Essas palavras estavam impregnadas de negatividade demais. Ademir franziu a testa, um pouco descontente: — Vitória, não foi isso o que eu quis dizer. — Hum, eu sei. — Vitória respondeu, seus olhos se movendo levemente ao perceber que ele não estava satisfeito. — Na verdade, eu já comecei a aceitar a situação. Nos próximos tratamentos, vou me esforçar para enfrentar tudo e colaborar da melhor forma. — Isso é bom. — Ademir assentiu com a cabeça. Ele sentiu que seu tom anterior havia sido um pouco rígido. Uma garota que passava por algo tão doloroso, naturalmente se sentiria sensível e vulnerável. Isso era compreensível. Então, se desculpou: — Desculpe, eu fui muito sério. — Não tem problema. — Vitória sorriu sem se importar e, em seguida, o questionou. — Você sabe que tipo de flor eu plantei? — Qual? — As sementes estavam enterradas na terra, e a olho nu não dava para ver nada. — São flores borboleta. Vitória sorriu ao dar a resposta. Seu olhar desceu, se fixando no
Dessa vez, Bruno não ousou não atender ao telefone. — Segundo irmão! — O que está acontecendo? Onde está a Karina? Onde ela está? — Segundo irmão, a Karina pode ter se envolvido em um acidente! Você precisa vir para a sala de emergência! Sala de emergência? Por que a Karina estaria na sala de emergência? O perfil imponente de Ademir se tencionou de imediato, e ele não disse sequer uma palavra, se virando rapidamente e saindo. Júlio não fez mais perguntas, seguindo ele logo atrás....Na porta do quarto, a tensão estava no ar. — Vou dizer novamente: abra a porta! — Bruno falou entre os dentes. — Sr. Martins, qual é a posição da nossa Karina aqui? Se algo acontecer com ela enquanto está sob sua responsabilidade, quem vai assumir? — Não se apresse. — Júlia respondeu de forma indiferente. — O que pode acontecer? Aqui é um hospital, e o quarto não tem outra porta... Deve ter sido só um acidente, talvez ela tenha trancado sem querer ao sair... Dizendo isso, chamou a enferme
Ademir simplesmente se foi? Era claro que ele estava muito irritado. Karina sentiu um calafrio percorrer sua espinha, ficando paralisada, perdida, como uma criança que, após cometer um erro, era abandonada pelos adultos. — Karina! — Júlio, visivelmente preocupado, não conseguiu se conter e a apressou. — Não fique parada aí! O segundo irmão está furioso, vá atrás dele! — Oh, tá! — Karina finalmente reagiu, acenando com a cabeça de forma atordoada e, apressada, se levantou da cama. — Devagar! — Júlio estendeu o braço, oferecendo ajuda para que Karina colocasse os sapatos. Enquanto calçava os sapatos, Karina não pôde evitar lançar um olhar para Júlia. Como a Karina foi parar naquela cama? Isso era realmente muito estranho. Júlia, visivelmente desconfortável, forçou um sorriso tímido e disse: — Karina, vai logo, vá lá e explique tudo para o Sr. Ademir. — Tá. — Karina franziu a testa, sem dizer mais nada, e saiu apressada para alcançar Ademir. Mas, como já era de se es
Ademir viu com seus próprios olhos, mas ainda assim esperava, esperando que tivesse cometido um engano, que tudo não passasse de um mal-entendido!"Ademir, e seu posicionamento? Seus princípios?" O homem estava em um conflito interno, enquanto Karina ainda não havia entrado. De repente, os olhos de Ademir pararam, e ele viu algo sobre a pequena escrivaninha. Um caderno. Aquela escrivaninha era de Karina. Em cima, estavam os livros e materiais de seu curso. No entanto, aquele caderno claramente não pertencia àquele lugar. Estava cheio de anotações sobre projetos seguidos de números, como um livro contábil? Ademir pegou o caderno de maneira casual e deu uma olhada rápida. Ao ver aquilo, a raiva que ele havia começado a controlar se reacendeu, mais intensa do que nunca. Ele deu uma risada sarcástica. Realmente, aquilo era um livro de contas! Ali, estava registrado tudo o que Karina devia a ele, à família Barbosa, cada centavo! A primeira dívida, de 200 mil reais, foi
