— Isso mesmo, é ela! Você até falou que ia me apresentar, lembra? Minha querida Vanessa, será que mais tarde você poderia...O tom de Ronaldo, com aquele final de frase propositalmente arrastado, transbordava uma ansiedade quase infantil, mas no fundo o que ele demonstrava era uma fome genuína por talento.Vanessa conhecia Ronaldo havia anos. Sabia bem o quanto ele andava desesperado por um bom letrista, e já vinha pensando em ajudá-lo. Foi por isso que aproveitou a desculpa de um filme para apresentar os dois.Ao notar o desespero quase cômico do amigo, Vanessa decidiu não enrolar:— Na verdade, minha ideia sempre foi apresentar vocês. Mas, se você quer que ela aceite escrever pra você, saiba que não será fácil. Já vou avisando: eu faço a ponte, mas convencer ela... aí é contigo.— Isso eu entendo! Desde que o trabalho seja bom, o preço é o que ela quiser!Ronaldo sempre foi um investidor generoso, especialmente quando se tratava de talento. Para ele, gastar uma fortuna num letrista d
Diya sabia que, desde o divórcio com Zeus e o escândalo envolvendo aquela cobra da Bianca, sua fama havia disparado. Mas daí a se tornar o centro de todas as conversas só por ir ao banheiro? Era demais até para ela.Vanessa soltou um risinho sarcástico:— Diya, deixa eu te apresentar um amigo.Se ela dissesse toda a verdade, era provável que Diya se recusasse a conhecer Ronaldo. Claro, Vanessa não fazia isso apenas pelo amigo; havia algo a mais em sua atitude. Talvez estivesse apenas ganhando tempo...Sob o olhar desconfiado de Diya, Vanessa puxou Ronaldo para frente:— Este é o Ronaldo, um amigo meu do meio artístico. Ele canta muito bem, sabia? É cantor!— Muito prazer, Srta. Ribeiro. — Cumprimentou Ronaldo, estendendo a mão com um sorriso seguro.— Prazer, Sr. Ronaldo. — Respondeu Diya, apertando a mão dele rapidamente, mas soltando logo em seguida.Embora Ronaldo tivesse surgido do nada, o que realmente ocupava a mente de Diya era a mudança repentina nos cochichos ao redor. Mal sab
Só quando Diya se levantou da cadeira, Zeus a seguiu para fora da sala de cinema.No corredor, Diya parecia desconcertada, sem saber o que pensar. Ela e Ronaldo realmente haviam encontrado muitos assuntos em comum, mas a maneira excessivamente calorosa com que ele agia a deixava desconfortável. Afinal, eles mal tinham se conhecido, e ele já parecia estar se aproximando rápido demais.Vanessa, por outro lado, estava claramente se divertindo com a situação. Diya, por consideração à amiga, tentou sustentar a conversa da melhor forma possível. Mas chegou um momento em que não dava mais. Sem alternativa, inventou a desculpa de ir ao banheiro novamente.Assim que entrou no banheiro, Diya suspirou aliviada. Finalmente, um momento de paz.Ela sabia que Vanessa, conhecendo bem sua personalidade, provavelmente aproveitaria para explicar a Ronaldo que ela não gostava daquele tipo de situação. Com isso em mente, Diya decidiu não ter pressa para voltar.Mas, quando estava prestes a fechar a porta d
Mal sabia Diya que as palavras de Zeus eram como uma faca, cravando-se profundamente em seu coração. Ela acreditava, ingenuamente, que ele estava com ciúmes ao vê-la conversando tão animadamente com Ronaldo.Ela chegou até a se iludir:“Será que, depois de termos nos aproximado daquela forma, eu ainda tenho um pequeno espaço no coração dele?”Mas a verdade era cruel. Tudo não passava de um devaneio dela. O comportamento de Zeus não era ciúmes; era medo. Medo de que ela o traísse.A indignação tomou conta de Diya, fervendo dentro dela como uma onda avassaladora. Sem saber de onde tirou forças, ela se desvencilhou bruscamente da mão dele, que apertava seu queixo.— Não venha falar de mim e Ronaldo, Zeus! Nós não fizemos nada, absolutamente nada! Mas, mesmo que eu tivesse feito, o que você poderia fazer comigo? Não se esqueça: assim que passar o período de reflexão do divórcio, nós não teremos mais nenhuma ligação!O ódio queimava em seu peito. Naquele momento, tudo o que Diya queria era
