No dia seguinte, Karina tinha uma cirurgia marcada.Ela estava se sentindo ótima: apetite em dia, dormindo bem, com bastante energia, sem nenhum problema aparente. As cirurgias da Equipe do Projeto Cardiopulmonar costumavam ser longas, e, por isso, Karina deixou o celular no armário do vestiário. Durante esse tempo, o telefone não parava de tocar. Eventualmente, a ligação foi transferida para o celular de Ademir, que estava do outro lado do mundo.— Sr. Ademir, boa tarde. — Era a recepção do hospital. — O que aconteceu? — Sr. Ademir, estava agendado para Sra. Barbosa fazer a consulta, mas ela já está atrasada há dois dias. Tentamos ligar várias vezes, mas não conseguimos contato. Queríamos saber quando ela terá disponibilidade para reagendar. Podemos marcar uma nova data?Ademir não imaginava que seria sobre isso.Ele esfregou a testa, tentando se concentrar, e respondeu:— Entendido. Fico sabendo.Desligou o telefone e, preocupado, discou para o número de Karina. O celular dela con
— Não é que seja ruim. — A Dra. Mello franziu a testa e balançou a cabeça. — Mas também não é boa. E além disso, há quanto tempo você está grávida? Ainda faltam seis meses. Se continuar assim, não estou te assustando, mas a sua situação realmente é grave!A gravidez, por si só, já era algo arriscado.Agora, com a evolução dos cuidados médicos, poderia acontecer de não haver grandes complicações, mas as dificuldades que acompanhavam a gestação ainda eram inevitáveis.— Dra. Mello, o que devemos fazer? Vamos ouvir a senhora. — Patrícia falou com cuidado.Dra. Mello a olhou com desaprovação:— Como é que uma jovem está te acompanhando? Onde está seu marido, o Sr. Ademir? O bebê é só seu?Karina não soube o que responder. O que a Dra. Mello disse era, na verdade, uma verdade amarga.Aquele bebê não tinha absolutamente nenhuma relação com Ademir.— O bebê está menor do que deveria para essa fase... — A Dra. Mello disse, batendo na tecla do computador, e passou a fazer várias recomendações s
Ademir pensou que, nesse horário, Karina deveria estar na Universidade J ou no Hospital J, então não havia motivo para preocupação. Ele havia saído às pressas e, após voltar, deveria avisá-la, mas, para sua surpresa, Karina recusou:— Você pode ir sozinho. Eu já fui de manhã e agora tenho algumas coisas para resolver. Quando terminar, vou passar no Hospital J para ver o avô e depois volto para a Mansão dos Barbosa.Ao ouvir isso, Ademir ficou em silêncio.Ela realmente estava ocupada ou estava apenas evitando vê-lo?Após um momento de silêncio, Ademir perguntou:— Você está brava comigo?Karina riu e respondeu:— Eu fiz algo para te deixar bravo?Ela não esperava uma resposta e continuou:— Você saiu por causa do trabalho, eu entendo. Não há motivo para eu ficar brava. Também peço que entenda, estou realmente ocupada. O avô sente sua falta, então vá logo. Vou desligar agora.— Tudo bem.Ao encerrar a ligação, Ademir ficou com o celular na mão, sua expressão impassível.Ela disse o que
Ela ainda deu uma sugestão:— Você também devia pedir para alguém organizar o processo. Eu só preciso seguir, não vai ter erro...— Karina.Ela não terminou a frase, sendo interrompida por Ademir.Olhou para o rosto impassível do homem, Karina engoliu em seco e perguntou:— Não pode ser assim?Ademir soltou uma risada fria, sua voz desdenhosa:— Você realmente precisa ser tão superficial? Será que até no casamento você vai precisar da ajuda de outra pessoa?Sua voz estava carregada de sarcasmo.Karina percebeu o tom e, por um momento, ficou em silêncio.Logo depois, rebateu:— Nós dois somos iguais.Ademir ficou em silêncio.— Sim, eu estou sendo superficial. — Karina o encarou e sorriu suavemente. — Mas você também não está sendo diferente. Não seja tão egoísta. Nós sabemos muito bem que, se não fosse pelo avô, esse casamento não existiria. Algo que ambos fazemos de má vontade, uma formalidade. Eu já aceitei, então vou colaborar com você. Só achei um pouco incômodo e sugeri algo. Se v
