— Mas, tia... — Karina apontou para as várias sacolas. — Essas roupas, eu realmente não posso aceitar. — O que a tia te deu, você deve aceitar. — Júlia fez um gesto com a mão. — Você passou a noite inteira cuidando do Túlio, mal teve tempo de trocar de roupa. Isso é só uma forma de agradecimento da minha parte, não é nada demais, não se sinta sobrecarregada com isso. Enquanto falava, Júlia já se levantava: — Eu preciso voltar para ficar com o Túlio. Vai com calma, as notinhas das roupas estão dentro das sacolas, se o tamanho não for bom, você pode trocar. — Tia... — Karina se levantou, mas Júlia já estava longe. Karina balançou a cabeça, sem jeito, e começou a olhar as roupas nas sacolas. Quando percebeu o que estava ali, ficou parada, surpresa. Júlia havia comprado, na verdade, roupas de grávida dessas marcas famosas. Era claro que Júlia realmente se importava. Tudo isso, apenas porque Karina havia cuidado do Túlio durante toda a noite. Ah, como os pais se preocupava
Zeca ficou em silêncio.O que isso significava? Significava que havia, de fato, problemas no relacionamento deles.— Ainda está aí parado? — Júlia empurrou o marido. — Vá logo, coloque a Karina ao lado do Túlio. Se a Karina acordar daqui a pouco, não vai ter mais chance.A intenção da esposa era clara.Ela queria que os dois se aproximassem...Zeca hesitou por um longo tempo, mas, por causa do filho, ele acabou cedendo.Depois de tomar a decisão, falou:— Tudo bem.Abriu a porta e entrou devagar.Júlia não o seguiu, mas sussurrou:— Vai com calma, não faça barulho e não acorde ela.— Pode deixar. — Zeca estava claramente nervoso, cuidadosamente pegou Karina nos braços e a deitou suavemente ao lado de Túlio.Ainda puxou as cortinas da cama.Felizmente, a cama do quarto VIP era grande o suficiente, de modo que não havia problema em deitar duas pessoas ali.Durante todo o processo, Zeca segurou a respiração, sem se atrever a fazer o menor barulho, até sair do quarto.— Estou me sentindo m
Essas palavras estavam impregnadas de negatividade demais. Ademir franziu a testa, um pouco descontente: — Vitória, não foi isso o que eu quis dizer. — Hum, eu sei. — Vitória respondeu, seus olhos se movendo levemente ao perceber que ele não estava satisfeito. — Na verdade, eu já comecei a aceitar a situação. Nos próximos tratamentos, vou me esforçar para enfrentar tudo e colaborar da melhor forma. — Isso é bom. — Ademir assentiu com a cabeça. Ele sentiu que seu tom anterior havia sido um pouco rígido. Uma garota que passava por algo tão doloroso, naturalmente se sentiria sensível e vulnerável. Isso era compreensível. Então, se desculpou: — Desculpe, eu fui muito sério. — Não tem problema. — Vitória sorriu sem se importar e, em seguida, o questionou. — Você sabe que tipo de flor eu plantei? — Qual? — As sementes estavam enterradas na terra, e a olho nu não dava para ver nada. — São flores borboleta. Vitória sorriu ao dar a resposta. Seu olhar desceu, se fixando no
Dessa vez, Bruno não ousou não atender ao telefone. — Segundo irmão! — O que está acontecendo? Onde está a Karina? Onde ela está? — Segundo irmão, a Karina pode ter se envolvido em um acidente! Você precisa vir para a sala de emergência! Sala de emergência? Por que a Karina estaria na sala de emergência? O perfil imponente de Ademir se tencionou de imediato, e ele não disse sequer uma palavra, se virando rapidamente e saindo. Júlio não fez mais perguntas, seguindo ele logo atrás....Na porta do quarto, a tensão estava no ar. — Vou dizer novamente: abra a porta! — Bruno falou entre os dentes. — Sr. Martins, qual é a posição da nossa Karina aqui? Se algo acontecer com ela enquanto está sob sua responsabilidade, quem vai assumir? — Não se apresse. — Júlia respondeu de forma indiferente. — O que pode acontecer? Aqui é um hospital, e o quarto não tem outra porta... Deve ter sido só um acidente, talvez ela tenha trancado sem querer ao sair... Dizendo isso, chamou a enferme
