Ao contrário de Ademir, Karina tinha plena consciência de que Túlio não se aproximaria mais dela. Ele nunca a forçaria a fazer algo que Karina não quisesse. Através da janela do carro, Karina compreendia o que seus olhos expressavam. Túlia expressava uma preocupação por ela De repente, Karina levantou a mão e apertou o vidro da janela. — Karina! — Ademir ficou chocado. "O que ela está fazendo?" Karina não lhe deu atenção, pois Túlio já a tinha visto. Ao encarar o olhar dele, suas pálpebras imediatamente se encheram de lágrimas. Era evidente que a expressão de Túlio também se tornou tensa. Ele murmurou: — Karina. Com os olhos marejados, Karina sorriu e assentiu com a cabeça em sua direção. Sem emitir som algum, ela disse em silêncio: — Estou bem. Túlio entendeu o recado, e seu coração doeu. Ele apenas acenou com a cabeça. Ele soube. Karina levantou a mão, acenou-lhe uma última vez e, então, desviou o olhar. Com a cabeça abaixada, sua voz soou trêmula ao
— Tábata! — Túlio baixou ainda mais o tom de voz, o que, para ele, já era um sinal de severidade. — Você não entende? Os meus assuntos não são da sua conta. Por favor, vá embora agora. Ele fez uma pausa e continuou: — E mais, de agora em diante, não venha mais me procurar. Não há necessidade de nos vermos novamente. Dizendo isso, passou por ela, caminhando em direção à porta. — Espere! — Tábata, tomada pela emoção, segurou seu braço. Túlio reagiu como se tivesse levado um choque, se afastando dela imediatamente. A expressão de Tábata ficou ainda mais desconcertada. Ela murmurou: — Por quê? Nós sempre nos demos tão bem. Foi algo que eu fiz? Eu fiz algo que te desagradou? Ao ouvir isso, Túlio estreitou os olhos. De repente, ele entendeu tudo. Como não percebeu antes? Essa Tábata, que dizia querer ser apenas uma amiga e ajudá-lo a enganar os pais, não era nada disso. Se fosse apenas uma amiga, ela não estaria com essa expressão agora! Túlio deu um sorriso amargo.
Esta noite, às vezes foi extremamente suave, outras vezes, foi bruta.No final, Karina estava tão cansada que mal conseguia manter os olhos abertos.— Karina, beba um pouco de água. — Ademir a abraçou, segurando um copo de água, e a fez beber um pouco.— Obrigada. — Ao contrário da voz de antes, agora a sua voz soava muito mais suave.Ademir sorriu e respondeu:— De nada, Sra. Barbosa.Realmente, entre marido e mulher, algumas coisas não podoam ser ditas, deveriam ser demonstradas por ações.Ademir se lembrou de algo, se levantou e foi procurar na caixa de remédios. Encontrou um creme e, puxando o cobertor, segurou o tornozelo de Karina. Ele notou que o calcanhar dela estava machucado.Ela geralmente não usava saltos altos, mas hoje, durante o casamento, mesmo grávida, usou um par durante a cerimônia. E foi isso que causou o ferimento.Ademir abriu o tubo de creme, colocou um pouco nos dedos e aplicou cuidadosamente na área machucada. O creme estava um pouco frio, o que causou uma le
— Vai para a cama?Ainda era cedo, ela poderia dormir mais um pouco.— Sim.Ele a colocou delicadamente na cama. Karina se esticou, esfregando a lombar, e não conseguiu deixar de olhar fixamente para ele, resmungando:— Tudo é culpa sua!— Sim, é tudo culpa minha. — Ademir respondeu com um sorriso, assentindo com a cabeça.Karina, irritada, disse:— Se você não vai dormir, pelo menos me ajude e massageie a minha cintura.Ela realmente foi direta nas ordens, não?Mas Ademir não se opôs. Aceitou de imediato:— Claro, eu faço a massagem. Minha técnica talvez não seja tão boa quanto a sua, mas minha força é maior que a sua.Ele colocou a palma da mão sobre a parte inferior das costas dela, aplicando uma pressão suave, e perguntou:— Assim está bom?Ademir ainda sabia o que estava fazendo. Afinal, os homens tinham uma vantagem natural quando se tratava de força física.— Está ótimo. — Karina fechou os olhos com prazer. — Assim, isso mesmo.Ela parecia uma gatinha fofa, toda relaxada.Quando
