Essa situação assustou Karina. — O que você está fazendo? — Isso mesmo! Não apenas Karina, Wanessa, que já estava em uma idade mais avançada, ficou extremamente assustada e, além disso, visivelmente irritada. — Nossa senhora! Você chega aqui no meio da noite, chorando e se ajoelhando... Você está tentando assustar quem, exatamente? — Eu... — Júlia balançou a cabeça, apavorada. — Não era essa minha intenção! — Então, levanta logo! — Wanessa disse, com uma expressão de desdém. A essa hora da noite, só o que faltava! — Tá bom. — Zeca ajudou Júlia a se levantar, e ela aproveitou a oportunidade para segurar a mão de Karina. — Karina, não foi de propósito, eu estava muito desesperada. Não tinha mais o que fazer, você tem que ajudar o Túlio, você tem que salvar ele! O quê? Karina, confusa, perguntou: — O que aconteceu com o Túlio? — O Túlio... — Assim que mencionou o filho, as lágrimas começaram a cair dos olhos de Júlia, que soluçava enquanto dizia. — Ele tentou se ma
Karina se sentou à beira da cama e olhou para os dados no monitor. A situação estava realmente muito grave.— Túlio, eu estou aqui, sou eu, a Karina.Naturalmente, não obteve resposta.Karina hesitou por um longo momento, estendeu a mão e lentamente a aproximou da de Túlio. Então, com extrema suavidade, a segurou. Ela tentou falar novamente, mas sua voz se tornava cada vez mais embargada:— Nuvem, sou eu, a Karina, a Karina veio te ver, nuvem... — Ela fechou os olhos, e as lágrimas começaram a cair incessantemente. — Como você pôde ser tão tolo? Você estava mal e não me contou? Ficar sozinho, não deve ser terrível? Nuvem, não desista, não me deixe assim. Vai melhorar, tudo vai melhorar. Eu estou aqui com você.Karina continuou falando, sem parar. Ela não tinha depressão e não conseguia entender como ele poderia estar tão doente. O que ela poderia fazer para ajudá-lo? Como médica, Karina sabia muito bem que, embora Túlio estivesse inconsciente, ele podia ouvir.De repente, algo lhe oc
— Karina, eu cheguei em Princeton. Vou passar esses primeiros dias me acostumando com o ambiente. Só devo ir me apresentar daqui a dois dias... — Karina, hoje está nevando. O clima de Princeton é até mais instável do que o da Cidade J. Ontem eu ainda estava de camiseta, e hoje já está caindo neve... — Karina, hoje fui ao mercado e comprei alguns ingredientes. Voltei e cozinhei eu mesma. Já não aguentava mais comer hambúrguer e frango frito há quinze dias seguidos... — Karina, quando eu melhorar minha habilidade na cozinha, vou preparar pratos para você. Você será uma grande chefe de hospital, e vai estar muito ocupada. Eu vou cuidar de você e da nossa casa. Ao ler essas palavras, Karina sentiu uma dor forte nos olhos, e as lágrimas começaram a cair sem parar. O coração apertado, ela não conseguia conter o sofrimento. — Karina, ainda não recebi sua resposta. Você ainda está brava comigo? Eu fui embora às pressas, mas não foi por minha vontade, meus pais... — Karina, ainda
— Obrigado, você. — De nada. A enfermeira segurava o prontuário e saiu. Zeca suspirou profundamente: — A Karina ainda é a mais eficaz, não é? Embora eles não tivessem entrado na sala naquela noite, através da janela de vidro, podiam ver claramente o que acontecia lá dentro. Zeca não pôde deixar de suspirar: — Para ser sincero, a Karina e o Túlio, de fato, formam um casal perfeito. Ignorando o fato de que Karina tinha um irmão com autismo, e sem considerar a posição social das famílias, eles seriam o par ideal. — Mas falar disso agora não adianta mais... Nós os separamos, arruinamos a vida do nosso filho. Júlia ficou em silêncio por um longo tempo, até que, de repente, falou: — Eu ouvi dizer que o irmão da Karina não é apenas autista, ele parece ser um gênio, uma daquelas raras exceções dentro do espectro do autismo. Essa era uma informação que Zeca nunca soube. Ao ouvir isso, ele ficou surpreso: — Sério? — Sim, foi Túlio quem percebeu primeiro. — Júlia ass
