Então, não se ouviu mais nada. Ademir esperou por dois segundos, e até conseguiu ouvir o som da respiração dela, já dormindo. "Ela está brava?" Depois de uma noite sem dormir, o clima entre os dois estava tenso. Ademir se aproximou da cama, tentando controlar suas emoções, e disse: — Levanta, coma alguma coisa antes de dormir. — O quê? — Karina abriu os olhos, surpresa. — Você ainda não foi embora? Eu já disse que não quero comer nada, só quero dormir. Quem poderia entender a sensação de desconforto que ficava depois de uma noite inteira sentada no carro? E ela ainda estava grávida. Ela estava brava. Ademir tinha certeza de que ela estava brava. Karina era assim, mesmo quando estava brava, raramente demonstrava abertamente. "Por que ela está brava?" Devia ser porque, apesar de ela ter pedido para ele não ir embora, ele insistiu em sair na noite passada. Ademir sabia que havia uma razão para isso, e não achava que tivesse feito algo errado. Mas deixá-la soz
De repente, a expressão de Karina ficou rígida. Ela colocou as mãos na boca e correu para o banheiro. — Para onde você vai? — Ademir imediatamente a seguiu. — Você não está usando sapatos! Karina tinha sido levantada por ele há pouco, e agora estava descalça, sem nem sequer estar usando meias. Ele então a viu, com o rosto pálido, se apoiando na borda do vaso sanitário, vomitando. Ademir ficou com o rosto fechado, completamente sem entender. Como isso aconteceu? Nos últimos dias, ela estava tão bem! Ele não disse nada, apenas se abaixou ao lado dela, pegando um copo de água para ela enxaguar a boca, e entregando-lhe um lenço. Karina pegou o lenço, limpando a boca e dizendo: — Obrigada... Mas eu realmente não consigo comer. Por favor, não insista mais. Ele a estava forçando? Ele estava apenas tentando cuidar dela, não estava? Não era ela quem estava brava com ele? — Sr. Ademir... — Wanessa falou cuidadosamente, interrompendo o silêncio. — Quando se está grávida, é
Karina teve um sono profundo, acordando apenas às duas da tarde.Ao abrir os olhos, a primeira sensação que teve foi fome. Uma fome imensa.Wanessa já havia preparado tudo o que ela poderia comer, aguardando pacientemente. Sabendo que Karina não estava com muita fome, preparou uma grande mesa com uma variedade de pratos, pensando que, com sorte, ela conseguiria comer uma ou duas mordidas de cada coisa.Mas, para surpresa de Wanessa, Karina acordou revigorada, com um apetite renovado. Tudo estava delicioso para ela.— Você está mesmo com muita fome, hein? — Wanessa disse, com um sorriso de felicidade, mas também com um toque de preocupação. — Come devagar, não exagere. Comer tanto de uma vez assim... Será que não vai acabar vomitando de novo?— Não se preocupe, sinto que estou completamente bem agora. — Karina respondeu com um sorriso, balançando a cabeça, completamente satisfeita, com a boca cheia de comida.A gravidez deixava Karina mais sensível, mas, desta vez, não havia sinais de e
Desde que voltou para a Mansão dos Barbosa, Karina não havia conhecido um único momento de felicidade ao lado de Ademir.Cada vez que se encontravam, era uma explosão de raiva ou um novo problema surgia entre eles.— Eu sei que você não está feliz, mas... Eu também não estou! — Karina falou com a voz tensa. — Qual mulher, sabendo que o homem que ama tem outra mulher em seu coração, escolheria ficar com ele?— Eu também queria que você fosse feliz com a Vitória, que me deixasse em paz, me deixasse encontrar minha própria liberdade! — As palavras dela ecoaram, cortantes.Liberdade...Ademir sentiu uma pressão no peito, como se estivesse sem ar. Havia uma dor inexplicável apertando-lhe o coração.— Se está sofrendo tanto assim, por que voltou para mim? — Sua voz saiu áspera.Karina deu uma risada amarga.— Então, por que você não me manda embora?Eles se encararam em silêncio. Nenhum dos dois podia ignorar os desejos do avô de Ademir. E ela também não queria trair a memória do próprio avô
