— Sim. — Ademir assentiu. — Por quê? — Karina não entendia.Pela lógica, se ele quisesse facilitar a entrada da Vitória na família Barbosa, não deveria ter contado ao Sr. Otávio que o bebê em sua barriga não era seu filho biológico?— O que você acha? — Ademir abaixou a cabeça e a olhou como se estivesse falando com uma tola. — Depois que nos separamos, meu avô ficou tão irritado que acabou adoecendo. Se eu contasse que seu filho não é meu, você acha que ele não pioraria ainda mais?Karina compreendeu. Fazia sentido.Ao chegarem ao elevador, Karina parou. — Obrigada por me acompanhar até aqui. Vou pegar o elevador, e você pode voltar a ficar com seu avô.O quê? Ademir ficou espantado. Tinham andado tão pouco, e ela já estava se despedindo?O elevador parou e as portas se abriram. Não havia ninguém lá dentro. — Vamos. Antes que pudesse reagir, Karina sentiu o aperto em seu braço e, num movimento inesperado, Ademir a puxou para dentro do elevador. Com as portas se fechando, e
— O quê? — Ademir parecia um pouco confuso, abaixando a cabeça para olhar.Era um cartão fino, familiar de certa forma.— É o seu cartão. — Karina sorriu e o empurrou de volta para as mãos dele. — Já devia ter devolvido faz tempo, mas agora que saio só com o celular, nunca carrego comigo. Quase esqueci de novo há pouco. Ainda bem que você não foi longe.Depois de falar, ela deu um passo para trás, se afastando do abraço dele.Num instante, o rosto de Ademir endureceu, e ele perguntou:— Você saiu correndo só por causa disso?— Sim. — Karina respirava mais calmamente, um pouco sem jeito. — Agora, só posso devolver o cartão para você.O dinheiro que estava nele, ela havia usado. E se sentia mal por isso, já que não tinha como devolver ao Ademir no momento.Ademir, no entanto, não prestava atenção ao que ela queria dizer com aquelas palavras. O que o perturbava era que Karina não queria mais o cartão dele. Ela estava, pouco a pouco, se afastando do mundo dele!— Então vou me preparar para
— Podemos ir até aquele pequeno parque ali, pode ser?— Pode ser.Na tarde daquele dia, o pequeno parque estava praticamente deserto.Os olhos de Ademir estavam tão frios quanto uma camada de gelo enquanto ele perguntava diretamente:— Por que você não foi morar na Mansão Mission Hills? Por que não quis o dinheiro?Perguntas consecutivas, carregadas de uma raiva profunda.Karina ficou atônita, e após alguns segundos, sorriu levemente.— Então, você já sabe de tudo. — Ela esfregou o pulso com um pouco de resignação. — Naquele dia, no hospital, eu disse que não queria, mas você não aceitou, então só me restou agir assim.Karina enfatizou com firmeza:— Eu realmente não quero nada.— Karina...— Deixa eu terminar. — Os cílios de Karina tremeram levemente. — Eu não posso aceitar o seu dinheiro. Nós não temos sentimentos um pelo outro, então você não me deve nada. Meu filho não é seu, você não tem responsabilidade nenhuma comigo.Karina suspirou, concluindo:— Ademir, você não me deve nada.