A raiva do homem já não podia ser mais contida.Karina encarou seus olhos sem desviar o olhar:— Você está muito irritado? Por quê?Por quê? Ademir ficou atônito. Karina estava perguntando por quê?Ela continuou, sua voz ligeiramente hesitante.— Eu não entendo você. Neste ponto, minha opinião sobre se eu gosto ou não de você, tem alguma importância?Ademir ficou sem palavras.Karina disse isso!— Ou será que... — Os olhos de Karina estavam repletos de dúvida, e sua expressão genuína. — Sr. Ademir, você tem uma origem nobre, um forte desejo de posse, e eu sou sua esposa legal. Então, mesmo que você não goste tanto assim de mim, não pode me impedir de não gostar de você, nem me permitir trair você, certo?Não gostar...Trair...Karina estava, de alguma forma, admitindo que ela e Túlio tinham, de fato, algo além do normal entre eles?O olhar de Ademir era profundo, gélido:— Karina, você é minha esposa. Não se importa mais com a sua moral?— Eu perdi a moral? Karina se lembrou da cena e
— Karina?Estava arrumando suas coisas quando Wanessa chegou, acompanhada de Rui. Rui, que havia passado muito tempo no hospital recentemente, não imaginava que as coisas entre os dois estavam tão complicadas. — O que aconteceu? — Rui perguntou, olhando rapidamente para a mala de Karina. — Foi o Ademir que te fez ficar assim? Não precisamos ter medo dele... Rui tentou pegar a mala, continuando: — Se você está chateada, é só contar para o seu avô. Ele te ama muito e com certeza vai te ajudar! Casal brigado não precisa sair de casa assim, sem mais nem menos. — Tio Rui, não é isso... — Karina sorriu amargamente, balançando a cabeça. — O Ademir não me irritou, fui eu quem o fez ficar chateado. Ele provavelmente não quer mais me ver. Isso... Rui e Wanessa ficaram sem palavras. Como assim? Karina pegou sua mala e colocou a mochila nas costas: — Wanessa, tio Rui, obrigada por todo o cuidado durante esse tempo. Agora, eu vou embora. Ela desceu as escadas com a mala, e
Isso era tão sério assim? Rui não teve mais como recusar e logo arranjou um carro para Karina. Bruno ajudou a colocar a mala no porta-malas. — Tio Rui, Wanessa, Bruno, eu vou embora. — Karina se abaixou, entrou no carro, acenou e subiu o vidro da janela. Ela observou a cena enquanto o carro se afastava. Na porta de casa, os três se olharam, sem saber o que fazer. Rui foi o primeiro a falar: — Bruno, você sabia de alguma coisa? O que aconteceu entre eles? — Isso... — Bruno hesitou, mas acabou contando o que sabia. — Foi mais ou menos assim... Rui e Wanessa ficaram em silêncio, surpresos. Ao mesmo tempo, ambos disseram, quase em uníssono: — Isso é impossível! Não pode ser! Como a Karina faria algo assim? Bruno também parecia incrédulo, mas, se não tivesse visto com seus próprios olhos... Dentro do carro, Karina abraçou seus próprios braços, sentindo o silêncio pesado ao seu redor. Estava tudo tão quieto que ela sentia um frio cortante, não, não era apenas frio, era
Ademir colocou o braço ao redor do ombro de Filipe e disse:— Você sabia? A pessoa no palco, eu apostei que ela iria ganhar no baile de dança hoje à noite. O que acha? Ela dançou bem, não?Filipe permaneceu em silêncio.Ademir estava claramente empolgado!— É, muito boa. Ademir...— Isso mesmo! — Filipe começou a falar, mas Ademir, interrompendo ele, batendo fortes palmas, se virando para o palco com entusiasmo. — Dançou muito bem!Finalmente, a apresentação terminou.— Vamos lá, vamos beber!Eles não foram para a sala VIP hoje, preferiram sentar no salão principal, pois queriam uma atmosfera mais animada.Ao voltar para a mesa, Kevin já havia servido as bebidas.Ademir se sentou, pegou o copo e bebeu tudo de uma vez.Hugo deu um olhar significativo para Filipe.— E aí? O que aconteceu? Não conseguiu convencer ele a parar?Filipe deu de ombros e levantou as mãos.— Não tinha como convencer.Os amigos se entreolharam, trocando olhares. Nesse momento, o gerente se aproximou.— Boa noite,