, evidenciando que Diya não tinha voltado desde a noite anterior.

Zeus ligou para a casa onde viviam, mas a empregada disse que Diya não tinha passado por lá. Ele então ligou para o iate, e foi informado que ela saiu no meio da noite.

Zeus franziu a testa, profundamente incomodado.

Nesse momento, o mordomo da Mansão Florensa, Jacinto, bateu na porta e entregou a ele um envelope:

— Mestre Zeus, este é um documento urgente que acabou de chegar para o senhor.

Zeus estava em frente à janela quando abriu o envelope. Era uma petição de divórcio. O advogado responsável? Ninguém menos que Gustavo, o renomado advogado criminalista, o quinto filho da poderosa família Ribeiro, do Município Sul do país. Ele tinha uma reputação impecável e não aceitava qualquer caso, muito menos casos de divórcio. Só podia significar que Diya já tinha planejado esse divórcio há muito tempo.

Jacinto, que não ousou ler o conteúdo dos documentos, percebeu claramente a mudança no rosto de Zeus:

— Mestre Zeus, está tudo bem? Quer que eu cuide dos ferimentos nas suas costas?

O Mestre Santos tinha sido bem severo.

— Não precisa, tio Jacinto. Pode ir. — Disse Zeus.

Jacinto não insistiu, saindo em silêncio.

Zeus ficou sozinho diante da janela panorâmica, sua silhueta alta e imponente envolta em uma aura fria e austera. Ele apertou os lábios, pegou o celular e, com o semblante fechado, tentou ligar para Diya. A ligação, no entanto, não completou. Em seguida, procurou o contato dela no WhatsApp e tentou uma chamada de voz, mas, para sua surpresa, havia sido bloqueado.

A luz que entrava pela janela realçava as feições marcadas de seu rosto enquanto ele discava o número de Gustavo, o advogado mencionado na petição de divórcio. O telefone chamou por um bom tempo antes de ser atendido.

— Alô, quem fala? — Perguntou Gustavo.

— Sou o Zeus!

A voz grave de Zeus carregava um tom gélido.

— Já recebeu a petição? Se está ligando, então já decidiu que vai se divorciar da minha cliente?

Zeus foi direto ao ponto, seus olhos azuis cheios de uma tempestade contida:

— Onde ela está? Se quer o divórcio, que venha pessoalmente à família Santos. Caso contrário, esqueça.

— Receio que minha cliente não vai concordar com isso, Mestre Zeus. Se quer o divórcio, aceite as condições dela. Foi bom enquanto durou, mas se você se recusar, nos veremos no tribunal. A audiência está marcada para a próxima segunda-feira, às nove e meia da manhã. Está ciente, não?

Zeus esboçou um sorriso frio:

— Gustavo, não estou negociando com você!

Na cidade de Malanje, ninguém ousava enfrentá-lo em uma disputa judicial. Mas Gustavo, sem se abalar, encerrou a ligação abruptamente:

— Também não temo suas ameaças. Pode vir com tudo, Zeus!
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo