Com a personalidade de Zeus, era óbvio que ele não deixaria as coisas terminarem de forma tranquila. Diya sabia disso melhor do que ninguém. Por isso, o plano que surgiu em sua mente foi simples: quando descobrisse que estava grávida, ela não contaria nada a Zeus. Esperaria até que o divórcio fosse oficializado e, então, desapareceria de sua vida para sempre."Esse filho é meu, somente meu. Não importa o que aconteça, Zeus jamais o levará de mim."Mas, apesar dessa ideia inicial, ela sabia que ainda não havia decidido nada de forma definitiva. Era apenas um rascunho de plano, algo que ainda precisava ser pensado com mais cuidado.Por isso, quando Vanessa expressou sua preocupação com relação a Zeus, Diya simplesmente desviou o assunto, sem saber exatamente o que responder.— Não se preocupe, já tenho um plano. — Ela disse, tentando soar mais segura do que realmente estava. — A propósito, eu lembro de ter enviado o convite para a minha festa de aniversário. Por que você não apareceu?Di
Vanessa notou o brilho nos olhos de Diya e, antes que pudesse perguntar, ouviu a amiga dizer: — Eu sei exatamente para onde vamos. Vamos lá! Como Diya nunca havia visitado o local, ela e Vanessa pararam em um mercado no caminho para comprar várias guloseimas. Com o porta-malas cheio, as duas pegaram a estrada rumo à nova casa de Diya. Ao chegar ao condomínio Pérola Oeste, ficou claro que sua reputação era completamente justificada. Situado na zona leste da cidade, o local ficava à beira-mar, cercado por uma paisagem deslumbrante. O clima era sempre ameno, com a brisa do oceano trazendo frescor, e mesmo no outono, tudo ao redor parecia vibrar com tons de verde. Era como estar em um pedaço do paraíso. Com a ajuda dos seguranças do condomínio, Diya estacionou o carro na garagem da casa. Ela desceu, levantou os olhos e finalmente teve tempo de observar com atenção o presente que havia recebido de seu tio Chris. A fachada da casa era um espetáculo à parte: um design minimalista e
Diya pensava consigo mesma que, se conseguisse entender melhor a situação, talvez pudesse ajudar Vanessa a encontrar uma solução.Sua própria vida amorosa havia sido um fracasso, mas, se pudesse ajudar sua melhor amiga a ter um final feliz, isso já seria uma forma de consolo.— Não importa o que eu faça, a chance de ficarmos juntos é praticamente inexistente. Como ele mesmo disse, somos de mundos completamente diferentes. Como poderíamos sequer encaixar um no outro? Ah, esqueci de te contar, ele é uns... vinte e seis anos mais velho do que eu.Ao ouvir Vanessa falar, Diya inicialmente se perguntava que tipo de homem não seria capaz de valorizar uma mulher como sua melhor amiga. Mas, assim que a diferença de idade foi mencionada, tudo começou a fazer sentido.— Dizem que cinco anos já são suficientes para criar um abismo entre gerações. Vocês têm vinte e seis anos de diferença! Vocês nem são do mesmo século. Você já pensou nisso? Quando você ainda estava de fraldas no colo dos seus pais
Diya colocou o delicado copo na base do filtro de água, pronta para apertar o botão, quando ouviu o som de uma chave girando na fechadura da porta."Droga! Será que é um ladrão?" pensou Diya, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.Mas, em questão de segundos, percebeu que algo não fazia sentido. Aquele era o bairro mais seguro da zona leste de Malanje. Além disso, se fosse mesmo um ladrão, ele não entraria pela porta da frente com tanta calma, certo?Com a mente a mil, Diya se escondeu silenciosamente ao lado do hall de entrada, em um ponto cego da visão de quem entrasse. Por precaução, pegou um vaso que estava sobre uma mesa próxima, pronta para usá-lo como defesa se necessário.A porta da frente se abriu, e logo a voz de um homem ecoou pela sala vazia.— Diya, você está acordada?Ao ouvir a voz familiar, Diya soltou o ar e colocou o vaso de volta no lugar, saindo rapidamente do esconderijo.E lá estava ele: seu tio Chris, com a aparência cansada de quem tinha acabado de enfrenta
