Karina pegou uma laranja, descascando ela lentamente enquanto perguntava:— Diga logo, sobre o que você quer falar comigo?— Karina. — Vitória mordeu os lábios, colocando a bolsa sobre as coxas e apertando as próprias mãos. — Quero falar sobre o Ademir.Karina assentiu e perguntou:— Esse assunto você já mencionou antes. Especificamente, o que você quer conversar?A respiração de Vitória ficou um pouco ofegante:— Quero pedir que você deixe a família Barbosa!Os movimentos de Karina ao descascar a laranja ficaram mais lentos, e ela esboçou um leve sorriso.Otávio tinha acabado de falar com ela, pedindo que voltasse para a família Barbosa, e Vitória já estava sabendo dessa conversa?Vitória reuniu coragem, encarou Karina e disse:— Você e o Ademir não têm sentimentos um pelo outro. Forçar essa relação, o que mais pode trazer além de sofrimento?A casca da laranja já estava completamente retirada.Karina pegou uma rodela, colocou ele na boca e disse calmamente:— A laranja está bem doce.
Lucas nunca imaginou que Vitória pudesse ser tão cruel!Ele a encarou, falando devagar:— Repita o que você disse à Karina agora há pouco, dessa vez para mim.Vitória ficou paralisada. Como ela poderia repetir aquilo? As palavras que dissera foram apenas para enganar Karina! Na realidade, nunca teve a intenção de cumprir sua promessa.— Pai... — Vitória hesitou, incapaz de pronunciar qualquer palavra.O semblante de Lucas ficou ainda mais frio. Ele balançou a cabeça e disse:— Na verdade, não precisa repetir. Eu estava aqui o tempo todo e ouvi muito bem o que você disse. Ouvi quando você prometeu doar seu fígado ao seu pai. É verdade, não é? Se for, apenas balance a cabeça.Vitória sentiu como se uma mão invisível apertasse sua garganta, impedindo ela de emitir qualquer som. Aquilo não era algo que ela pudesse dizer sem pensar!— Não vai falar nada? — Lucas soltou uma risada fria, segurando o braço dela com firmeza. — Então, vamos mostrar com ações. Venha agora comigo ao hospital, fare
— Irmã! — Ao ver Karina, Catarino ficou radiante.Quando Karina lhe mostrou os documentos do Instituto do País de Gales, o rosto jovem e atraente do rapaz se iluminou com uma expressão de orgulho. Ele ainda não entendia bem o quanto entrar para o Instituto do País de Gales poderia mudar sua vida. Mas ele sabia que a irmã estava feliz, e isso significava que ele havia feito a coisa certa!— O Catarino é incrível. — Karina lhe entregou uma tangerina que acabava de descascar. — A tangerina é uma recompensa por isso, mas a partir de agora, você vai fazer essas coisas sozinho.— Sim! — Catarino assentiu com um sorriso. — Eu vou fazer isso.— Coma.Enquanto observava o irmão, Karina sentia um misto de emoções. Tudo isso era graças a Otávio. Se não fosse por ele, eles teriam enfrentado mais uma série de dificuldades e não haveria essa perspectiva de um futuro promissor. Mas como ela lidaria com o pedido de Otávio?Karina não era ingênua e conhecia bem suas próprias capacidades. Ela sabi
— Não, avô... — Karina instantaneamente ficou com os olhos marejados, se lembrando do prontuário que acabava de ver. — Você vai ficar saudável, você precisa me ver me tornar uma boa médica, ver o Catarino voltando com sucesso!— Claro. — Otávio sorriu. — Não chore, seu avô vai se esforçar para viver mais tempo....Quando recebeu a ligação de Otávio, Ademir estava ocupado com o trabalho e perguntou:— Avô, aconteceu alguma coisa?— Hoje você vai buscar a Karina. — Otávio disse diretamente. — Ela não está bem fisicamente, então se lembre de ajudá-la a arrumar as coisas. Não a deixe se cansar."O quê?"Embora Otávio já tivesse mencionado isso antes, Ademir ainda não conseguia acreditar; era surpreendente que essa situação fosse real.— A Karina concordou?— Claro! — Respondeu Otávio com um suspiro. — Você conhece bem o jeito dela. Se ela não quisesse, eu poderia forçá-la?De fato, era exatamente assim.E isso tornava tudo ainda mais estranho. Por que Karina teria concordado? Teria aconte
