Depois da noite anterior, Chris já não sabia mais o que esperar daquela garota. Ele sempre conseguira antecipar as atitudes de Vanessa, mas agora tudo parecia incerto.Antes que Diya pudesse falar algo ou tentar combinar os planos, Vanessa interrompeu, com um tom casual:— Diya, se você está com sono, volta para a cama e descansa. Eu vou de carona com seu tio, está tudo bem.Chris e Diya não tinham feito questão de esconder o que estavam conversando, então Vanessa, que ouviu tudo claramente, também não viu necessidade de fingir que não sabia de nada.Dentro do BMW branco, Chris assumiu o volante e deu partida no carro. Ele observou pelo retrovisor enquanto Vanessa se despedia de Diya e, em seguida, tomava o lugar no banco do passageiro ao seu lado.Assim que ela fechou a porta, sua voz fria e objetiva soou:— Coloque o cinto de segurança.Vanessa só então percebeu que estava no carro de Chris, e que cada gesto precisava ser impecável. Quase automaticamente, ela obedeceu, ajustando o ci
Vanessa, posicionada acima de Chris, olhava para ele com seus olhos brilhantes e determinados, enquanto ele a encarava com aquele olhar sério e cheio de sabedoria. Lentamente, os olhos dela desceram, e então seus lábios macios e quentes encontraram os dele. O toque parecia carregar eletricidade, sugando toda a força de Chris no instante em que aconteceu. Aquele beijo, inicialmente suave, foi se aprofundando. O leve aroma cítrico de limão que emanava de Vanessa envolveu Chris, fazendo com que ele, sem perceber, fechasse os olhos. Sua respiração ficou mais pesada e descompassada, enquanto tentava, sem sucesso, resistir ao momento. Chris tentou lutar contra o impulso, mas Vanessa o segurou ainda mais firme, até que o contato entre os dois se intensificou. Foi nesse instante que algo dentro dela mudou, ao sentir a colisão de uma área sensível de ambos os corpos. O corpo de Vanessa congelou por um segundo, mas logo suas bochechas ficaram tão vermelhas quanto brasas. Mesmo assim, ela i
Chris sempre evitou ferir Vanessa diretamente. Mesmo quando precisava ser claro, ele escolhia cuidadosamente as palavras para não machucá-la. Mas, desta vez, sua paciência e autocontrole ruíram completamente diante daquela jovem insistente. Ele mal podia acreditar na situação em que se encontrava e, por isso, não se preocupou em medir suas palavras.— Sobrinha? — Vanessa repetiu a palavra, com os olhos inchados como duas nozes, que agora voltavam a ficar vermelhos de lágrimas contidas. — Agora você quer continuar se enganando? Você diz que me vê como sobrinha, mas uma sobrinha você abraça, beija e ainda reage assim?Ela respirou fundo, tentando manter a voz firme, mas a mágoa transparecia em cada palavra.— Tudo bem, já que você foi tão claro, eu entendi o recado. De agora em diante, eu fico bem longe de você!Vanessa tinha seu orgulho, sempre teve. Mas, por Chris, ela o engoliu, escondeu, fez de tudo para ganhar um sorriso sincero dele. Ela se entregou completamente, até mesmo o últim
O que Mestre Santos não percebeu foi que Zeus, ao descer para pegar um copo d’água, acabou ouvindo toda a conversa ao telefone."Diya vai vir para a Mansão Florença?"O corpo debilitado de Zeus reagiu instintivamente, e ele tossiu duas vezes, o que atraiu a atenção imediata de Mestre Santos.— Zeus, como você está agora? Está se sentindo melhor? — Perguntou o Mestre Santos, com preocupação na voz.Zeus tomou um gole da água fria antes de se sentar ao lado de Mestre Santos.— Estou melhor, vovô, não precisa se preocupar comigo. — A resposta foi educada, mas o motivo pelo qual ele se aproximou não tinha nada a ver com seu estado de saúde. — Eu ouvi você dizendo que convidou a Diya para jantar aqui?Doente, com o corpo enfraquecido e a mente confusa, Zeus sentiu seu coração acelerar só de imaginar a possibilidade de Diya aparecer. Uma sensação agridoce o dominou."Será que, ao me ver assim, tão vulnerável e doente, ela vai sentir pena de mim? Será que vai reconsiderar o divórcio?"— Sim.