Karina olhou e viu que era Vitória.— Olá. — O atendente respondeu prontamente, recebendo ela com entusiasmo. — O que você precisa?Vitória tirou uma lista do bolso e entregou ao atendente:— Separe para mim o que está aí.— Certo. — O atendente concordou, conferindo a lista. De repente, sua expressão mudou, hesitante, ele disse. — Temos tudo, mas o bolo de creme acabou. Só vai chegar mais amanhã.— Acabou? — Vitória notou o pouco que restava do bolo de creme no expositor de vidro e franziu ligeiramente as sobrancelhas. — E isso aqui?O atendente olhou para Karina e sorriu, meio sem jeito:— Esta cliente já comprou tudo.— O quê? — Só então Vitória olhou para Karina, como se só naquele momento percebesse sua presença. — Ah, é você.Foi como se estivesse cumprimentando, mas não passou disso. Com um gesto desdenhoso, ela se virou para o atendente e disse:— O bolo de creme é meu, entendeu?Seu tom era completamente autoritário. Vitória, então, ordenou:— O que está esperando? Embale logo
O atendente ficou atônito. Ele era o Ademir? O Sr. Ademir? O Sr. Ademir era tão incrível que, com uma palavra, podia comprar uma loja! O que mais ele poderia dizer? — Tudo bem, Sr. Ademir, vou providenciar isso agora mesmo! ... Sem conseguir encontrar bolo de creme, Karina voltou para a Rua Alameda. Ela comprou alguns petiscos aleatórios em uma loja de conveniência à beira da estrada. Porém, ao chegar em casa, assim que os abriu e provou, Karina franziu o cenho, não estavam nem um pouco gostosos. Ao olhar para a comida que Patrícia tinha deixado para ela na mesa, percebeu que também não conseguia comer uma única mordida. Talvez fosse por causa da gravidez, mas Karina, de repente, se sentiu profundamente triste. Se jogou na cama, com as bochechas afundadas no travesseiro, e começou a chorar de forma desolada. Patrícia entrou no quarto e ficou assustada ao vê-la naquele estado. — Karina, o que aconteceu? — Patrícia... — Karina chorava como uma criança. — Eu não
Ademir encarou o belo rosto dela, com a voz um pouco rouca: — Por quê? Você não queria comer? Embora o tempo juntos não tivesse sido longo, ele a conhecia. Karina não era exatamente uma pessoa que amava petiscos. Se ela tinha ido especificamente a uma loja de lanches, era porque realmente queria algo. O fato de Karina ter recusado só podia significar que estava chateada, não? Era compreensível ela estar zangada, afinal, ela havia sido injustiçada. De repente, uma dor invadiu o peito de Ademir. Com um tom gentil, ele perguntou: — Ainda está chateada? Naquela hora eu não disse que dividiríamos? Por que você não quis? Karina ficou surpresa, arregalou os olhos e falou, irritada: — Você disse isso de propósito? O bolo de creme fui eu que quis comprar primeiro. Aí vocês aparecem e querem levar metade? Eu ainda tenho que agradecer e aceitar a generosidade de vocês? O quê? Ademir ficou atônito, o rosto endurecendo. Ele respondeu, com certa hesitação: — Eu não sabia que vo
Karina cheirou o alimento e comentou: — Que azedo! Curiosamente, sua boca imediatamente se encheu de saliva. Túlio notou e deu um sorriso leve: — Quer provar? — Quero. — Aqui, para você. Ao provar, o sabor ácido fez Karina apertar os olhos. Túlio, preocupado, perguntou: — Será que não está muito azedo? — Não, está ótimo. — Karina balançou a cabeça, os olhos brilhando enquanto sorria. — Está muito gostoso. Acho que o sabor está perfeito. O que é isso? — Ameixas. Elas foram embebidas em vinho. Túlio ficou visivelmente mais animado: — Que bom que gostou. Ainda tenho outras coisas preparadas aqui. Ele então pegou uma tigelinha. — Vamos comer um pouco de canja. — Túlio insistiu em alimentá-la, levando a colher à boca dela. — Devagar. Coma apenas se estiver com vontade, não precisa se forçar. — Entendido. — Felizmente, desta vez Karina não se sentiu enjoada. — Está tudo bem? Consegue comer? — Túlio perguntou, ainda cheio de preocupação. Karina avaliou como
Na sexta-feira à noite, Ademir foi até a casa da família Costa. Ele jantou com toda a família. Durante o jantar, Eunice olhou para o marido e mencionou casualmente um assunto:— Lucas, seu aniversário está chegando. Você já pensou se quer comemorar em casa ou sair para festejar?Mencionar isso na frente de Ademir obviamente tinha um propósito. Se ele tivesse a intenção, deveria assumir toda a responsabilidade pela organização. Para eles, seria conveniente e ainda economizaria dinheiro.Ademir não os desapontou. Após dois segundos de silêncio, ele respondeu:— Aniversário não é algo que se pode passar de qualquer jeito. Se confiarem em mim, deixem que eu cuide de tudo.— Como assim, não precisa se incomodar... — Eunice disse isso, mas o sorriso em seu rosto era impossível de esconder.— É verdade, não precisa. — Lucas também tentou recusar. — É só um aniversário simples, não precisa de toda essa complicação.— Ademir. — Vitória franziu ligeiramente a testa, balançando a cabeça para ele.