Rui saiu, e o quarto mergulhou em um silêncio que de repente se tornou desconfortável.— Vou tomar um banho. — Karina disse, sem realmente ter planejado isso, mas se lembrando de que Wanessa lhe avisou que já havia preparado a água.— Certo. — Ademir assentiu, sem acrescentar nada.Karina deu alguns passos em direção ao banheiro, mas ele a chamou de repente:— Karina.— O que foi? — Ela se virou, surpresa.Ademir franziu as sobrancelhas, hesitando antes de perguntar, com um tom de leve desconfiança:— Por que você voltou?Ela ficou momentaneamente sem palavras. Ele parecia incomodado, embora estivesse controlando o tom.Karina respondeu com sinceridade:— Voltei por causa do avô... E por você também.O que ela queria dizer com aquilo?Ademir não entendeu. Sabia que ela tinha voltado pelo avô, mas não conseguia acreditar que ela o tivesse feito por ele...Levado por algo que nem ele compreendia, ele perguntou diretamente, com um tom que beirava o ceticismo:— Por mim? Você agora gosta t
— A Karina gosta tanto de comer coisas ácidas que, com certeza, está esperando um menino! O Sr. Otávio vai ficar muito feliz! — Wanessa exclamou, depois se virou para perguntar ao Ademir. — Sr. Ademir, o senhor prefere ter um filho ou uma filha?Surpreso ao ser mencionado de repente, Ademir não pensava na pergunta dela, mas no bebê que Vitória carregava em seu ventre...Ele tinha acabado de voltar do País de Gales e, desde então, vinha se dedicando intensamente ao trabalho. Além disso, estava preocupado com seu avô, o que o impediu de entrar em contato com ela nos últimos dias.Como eles estariam agora?De repente, uma inquietação tomou conta dele, impedindo ele de continuar sentado. Puxou a cadeira e se levantou.Karina ficou sem palavras.— Sr. Ademir. — Wanessa perguntou diretamente. — Está indo embora?— Sim, tenho um compromisso. — Ademir lançou um olhar a Karina. — Aproveite sua refeição com calma. À noite, tenho um jantar com um cliente, não sei a que horas vou terminar. Pode do
Família Costa.À mesa de jantar, Lucas colocou a tigela sobre a mesa e limpou a boca com um guardanapo. Ele lançou um olhar frio para Vitória e disse:— Às três da tarde, esteja no Hospital J. Não se atrase.Vitória permaneceu em silêncio.Eunice olhou para a filha e, com um sorriso amável, assentiu:— A Vitória ouviu, eu vou com ela. Não vamos nos atrasar.Com um riso frio, Lucas jogou o guardanapo de lado e se retirou.— Mãe... — Vitória agarrou o braço de Eunice, nervosa. — Eu realmente vou ter que doar meu fígado?— Calma. — Eunice franziu o cenho e acariciou a mão da filha, tentando tranquilizá-la. — Doar um fígado não é algo que se faz assim, sem mais nem menos. Precisa ser compatível. Vamos apenas fazer alguns exames, não é certo que vai dar positivo, não acha?— Embora isso seja verdade... — Mesmo assim, Vitória continuava inquieta.O médico já havia dito que a taxa de compatibilidade entre pais e filhos era alta! Se for compatível, que escolha ela teria?Afinal, ela não era a
Lucas já não queria ouvir mais nada; olhou para ela com desprezo e disse:— Eu realmente criei uma boa filha!— Não, deve ser algum mal-entendido...Mas Lucas nem sequer escutou. Se virou e saiu a passos largos.Eunice estava extremamente preocupada e também furiosa:— O que aconteceu com essa menina, Vitória?...Quando recobrou a consciência, tudo ao seu redor estava escuro. Vitória tentou pedir ajuda, mas percebeu que sua boca estava coberta por fita adesiva, e só conseguia emitir sons abafados e sem sentido.Ela havia sido sequestrada novamente!Por quê? Seria Otávio de novo? Mas ela não o desobedeceu, já tinha deixado de procurar o Ademir. O que mais Otávio poderia querer?Vitória estava amarrada a uma cadeira e, de tanto se debater, acabou caindo ao chão junto com a cadeira, produzindo um estrondo.A queda foi dolorosa, e as lágrimas escorriam pelo seu rosto. O barulho alto chamou a atenção de alguém do lado de fora.De repente, a porta se abriu, deixando entrar um feixe de luz.