Júlia murmurou baixinho:— Tudo é feito pelas pessoas. Se não tentarmos, como saberemos se é possível?Mal ela terminou de falar, a porta do banheiro se abriu, e Karina saiu.Júlia puxou seu marido para perto e disse, rapidamente:— Não vamos falar mais sobre isso.Então, se voltando para Karina, ela abriu um largo sorriso e disse:— Karina, venha, aproveite enquanto está quente. Não sei exatamente o que você gosta de comer, acabei esquecendo de perguntar. Se não gostar, é só me avisar.— Tia Júlia, está ótimo. — Karina olhou rapidamente para a comida, que estava bem balanceada, com carnes e legumes, e estava bem apresentada; isso era uma modéstia de sua parte.Júlia sorriu e balançou a cabeça:— Não precisa de formalidades, Karina. Você pode pedir o que quiser, só me diga o que gosta.— Claro. — Karina assentiu, comprimindo os lábios.Ela se sentia um pouco desconfortável, pois a atitude de Júlia era completamente diferente de antes.Júlia sempre havia demonstrado antipatia por Karina
Comparada ao passado, Júlia agora parecia excessivamente animada.— Karina? Por que está aí parada? — Júlia sorriu, puxou Karina para sentar e lhe entregou a tigela de comida. — Está com fome, não? Pode comer, vai.— Tia Júlia... — Karina sentiu que a situação estava um pouco estranha. — Na verdade, eu posso comer na cantina mesmo.— Cantina? — Júlia abriu os olhos, claramente desaprovando. — Como assim? Não pode ser! Agora que você está grávida, precisa cuidar melhor da alimentação.Não se sabia se era intencional ou não, mas ela ainda acrescentou:— Você come na cantina todo dia? E o Sr. Ademir, ele não se importa com isso?Por que ele se importaria?Karina respondeu com sinceridade, balançando a cabeça.Júlia suspirou, aliviando um pouco a tensão:— Não é de se admirar, o Sr. Ademir é muito ocupado, ele não tem tempo para se preocupar com você. Não é nada de mais ele não ser tão cuidadoso.Ela estava, por acaso, insinuando que Ademir não se importava com ela o suficiente?Karina não
— Mas, tia... — Karina apontou para as várias sacolas. — Essas roupas, eu realmente não posso aceitar. — O que a tia te deu, você deve aceitar. — Júlia fez um gesto com a mão. — Você passou a noite inteira cuidando do Túlio, mal teve tempo de trocar de roupa. Isso é só uma forma de agradecimento da minha parte, não é nada demais, não se sinta sobrecarregada com isso. Enquanto falava, Júlia já se levantava: — Eu preciso voltar para ficar com o Túlio. Vai com calma, as notinhas das roupas estão dentro das sacolas, se o tamanho não for bom, você pode trocar. — Tia... — Karina se levantou, mas Júlia já estava longe. Karina balançou a cabeça, sem jeito, e começou a olhar as roupas nas sacolas. Quando percebeu o que estava ali, ficou parada, surpresa. Júlia havia comprado, na verdade, roupas de grávida dessas marcas famosas. Era claro que Júlia realmente se importava. Tudo isso, apenas porque Karina havia cuidado do Túlio durante toda a noite. Ah, como os pais se preocupava
Zeca ficou em silêncio.O que isso significava? Significava que havia, de fato, problemas no relacionamento deles.— Ainda está aí parado? — Júlia empurrou o marido. — Vá logo, coloque a Karina ao lado do Túlio. Se a Karina acordar daqui a pouco, não vai ter mais chance.A intenção da esposa era clara.Ela queria que os dois se aproximassem...Zeca hesitou por um longo tempo, mas, por causa do filho, ele acabou cedendo.Depois de tomar a decisão, falou:— Tudo bem.Abriu a porta e entrou devagar.Júlia não o seguiu, mas sussurrou:— Vai com calma, não faça barulho e não acorde ela.— Pode deixar. — Zeca estava claramente nervoso, cuidadosamente pegou Karina nos braços e a deitou suavemente ao lado de Túlio.Ainda puxou as cortinas da cama.Felizmente, a cama do quarto VIP era grande o suficiente, de modo que não havia problema em deitar duas pessoas ali.Durante todo o processo, Zeca segurou a respiração, sem se atrever a fazer o menor barulho, até sair do quarto.— Estou me sentindo m