Júlia murmurou baixinho:— Tudo é feito pelas pessoas. Se não tentarmos, como saberemos se é possível?Mal ela terminou de falar, a porta do banheiro se abriu, e Karina saiu.Júlia puxou seu marido para perto e disse, rapidamente:— Não vamos falar mais sobre isso.Então, se voltando para Karina, ela abriu um largo sorriso e disse:— Karina, venha, aproveite enquanto está quente. Não sei exatamente o que você gosta de comer, acabei esquecendo de perguntar. Se não gostar, é só me avisar.— Tia Júlia, está ótimo. — Karina olhou rapidamente para a comida, que estava bem balanceada, com carnes e legumes, e estava bem apresentada; isso era uma modéstia de sua parte.Júlia sorriu e balançou a cabeça:— Não precisa de formalidades, Karina. Você pode pedir o que quiser, só me diga o que gosta.— Claro. — Karina assentiu, comprimindo os lábios.Ela se sentia um pouco desconfortável, pois a atitude de Júlia era completamente diferente de antes.Júlia sempre havia demonstrado antipatia por Karina
Comparada ao passado, Júlia agora parecia excessivamente animada.— Karina? Por que está aí parada? — Júlia sorriu, puxou Karina para sentar e lhe entregou a tigela de comida. — Está com fome, não? Pode comer, vai.— Tia Júlia... — Karina sentiu que a situação estava um pouco estranha. — Na verdade, eu posso comer na cantina mesmo.— Cantina? — Júlia abriu os olhos, claramente desaprovando. — Como assim? Não pode ser! Agora que você está grávida, precisa cuidar melhor da alimentação.Não se sabia se era intencional ou não, mas ela ainda acrescentou:— Você come na cantina todo dia? E o Sr. Ademir, ele não se importa com isso?Por que ele se importaria?Karina respondeu com sinceridade, balançando a cabeça.Júlia suspirou, aliviando um pouco a tensão:— Não é de se admirar, o Sr. Ademir é muito ocupado, ele não tem tempo para se preocupar com você. Não é nada de mais ele não ser tão cuidadoso.Ela estava, por acaso, insinuando que Ademir não se importava com ela o suficiente?Karina não
— Mas, tia... — Karina apontou para as várias sacolas. — Essas roupas, eu realmente não posso aceitar. — O que a tia te deu, você deve aceitar. — Júlia fez um gesto com a mão. — Você passou a noite inteira cuidando do Túlio, mal teve tempo de trocar de roupa. Isso é só uma forma de agradecimento da minha parte, não é nada demais, não se sinta sobrecarregada com isso. Enquanto falava, Júlia já se levantava: — Eu preciso voltar para ficar com o Túlio. Vai com calma, as notinhas das roupas estão dentro das sacolas, se o tamanho não for bom, você pode trocar. — Tia... — Karina se levantou, mas Júlia já estava longe. Karina balançou a cabeça, sem jeito, e começou a olhar as roupas nas sacolas. Quando percebeu o que estava ali, ficou parada, surpresa. Júlia havia comprado, na verdade, roupas de grávida dessas marcas famosas. Era claro que Júlia realmente se importava. Tudo isso, apenas porque Karina havia cuidado do Túlio durante toda a noite. Ah, como os pais se preocupava
Zeca ficou em silêncio.O que isso significava? Significava que havia, de fato, problemas no relacionamento deles.— Ainda está aí parado? — Júlia empurrou o marido. — Vá logo, coloque a Karina ao lado do Túlio. Se a Karina acordar daqui a pouco, não vai ter mais chance.A intenção da esposa era clara.Ela queria que os dois se aproximassem...Zeca hesitou por um longo tempo, mas, por causa do filho, ele acabou cedendo.Depois de tomar a decisão, falou:— Tudo bem.Abriu a porta e entrou devagar.Júlia não o seguiu, mas sussurrou:— Vai com calma, não faça barulho e não acorde ela.— Pode deixar. — Zeca estava claramente nervoso, cuidadosamente pegou Karina nos braços e a deitou suavemente ao lado de Túlio.Ainda puxou as cortinas da cama.Felizmente, a cama do quarto VIP era grande o suficiente, de modo que não havia problema em deitar duas pessoas ali.Durante todo o processo, Zeca segurou a respiração, sem se atrever a fazer o menor barulho, até sair do quarto.— Estou me sentindo m
