— Eu preciso ir! — Ele parou por um instante e completou. — Estou te contando isso porque quero pedir sua ajuda, que você me ajude a esconder isso do meu avô.Afinal, o avô acreditava que eles ainda estavam juntos.— O Bruno vai ficar com você.Karina se sentiu impotente, completamente desolada. Ela sabia bem que, se ele queria ir, não havia nada que ela pudesse fazer para impedi-lo.Dando dois passos para trás, Karina se calou, aceitando a situação em silêncio.Ademir, rangendo os dentes, agradeceu:— Obrigado.Em seguida, ele abriu a porta do carro, entrou e partiu rapidamente.Karina ficou ali parada, sem se mover por um longo tempo.— Karina. — Bruno se aproximou, parando atrás dela. — Entre no carro também.— Tudo bem. — Karina entrou no carro.Bruno perguntou:— Para onde?Para onde? Certamente, não podia voltar à Mansão da família Barbosa; voltar sozinha significaria contar ao Otávio que Ademir a havia deixado.Com uma voz suave, Karina respondeu:— Qualquer lugar, dê uma volta
Ademir franziu o cenho, precisando de uma resposta.Vitória hesitou ao responder:— Embora o que minha mãe disse seja verdade, apenas esses fatos não podem provar que foi o Sr. Otávio...— Isso ainda não é suficiente? — Rebateu Eunice. — Quem mais, além dele, teria motivo para querer matar seu filho?— Mãe...A discussão estava ficando acalorada.Ademir fechou os olhos por um instante e, se levantando, declarou:— Vitória, descanse bem.Sem poder esperar mais um segundo, ele precisava encontrar o avô para esclarecer tudo imediatamente!Assim que ele saiu, Eunice, nervosa, segurou o braço de Vitória e perguntou:— Tem certeza de que não vai dar problema?Vitória se manteve calma, sem outras opções, e respondeu:— Se alguém tiver problemas, será o Ademir. Ele jamais me esquecerá.Ao ouvir isso, Eunice também sentiu um calafrio percorrer seu coração!...Rui estava preparando um escalda-pés para Otávio quando Ademir voltou. E o semblante do neto era extremamente sombrio.Otávio percebeu a
Ao entrar no escritório, Ademir se sentou na cadeira e acendeu um cigarro.Em poucos segundos, a fumaça envolveu seu rosto, tornando ele indistinto na penumbra....Três da madrugada.Bruno olhou para Karina, que estava no banco de trás, e perguntou:— Karina, quer continuar andando por aí?Disse "andando", mas na verdade ele estava apenas dirigindo sem destino.Karina, encostada na janela, permanecia absorta, sem um pensamento claro na mente.— Ou então... — Bruno sugeriu. — Que tal ligar para o Ademir?Poderia ao menos verificar se ele já tinha voltado para casa. Não poderiam passar a noite toda rodando pela cidade. Ele, como homem, até aguentaria, mas Karina estava grávida.— Não, não precisa. — Karina balançou a cabeça sem a menor hesitação.Ela sabia bem como funcionava. Quando Ademir estava com Vitória, ele nunca atendia suas ligações. Não era a primeira vez, sempre foi assim.— Onde estamos agora?— Estamos quase saindo da Cidade J e entrando na cidade vizinha.Karina ficou em s
Então, não se ouviu mais nada. Ademir esperou por dois segundos, e até conseguiu ouvir o som da respiração dela, já dormindo. "Ela está brava?" Depois de uma noite sem dormir, o clima entre os dois estava tenso. Ademir se aproximou da cama, tentando controlar suas emoções, e disse: — Levanta, coma alguma coisa antes de dormir. — O quê? — Karina abriu os olhos, surpresa. — Você ainda não foi embora? Eu já disse que não quero comer nada, só quero dormir. Quem poderia entender a sensação de desconforto que ficava depois de uma noite inteira sentada no carro? E ela ainda estava grávida. Ela estava brava. Ademir tinha certeza de que ela estava brava. Karina era assim, mesmo quando estava brava, raramente demonstrava abertamente. "Por que ela está brava?" Devia ser porque, apesar de ela ter pedido para ele não ir embora, ele insistiu em sair na noite passada. Ademir sabia que havia uma razão para isso, e não achava que tivesse feito algo errado. Mas deixá-la soz
