A raiva do homem já não podia ser mais contida.Karina encarou seus olhos sem desviar o olhar:— Você está muito irritado? Por quê?Por quê? Ademir ficou atônito. Karina estava perguntando por quê?Ela continuou, sua voz ligeiramente hesitante.— Eu não entendo você. Neste ponto, minha opinião sobre se eu gosto ou não de você, tem alguma importância?Ademir ficou sem palavras.Karina disse isso!— Ou será que... — Os olhos de Karina estavam repletos de dúvida, e sua expressão genuína. — Sr. Ademir, você tem uma origem nobre, um forte desejo de posse, e eu sou sua esposa legal. Então, mesmo que você não goste tanto assim de mim, não pode me impedir de não gostar de você, nem me permitir trair você, certo?Não gostar...Trair...Karina estava, de alguma forma, admitindo que ela e Túlio tinham, de fato, algo além do normal entre eles?O olhar de Ademir era profundo, gélido:— Karina, você é minha esposa. Não se importa mais com a sua moral?— Eu perdi a moral? Karina se lembrou da cena e
— Karina?Estava arrumando suas coisas quando Wanessa chegou, acompanhada de Rui. Rui, que havia passado muito tempo no hospital recentemente, não imaginava que as coisas entre os dois estavam tão complicadas. — O que aconteceu? — Rui perguntou, olhando rapidamente para a mala de Karina. — Foi o Ademir que te fez ficar assim? Não precisamos ter medo dele... Rui tentou pegar a mala, continuando: — Se você está chateada, é só contar para o seu avô. Ele te ama muito e com certeza vai te ajudar! Casal brigado não precisa sair de casa assim, sem mais nem menos. — Tio Rui, não é isso... — Karina sorriu amargamente, balançando a cabeça. — O Ademir não me irritou, fui eu quem o fez ficar chateado. Ele provavelmente não quer mais me ver. Isso... Rui e Wanessa ficaram sem palavras. Como assim? Karina pegou sua mala e colocou a mochila nas costas: — Wanessa, tio Rui, obrigada por todo o cuidado durante esse tempo. Agora, eu vou embora. Ela desceu as escadas com a mala, e
Isso era tão sério assim? Rui não teve mais como recusar e logo arranjou um carro para Karina. Bruno ajudou a colocar a mala no porta-malas. — Tio Rui, Wanessa, Bruno, eu vou embora. — Karina se abaixou, entrou no carro, acenou e subiu o vidro da janela. Ela observou a cena enquanto o carro se afastava. Na porta de casa, os três se olharam, sem saber o que fazer. Rui foi o primeiro a falar: — Bruno, você sabia de alguma coisa? O que aconteceu entre eles? — Isso... — Bruno hesitou, mas acabou contando o que sabia. — Foi mais ou menos assim... Rui e Wanessa ficaram em silêncio, surpresos. Ao mesmo tempo, ambos disseram, quase em uníssono: — Isso é impossível! Não pode ser! Como a Karina faria algo assim? Bruno também parecia incrédulo, mas, se não tivesse visto com seus próprios olhos... Dentro do carro, Karina abraçou seus próprios braços, sentindo o silêncio pesado ao seu redor. Estava tudo tão quieto que ela sentia um frio cortante, não, não era apenas frio, era
Ademir colocou o braço ao redor do ombro de Filipe e disse:— Você sabia? A pessoa no palco, eu apostei que ela iria ganhar no baile de dança hoje à noite. O que acha? Ela dançou bem, não?Filipe permaneceu em silêncio.Ademir estava claramente empolgado!— É, muito boa. Ademir...— Isso mesmo! — Filipe começou a falar, mas Ademir, interrompendo ele, batendo fortes palmas, se virando para o palco com entusiasmo. — Dançou muito bem!Finalmente, a apresentação terminou.— Vamos lá, vamos beber!Eles não foram para a sala VIP hoje, preferiram sentar no salão principal, pois queriam uma atmosfera mais animada.Ao voltar para a mesa, Kevin já havia servido as bebidas.Ademir se sentou, pegou o copo e bebeu tudo de uma vez.Hugo deu um olhar significativo para Filipe.— E aí? O que aconteceu? Não conseguiu convencer ele a parar?Filipe deu de ombros e levantou as mãos.— Não tinha como convencer.Os amigos se entreolharam, trocando olhares. Nesse momento, o gerente se aproximou.— Boa noite,