O choque da água gelada fez com que Ademir abrisse os olhos instantaneamente. Dentro de sua visão nítida, estava o rosto bonito e padrão de Karina. — Você acordou? — Karina olhou para baixo, sem expressar emoção alguma. Ademir estava com uma dor de cabeça forte e parecia um pouco atordoado. Seu gesto de aceno lembrava o de uma criança. — Fique sentado e não se mova. — Karina o advertiu. — Se você se mover, vou jogar água em você novamente! Parecendo um garotinho assustado, ele não ousou se mexer, ficando bem comportado onde estava. Karina estendeu a mão, tirou sua jaqueta e desabotoou a camisa. Percebeu que ele também estava molhado. — Espere um pouco. — Ela se levantou e foi até o banheiro, voltando com uma toalha para dar-lhe um rápido enxágue. — Por enquanto, vamos deixar assim. Depois você se seca direito. Em seguida, ela pegou a roupa que estava aberta e lhe vestiu. Ainda bem que tinha um irmão mais novo que era bem alto, então Karina já estava acostumada com iss
Bruno a viu no escritório, surpreso e um pouco constrangido: — Karina, como você chegou? Eu estava indo te buscar. — Não se preocupe. — Karina sorriu e fez um gesto com a mão, colocando o livro na mesa. — Você também está bem ocupado, e eu não sou criança, consigo chegar sozinha. Ela continuou, curiosa: — O Ademir ainda não terminou, né? — Não. — Bruno apontou para a sala ao lado. — Ele ainda está em reunião. — Entendido. — Karina tirou os livros da bolsa, organizando-os. — Assim eu posso ler, esperando por ele. — Certo. Bruno deu uma olhada nos livros dela. Livros de medicina, realmente grossos. Havia muitas palavras que ele não conhecia; Karina realmente era uma pessoa culta! Na sala de reunião, parecia que as coisas não estavam indo bem. Durante esse tempo, Júlio apareceu, vindo pegar uns documentos. Karina não entendia muito sobre negócios, mas parecia que eles estavam enfrentando alguns problemas. Depois de mais um tempo, Ademir voltou com Júlio. Enquan
Era Túlio. Ele tinha vindo para encontrar um cliente e acabava de descer do restaurante no andar superior. Pensando bem, os dois não se viam há tanto tempo, mas naquele momento, ambos sentiam como se fosse uma eternidade. Túlio se aproximou de Karina, que lhe sorriu de forma tranquila: — Quanto tempo, não é? — Quanto tempo, realmente. — No fundo, Túlio sentia uma mistura de carinho e ciúmes. Desde aquele dia, quando tentou procurar Karina novamente, ela o ignorou completamente, não atendeu suas ligações nem respondeu suas mensagens. Ao encontrá-la hoje, pensou que ela nem sequer daria atenção a ele. Ele apontou para a pulseira e, com um olhar ansioso, perguntou: — Você gostou daquela pulseira? Eu posso comprar para você... — Túlio, não precisa! — Karina o interrompeu, segurando gentilmente seu braço, recusando a oferta. Túlio franziu a testa, mas antes que pudesse dizer algo, Karina se adiantou e explicou rapidamente: — Eu vim aqui para experimentar o vestido de
— Karina. — Patrícia, sem intenção de comer petiscos, pegou o celular e o colocou na frente de Karina. — Essa pessoa é você?— O quê? — Karina levantou o celular e viu mais uma notícia bombástica. E, desta vez, ela era a protagonista.[Família Barbosa anuncia casamento.]Ao abrir a notícia, havia apenas um texto, sem imagens, simplesmente dizendo que Ademir estava prestes a se casar e que a noiva seria Karina, sua prometida desde a infância. Não havia mais nenhuma informação adicional.Era um estilo muito condizente com a maneira discreta de agir da família Barbosa.Como Otávio já havia comentado sobre isso antes, Karina não ficou surpresa. Devolveu o celular para Patrícia, sorrindo enquanto dizia:— Não está bem claro? Claro que sou eu, a Karina.— Você ainda consegue sorrir? — Patrícia estava furiosa. — Você fez isso tudo por ele, só por causa dele?— Sim! — Helena também não conseguiu conter uma exclamação.Embora Ademir fosse rico e ela tivesse recebido suas benesses, depois de ouv