Foi só então que Diya percebeu que, em meio à empolgação de entregar o presente a Nelson, tinha se esquecido completamente do fato de que ainda nem havia entrado na mansão! No amplo pátio da Mansão Florença, Mestre Santos já estava sentado em sua cadeira imponente, esperando pacientemente. — Diya, há quanto tempo você não vem visitar o vovô? Eu já estava sentindo sua falta! — exclamou Mestre Santos ao vê-la se aproximar. Ele segurou a mão de Diya com firmeza, suas mãos envelhecidas e magras pousando exatamente no pulso dela. Sob a manga fina do vestido, o bracelete frio e luxuoso brilhava discretamente em seu braço. Aquele não era um simples acessório: era a herança da família Santos, um símbolo que representava a aceitação de Diya como neta por parte de Mestre Santos e, mais importante, como nora da família. Alguns dos presentes, que tinham olhares atentos e conheciam o valor daquele bracelete, imediatamente demonstraram inveja. Nos olhos de Mestre Santos, no entanto, havi
As palavras de Nelson carregavam uma leve insinuação, envoltas em um tom de melancolia quase imperceptível.Diya, ao pensar em tudo o que Nelson havia passado ao longo dos anos, sentiu uma empatia impossível de conter.— Você tem razão no que disse.Nelson havia passado anos fora, relutando em voltar para casa exatamente por esse motivo. Assim como ela, que havia sido profundamente magoada por Zeus, como poderia simplesmente esquecer tudo e ignorar a dor e os traumas causados por ele?Talvez existam pessoas no mundo que conseguem perdoar tudo, mas ela e Nelson certamente não eram desse tipo.— Mas, e então? Já vai começar o jantar. Você não está com fome? — Perguntou Diya, com um sorriso caloroso iluminando seu rosto.Durante todos aqueles anos, ela havia desenvolvido o hábito de ser a luz de Nelson. Quanto mais ele se fechava em sua melancolia, mais ela fazia questão de agir como um pequeno sol, capaz de aquecer qualquer sombra que pairasse sobre ele.Era assim que os dois se equilibr
Diya se afastou das profundezas de suas memórias, apenas para ouvir o leve suspiro de Nelson.— Eles realmente se parecem muito conosco."Muito parecidos?" Pensou Diya. Para que Nelson, alguém tão criterioso, admitisse uma semelhança tão grande, era porque realmente deveria ser algo marcante.Naquele momento, todos os comentários maldosos, todas as possíveis repercussões negativas desapareceram de sua mente. A empolgação tomou conta de seu coração, e, diante de Nelson, ela assentiu com firmeza.— Se você acha que esses alunos se parecem conosco, então... eu vou tentar.Desde que deixou os tempos de escola, Diya raramente tocava violino. Ensinar, então, era algo completamente fora da sua zona de conforto. Nem mesmo ela sabia se teria a capacidade de ser uma boa professora.Nelson, porém, não conseguiu esconder a alegria. Para ele, ouvir Diya concordar em tentar já significava que a questão estava praticamente resolvida.Diya era uma mulher obstinada e com um perfeccionismo inabalável. M
A raiva que Zeus vinha se esforçando para reprimir explodiu de uma vez. O calor febril de seu corpo e a dor latejante da ferida serviram como catalisadores, impulsionando-o a marchar furiosamente até onde Nelson e Diya estavam.— Que coincidência, hein? Minha querida esposa e meu querido irmão. Me digam, como é que, mesmo andando por aí sem rumo, eu acabo encontrando vocês exatamente aqui?Havia uma ponta de sarcasmo afiada em sua voz, impossível de ignorar.Diya, instintivamente, quis responder, mas Zeus não lhe deu a menor oportunidade. Com um gesto teatral, ele fingiu observar o ambiente ao redor.— Um lugar interessante, não? Com tantos convidados hoje na Mansão Florença, é realmente difícil encontrar um cantinho tão tranquilo e isolado.Então, ele deu um passo à frente, se aproximando de Diya, e continuou:— Diya, minha esposa, foi você quem escolheu esse lugar, não foi? Um lugar perfeito para "fortalecer os laços". Nelson ficou tanto tempo fora de casa que, mesmo que quisesse, el