Ademir simplesmente se foi? Era claro que ele estava muito irritado. Karina sentiu um calafrio percorrer sua espinha, ficando paralisada, perdida, como uma criança que, após cometer um erro, era abandonada pelos adultos. — Karina! — Júlio, visivelmente preocupado, não conseguiu se conter e a apressou. — Não fique parada aí! O segundo irmão está furioso, vá atrás dele! — Oh, tá! — Karina finalmente reagiu, acenando com a cabeça de forma atordoada e, apressada, se levantou da cama. — Devagar! — Júlio estendeu o braço, oferecendo ajuda para que Karina colocasse os sapatos. Enquanto calçava os sapatos, Karina não pôde evitar lançar um olhar para Júlia. Como a Karina foi parar naquela cama? Isso era realmente muito estranho. Júlia, visivelmente desconfortável, forçou um sorriso tímido e disse: — Karina, vai logo, vá lá e explique tudo para o Sr. Ademir. — Tá. — Karina franziu a testa, sem dizer mais nada, e saiu apressada para alcançar Ademir. Mas, como já era de se es
Ademir viu com seus próprios olhos, mas ainda assim esperava, esperando que tivesse cometido um engano, que tudo não passasse de um mal-entendido!"Ademir, e seu posicionamento? Seus princípios?" O homem estava em um conflito interno, enquanto Karina ainda não havia entrado. De repente, os olhos de Ademir pararam, e ele viu algo sobre a pequena escrivaninha. Um caderno. Aquela escrivaninha era de Karina. Em cima, estavam os livros e materiais de seu curso. No entanto, aquele caderno claramente não pertencia àquele lugar. Estava cheio de anotações sobre projetos seguidos de números, como um livro contábil? Ademir pegou o caderno de maneira casual e deu uma olhada rápida. Ao ver aquilo, a raiva que ele havia começado a controlar se reacendeu, mais intensa do que nunca. Ele deu uma risada sarcástica. Realmente, aquilo era um livro de contas! Ali, estava registrado tudo o que Karina devia a ele, à família Barbosa, cada centavo! A primeira dívida, de 200 mil reais, foi
A raiva do homem já não podia ser mais contida.Karina encarou seus olhos sem desviar o olhar:— Você está muito irritado? Por quê?Por quê? Ademir ficou atônito. Karina estava perguntando por quê?Ela continuou, sua voz ligeiramente hesitante.— Eu não entendo você. Neste ponto, minha opinião sobre se eu gosto ou não de você, tem alguma importância?Ademir ficou sem palavras.Karina disse isso!— Ou será que... — Os olhos de Karina estavam repletos de dúvida, e sua expressão genuína. — Sr. Ademir, você tem uma origem nobre, um forte desejo de posse, e eu sou sua esposa legal. Então, mesmo que você não goste tanto assim de mim, não pode me impedir de não gostar de você, nem me permitir trair você, certo?Não gostar...Trair...Karina estava, de alguma forma, admitindo que ela e Túlio tinham, de fato, algo além do normal entre eles?O olhar de Ademir era profundo, gélido:— Karina, você é minha esposa. Não se importa mais com a sua moral?— Eu perdi a moral? Karina se lembrou da cena e
— Karina?Estava arrumando suas coisas quando Wanessa chegou, acompanhada de Rui. Rui, que havia passado muito tempo no hospital recentemente, não imaginava que as coisas entre os dois estavam tão complicadas. — O que aconteceu? — Rui perguntou, olhando rapidamente para a mala de Karina. — Foi o Ademir que te fez ficar assim? Não precisamos ter medo dele... Rui tentou pegar a mala, continuando: — Se você está chateada, é só contar para o seu avô. Ele te ama muito e com certeza vai te ajudar! Casal brigado não precisa sair de casa assim, sem mais nem menos. — Tio Rui, não é isso... — Karina sorriu amargamente, balançando a cabeça. — O Ademir não me irritou, fui eu quem o fez ficar chateado. Ele provavelmente não quer mais me ver. Isso... Rui e Wanessa ficaram sem palavras. Como assim? Karina pegou sua mala e colocou a mochila nas costas: — Wanessa, tio Rui, obrigada por todo o cuidado durante esse tempo. Agora, eu vou embora. Ela desceu as escadas com a mala, e