Essas palavras estavam impregnadas de negatividade demais. Ademir franziu a testa, um pouco descontente: — Vitória, não foi isso o que eu quis dizer. — Hum, eu sei. — Vitória respondeu, seus olhos se movendo levemente ao perceber que ele não estava satisfeito. — Na verdade, eu já comecei a aceitar a situação. Nos próximos tratamentos, vou me esforçar para enfrentar tudo e colaborar da melhor forma. — Isso é bom. — Ademir assentiu com a cabeça. Ele sentiu que seu tom anterior havia sido um pouco rígido. Uma garota que passava por algo tão doloroso, naturalmente se sentiria sensível e vulnerável. Isso era compreensível. Então, se desculpou: — Desculpe, eu fui muito sério. — Não tem problema. — Vitória sorriu sem se importar e, em seguida, o questionou. — Você sabe que tipo de flor eu plantei? — Qual? — As sementes estavam enterradas na terra, e a olho nu não dava para ver nada. — São flores borboleta. Vitória sorriu ao dar a resposta. Seu olhar desceu, se fixando no
Dessa vez, Bruno não ousou não atender ao telefone. — Segundo irmão! — O que está acontecendo? Onde está a Karina? Onde ela está? — Segundo irmão, a Karina pode ter se envolvido em um acidente! Você precisa vir para a sala de emergência! Sala de emergência? Por que a Karina estaria na sala de emergência? O perfil imponente de Ademir se tencionou de imediato, e ele não disse sequer uma palavra, se virando rapidamente e saindo. Júlio não fez mais perguntas, seguindo ele logo atrás....Na porta do quarto, a tensão estava no ar. — Vou dizer novamente: abra a porta! — Bruno falou entre os dentes. — Sr. Martins, qual é a posição da nossa Karina aqui? Se algo acontecer com ela enquanto está sob sua responsabilidade, quem vai assumir? — Não se apresse. — Júlia respondeu de forma indiferente. — O que pode acontecer? Aqui é um hospital, e o quarto não tem outra porta... Deve ter sido só um acidente, talvez ela tenha trancado sem querer ao sair... Dizendo isso, chamou a enferme
Ademir simplesmente se foi? Era claro que ele estava muito irritado. Karina sentiu um calafrio percorrer sua espinha, ficando paralisada, perdida, como uma criança que, após cometer um erro, era abandonada pelos adultos. — Karina! — Júlio, visivelmente preocupado, não conseguiu se conter e a apressou. — Não fique parada aí! O segundo irmão está furioso, vá atrás dele! — Oh, tá! — Karina finalmente reagiu, acenando com a cabeça de forma atordoada e, apressada, se levantou da cama. — Devagar! — Júlio estendeu o braço, oferecendo ajuda para que Karina colocasse os sapatos. Enquanto calçava os sapatos, Karina não pôde evitar lançar um olhar para Júlia. Como a Karina foi parar naquela cama? Isso era realmente muito estranho. Júlia, visivelmente desconfortável, forçou um sorriso tímido e disse: — Karina, vai logo, vá lá e explique tudo para o Sr. Ademir. — Tá. — Karina franziu a testa, sem dizer mais nada, e saiu apressada para alcançar Ademir. Mas, como já era de se es
Ademir viu com seus próprios olhos, mas ainda assim esperava, esperando que tivesse cometido um engano, que tudo não passasse de um mal-entendido!"Ademir, e seu posicionamento? Seus princípios?" O homem estava em um conflito interno, enquanto Karina ainda não havia entrado. De repente, os olhos de Ademir pararam, e ele viu algo sobre a pequena escrivaninha. Um caderno. Aquela escrivaninha era de Karina. Em cima, estavam os livros e materiais de seu curso. No entanto, aquele caderno claramente não pertencia àquele lugar. Estava cheio de anotações sobre projetos seguidos de números, como um livro contábil? Ademir pegou o caderno de maneira casual e deu uma olhada rápida. Ao ver aquilo, a raiva que ele havia começado a controlar se reacendeu, mais intensa do que nunca. Ele deu uma risada sarcástica. Realmente, aquilo era um livro de contas! Ali, estava registrado tudo o que Karina devia a ele, à família Barbosa, cada centavo! A primeira dívida, de 200 mil reais, foi