A voz de Nelson era baixa e suave, mas carregava uma força indescritível.O coração inquieto de Diya, ao ouvir suas palavras, milagrosamente se acalmou.— Vá. Os mal-entendidos entre irmãos só podem ser resolvidos por nós mesmos. Se você ficar, Zeus pode não se sentir à vontade para dizer algumas coisas.Diya soltou um leve resmungo. Zeus já havia dito tantas coisas absurdas e humilhantes que era difícil acreditar que ele pudesse sentir vergonha de qualquer palavra que saísse de sua boca.No entanto, como Nelson insistiu, ela sabia que, por mais preocupada que estivesse, não havia muito o que pudesse fazer ali.— Tudo bem, eu vou. Mas... tenha cuidado.Com o coração apertado, Diya finalmente se virou para sair. Antes de partir, lançou um último olhar para Nelson, como se quisesse memorizar sua expressão. Depois, sem hesitação, afastou-se.De repente, o enorme jardim ficou em completo silêncio, restando apenas Zeus e Nelson.O céu já começava a escurecer, e as pequenas luzes decorativas
— Então procure. — Respondeu Nelson, soltando um longo suspiro. Seus olhos caíram sobre suas pernas imóveis. Ser ou não ser hipócrita já não fazia diferença para ele. Do jeito que estava agora, essas coisas haviam perdido qualquer importância.Nesse momento, Zeus deu alguns passos à frente, seus olhos queimando de raiva enquanto encarava Nelson.— Eu vou te avisar uma última vez: fique longe da Diya! Ela ainda é sua cunhada! Se vocês causarem algum escândalo, o vovô nunca vai te perdoar!A ameaça era clara e, acima de tudo, eficaz. Desde pequeno, Zeus sempre fora o neto favorito de Mestre Santos. Nelson, por outro lado, sempre fora o irmão que precisava ceder, o que tinha que aceitar as ordens de se manter na sombra."Por quê?" pensava Nelson. "Por que, sendo ambos da mesma família, ele tem o direito de desfrutar de toda a fortuna da família Santos, vivendo em luxo e abundância, enquanto eu fui obrigado a abandonar tudo e recomeçar do zero em um lugar onde ninguém me conhecia?"Eles ti
— Agora fiquei curioso. Já que você é tão bom de encenação, essas suas pernas... não podem ser parte do show também, né? Deixa eu pensar... — Zeus estreitou os olhos, como se estivesse revirando memórias antigas em busca de algo revelador. De repente, ele abriu um sorriso irônico, como se tivesse desvendado um mistério. — Ah, lembrei! Suas pernas não funcionam mais, né? Todo dia você fica aí, feito um inválido, dependendo dessa cadeira de rodas pra se mover. Mas, quer saber? Não importa quantas vezes perguntamos, você nunca explicou como se machucou. Nem um detalhe. Então só pode ser mentira, não é?Antes que Nelson pudesse responder, Zeus já deu seu veredito.— Você destruiu suas próprias pernas só pra ganhar a compaixão de todo mundo. Meu querido irmão, você é realmente impressionante. Eu tiro o chapéu pra você!Mas, no instante seguinte, os olhos de Zeus brilharam com um vermelho ameaçador, contendo uma fúria quase animalesca. Ele estendeu a mão lentamente, fazendo um gesto que pare
— Você está louco? — Diya empurrou o punho de Zeus, ainda suspenso no ar, com firmeza. Seus olhos brilhantes estavam cheios de incredulidade. — Você tem ideia do que está fazendo? O homem atrás de mim é seu irmão, Zeus! Ele está ferido! As pernas dele não funcionam mais, ele depende de uma cadeira de rodas para viver. A vida dele já é difícil o suficiente, e você ainda quer atacá-lo? Bater no seu próprio irmão, que nem sequer consegue se defender? Você ainda tem humanidade?Zeus franziu a testa, claramente irritado, e fez um gesto impaciente para que Diya saísse do caminho.— Isso é entre mim e o Nelson. Saia da minha frente!— Eu não vou sair! — Diya respondeu com firmeza. — Agora que eu vi o que está acontecendo, não vou fingir que não vi. Se você quer bater no Nelson hoje, vai ter que passar por cima de mim primeiro! Bata em mim, Zeus. Me derrube, me deixe inconsciente, e aí sim você pode fazer o que quiser com ele!O punho de Zeus permaneceu suspenso no ar. Seu olhar, afiado como l