A expressão no rosto de Chris ficava cada vez mais séria, mas Diya não lhe deu nenhuma chance de interromper.— O senhor sabe, tio, que o estado de saúde do vovô é muito grave. Se não fosse pelo Zeus, que usou sua influência para trazer o Dr. Jorge, ninguém sabe o que poderia ter acontecido. — A voz de Diya estava firme, mas carregada de emoção. — Então, a única coisa que eu quero agora é engravidar o mais rápido possível, para que o vovô possa segurar o bisneto que ele tanto deseja enquanto ainda está entre nós.Chris fechou os olhos por alguns segundos, tentando esconder o peso da tristeza e impotência que sentia.— Entendi. — Ele respondeu, com um tom baixo. Depois de uma pausa, continuou. — Diya, me traz um pouco de bebida. Quero tomar algo.Depois de tantos anos no exército, Chris havia desenvolvido o hábito de aliviar suas emoções com álcool. Mesmo que Diya, agora focada em engravidar, não pudesse beber com ele, isso não o incomodava. Ele beberia sozinho.Sem hesitar, Diya foi bu
Diya falou, com a voz baixa, mas firme:— Na época, insisti em me casar com Zeus porque eu o amava. Agora quero o divórcio porque ele não me ama. Saber que entreguei meu amor à pessoa errada já é doloroso o suficiente. Por isso, preciso parar antes que eu mesma me destrua. Não quero ser como minha mãe… — Ela fez uma pausa, respirando fundo, enquanto a lembrança da mãe atravessava sua mente como uma lâmina. — Ela depositou todo o seu amor em alguém que a decepcionou. Isso já seria triste, mas o pior foi que ela nem sequer conseguiu manter a própria vida no final...Quanto ao acordo com Zeus para ter um filho por causa do avô, isso era algo que vinha de um desejo egoísta dela mesma."Não dizem que um filho é o fruto do amor dos pais?" pensava Diya.Ela queria ter esse filho. Queria vê-lo crescer, dia após dia, e assim enganar a si mesma. Queria acreditar que, mesmo que Zeus não a amasse agora, ele já a tivesse amado um dia. Mas, na realidade, ela odiava a si mesma por esse tipo de pensam
Chris havia bebido muito. Sob o estímulo da luz do ambiente e dos próprios reflexos automáticos do corpo, ele conseguiu recobrar um mínimo de consciência, mas seus olhos insistiam em não se abrir completamente.Em meio à confusão de sua mente, ele sentiu um par de mãos pequenas e frias o ajudar a se sentar, posicionando-o contra algo macio. Logo em seguida, a sensação fria de um copo encostou-se aos seus lábios, e a água começou a descer suavemente por sua garganta.Ele estava tão sedento que aceitou a ajuda sem hesitar, engolindo grandes goles de água, até que o copo ficou completamente vazio. Apenas quando Vanessa retirou o copo, ela perguntou, com uma voz delicada:— Quer mais? Se quiser, eu pego mais para você.— Não... Não preciso. — Chris franziu levemente a testa. Aquela voz... Por que parecia tão familiar?Enquanto isso, Vanessa sentia o coração bater descontroladamente. Ela olhava para o homem à sua frente, que, completamente vulnerável pelo álcool, não tinha forças para reagi
— Vanessa, você é uma mulher de família, uma dama. Não me faça perder o respeito por você, está bem?Os olhos de Chris estavam frios como gelo, e aquele olhar fez Vanessa sentir como se estivesse congelada pelo frio que emanava dele.— Você... Chris, você está sendo cruel demais!A mágoa subiu como uma onda, e as lágrimas que Vanessa segurava há tanto tempo finalmente escaparam. No entanto, ela não chorou na frente de Chris. Em vez disso, correu para o quarto quase aos tropeços, jogou-se na cama e escondeu-se sob o edredom, onde chorou em silêncio.Tudo aconteceu tão rápido que ela nem teve tempo de calçar os sapatos. Na escuridão, as lágrimas de Vanessa encharcaram o tecido do edredom, mas ela não fez nada para enxugá-las."Por que isso? Se ele não gosta de mim sendo gentil e carinhosa, e também não gosta de mim sendo ousada e apaixonada, eu só queria uma noite com ele! Será que nem isso é possível? Chris é impossível de lidar!"Seu coração parecia despedaçado. Aquele homem mais velho