Ademir ligou para ele? Ademir também estava no teatro? Ele o chamou para fora porque sabia que ele estava lá? Então, por que Ademir o chamou para fora? Pelo tom de sua voz no telefone, parecia estar muito irritado. Com essas perguntas em mente, Túlio avisou Tábata e saiu do teatro. — Sr. Ademir... Mal tinha aberto a boca para cumprimentá-lo, quando Ademir de repente levantou o punho e o acertou com força. Sem tempo para desviar, Túlio levou o soco. Por sorte, a reação de Ademir não foi das melhores, ele cambaleou um pouco, mas conseguiu se manter em pé. No entanto, o golpe fez com que o canto da boca de Túlio se rachasse, e o sangue começou a escorrer. Túlio levantou a mão, limpou o sangue do canto da boca e, muito confuso, perguntou: — Ademir! O que você quer dizer com isso? Ademir deu um sorriso frio, com os olhos cheios de raiva: — Você foi assistir drama moderno com outra mulher, a Karina sabe disso? Naquele instante, Túlio ficou atônito, e uma expressão
— Isso mesmo, era isso que eu queria dizer. Desculpe pela falta de educação mais cedo.Tábata sorriu com naturalidade, balançando a cabeça:— Não tem problema. Já que estamos aqui, que tal terminarmos de assistir ao drama moderno?— Claro.Túlio assentiu levemente, se sentindo completamente relaxado agora.Karina não sabia nada sobre o que tinha acontecido no teatro da Cidade J durante o final de semana. Na manhã de segunda-feira, ela acordou cedo para se arrumar. Ela havia combinado com Ademir que iriam ao tribunal de justiça assinar os papéis hoje. Quando terminou de se arrumar e estava prestes a trocar de roupa para sair, recebeu uma ligação de Estêvão.— Advogado Estêvão. — Karina atendeu. — Estou saindo agora, não vou me atrasar...Do outro lado da linha, Estêvão respondeu com um tom de desculpas:— Me perdoe, Karina, não sei bem como te explicar isso, mas o Sr. Ademir me ligou esta manhã dizendo que ele não poderá ir ao tribunal de justiça hoje.Karina ficou chocada e perguntou
Karina escolheu a manhã para visitar Otávio. Geralmente, naquele horário, Ademir estaria ocupado na empresa, o que diminuía as chances de encontrá-lo.O quarto estava tranquilo. Karina abriu a porta com cuidado e entrou devagar. Otávio estava com uma agulha no braço, recostado na cabeceira da cama, adormecido. Ela não quis incomodá-lo e, após verificar os dados no monitor, viu que seus sinais vitais estavam estáveis. Isso a tranquilizou.No entanto, no momento em que se preparava para sair, Otávio abriu os olhos lentamente. Seus olhos envelhecidos brilharam com surpresa e alegria. Ele estendeu a mão:— Karina. — Vovô. — Karina segurou sua mão com um doce sorriso. — Eu te acordei? — Não. — Otávio balançou a cabeça, suspirando com a testa franzida. — Minha querida, você sofreu muito. Me desculpe, foi falha minha não ter educado bem o Ademir.De repente, a porta do banheiro se abriu. Ademir saiu a passos largos, sua expressão levemente irritada enquanto se aproximava de Karina
— Sim. — Ademir assentiu. — Por quê? — Karina não entendia.Pela lógica, se ele quisesse facilitar a entrada da Vitória na família Barbosa, não deveria ter contado ao Sr. Otávio que o bebê em sua barriga não era seu filho biológico?— O que você acha? — Ademir abaixou a cabeça e a olhou como se estivesse falando com uma tola. — Depois que nos separamos, meu avô ficou tão irritado que acabou adoecendo. Se eu contasse que seu filho não é meu, você acha que ele não pioraria ainda mais?Karina compreendeu. Fazia sentido.Ao chegarem ao elevador, Karina parou. — Obrigada por me acompanhar até aqui. Vou pegar o elevador, e você pode voltar a ficar com seu avô.O quê? Ademir ficou espantado. Tinham andado tão pouco, e ela já estava se despedindo?O elevador parou e as portas se abriram. Não havia ninguém lá dentro. — Vamos. Antes que pudesse reagir, Karina sentiu o aperto em seu braço e, num movimento inesperado, Ademir a puxou para dentro do elevador. Com as portas se fechando, e
