— Quem te disse isso? — Karina franziu a testa. — Foi o médico! — Júlia se apressou a responder. — O psicólogo, você conhece ele também. O Amílcar, ele não é também o médico do Catarino? — É. — Karina assentiu, tirando a mão que Júlia ainda segurava. — Eu imagino que o Dr. Amílcar tenha dito que, se eu quiser, posso, de fato, ajudar no tratamento do Túlio, mas não é algo que só eu possa fazer por ele. Júlia ficou paralisada. Não esperava que Karina fosse tão perspicaz! Era verdade, Amílcar realmente havia dito isso! No entanto, como mãe que foi testemunha da tentativa de suicídio do filho, era natural que quisesse dar tudo de si para salvá-lo. Se dizia o que quisesse, mas quem poderia garantir que, durante o tratamento, ele não tentaria novamente? Dessa vez ele havia sido salvo, mas nas próximas, quem poderia garantir que ele conseguiria se salvar? Júlia não ousava arriscar a vida do filho. O mais seguro seria contar com a ajuda de Karina. — Karina, você e o Túlio s
Júlia ficou chocada, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.Imediatamente retrucou:— Como pode ser assim? Você claramente se importa tanto com ele, passou a noite ao lado dele!— Isso é tudo o que eu posso fazer por ele.— Não... — Júlia ainda estava incrédula. — Você me odeia, me culpa, é isso? Eu te prometo, se vocês ficarem juntos, eu vou ser boa com você. Se você não gostar disso, eu nunca mais vou aparecer na sua frente...— Tia Júlia!Essas palavras foram tão extremas que Karina não teve outra escolha a não ser interrompê-la:— Chega! Eu não amo o Túlio, não tem mais como ser assim.Júlia não acreditava, balançando a cabeça insistentemente:— Impossível! Vocês se amavam tanto!— Isso foi no passado, ficou para trás.Júlia já não sabia o que dizer.Karina falou, com uma calma que escondia a dor:— Eu até poderia, por um impulso de compaixão, prometer a você que ficaria com o Túlio como amiga, acompanhando o tratamento dele. Mas já pensou que, se eu for embora de novo, a cond
— Isso não está certo! — Rui encontrou o interruptor e acendeu a luz. Quando a iluminação preencheu o ambiente, a surpresa foi ainda maior. O caos era tão grande que parecia que Sr. Ademir quase havia destruído o quarto. — Que cheiro... — Wanessa franziu a testa, correndo até a janela. — Preciso abrir a janela e deixar o ar entrar! — Vou procurar o Sr. Ademir! — Rui acenou com a cabeça e entrou no quarto. Ele o encontrou deitado no sofá, adormecido, ainda com as roupas intactas. — Sr. Ademir, acorde. — Como ele estava muito adormecido, Rui não conseguiu acordá-lo de imediato. Ao se aproximar, o cheiro de álcool e fumaça que exalava do Sr. Ademir era ainda mais forte. Ele parecia ter saído diretamente de um barril de bebida. Além disso, não fazia muito tempo que o Sr. Ademir havia parado de fumar dentro de casa? Pareceu que os dois tiveram uma briga séria desta vez... E será que não havia mais jeito? — Sr. Ademir, acorde! — Só chamá-lo não estava funcionando. Rui lev
A fúria queimava por dentro.Ademir levantou o braço com rapidez, e, com um movimento brusco, arremessou o celular contra a parede. O aparelho se estilhaçou instantaneamente em mil pedaços. Ademir não queria ouvir o nome de Karina, não queria saber de suas notícias! Não queria receber chamadas nem mensagens dela! Tudo o que tivesse a ver com Karina, ele não queria! ... Na tarde daquela reunião, todos perceberam que o Sr. Ademir não estava com um bom humor. Embora ele fosse normalmente frio e difícil de conversar, sempre mantendo uma aparência de gentleman, hoje, desde o início da reunião, ele estava com o semblante fechado, criticando todos que se atreviam a falar. Para uns, apenas palavras cortantes; para outros, perguntas ríspidas e até mesmo xingamentos.— Sr. Ademir. O gerente do departamento de projetos, visivelmente nervoso, entregou o plano do trimestre. — Este é o cronograma para o próximo mês, por favor, revise. Ademir não disse uma palavra. Pegou a pasta e