— Não me venha com rodeios! Apenas diga: você voltou por causa da Diya, sim ou não? — Zeus gritou, apontando o dedo diretamente para o rosto de Nelson.Diya, ao lado, apenas observava a cena em silêncio, com o coração pesado de culpa. Se não fosse por ela, Nelson jamais teria que suportar esse tipo de humilhação."Isso é completamente injusto!" Pensou ela. Tudo o que estava acontecendo era consequência de suas próprias escolhas. Se ela não tivesse se casado com Zeus, ele não teria se tornado a pessoa irracional que era agora, e Nelson nunca teria sido envolvido nessa confusão absurda.— Chega, Zeus! — Diya finalmente explodiu, incapaz de conter sua indignação. — Nelson é seu irmão mais velho, um verdadeiro membro da família! É assim que você fala com ele?Diya podia tolerar ser acusada ou insultada por Zeus, afinal, ele já era um canalha completo em sua visão. Mas ver Nelson sendo alvo de ataques sem fundamento era algo que ela simplesmente não podia aceitar.Nelson não merecia ser arr
A voz de Nelson era baixa e suave, mas carregava uma força indescritível.O coração inquieto de Diya, ao ouvir suas palavras, milagrosamente se acalmou.— Vá. Os mal-entendidos entre irmãos só podem ser resolvidos por nós mesmos. Se você ficar, Zeus pode não se sentir à vontade para dizer algumas coisas.Diya soltou um leve resmungo. Zeus já havia dito tantas coisas absurdas e humilhantes que era difícil acreditar que ele pudesse sentir vergonha de qualquer palavra que saísse de sua boca.No entanto, como Nelson insistiu, ela sabia que, por mais preocupada que estivesse, não havia muito o que pudesse fazer ali.— Tudo bem, eu vou. Mas... tenha cuidado.Com o coração apertado, Diya finalmente se virou para sair. Antes de partir, lançou um último olhar para Nelson, como se quisesse memorizar sua expressão. Depois, sem hesitação, afastou-se.De repente, o enorme jardim ficou em completo silêncio, restando apenas Zeus e Nelson.O céu já começava a escurecer, e as pequenas luzes decorativas
— Então procure. — Respondeu Nelson, soltando um longo suspiro. Seus olhos caíram sobre suas pernas imóveis. Ser ou não ser hipócrita já não fazia diferença para ele. Do jeito que estava agora, essas coisas haviam perdido qualquer importância.Nesse momento, Zeus deu alguns passos à frente, seus olhos queimando de raiva enquanto encarava Nelson.— Eu vou te avisar uma última vez: fique longe da Diya! Ela ainda é sua cunhada! Se vocês causarem algum escândalo, o vovô nunca vai te perdoar!A ameaça era clara e, acima de tudo, eficaz. Desde pequeno, Zeus sempre fora o neto favorito de Mestre Santos. Nelson, por outro lado, sempre fora o irmão que precisava ceder, o que tinha que aceitar as ordens de se manter na sombra."Por quê?" pensava Nelson. "Por que, sendo ambos da mesma família, ele tem o direito de desfrutar de toda a fortuna da família Santos, vivendo em luxo e abundância, enquanto eu fui obrigado a abandonar tudo e recomeçar do zero em um lugar onde ninguém me conhecia?"Eles ti
— Agora fiquei curioso. Já que você é tão bom de encenação, essas suas pernas... não podem ser parte do show também, né? Deixa eu pensar... — Zeus estreitou os olhos, como se estivesse revirando memórias antigas em busca de algo revelador. De repente, ele abriu um sorriso irônico, como se tivesse desvendado um mistério. — Ah, lembrei! Suas pernas não funcionam mais, né? Todo dia você fica aí, feito um inválido, dependendo dessa cadeira de rodas pra se mover. Mas, quer saber? Não importa quantas vezes perguntamos, você nunca explicou como se machucou. Nem um detalhe. Então só pode ser mentira, não é?Antes que Nelson pudesse responder, Zeus já deu seu veredito.— Você destruiu suas próprias pernas só pra ganhar a compaixão de todo mundo. Meu querido irmão, você é realmente impressionante. Eu tiro o chapéu pra você!Mas, no instante seguinte, os olhos de Zeus brilharam com um vermelho ameaçador, contendo uma fúria quase animalesca. Ele estendeu a mão lentamente, fazendo um gesto que pare