Por ser uma sessão da meia-noite, o banheiro estava praticamente vazio. Vanessa bateu em várias portas, mais de dez, mas todas estavam desocupadas. O que ela não sabia era que Diya estava logo ali, a poucos passos, presa no último box.Assim que Vanessa entrou chamando seu nome, Diya ouviu. Queria responder, gritar para que a amiga soubesse onde estava, mas Zeus tapou sua boca com força, sufocando qualquer som que tentasse escapar. Mesmo lutando com todas as suas forças, Diya não conseguiu se livrar da mão dele, que parecia soldada em sua face.Ela tentou se debater, alcançar a porta do box e fazer algum barulho para chamar a atenção de Vanessa, mas Zeus controlava quase todos os seus movimentos. Com o corpo praticamente imobilizado e apenas uma perna livre, ela não conseguia chutar a porta com força suficiente para ser ouvida.Por um instante, Diya quase desistiu. Mas, ao ouvir os passos de Vanessa se aproximando, uma nova esperança tomou conta dela:“Minha amiga... Por favor... só ma
A voz de Vanessa ecoava pelo banheiro, alta e clara. Do lado de fora, os guarda-costas, que já estavam em alerta, ouviram tudo. Em poucos segundos, quatro ou cinco homens corpulentos invadiram o local, afastando Vanessa para o lado. O líder do grupo, com um olhar sério, dirigiu-se diretamente a Zeus:— Mestre Zeus, nossa obrigação é garantir a segurança da senhorita. O que o senhor está fazendo nos coloca em uma posição muito difícil. Se não soltar a nossa protegida agora, não teremos escolha a não ser agir.Zeus, porém, parecia alheio à ameaça. Ele olhou para Diya, e a lembrança da humilhação que ela havia lhe causado ao marcar uma consulta no urologista voltou com força total à sua mente. Aquela expressão desafiadora no rosto dela só aumentava sua raiva. Ele não conseguia suportar sequer olhar para ela naquele momento.Antes mesmo que os guarda-costas arrombassem a porta, Zeus girou a fechadura e abriu o box por conta própria. Quando saiu, sua presença imponente imediatamente atraiu
O líder dos seguranças passou por Zeus, quase roçando seus ombros. Zeus franziu a testa, claramente incomodado, enquanto pensava:“Esse segurança é irritante. Um dia, vou fazer com que ele desapareça de vez de Cidade Malanje.”Com o fim da confusão no banheiro, os seguranças e Ronaldo, junto com os outros homens, se retiraram espontaneamente, deixando o ambiente mais silencioso.Diya, por sua vez, estava exausta. Encostada na parede do box, ela respirava com dificuldade, tentando se recompor. A raiva ainda queimava dentro dela como uma chama que não se apagava.“Maldito!” Pensou ela, sua mente fervendo com a lembrança dos últimos minutos. “Esse homem vai me matar de ódio!”Vanessa, que só agora começava a assimilar tudo o que havia acontecido, quebrou o silêncio de forma quase automática:— Diya, e o filme...?— Não vou mais, Vanessa. Quero ir para casa. — Respondeu Diya, com voz firme.A verdade era que ela já não tinha o menor interesse em continuar a noite. Para Diya, parecia que su
Diya arregalou os olhos ao ler as palavras no topo do documento: Relatório de Exame do Sistema Reprodutor Masculino Paciente: [Zeus Santos.]Antes que pudesse se controlar, um gole de café escapou de sua boca de forma desastrosa. Por sorte, sua reação rápida impediu que borrasse os papéis à sua frente.“Esse Zeus realmente foi ao urologista!” Pensou ela, incrédula.Na verdade, quando havia marcado aquela consulta às escondidas, sua intenção era apenas irritá-lo. Não esperava, nem de longe, que ele fosse realmente levar isso a sério.“Já que foi, vamos ver o que ele descobriu.”Diya começou a abrir o relatório, mas logo percebeu o olhar curioso de Bernardo. Ele estava de pé ao lado dela, tentando disfarçar seu interesse na situação.Ela pigarreou, recuperando sua compostura:— Não tenho mais nada pra resolver agora. Pode ir descansar um pouco, Bernardo.Assim que Bernardo fechou a porta do escritório, Diya voltou sua atenção para o relatório. Página após página, sua expressão ia mudando