Sabendo que Karina ainda iria para as Ilhas Berlengas, Patrícia ficou muito preocupada:— Não dá para contar a verdade para o Ademir?Karina sorriu e balançou a cabeça:— É o meu filho... Ele não tem essa responsabilidade. Não precisa complicar a vida dele.— Karina. — Patrícia, cheia de preocupação, a abraçou, e lágrimas começaram a cair. — Se você se sentir mal, me ligue a qualquer momento!— Pode deixar....Às quatro horas, Ademir chegou para buscá-la.Karina estava pontualmente à porta do Hospital J. Quando o carro parou, ela mesma abriu a porta e se sentou.Assim que entrou no carro, não disse nada. Apenas se encostou no canto e fechou os olhos.Ademir virou-se para observá-la. Ela parecia sem energia.— Você está cansada?— Sim. — Karina assentiu rapidamente. — Eu sei que você tem muito trabalho e ainda precisa se preparar para os exames. Seu corpo não é qualquer um, será que não seria melhor você dar uma pausa no que está fazendo?Karina imediatamente abriu os olhos e responde
Acenou com a mão, sinalizando para o gerente sair primeiro. — Sr. Ademir, Sra. Barbosa, vocês podem conversar entre vocês. — O gerente, com sensatez, se retirou. Ademir ergueu o queixo e perguntou: — Além da Patrícia, você tem outros bons amigos? Eu me lembro, tem um amigo que não é da mesma clínica, mas trabalha no mesmo hospital, não é? Karina ficou em silêncio por um momento, então se deu conta, mas não acreditou muito no que estava ouvindo: — Você está tentando arranjar uma madrinha para mim? — Não deveria? — Ademir ergueu as sobrancelhas e falou. — Primeiro, você confirma a quantidade de madrinhas, e quanto aos padrinhos, eu posso cuidar... Antes que ele terminasse de falar, Karina riu. Negou com a cabeça e disse: — Eu já falei antes, não tenho madrinhas, não preciso delas. Para que precisaria de uma madrinha? A personalidade de Patrícia, se viesse, só iria fazer cair lágrimas. Ademir a observava, com a testa ligeiramente franzida. Na última vez, ela admi
— Não faça barulho! — Certo. — Karina assentiu calmamente. — Você é esposa do Ademir? — Sou. Karina admitiu, mas se questionava se tudo isso estava acontecendo por causa dele. De repente, se lembrou de que ele tinha inimigos, inimigos que exigiam sua vida. — Com quantos meses de gestação você está? Karina franziu a testa. Esse inimigo sabia muito sobre a vida dele, até mesmo sobre sua gravidez. — Quatro meses. Hoje, exatamente quatro meses. — Muito bem! A pessoa por trás dela sorriu satisfeito, levantou a mão e a estendeu em direção ao rosto de Karina. Na palma da mão, havia uma toalha. Quando ele se aproximou, Karina franziu o rosto. Como médica, ela era muito sensível aos cheiros, e naquela toalha havia um forte aroma de éter dietílico! No instante em que a toalha foi pressionada contra seu rosto, Karina prendeu a respiração, fechou os olhos e desmaiou. O homem a segurou imediatamente, rapidamente colando um pedaço de fita adesiva em sua boca, pegando
As pessoas começaram a comentar, e logo o local se encheu de barulho. O homem que estava com Karina ficou paralisado. O que estava acontecendo? A mulher não tinha inalado o éter dietílico e desmaiado? Como ela conseguiu saltar do carro? O éter dietílico não surtiu efeito nela? — Vá buscar ajuda! Alguém se aproximou e ajudou Karina a se levantar, perguntando: — Como você está? E o homem que a sequestrou, onde está? Ademir estava correndo na direção deles. De longe, ele já percebeu a confusão e, imediatamente, avistou Karina no chão! Os seguranças do hotel logo receberam a notícia e correram para o local: — Sr. Ademir! Ademir olhou para eles com um olhar gélido: — O que estão esperando? Não vão prender esse homem? — Sim, Sr. Ademir! — Não deixe ele escapar! O homem, vendo a situação, tentou fugir imediatamente. Mas, sozinho, como poderia correr mais rápido do que os seguranças? — Pare aí! Ademir não se importou com nada disso e correu até Karina. E