— O quê? — Ademir parecia um pouco confuso, abaixando a cabeça para olhar.Era um cartão fino, familiar de certa forma.— É o seu cartão. — Karina sorriu e o empurrou de volta para as mãos dele. — Já devia ter devolvido faz tempo, mas agora que saio só com o celular, nunca carrego comigo. Quase esqueci de novo há pouco. Ainda bem que você não foi longe.Depois de falar, ela deu um passo para trás, se afastando do abraço dele.Num instante, o rosto de Ademir endureceu, e ele perguntou:— Você saiu correndo só por causa disso?— Sim. — Karina respirava mais calmamente, um pouco sem jeito. — Agora, só posso devolver o cartão para você.O dinheiro que estava nele, ela havia usado. E se sentia mal por isso, já que não tinha como devolver ao Ademir no momento.Ademir, no entanto, não prestava atenção ao que ela queria dizer com aquelas palavras. O que o perturbava era que Karina não queria mais o cartão dele. Ela estava, pouco a pouco, se afastando do mundo dele!— Então vou me preparar para
— Podemos ir até aquele pequeno parque ali, pode ser?— Pode ser.Na tarde daquele dia, o pequeno parque estava praticamente deserto.Os olhos de Ademir estavam tão frios quanto uma camada de gelo enquanto ele perguntava diretamente:— Por que você não foi morar na Mansão Mission Hills? Por que não quis o dinheiro?Perguntas consecutivas, carregadas de uma raiva profunda.Karina ficou atônita, e após alguns segundos, sorriu levemente.— Então, você já sabe de tudo. — Ela esfregou o pulso com um pouco de resignação. — Naquele dia, no hospital, eu disse que não queria, mas você não aceitou, então só me restou agir assim.Karina enfatizou com firmeza:— Eu realmente não quero nada.— Karina...— Deixa eu terminar. — Os cílios de Karina tremeram levemente. — Eu não posso aceitar o seu dinheiro. Nós não temos sentimentos um pelo outro, então você não me deve nada. Meu filho não é seu, você não tem responsabilidade nenhuma comigo.Karina suspirou, concluindo:— Ademir, você não me deve nada.
Karina olhou e viu que era Vitória.— Olá. — O atendente respondeu prontamente, recebendo ela com entusiasmo. — O que você precisa?Vitória tirou uma lista do bolso e entregou ao atendente:— Separe para mim o que está aí.— Certo. — O atendente concordou, conferindo a lista. De repente, sua expressão mudou, hesitante, ele disse. — Temos tudo, mas o bolo de creme acabou. Só vai chegar mais amanhã.— Acabou? — Vitória notou o pouco que restava do bolo de creme no expositor de vidro e franziu ligeiramente as sobrancelhas. — E isso aqui?O atendente olhou para Karina e sorriu, meio sem jeito:— Esta cliente já comprou tudo.— O quê? — Só então Vitória olhou para Karina, como se só naquele momento percebesse sua presença. — Ah, é você.Foi como se estivesse cumprimentando, mas não passou disso. Com um gesto desdenhoso, ela se virou para o atendente e disse:— O bolo de creme é meu, entendeu?Seu tom era completamente autoritário. Vitória, então, ordenou:— O que está esperando? Embale logo
O atendente ficou atônito. Ele era o Ademir? O Sr. Ademir? O Sr. Ademir era tão incrível que, com uma palavra, podia comprar uma loja! O que mais ele poderia dizer? — Tudo bem, Sr. Ademir, vou providenciar isso agora mesmo! ... Sem conseguir encontrar bolo de creme, Karina voltou para a Rua Alameda. Ela comprou alguns petiscos aleatórios em uma loja de conveniência à beira da estrada. Porém, ao chegar em casa, assim que os abriu e provou, Karina franziu o cenho, não estavam nem um pouco gostosos. Ao olhar para a comida que Patrícia tinha deixado para ela na mesa, percebeu que também não conseguia comer uma única mordida. Talvez fosse por causa da gravidez, mas Karina, de repente, se sentiu profundamente triste. Se jogou na cama, com as bochechas afundadas no travesseiro, e começou a chorar de forma desolada. Patrícia entrou no quarto e ficou assustada ao vê-la naquele estado. — Karina, o que aconteceu? — Patrícia... — Karina chorava como uma criança. — Eu não