Desde que voltou para a Mansão dos Barbosa, Karina não havia conhecido um único momento de felicidade ao lado de Ademir.Cada vez que se encontravam, era uma explosão de raiva ou um novo problema surgia entre eles.— Eu sei que você não está feliz, mas... Eu também não estou! — Karina falou com a voz tensa. — Qual mulher, sabendo que o homem que ama tem outra mulher em seu coração, escolheria ficar com ele?— Eu também queria que você fosse feliz com a Vitória, que me deixasse em paz, me deixasse encontrar minha própria liberdade! — As palavras dela ecoaram, cortantes.Liberdade...Ademir sentiu uma pressão no peito, como se estivesse sem ar. Havia uma dor inexplicável apertando-lhe o coração.— Se está sofrendo tanto assim, por que voltou para mim? — Sua voz saiu áspera.Karina deu uma risada amarga.— Então, por que você não me manda embora?Eles se encararam em silêncio. Nenhum dos dois podia ignorar os desejos do avô de Ademir. E ela também não queria trair a memória do próprio avô
O choque da água gelada fez com que Ademir abrisse os olhos instantaneamente. Dentro de sua visão nítida, estava o rosto bonito e padrão de Karina. — Você acordou? — Karina olhou para baixo, sem expressar emoção alguma. Ademir estava com uma dor de cabeça forte e parecia um pouco atordoado. Seu gesto de aceno lembrava o de uma criança. — Fique sentado e não se mova. — Karina o advertiu. — Se você se mover, vou jogar água em você novamente! Parecendo um garotinho assustado, ele não ousou se mexer, ficando bem comportado onde estava. Karina estendeu a mão, tirou sua jaqueta e desabotoou a camisa. Percebeu que ele também estava molhado. — Espere um pouco. — Ela se levantou e foi até o banheiro, voltando com uma toalha para dar-lhe um rápido enxágue. — Por enquanto, vamos deixar assim. Depois você se seca direito. Em seguida, ela pegou a roupa que estava aberta e lhe vestiu. Ainda bem que tinha um irmão mais novo que era bem alto, então Karina já estava acostumada com iss
Bruno a viu no escritório, surpreso e um pouco constrangido: — Karina, como você chegou? Eu estava indo te buscar. — Não se preocupe. — Karina sorriu e fez um gesto com a mão, colocando o livro na mesa. — Você também está bem ocupado, e eu não sou criança, consigo chegar sozinha. Ela continuou, curiosa: — O Ademir ainda não terminou, né? — Não. — Bruno apontou para a sala ao lado. — Ele ainda está em reunião. — Entendido. — Karina tirou os livros da bolsa, organizando-os. — Assim eu posso ler, esperando por ele. — Certo. Bruno deu uma olhada nos livros dela. Livros de medicina, realmente grossos. Havia muitas palavras que ele não conhecia; Karina realmente era uma pessoa culta! Na sala de reunião, parecia que as coisas não estavam indo bem. Durante esse tempo, Júlio apareceu, vindo pegar uns documentos. Karina não entendia muito sobre negócios, mas parecia que eles estavam enfrentando alguns problemas. Depois de mais um tempo, Ademir voltou com Júlio. Enquan
Era Túlio. Ele tinha vindo para encontrar um cliente e acabava de descer do restaurante no andar superior. Pensando bem, os dois não se viam há tanto tempo, mas naquele momento, ambos sentiam como se fosse uma eternidade. Túlio se aproximou de Karina, que lhe sorriu de forma tranquila: — Quanto tempo, não é? — Quanto tempo, realmente. — No fundo, Túlio sentia uma mistura de carinho e ciúmes. Desde aquele dia, quando tentou procurar Karina novamente, ela o ignorou completamente, não atendeu suas ligações nem respondeu suas mensagens. Ao encontrá-la hoje, pensou que ela nem sequer daria atenção a ele. Ele apontou para a pulseira e, com um olhar ansioso, perguntou: — Você gostou daquela pulseira? Eu posso comprar para você... — Túlio, não precisa! — Karina o interrompeu, segurando gentilmente seu braço, recusando a oferta. Túlio franziu a testa, mas antes que pudesse dizer algo, Karina se adiantou e explicou rapidamente: — Eu vim aqui para experimentar o vestido de