De repente, a expressão de Karina ficou rígida. Ela colocou as mãos na boca e correu para o banheiro. — Para onde você vai? — Ademir imediatamente a seguiu. — Você não está usando sapatos! Karina tinha sido levantada por ele há pouco, e agora estava descalça, sem nem sequer estar usando meias. Ele então a viu, com o rosto pálido, se apoiando na borda do vaso sanitário, vomitando. Ademir ficou com o rosto fechado, completamente sem entender. Como isso aconteceu? Nos últimos dias, ela estava tão bem! Ele não disse nada, apenas se abaixou ao lado dela, pegando um copo de água para ela enxaguar a boca, e entregando-lhe um lenço. Karina pegou o lenço, limpando a boca e dizendo: — Obrigada... Mas eu realmente não consigo comer. Por favor, não insista mais. Ele a estava forçando? Ele estava apenas tentando cuidar dela, não estava? Não era ela quem estava brava com ele? — Sr. Ademir... — Wanessa falou cuidadosamente, interrompendo o silêncio. — Quando se está grávida, é
Karina teve um sono profundo, acordando apenas às duas da tarde.Ao abrir os olhos, a primeira sensação que teve foi fome. Uma fome imensa.Wanessa já havia preparado tudo o que ela poderia comer, aguardando pacientemente. Sabendo que Karina não estava com muita fome, preparou uma grande mesa com uma variedade de pratos, pensando que, com sorte, ela conseguiria comer uma ou duas mordidas de cada coisa.Mas, para surpresa de Wanessa, Karina acordou revigorada, com um apetite renovado. Tudo estava delicioso para ela.— Você está mesmo com muita fome, hein? — Wanessa disse, com um sorriso de felicidade, mas também com um toque de preocupação. — Come devagar, não exagere. Comer tanto de uma vez assim... Será que não vai acabar vomitando de novo?— Não se preocupe, sinto que estou completamente bem agora. — Karina respondeu com um sorriso, balançando a cabeça, completamente satisfeita, com a boca cheia de comida.A gravidez deixava Karina mais sensível, mas, desta vez, não havia sinais de e
Desde que voltou para a Mansão dos Barbosa, Karina não havia conhecido um único momento de felicidade ao lado de Ademir.Cada vez que se encontravam, era uma explosão de raiva ou um novo problema surgia entre eles.— Eu sei que você não está feliz, mas... Eu também não estou! — Karina falou com a voz tensa. — Qual mulher, sabendo que o homem que ama tem outra mulher em seu coração, escolheria ficar com ele?— Eu também queria que você fosse feliz com a Vitória, que me deixasse em paz, me deixasse encontrar minha própria liberdade! — As palavras dela ecoaram, cortantes.Liberdade...Ademir sentiu uma pressão no peito, como se estivesse sem ar. Havia uma dor inexplicável apertando-lhe o coração.— Se está sofrendo tanto assim, por que voltou para mim? — Sua voz saiu áspera.Karina deu uma risada amarga.— Então, por que você não me manda embora?Eles se encararam em silêncio. Nenhum dos dois podia ignorar os desejos do avô de Ademir. E ela também não queria trair a memória do próprio avô
O choque da água gelada fez com que Ademir abrisse os olhos instantaneamente. Dentro de sua visão nítida, estava o rosto bonito e padrão de Karina. — Você acordou? — Karina olhou para baixo, sem expressar emoção alguma. Ademir estava com uma dor de cabeça forte e parecia um pouco atordoado. Seu gesto de aceno lembrava o de uma criança. — Fique sentado e não se mova. — Karina o advertiu. — Se você se mover, vou jogar água em você novamente! Parecendo um garotinho assustado, ele não ousou se mexer, ficando bem comportado onde estava. Karina estendeu a mão, tirou sua jaqueta e desabotoou a camisa. Percebeu que ele também estava molhado. — Espere um pouco. — Ela se levantou e foi até o banheiro, voltando com uma toalha para dar-lhe um rápido enxágue. — Por enquanto, vamos deixar assim. Depois você se seca direito. Em seguida, ela pegou a roupa que estava aberta e lhe vestiu. Ainda bem que tinha um irmão mais novo que era bem alto, então Karina já estava acostumada com iss