Ademir disse a si mesmo que precisava manter a calma. Exceto por ter destruído o celular, ele de fato estava muito calmo.Ademir pegou o celular e ligou para Júlio. — Sou eu. — Ademir disse de maneira simples. — Verifique os registros de saída do país. Para onde a Karina está indo? — Sim, Ademir.Após desligar o telefone, Ademir se sentiu ainda mais tranquilo. Chamou a enfermeira e pediu que ela limpasse os destroços do celular quebrado. E instruiu ela: — Não conte a ninguém sobre o celular. Eu providenciarei uma transferência para você. A enfermeira, ao ouvir isso, abriu um sorriso imediatamente: — Sr. Ademir, pode ficar tranquilo, não direi nada a ninguém.Depois de um tempo, Karina voltou empurrando Otávio. Ao ver o neto, o sorriso no rosto de Otávio desapareceu. Otávio ainda estava ressentido, culpando ele por ter abandonado Karina, uma esposa tão boa. Era um assunto entre os dois, algo em que Karina não queria se envolver. Ela pegou sua mochila e se despediu de Otávi
Ademir também não sabia o que estava acontecendo. Ele não teve tempo de dizer nada antes que o elevador travasse de repente, parando por completo. No segundo seguinte, as luzes se apagaram!Karina entrou em pânico e gritou: — Ademir? O elevador estava completamente escuro, e ela não conseguia ver nada. — Estou aqui! Logo, ela foi puxada para dentro de um abraço quente, familiar. Era uma sensação reconfortante, acompanhada pelo cheiro inconfundível do perfume dele. Ademir a segurou firme, apoiando o queixo no topo da cabeça dela. Sua voz rouca e profunda, cheia de magnetismo, veio de cima: — Não se preocupe, o elevador deu defeito, mas logo alguém virá nos tirar daqui. Mesmo assim, Karina continuava assustada. Nunca havia passado por algo assim; só tinha visto esse tipo de situação em filmes e programas de televisão. Embora fosse emocionante nas telas, onde tudo sempre acabava bem, quem podia garantir que na vida real seria tão simples? — Quanto tempo será que vai de
No escuro, Karina não conseguia ver Ademir. Mas podia sentir a cabeça dele encostada na curva do seu pescoço, a respiração um pouco pesada. O instinto profissional a fez suspeitar que algo havia acontecido com ele. — Ademir, você se machucou? — Ela perguntou, desconfiada. Ele parecia estar aguentando algo, seria dor? — Sim... — Respondeu o homem com a voz rouca. Ele realmente estava machucado! — Onde você se feriu? — Karina ficou imediatamente tensa, querendo verificar o ferimento. — Me coloque no chão, deixa eu ver... Se fosse algo grave, ela precisaria realizar os primeiros socorros imediatamente. — Karina. — Mas Ademir a segurou com força, sem soltá-la, e sussurrou em seu ouvido. — Eu quero te beijar, posso? Da última vez, ele a beijou sem permissão, o que a deixou furiosa, e ela até chorou. Ele não ousou repetir a ação... Karina ficou tão surpresa que não conseguiu dizer nada. Ele sabia o que estava pedindo? — Posso? — Como ela permaneceu em silêncio, Ademir
O atendente permaneceu em silêncio, balançando a cabeça mecanicamente: — Não, não está à altura. — Ademir! — Karina sussurrou, irritada, quase saltando de onde estava. "Ele vai aprontar de novo?" — Estou aqui. — Ele sorriu para ela, mas logo se virou para o atendente com uma expressão fria, apontando para outro celular no balcão. — Me mostre esse aqui. — Certo. Karina deu uma rápida olhada no preço e, alarmada, agarrou o braço de Ademir, franzindo a testa: — Eu não quero esse celular! O aparelho custava mais de 8 mil reais, o suficiente para sustentar Karina por seis meses. — Só pode ser esse. — A postura de Ademir era firme. Embora a voz fosse suave, seu semblante não deixava espaço para negociação. — Fui eu quem quebrou o seu celular, então sou eu quem vai pagar. Não vou comprar algo barato que não esteja à minha altura. Karina ficou sem palavras. "O que fazer com um homem orgulhoso e rico como ele?" Antes que ela pudesse pensar em uma solução, Ademir arqu