— Karina. — Patrícia, sem intenção de comer petiscos, pegou o celular e o colocou na frente de Karina. — Essa pessoa é você?— O quê? — Karina levantou o celular e viu mais uma notícia bombástica. E, desta vez, ela era a protagonista.[Família Barbosa anuncia casamento.]Ao abrir a notícia, havia apenas um texto, sem imagens, simplesmente dizendo que Ademir estava prestes a se casar e que a noiva seria Karina, sua prometida desde a infância. Não havia mais nenhuma informação adicional.Era um estilo muito condizente com a maneira discreta de agir da família Barbosa.Como Otávio já havia comentado sobre isso antes, Karina não ficou surpresa. Devolveu o celular para Patrícia, sorrindo enquanto dizia:— Não está bem claro? Claro que sou eu, a Karina.— Você ainda consegue sorrir? — Patrícia estava furiosa. — Você fez isso tudo por ele, só por causa dele?— Sim! — Helena também não conseguiu conter uma exclamação.Embora Ademir fosse rico e ela tivesse recebido suas benesses, depois de ouv
No dia seguinte, Karina tinha uma cirurgia marcada.Ela estava se sentindo ótima: apetite em dia, dormindo bem, com bastante energia, sem nenhum problema aparente. As cirurgias da Equipe do Projeto Cardiopulmonar costumavam ser longas, e, por isso, Karina deixou o celular no armário do vestiário. Durante esse tempo, o telefone não parava de tocar. Eventualmente, a ligação foi transferida para o celular de Ademir, que estava do outro lado do mundo.— Sr. Ademir, boa tarde. — Era a recepção do hospital. — O que aconteceu? — Sr. Ademir, estava agendado para Sra. Barbosa fazer a consulta, mas ela já está atrasada há dois dias. Tentamos ligar várias vezes, mas não conseguimos contato. Queríamos saber quando ela terá disponibilidade para reagendar. Podemos marcar uma nova data?Ademir não imaginava que seria sobre isso.Ele esfregou a testa, tentando se concentrar, e respondeu:— Entendido. Fico sabendo.Desligou o telefone e, preocupado, discou para o número de Karina. O celular dela con
— Não é que seja ruim. — A Dra. Mello franziu a testa e balançou a cabeça. — Mas também não é boa. E além disso, há quanto tempo você está grávida? Ainda faltam seis meses. Se continuar assim, não estou te assustando, mas a sua situação realmente é grave!A gravidez, por si só, já era algo arriscado.Agora, com a evolução dos cuidados médicos, poderia acontecer de não haver grandes complicações, mas as dificuldades que acompanhavam a gestação ainda eram inevitáveis.— Dra. Mello, o que devemos fazer? Vamos ouvir a senhora. — Patrícia falou com cuidado.Dra. Mello a olhou com desaprovação:— Como é que uma jovem está te acompanhando? Onde está seu marido, o Sr. Ademir? O bebê é só seu?Karina não soube o que responder. O que a Dra. Mello disse era, na verdade, uma verdade amarga.Aquele bebê não tinha absolutamente nenhuma relação com Ademir.— O bebê está menor do que deveria para essa fase... — A Dra. Mello disse, batendo na tecla do computador, e passou a fazer várias recomendações s
Ademir pensou que, nesse horário, Karina deveria estar na Universidade J ou no Hospital J, então não havia motivo para preocupação. Ele havia saído às pressas e, após voltar, deveria avisá-la, mas, para sua surpresa, Karina recusou:— Você pode ir sozinho. Eu já fui de manhã e agora tenho algumas coisas para resolver. Quando terminar, vou passar no Hospital J para ver o avô e depois volto para a Mansão dos Barbosa.Ao ouvir isso, Ademir ficou em silêncio.Ela realmente estava ocupada ou estava apenas evitando vê-lo?Após um momento de silêncio, Ademir perguntou:— Você está brava comigo?Karina riu e respondeu:— Eu fiz algo para te deixar bravo?Ela não esperava uma resposta e continuou:— Você saiu por causa do trabalho, eu entendo. Não há motivo para eu ficar brava. Também peço que entenda, estou realmente ocupada. O avô sente sua falta, então vá logo. Vou desligar agora.— Tudo bem.Ao encerrar a ligação, Ademir ficou com o celular na mão, sua expressão impassível.Ela disse o que