Assim que Diya desceu do carro, a primeira pessoa que viu foi Zeus. O rosto dele estava um pouco corado, os lábios finos cerrados, e sua expressão fria exalava uma aura de “não se aproxime”.Diya pensou que alguém provavelmente havia irritado Zeus, e decidiu, em silêncio, que durante o jantar em família ficaria o mais longe possível dele. Afinal, o divórcio dos dois já estava próximo, e não fazia sentido tentar criar algum tipo de conexão emocional agora. Além disso, o protagonista da noite era Nelson, alguém que ela sempre considerou como um irmão mais velho. Não seria justo Zeus roubar os holofotes.E foi assim que se desenrolou a cena a seguir.Zeus estava com as costas eretas, parado ao lado de Nelson, que estava sentado em sua cadeira de rodas.Sem hesitar, Diya, com o enorme ursinho de pelúcia do Ursinho Pooh nos braços, caminhou diretamente até Nelson com um sorriso caloroso.— Irmão, há quanto tempo! — Disse ela, com uma expressão leve e descontraída, antes de colocar o ursinho
Foi só então que Diya percebeu que, em meio à empolgação de entregar o presente a Nelson, tinha se esquecido completamente do fato de que ainda nem havia entrado na mansão! No amplo pátio da Mansão Florença, Mestre Santos já estava sentado em sua cadeira imponente, esperando pacientemente. — Diya, há quanto tempo você não vem visitar o vovô? Eu já estava sentindo sua falta! — exclamou Mestre Santos ao vê-la se aproximar. Ele segurou a mão de Diya com firmeza, suas mãos envelhecidas e magras pousando exatamente no pulso dela. Sob a manga fina do vestido, o bracelete frio e luxuoso brilhava discretamente em seu braço. Aquele não era um simples acessório: era a herança da família Santos, um símbolo que representava a aceitação de Diya como neta por parte de Mestre Santos e, mais importante, como nora da família. Alguns dos presentes, que tinham olhares atentos e conheciam o valor daquele bracelete, imediatamente demonstraram inveja. Nos olhos de Mestre Santos, no entanto, havi
As palavras de Nelson carregavam uma leve insinuação, envoltas em um tom de melancolia quase imperceptível.Diya, ao pensar em tudo o que Nelson havia passado ao longo dos anos, sentiu uma empatia impossível de conter.— Você tem razão no que disse.Nelson havia passado anos fora, relutando em voltar para casa exatamente por esse motivo. Assim como ela, que havia sido profundamente magoada por Zeus, como poderia simplesmente esquecer tudo e ignorar a dor e os traumas causados por ele?Talvez existam pessoas no mundo que conseguem perdoar tudo, mas ela e Nelson certamente não eram desse tipo.— Mas, e então? Já vai começar o jantar. Você não está com fome? — Perguntou Diya, com um sorriso caloroso iluminando seu rosto.Durante todos aqueles anos, ela havia desenvolvido o hábito de ser a luz de Nelson. Quanto mais ele se fechava em sua melancolia, mais ela fazia questão de agir como um pequeno sol, capaz de aquecer qualquer sombra que pairasse sobre ele.Era assim que os dois se equilibr
Diya se afastou das profundezas de suas memórias, apenas para ouvir o leve suspiro de Nelson.— Eles realmente se parecem muito conosco."Muito parecidos?" Pensou Diya. Para que Nelson, alguém tão criterioso, admitisse uma semelhança tão grande, era porque realmente deveria ser algo marcante.Naquele momento, todos os comentários maldosos, todas as possíveis repercussões negativas desapareceram de sua mente. A empolgação tomou conta de seu coração, e, diante de Nelson, ela assentiu com firmeza.— Se você acha que esses alunos se parecem conosco, então... eu vou tentar.Desde que deixou os tempos de escola, Diya raramente tocava violino. Ensinar, então, era algo completamente fora da sua zona de conforto. Nem mesmo ela sabia se teria a capacidade de ser uma boa professora.Nelson, porém, não conseguiu esconder a alegria. Para ele, ouvir Diya concordar em tentar já significava que a questão estava praticamente resolvida.Diya era uma mulher obstinada e com um perfeccionismo inabalável. M