Ademir encarou o belo rosto dela, com a voz um pouco rouca: — Por quê? Você não queria comer? Embora o tempo juntos não tivesse sido longo, ele a conhecia. Karina não era exatamente uma pessoa que amava petiscos. Se ela tinha ido especificamente a uma loja de lanches, era porque realmente queria algo. O fato de Karina ter recusado só podia significar que estava chateada, não? Era compreensível ela estar zangada, afinal, ela havia sido injustiçada. De repente, uma dor invadiu o peito de Ademir. Com um tom gentil, ele perguntou: — Ainda está chateada? Naquela hora eu não disse que dividiríamos? Por que você não quis? Karina ficou surpresa, arregalou os olhos e falou, irritada: — Você disse isso de propósito? O bolo de creme fui eu que quis comprar primeiro. Aí vocês aparecem e querem levar metade? Eu ainda tenho que agradecer e aceitar a generosidade de vocês? O quê? Ademir ficou atônito, o rosto endurecendo. Ele respondeu, com certa hesitação: — Eu não sabia que vo
Karina cheirou o alimento e comentou: — Que azedo! Curiosamente, sua boca imediatamente se encheu de saliva. Túlio notou e deu um sorriso leve: — Quer provar? — Quero. — Aqui, para você. Ao provar, o sabor ácido fez Karina apertar os olhos. Túlio, preocupado, perguntou: — Será que não está muito azedo? — Não, está ótimo. — Karina balançou a cabeça, os olhos brilhando enquanto sorria. — Está muito gostoso. Acho que o sabor está perfeito. O que é isso? — Ameixas. Elas foram embebidas em vinho. Túlio ficou visivelmente mais animado: — Que bom que gostou. Ainda tenho outras coisas preparadas aqui. Ele então pegou uma tigelinha. — Vamos comer um pouco de canja. — Túlio insistiu em alimentá-la, levando a colher à boca dela. — Devagar. Coma apenas se estiver com vontade, não precisa se forçar. — Entendido. — Felizmente, desta vez Karina não se sentiu enjoada. — Está tudo bem? Consegue comer? — Túlio perguntou, ainda cheio de preocupação. Karina avaliou como
Na sexta-feira à noite, Ademir foi até a casa da família Costa. Ele jantou com toda a família. Durante o jantar, Eunice olhou para o marido e mencionou casualmente um assunto:— Lucas, seu aniversário está chegando. Você já pensou se quer comemorar em casa ou sair para festejar?Mencionar isso na frente de Ademir obviamente tinha um propósito. Se ele tivesse a intenção, deveria assumir toda a responsabilidade pela organização. Para eles, seria conveniente e ainda economizaria dinheiro.Ademir não os desapontou. Após dois segundos de silêncio, ele respondeu:— Aniversário não é algo que se pode passar de qualquer jeito. Se confiarem em mim, deixem que eu cuide de tudo.— Como assim, não precisa se incomodar... — Eunice disse isso, mas o sorriso em seu rosto era impossível de esconder.— É verdade, não precisa. — Lucas também tentou recusar. — É só um aniversário simples, não precisa de toda essa complicação.— Ademir. — Vitória franziu ligeiramente a testa, balançando a cabeça para ele.