Karina franziu a testa, pensando seriamente. Será que Ademir sabia de mais alguma coisa? Será que ele já tinha descoberto sobre o relacionamento dela com Lucas? Então, talvez ele também soubesse que ela e Vitória eram irmãs. Ela levantou os olhos e olhou para Lucas, que estava não muito longe, com um sorriso no canto dos lábios. "Por que será que estou até um pouco ansiosa...?" No caminho de volta, Lucas falou: — Então, vou começar a comprar as passagens. Quanto às coisas por lá, você não precisa se preocupar com nada, é só arrumar suas malas. — Tudo bem. — Karina assentiu. — Se precisar de ajuda, me ligue. Ele a acompanhou até a entrada do prédio onde ela morava. Lucas olhou para o velho edifício, já desgastado pelo tempo. — Já pedi para começarem a reforma do apartamento. — Lucas suspirou. — Por enquanto, você vai ter que aguentar ficar aqui por mais um tempo. — Não tem problema. Afinal, quantos sofrimentos ela já não havia enfrentado nesses anos? Ela não se
Mesmo que a comida que ela preparasse não fosse tão boa, ainda assim era o tipo de comida da Cidade J, algo a que estavam acostumados. — Tudo bem. Lucas, sem muito apetite, comeu apenas um pouco e foi para o quarto. Pouco depois, ele saiu novamente e disse para Karina: — Se você for sair, pode comprar duas cuecas para mim? Vim com tanta pressa que acabei esquecendo de trazer. — Claro. Karina assentiu, terminando de comer aos poucos, enquanto verificava no celular se havia algum mercado nas redondezas. Logo encontrou um grande supermercado não muito longe dali. Após se arrumar um pouco e trocar de roupa, ela saiu. O sol brilhava intensamente, e o céu estava de um azul deslumbrante. Karina caminhava lentamente, como se estivesse apenas fazendo um passeio. O supermercado era realmente grande, e ela conseguiu comprar todos os ingredientes que queria. Por fim, se dirigiu à seção masculina. Pegou duas cuecas simples, das mais comuns. Com as sacolas nas mãos, Karina co
Ele iria bater nela? Karina até se esqueceu de piscar os olhos. Se ouvia uma leve rajada de vento ao seu redor, mas a dor esperada nunca chegou. Um som estrondoso ecoou quando o braço de Ademir passou rente à sua bochecha, e o punho dele se chocou violentamente contra a parede atrás dela! Naquele momento, Karina ouviu o som dos ossos colidindo com o concreto, junto com o ruído da poeira caindo da superfície da parede. Aquele soco foi dado com toda a força! — Ademir! — Karina, assustada, se apressou a segurar o braço dele. — Deixa eu ver... Mas Ademir retirou o braço rapidamente, abaixando o olhar para ela, com um sorriso gélido no rosto: — Ver o quê? Você se importa comigo? Sem pensar, Karina respondeu: — Claro que me importo... Assim que disse isso, ela ficou surpresa. Parecia que, sem querer, havia dito algo que não devia. Seu coração começou a bater mais rápido. O que Ademir pensaria sobre aquilo? Aquela frase soou quase como uma confissão, mas, infelizme
Muitas coisas, Ademir não precisava nem mandar, ele já fazia por conta própria.O tempo foi curto, mas Júlio conseguiu descobrir algumas coisas e disse: — A informação veio da Casa de Repouso Castle Peak. Recentemente, o Catarino participou de um teste de avaliação feito pelo Instituto do País de Gales. E ele passou no teste. — Instituto do País de Gales? — Era a primeira vez que Ademir ouvia falar dessa instituição.Não era estranho que uma organização tão especializada fosse desconhecida para quem não atuava nessa área. — Sim. — Júlio também nunca tinha ouvido falar do instituto e tinha feito uma rápida pesquisa sobre ele. Depois de abrir o celular, ele entregou os dados para Ademir: — É uma instituição que recruta, treina e encaminha pessoas com habilidades especiais. Ademir olhou, franzindo as sobrancelhas, e perguntou: — O irmão da Karina, Catarino, não tem autismo? — Tem. — Júlio assentiu. — Dentro do espectro do autismo, há uma pequena parcela de pessoas com inte