Rui saiu, e o quarto mergulhou em um silêncio que de repente se tornou desconfortável.— Vou tomar um banho. — Karina disse, sem realmente ter planejado isso, mas se lembrando de que Wanessa lhe avisou que já havia preparado a água.— Certo. — Ademir assentiu, sem acrescentar nada.Karina deu alguns passos em direção ao banheiro, mas ele a chamou de repente:— Karina.— O que foi? — Ela se virou, surpresa.Ademir franziu as sobrancelhas, hesitando antes de perguntar, com um tom de leve desconfiança:— Por que você voltou?Ela ficou momentaneamente sem palavras. Ele parecia incomodado, embora estivesse controlando o tom.Karina respondeu com sinceridade:— Voltei por causa do avô... E por você também.O que ela queria dizer com aquilo?Ademir não entendeu. Sabia que ela tinha voltado pelo avô, mas não conseguia acreditar que ela o tivesse feito por ele...Levado por algo que nem ele compreendia, ele perguntou diretamente, com um tom que beirava o ceticismo:— Por mim? Você agora gosta t
— A Karina gosta tanto de comer coisas ácidas que, com certeza, está esperando um menino! O Sr. Otávio vai ficar muito feliz! — Wanessa exclamou, depois se virou para perguntar ao Ademir. — Sr. Ademir, o senhor prefere ter um filho ou uma filha?Surpreso ao ser mencionado de repente, Ademir não pensava na pergunta dela, mas no bebê que Vitória carregava em seu ventre...Ele tinha acabado de voltar do País de Gales e, desde então, vinha se dedicando intensamente ao trabalho. Além disso, estava preocupado com seu avô, o que o impediu de entrar em contato com ela nos últimos dias.Como eles estariam agora?De repente, uma inquietação tomou conta dele, impedindo ele de continuar sentado. Puxou a cadeira e se levantou.Karina ficou sem palavras.— Sr. Ademir. — Wanessa perguntou diretamente. — Está indo embora?— Sim, tenho um compromisso. — Ademir lançou um olhar a Karina. — Aproveite sua refeição com calma. À noite, tenho um jantar com um cliente, não sei a que horas vou terminar. Pode do
Família Costa.À mesa de jantar, Lucas colocou a tigela sobre a mesa e limpou a boca com um guardanapo. Ele lançou um olhar frio para Vitória e disse:— Às três da tarde, esteja no Hospital J. Não se atrase.Vitória permaneceu em silêncio.Eunice olhou para a filha e, com um sorriso amável, assentiu:— A Vitória ouviu, eu vou com ela. Não vamos nos atrasar.Com um riso frio, Lucas jogou o guardanapo de lado e se retirou.— Mãe... — Vitória agarrou o braço de Eunice, nervosa. — Eu realmente vou ter que doar meu fígado?— Calma. — Eunice franziu o cenho e acariciou a mão da filha, tentando tranquilizá-la. — Doar um fígado não é algo que se faz assim, sem mais nem menos. Precisa ser compatível. Vamos apenas fazer alguns exames, não é certo que vai dar positivo, não acha?— Embora isso seja verdade... — Mesmo assim, Vitória continuava inquieta.O médico já havia dito que a taxa de compatibilidade entre pais e filhos era alta! Se for compatível, que escolha ela teria?Afinal, ela não era a
Lucas já não queria ouvir mais nada; olhou para ela com desprezo e disse:— Eu realmente criei uma boa filha!— Não, deve ser algum mal-entendido...Mas Lucas nem sequer escutou. Se virou e saiu a passos largos.Eunice estava extremamente preocupada e também furiosa:— O que aconteceu com essa menina, Vitória?...Quando recobrou a consciência, tudo ao seu redor estava escuro. Vitória tentou pedir ajuda, mas percebeu que sua boca estava coberta por fita adesiva, e só conseguia emitir sons abafados e sem sentido.Ela havia sido sequestrada novamente!Por quê? Seria Otávio de novo? Mas ela não o desobedeceu, já tinha deixado de procurar o Ademir. O que mais Otávio poderia querer?Vitória estava amarrada a uma cadeira e, de tanto se debater, acabou caindo ao chão junto com a cadeira, produzindo um estrondo.A queda foi dolorosa, e as lágrimas escorriam pelo seu rosto. O barulho alto chamou a atenção de alguém do lado de fora.De repente, a porta se abriu, deixando entrar um feixe de luz.