Karina e Ademir foram os últimos a chegarem.Ao entrarem, foram imediatamente alvo das provocações de Filipe e dos outros:— Não cansaram muito ontem? — Que esforço, Sra. Barbosa! — E vocês, não pensam em se casar, pretendem viver solteiros a vida toda? Os homens riam e brincavam, mas suas piadas pareciam imaturas.Karina preferiu não se envolver, se limitando a observar Catarino.Neste momento, Catarino e Otávio eram as duas figuras mais silenciosas da sala. Estavam jogando xadrez.Patrícia, em tom discreto, se aproximou e comentou com Karina:— Já estão jogando há um bom tempo. No começo, o Sr. Otávio ainda conversava com o Catarino... Ou seja, logo o silêncio tomou conta do ambiente.Por quê?Karina olhou para o rosto sério de Otávio, sentindo uma leve preocupação. A expressão do avô não estava boa, ele parecia claramente angustiado.Otávio adorava jogar xadrez, mas raramente encontrava alguém à altura. Quem diria que hoje ele enfrentaria um adversário tão inesperado, e aind
— Vocês, jovens, aproveitem bastante. Embora, devido ao estado de saúde de Karina, não tivesse sido planejada uma viagem de férias, ninguém estava com pressa de deixar as Ilhas Berlengas. O plano era descansar na ilha por alguns dias.Já no início da tarde, Hugo sugeriu irem até a praia se divertirem, e todos concordaram. Karina, no entanto, estava preocupada com Catarino e perguntou:— Catarino, você quer ir?Catarino olhou para Karina e, com um leve aceno de cabeça, respondeu:— Irmã, eu quero ir.Ainda assim, Karina hesitou. Sua condição física não a ajudava, e ela temia não conseguir cuidar do irmão direito.Catarino, muito esperto, olhou para Ademir, como quem pedia ajuda.Ele tinha os mesmos olhos de Karina e, quando olhava assim, com aquele olhar cheio de súplicas, parecia ainda mais vulnerável.Como Ademir poderia recusar? Ele se aproximou e falou por Catarino:— Podemos ir, não se preocupe com ele. Eu cuido do Catarino. Além disso, ele não queria aprender a nadar? Eu ensino
— Quem é? Patrícia se virou rapidamente e encontrou Filipe. Seus olhos brilharam por um momento, mas logo se apagaram. Achou que fosse um conhecido, mas ao olhar melhor, percebeu que mal poderia chamá-lo de amigo; ela apenas o conhecia de vista.Filipe observou cada uma das mudanças de expressão em seu rosto com curiosidade. E pensava: "O que será que ela está pensando?" Sem precisar de palavras, ele já tinha visto como o rosto dela se transformava.E, ao notar o coco já aberto sobre o balcão, Filipe não teve mais dúvidas.Erguendo uma sobrancelha, ele perguntou:— Você não pode pagar?Patrícia ficou atônita por um momento e então assentiu, sem saber o que dizer.Ela hesitou por um instante, mas finalmente, com uma expressão decidida, apertou as mãos e perguntou:— Com licença, você poderia pagar por mim agora? Assim que eu pegar meu celular, eu te dou o dinheiro.— Ah, entendi... — Filipe fez uma expressão pensativa.O valor do coco não era nada, e se ela quisesse, ele poderia comp
— Filipe, cuide bem do Catarino. — Pode deixar. Filipe fez um gesto de "Ok", e Catarino era a vida de sua esposa. O ambiente estava muito barulhento, e Ademir queria levar Karina de volta para o quarto para dormir. Preocupado em não deixá-la exposta ao sol, ao se levantar, olhou para Patrícia: — Patrícia, me faça um favor. — Claro. Patrícia obedeceu a suas ordens e pegou uma capa de proteção solar, cobrindo o rosto e a cabeça de Karina. — Pronto, obrigada. Ademir respirou aliviado e agradeceu sinceramente. Patrícia percebeu a sinceridade em seu tom e se surpreendeu. Este Sr. Ademir, como ele cuidava bem de Karina. Ela nunca havia namorado, mas já tinha visto muitas relações. Entre os amigos e colegas que tinham namorado, qualquer um deles não chegava nem perto de Ademir. Agora ela entendia por que Karina havia aceitado casar com ele. Esperava que ele fosse sempre tão bom com Karina e que, daqui para frente, cortasse qualquer laço com Vitória. Ademir levou