Túlio faria qualquer coisa para que Karina conseguisse comer. Hoje, ela expressou um desejo especial por cerejas, então ele dirigiu por duas horas até uma plantação na cidade vizinha para colher cerejas frescas pessoalmente. Depois, voltou dirigindo mais duas horas com as cerejas fresquinhas no carro.Ele foi direto ao apartamento de Patrícia. Ao ver as frutas, Patrícia exclamou:— Que cerejas frescas!Cada uma delas era de um vermelho vibrante, ainda coberta por gotas de orvalho. Karina olhava para as cerejas com tanta vontade que parecia que a boca ia começar a salivar.Patrícia, rindo, disse:— Eu já vou lavá-las para você. Espere só um pouquinho.— Está bem. — Karina assentiu de forma doce.Quando Patrícia voltou com as cerejas lavadas, Túlio só conseguiu relaxar depois de ver Karina comer um prato inteiro. Com mais disposição, Karina falou timidamente:— Estou te dando mais trabalho de novo.Túlio sorriu, bagunçando suavemente os cabelos dela:— Fico feliz quando você me dá tr
O instante em que a segurou.No momento em que Ademir abraçou Karina, a primeira sensação que teve foi: "Como ela ficou tão magra assim?" Ela sempre foi muito magra. Mas agora, depois de alguns dias sem vê-la, parecia ainda mais frágil. Não havia tempo para fazer muitas perguntas. O mais urgente era resolver o problema diante dele. Karina provavelmente estava com hipoglicemia. Segurando ela em seus braços, Ademir, aflito, perguntou: — O açúcar? Tem algum? Karina, sem forças, assentiu levemente e abriu a boca, apontando com o dedo. Ela mostrou a ele que já estava com uma bala na boca. Mesmo assim, parecia tão desconfortável. O rosto bonito de Ademir se tornou sombrio, e sem hesitar, ele a ergueu nos braços. — Você não... — Karina tentou resistir com todo o corpo. — Me coloque no chão. Mas, fraca como estava, sua resistência não tinha força. Ademir deu uma risada fria e zombeteira: — Vai me dizer que não quer aceitar a gentileza de um estranho novamente? Kar
— Então, que seja como você disse. — Enfermeira, aplique a injeção. Ademir cedeu espaço e saiu do quarto para ligar para Túlio. No entanto, do outro lado da linha, Túlio não atendeu. Uma vez, duas vezes... Ademir tentou quatro vezes, mas sem sucesso. Desistindo, ele voltou para o quarto. A enfermeira já havia terminado de aplicar a injeção, e Karina estava deitada em silêncio. Ao vê-lo entrar, Karina perguntou: — Você vai embora? Ademir soltou uma risada fria. — Desculpe, mas não posso ir ainda. — Ele levantou o celular. — Seu "nuvem" não atendeu o telefone. Karina ficou surpresa por um momento, abriu a boca e murmurou: — Ele deve estar ocupado. Ademir assentiu. O quarto estava com o ar-condicionado ligado, mas sem cobertas para ela. Ademir tirou o paletó e o colocou delicadamente sobre ela. — Desculpe o incômodo, mas ainda não posso ir. Preciso entregar você em segurança para o seu namorado. Um homem teimoso e obstinado. Karina suspirou, resignada
Era fim de semana.Karina, como sempre, foi visitar Catarino nas Colinas Verdes.— Irmã do Catarino. — A enfermeira sorriu ao vê-la. — Você veio bem cedo hoje.— Terminei meu estágio.— Aquele lá veio ainda mais cedo que você.Karina ficou surpresa e perguntou:— Quem você está falando?— O que veio da última vez, dizendo ser o seu pai e do Catarino.No mesmo instante, Karina franziu as sobrancelhas. Lucas de novo. O que ele estava tramando ultimamente?— E tem mais. — A enfermeira a puxou para mais perto e sussurrou. — Ele perguntou sobre o Catarino fazer os testes do Instituto do País de Gales.Ao ouvir isso, Karina franziu ainda mais o cenho e respondeu:— Entendi, obrigada.— Não foi nada.Depois de se despedir da enfermeira, Karina entrou no quarto do Catarino.No tapete, Catarino estava sentado brincando. Do outro lado, Lucas estava abrindo uma caixa de papel, sorrindo enquanto perguntava:— Catarino, você gostou?De longe, Karina olhou rapidamente. Era um modelo de avião. O olha
Ela não podia acreditar. Aquele homem, que desde a morte da mãe não tinha cuidado deles, como poderia dizer algo assim? Lucas olhou para a filha e suspirou. Repetiu: — O papai disse que vai dar o dinheiro para mandar o Catarino ao Instituto do País de Gales. Karina ficou chocada, não tinha ouvido errado! Mas ainda estava muito confusa, então perguntou: — Por quê? Ela não entendia. Lucas, impaciente e frustrado, respondeu: — Eu sou o pai, preciso de motivo para dar dinheiro ao filho? Não precisava? Então por que, no passado, ele interrompeu o tratamento médico de Catarino e a empurrou para o abismo? Será que isso não teve a ver com o pai? Karina não acreditava. Logo depois, ouviu Lucas dizer: — Meu aniversário está chegando, espero que você possa vir. Karina ficou mais uma vez atônita. Os choques de hoje eram muitos. Ela perguntou novamente: — O que quer dizer? O que você realmente está planejando? Lucas tossiu levemente e disse: — O papai está