O homem gordo e o magro ficaram em silêncio por um bom tempo.— Impossível! — Reagiu o magro, se levantando abruptamente.— É verdade! — Vitória se apressou em explicar. — Eu estou nas mãos de vocês, como eu ousaria mentir? Senhores, de onde tiraram essa informação?O magro soltou uma risada fria:— Não foi você mesma que contou para o Sr. Ademir que estava grávida dele?Ademir? Os olhos de Vitória se arregalaram. Isso significava que eles estavam seguindo o Ademir e que a história de sua gravidez havia chegado a eles dessa maneira. Mas por que eles estariam monitorando Ademir? Seria seu sequestro também parte de algo relacionado a ele?Ela não tinha tempo para elaborar essas perguntas agora; o mais importante era se proteger.— Senhores, eu realmente não estou grávida. Sim, eu disse ao Ademir que estava esperando um filho dele. — Vitória confessou, sem mais coragem para inventar histórias. — Mas isso foi um blefe, porque eu não queria terminar com ele. Era apenas uma mentira para man
Para onde eles estavam levando ela?Os olhos de Vitória se encheram de lágrimas, e uma delas escapou, escorrendo pelo rosto. De repente, o homem corpulento abriu a porta do carro, olhou para o motorista magro e perguntou:— Vamos jogá-la?O homem magro assentiu.O gordo segurou a corda que amarrava Vitória, e ela ficou completamente paralisada de medo. Em plena estrada, o carro estava em alta velocidade, e eles planejavam jogá-la para fora! Se não morresse, ao menos ficaria gravemente ferida. Além disso, havia muitos carros passando. Era provável que ela fosse morrer ali mesmo!Vitória foi arremessada para fora do veículo, como se fosse um lixo. Num instante, seu corpo foi lançado para longe. O homem gordo dentro do carro riu, zombando:— Quem diria, hein? Ademir, um homem tão esperto, acabou sendo enganado por uma mulher!— Por mais esperto que seja, ele ainda é humano. E humanos sempre têm fraquezas....No momento em que tocou o chão, Vitória sentiu apenas dor! Sua pele ardia, e os
Era só uma ligação, nada demais. Como a família parecia relutante em explicar os motivos, Túlio não insistiu e simplesmente ligou para Ademir....Naquele momento, Ademir e Karina estavam no hospital, visitando Otávio. Rui também estava lá. Otávio folheava um calendário, examinando algumas datas, enquanto conversavam sobre algo.Quando eles chegaram, Otávio os chamou com um aceno, dizendo:— Vocês chegaram na hora certa. Estive vendo as datas para o casamento. O tio Denis também consultou alguém, e acho que poderíamos marcar para o dia 9 do mês que vem.Karina congelou de surpresa, os olhos arregalados. Ademir não disse nada, mas franziu ligeiramente a testa. Dia 9 do próximo mês? Isso era daqui a apenas duas semanas!— Tão rápido assim? — Karina questionou, franzindo o cenho, sem concordar muito com a ideia.— Rápido? — Otávio e Rui riram. — Não é rápido, não! Já estamos com tudo quase pronto há algum tempo, e ainda faltam duas semanas. Fique tranquila, tudo ficará perfeito.Ele passo
— Eu preciso ir! — Ele parou por um instante e completou. — Estou te contando isso porque quero pedir sua ajuda, que você me ajude a esconder isso do meu avô.Afinal, o avô acreditava que eles ainda estavam juntos.— O Bruno vai ficar com você.Karina se sentiu impotente, completamente desolada. Ela sabia bem que, se ele queria ir, não havia nada que ela pudesse fazer para impedi-lo.Dando dois passos para trás, Karina se calou, aceitando a situação em silêncio.Ademir, rangendo os dentes, agradeceu:— Obrigado.Em seguida, ele abriu a porta do carro, entrou e partiu rapidamente.Karina ficou ali parada, sem se mover por um longo tempo.— Karina. — Bruno se aproximou, parando atrás dela. — Entre no carro também.— Tudo bem. — Karina entrou no carro.Bruno perguntou:— Para onde?Para onde? Certamente, não podia voltar à Mansão da família Barbosa; voltar sozinha significaria contar ao Otávio que Ademir a havia deixado.Com uma voz suave, Karina respondeu:— Qualquer lugar, dê uma volta