Karina já havia se passado um longo tempo sem receber resposta de Ademir, quando decidiu enviar uma nova mensagem: [O que você está pensando? Não pode ao menos dizer alguma coisa?] No momento em que a mensagem foi enviada, Karina ficou completamente chocada. Após o texto, havia um ponto de exclamação vermelho! — O quê? Karina ficou ainda mais surpresa e irritada. Ela descobriu que foi adicionada à lista de bloqueio de Ademir! Que absurdo... Ademir estava insatisfeito, odiava Karina, mas essa situação tinha algo a ver com Otávio. Será que ele agora não se importava mais com nada? Homens... Tão egoístas e mesquinhos! Suspirando, Karina decidiu que, no fim das contas, iria ficar com Otávio. Se encontrasse Ademir, seria uma boa oportunidade para perguntar a ele se, daqui para frente, não seria mais necessário Karina fingir diante do Sr. Otávio. ...— Avô. — Karina bateu na porta e entrou com calma. — Karina, você chegou. — Otávio parecia realmente bem naquele dia;
— Que tipo de documento? Júlio pegou o papel e olhou rapidamente. Era um documento do setor do Dr. Felipe do Hospital J. Antes, por causa de Karina, o segundo irmão havia feito uma doação considerável para eles. E o fato de o projeto do Dr. Felipe ter sido aprovado também se devia ao apoio do Grupo Barbosa. O financiamento não era pago de uma só vez, e não havia nenhuma restrição quanto à possibilidade de novos aportes. Já tinha se passado um trimestre, e estava na hora de liberar a segunda parcela. Mas agora, as coisas não eram como antes. — Vou tentar, vai. — Júlio suspirou levemente, mas não podia garantir nada. Entrou na sala e colocou a pasta na frente de Ademir. — O que é isso? — Ademir deu uma olhada rápida. — Um resumo, por favor. Ele estava ocupado e não podia dar atenção a todos os documentos. Nos projetos comuns, Júlio dava uma olhada primeiro e, depois, levava para ele decidir; era um costume. — É sobre a Karina... Mal começou a falar, foi interrom
Ao sair da sala do chefe, Karina estava com o rosto marcado pela preocupação.Havia aceitado a situação com muito esforço, mas e agora?— Karina. — Não esperava que Helena ainda estivesse esperando na porta, com um gesto carinhoso, ela a segurou pelo braço. — Sua barriguinho cresceu ainda mais, tome cuidado.— Obrigada.— De nada.Cuidar de Karina era algo que Helena havia prometido ao Sr. Ademir, e, claro, ela cumpriria.Observando a expressão de Karina, parecia que ela não estava bem.Helena hesitou por um momento, então perguntou:— Karina, você e o Sr. Ademir realmente brigaram?Karina ficou parada, sem saber o que dizer, e respondeu de forma vaga:— Não diria exatamente assim.Brigar envolvia desentendimentos, mas o que aconteceu entre eles foi uma ruptura definitiva.— Não precisa negar. — Helena disse com uma expressão desconfiada, como se fosse uma detetive resolvendo um caso. — Foi por causa da Vitória, não foi? Se fosse eu, falaria que ela é uma sem-vergonha! O Sr. Ademir já
— Isso não é problema, mas você realmente precisa ir? — Wanessa, ficar aqui não é apropriado para mim. Karina insistiu, então deixou a Mansão da família Barbosa. Era tarde, e Wanessa não se sentia tranquila. Chamou o motorista da casa para levar Karina de volta. Karina não recusou, e ao retornar à Rua Francisco Antônio, não conseguiu dormir de imediato. Ela não tinha visto ninguém naquela noite, e Wanessa mencionou que Ademir não havia voltado à Mansão da família Barbosa nos últimos dias. Então, onde mais Karina poderia encontrar Ademir? Talvez na empresa de Ademir? Por mais que Ademir saísse à noite, durante o dia ele, com certeza, teria que ir ao trabalho. Karina originalmente teria folga no dia seguinte, então pensou que seria a oportunidade perfeita para dar uma passada no Grupo Barbosa. Já havia tomado sua decisão. Na manhã seguinte, Karina foi até o Grupo Barbosa. Quando chegou, eram 11 horas. Como haviam sido casados, Karina imaginou que Ademir já tivesse