— Mas hoje... hoje eu vi o lado mais verdadeiro de Zeus. E só agora percebo... eu não sou digna de gostar dele.Diya sentiu um nó apertar em sua garganta. Como podia dizer que o amava, se nunca havia conhecido o verdadeiro Zeus? Não era amor, não realmente. Era apenas um sonho que ela havia criado, uma fantasia em que projetou seus desejos em um rosto que parecia encaixar perfeitamente. Era uma ilusão.Nelson seguia à frente, na cadeira de rodas, enquanto Diya o empurrava. O som dos passos deles ecoava suavemente pelo caminho, misturado ao assobio do vento de outono. Ele não conseguia ver o rosto dela, mas podia sentir as lágrimas que caíam no silêncio e, de alguma forma, pareciam tocar diretamente sua alma.— Diya, não fique triste.Nelson tentou encontrar palavras para consolá-la, mas naquela noite fria de outono, tudo parecia vazio. No fim, ele só conseguiu dizer aquilo, simples e direto.— Eu acredito que você vai encontrar a verdadeira felicidade, aquela que pertence só a você.El
— É claro! O Zeus é meu neto preferido! — Disse Mestre Santos, com os olhos brilhando de admiração ao mencionar o nome de Zeus.— Vovô, o senhor tem sete netos. Por que gosta tanto do Zeus?Essa pergunta, na verdade, provavelmente era algo que Nelson também gostaria de entender.Mestre Santos pensou por um momento antes de responder:— Porque, entre todos eles, apenas o neto mais velho e o Zeus se parecem comigo. Mas o Zeus ainda tem um ponto em que ele não se parece comigo: ele não é duro o suficiente. Com o tempo, quando ele for mais velho, assumir a empresa por mais anos e passar por mais experiências, ele vai aprender."Zeus não é duro o suficiente?" Diya pensou, lembrando-se da cena no jardim em que Zeus levantou o punho contra Nelson sem hesitar.Ela percebeu, naquele instante, que não entendia nada sobre os valores e a educação da família Santos. Zeus havia se tornado o homem que era hoje por causa do ambiente em que foi criado. Aquele comportamento agressivo e egoísta, de certa
De repente, o som melodioso do celular despertou Diya de seus pensamentos. Olhando para o nome que piscava na tela, ela hesitou por alguns segundos antes de finalmente atender.— Fale logo, não me atrapalhe enquanto descanso!Ela não queria perder tempo ouvindo as baboseiras de Zeus, então foi direta, lançando um aviso logo de cara. Mas, para sua surpresa, a voz que veio do outro lado da linha não era a de Zeus.— Diya, é assim que você costuma falar com o Zeus? — Pedro soltou uma risada seca, claramente desconfortável.Diya revirou os olhos. Desde que ela e Zeus haviam se casado, esse tom de conversa havia acontecido uma única vez, e, por ironia do destino, Pedro estava por perto para ouvir. "Isso só pode ser brincadeira!" Ela pensou.— Diga o que quer.Já que a situação era essa, Diya não se deu ao trabalho de explicar. Sua voz soou fria e distante, deixando claro que ela não estava disposta a perder tempo.A resposta direta pareceu acionar algo em Pedro, que rapidamente mudou o tom.
O olhar de Diya disparou um raio de pura fúria, difícil de conter. Claro, aquela raiva não era inteiramente dirigida a Pedro. Afinal, se não fosse pelo aviso dele, ela não teria encontrado Zeus tão rápido.Mas, naquele momento, tudo o que ela queria era arrancar fora a "parte masculina" de Zeus. Assim, ele não teria mais problemas para resolver...No entanto, ao refletir por um instante, Diya percebeu que Zeus estava claramente fingindo. Ele estava fazendo aquele espetáculo de propósito, e o alvo era ela."Ah, Mestre Zeus, o grande playboy cercado de mulheres. Que cena rara. Se eu gravar um vídeo disso e postar no meu Twitter, certamente ganharia uma enxurrada de seguidores."Determinada, Diya pegou o celular. Mas, antes que pudesse começar a gravar, algo inusitado aconteceu: em questão de segundos, o ambiente antes barulhento e cheio de gente ficou completamente vazio.Pedro havia desaparecido em algum momento, e o que restava era apenas Zeus e ela. O silêncio era quase surreal, e Diy