— Sr. Ademir... — A garota mordeu o lábio inferior, falando baixinho e de forma tímida. — Eu me chamo Karina...De repente, o ambiente ficou tenso. Enquanto ao redor tudo parecia barulho e agitação, esse canto estava isolado, como se uma barreira tivesse sido levantada, anulando toda a confusão ao redor. O silêncio, incomum e desconcertante, pairava.— Karina, Karina... — Ademir repetiu o nome dela, parecendo sorrir, mas sem realmente demonstrar alegria. Seu rosto não revelava nem raiva nem felicidade.A garota, por outro lado, se sentiu ainda mais envergonhada:— Sim, Sr. Ademir.Nesse momento, o gerente, impaciente, apressou a garota:— Você já esqueceu por que está aqui? Fica aí parada, o que está fazendo? Não vai logo dar a taça ao Sr. Ademir?— Sim. — A garota mordeu os lábios, um pouco nervosa, e se aproximou. — Sr. Ademir, obrigada por ter apostado na minha vitória esta noite, deixo-lhe uma taça de vinho...Ela se curvou para servir a bebida.A garota, de forma insinuante, perg
— Não o incomode mais, ele está de mau humor. Vamos deixá-lo ir. ... No carro, Júlio perguntou ao Ademir: — Segundo irmão, para onde vamos? Ademir se apoiou na porta do carro: — Onde mais poderíamos ir? Vamos para a Mansão da família Barbosa. — Certo, segundo irmão. Júlio pensou consigo mesmo, era claro que o segundo irmão ainda pensava na Karina. Já foi tão ferido por ela, e ainda assim queria voltar. Então, retornaram à Mansão da família Barbosa. Ao chegarem, perceberam que Karina não estava lá. Ademir, incrédulo, vasculhou o quarto e o escritório, mas ela realmente não estava! Preocupado, desceu às pressas e chamou Wanessa e Rui. Naquela noite, Rui havia decidido ficar. — Onde ela está? — Ademir, puxando sua gravata, estava claramente irritado. — Isso... — Rui ficou sem palavras. — Sr. Ademir, a Karina foi embora. Não foi você quem pediu para ela sair? — O que você está dizendo?! Quando foi que o Ademir pediu para Karina ir embora? Ele disse isso? — S
Naquela noite, Patrícia chegou à Rua de Francisco Antônio.— Isso é... — Patrícia ainda não conseguia acreditar. — Você realmente se mudou?Karina sorriu levemente:— Isso pode ser mentira?Patrícia imediatamente respondeu:— Vocês dois, já faz tempo, não é a primeira nem a segunda vez, mas em qual delas deu certo?— Desta vez, é sério. — Karina deu um sorriso amargo, e então explicou sobre a situação com Túlio.— O quê? — Patrícia franziu a testa, notando algo estranho na história. — Então, como você foi parar na cama do Túlio, dormindo? Com certeza não foi ele que te colocou lá. Você subiu sozinha? Perdeu a memória?Karina a olhou com um leve sorriso:— Perdi a memória? Você assistiu muito a essas novelas de amor, não?— Pois é... — Patrícia conhecia Karina muito bem.Quando Karina dizia que não tinha mais sentimentos por Túlio, era realmente verdade. Mesmo que houvesse algum, Karina jamais faria algo tão impensado como subir na cama dele.— Mas o que aconteceu então?Karina parecia
Mais uma vez com mochila, mais uma vez com sacolas. Patrícia murmurou para si mesma: — Então ele tem namorada. Patrícia pegou o celular, pronta para tirar uma foto. Da próxima vez que o Sr. Pinto ousasse fazer alguma brincadeira com ela, ela mostraria a foto! Queria ver se ele ia ficar sem graça! Ela abriu a câmera, ampliou o zoom e observou com mais atenção. — Não é que a namorada dele é mesmo bonita? Então, clicou na foto. Colocou o celular no bolso e, franzindo a testa, inclinou a cabeça. Patrícia não conseguia se livrar da sensação de que a namorada do Sr. Pinto era familiar. Onde ela já a teria visto antes? ... Karina acordou e esquentou o café da manhã que Patrícia havia deixado para ela. Logo, o telefone tocou. Era Júlia. — Karina, o Túlio acordou! — Sério? — Karina sorriu, claramente feliz. — Que maravilha! E como ele está? — Está bem, a médica disse que ele está muito melhor, mais animado. Karina respirou fundo e continuou: — Agradeço a Deus por i