O instante em que a segurou.No momento em que Ademir abraçou Karina, a primeira sensação que teve foi: "Como ela ficou tão magra assim?" Ela sempre foi muito magra. Mas agora, depois de alguns dias sem vê-la, parecia ainda mais frágil. Não havia tempo para fazer muitas perguntas. O mais urgente era resolver o problema diante dele. Karina provavelmente estava com hipoglicemia. Segurando ela em seus braços, Ademir, aflito, perguntou: — O açúcar? Tem algum? Karina, sem forças, assentiu levemente e abriu a boca, apontando com o dedo. Ela mostrou a ele que já estava com uma bala na boca. Mesmo assim, parecia tão desconfortável. O rosto bonito de Ademir se tornou sombrio, e sem hesitar, ele a ergueu nos braços. — Você não... — Karina tentou resistir com todo o corpo. — Me coloque no chão. Mas, fraca como estava, sua resistência não tinha força. Ademir deu uma risada fria e zombeteira: — Vai me dizer que não quer aceitar a gentileza de um estranho novamente? Kar
— Então, que seja como você disse. — Enfermeira, aplique a injeção. Ademir cedeu espaço e saiu do quarto para ligar para Túlio. No entanto, do outro lado da linha, Túlio não atendeu. Uma vez, duas vezes... Ademir tentou quatro vezes, mas sem sucesso. Desistindo, ele voltou para o quarto. A enfermeira já havia terminado de aplicar a injeção, e Karina estava deitada em silêncio. Ao vê-lo entrar, Karina perguntou: — Você vai embora? Ademir soltou uma risada fria. — Desculpe, mas não posso ir ainda. — Ele levantou o celular. — Seu "nuvem" não atendeu o telefone. Karina ficou surpresa por um momento, abriu a boca e murmurou: — Ele deve estar ocupado. Ademir assentiu. O quarto estava com o ar-condicionado ligado, mas sem cobertas para ela. Ademir tirou o paletó e o colocou delicadamente sobre ela. — Desculpe o incômodo, mas ainda não posso ir. Preciso entregar você em segurança para o seu namorado. Um homem teimoso e obstinado. Karina suspirou, resignada
Era fim de semana.Karina, como sempre, foi visitar Catarino nas Colinas Verdes.— Irmã do Catarino. — A enfermeira sorriu ao vê-la. — Você veio bem cedo hoje.— Terminei meu estágio.— Aquele lá veio ainda mais cedo que você.Karina ficou surpresa e perguntou:— Quem você está falando?— O que veio da última vez, dizendo ser o seu pai e do Catarino.No mesmo instante, Karina franziu as sobrancelhas. Lucas de novo. O que ele estava tramando ultimamente?— E tem mais. — A enfermeira a puxou para mais perto e sussurrou. — Ele perguntou sobre o Catarino fazer os testes do Instituto do País de Gales.Ao ouvir isso, Karina franziu ainda mais o cenho e respondeu:— Entendi, obrigada.— Não foi nada.Depois de se despedir da enfermeira, Karina entrou no quarto do Catarino.No tapete, Catarino estava sentado brincando. Do outro lado, Lucas estava abrindo uma caixa de papel, sorrindo enquanto perguntava:— Catarino, você gostou?De longe, Karina olhou rapidamente. Era um modelo de avião. O olha
Ela não podia acreditar. Aquele homem, que desde a morte da mãe não tinha cuidado deles, como poderia dizer algo assim? Lucas olhou para a filha e suspirou. Repetiu: — O papai disse que vai dar o dinheiro para mandar o Catarino ao Instituto do País de Gales. Karina ficou chocada, não tinha ouvido errado! Mas ainda estava muito confusa, então perguntou: — Por quê? Ela não entendia. Lucas, impaciente e frustrado, respondeu: — Eu sou o pai, preciso de motivo para dar dinheiro ao filho? Não precisava? Então por que, no passado, ele interrompeu o tratamento médico de Catarino e a empurrou para o abismo? Será que isso não teve a ver com o pai? Karina não acreditava. Logo depois, ouviu Lucas dizer: — Meu aniversário está chegando, espero que você possa vir. Karina ficou mais uma vez atônita. Os choques de hoje eram muitos. Ela perguntou novamente: — O que quer dizer? O que você realmente está planejando? Lucas tossiu levemente e disse: — O papai está
O carro parou diante de Karina. A janela foi abaixada, e Júlio inclinou a cabeça para fora com um leve sorriso: — Karina, para onde você vai? Entra aí, eu te levo. Karina lançou um olhar para Ademir, sentindo algo estranho. Por que ele estava sentado no banco do passageiro da frente? Ela rapidamente balançou a cabeça, recusando: — Obrigada, mas não precisa. Se ela aceitasse entrar no carro de novo, as coisas ficariam ainda mais confusas. — Vamos, entra logo. — Júlio insistiu, sem intenção de sair dali, sorrindo. — Quer que eu desça para abrir a porta para você? — Não... Karina estava prestes a recusar novamente, mas as pessoas que aguardavam no ponto de ônibus ao lado começaram a reclamar: — O que está acontecendo? Não sabe que não pode parar no meio da via pública? — Isso mesmo, o ônibus nem consegue passar por aqui! — Sai logo daí! — Em um carrão desses, por que não entra logo? Os comentários se tornavam cada vez mais desagradáveis. Sem saída, Karina aca
Ela deveria estar desfrutando de uma vida de riqueza! Mas agora... ... De volta ao carro, Júlio percebeu que Ademir parecia ter perdido a alma. Seu corpo inteiro exalava uma aura de tristeza. Será que Karina tinha brigado com ele de novo? Ou será que ela o havia agredido? — Ademir... — Júlio. — Ademir olhava fixamente para frente. — Pense em uma maneira de melhorar a vida da Karina. Dar dinheiro diretamente? Karina não aceitaria. Mas ele não acreditava que não houvesse outra solução. Não poderia ser tão difícil ajudá-la a melhorar um pouco a sua vida, certo? Como ele já tinha pensado que Karina era uma mulher interesseira? Que ridículo! ... Karina voltou para a Rua Alameda e, à noite, recebeu uma ligação de Felipe. — Dr. Felipe. — Karina, venha ao hospital amanhã de manhã, tenho algo para te dizer. — Tudo bem, Dr. Felipe. Karina não ousava desobedecer as palavras de Felipe. No dia seguinte, logo de manhã cedo, antes mesmo do horário de trabalho, ela se
Na porta do escritório, Karina discou o número de Júlio. — Karina. — Júlio. — Ela mordeu o lábio inferior, envergonhada ao falar. — Posso falar com o Ademir por um instante? — Claro, o Ademir está aqui. Em poucos segundos, a voz do outro lado da linha mudou. Ademir atendeu, com um tom indiferente: — O que você quer? Karina perguntou diretamente: — Foi você quem sugeriu que eu entrasse na Equipe do Projeto Cardiopulmonar? A pergunta foi direta, mas se ele fosse o responsável, saberia do que ela estava falando. Houve uma breve pausa do outro lado. — Sim. Nenhuma surpresa. Karina fechou os olhos por um momento, sem saber o que dizer. Seu silêncio provocou uma reação sarcástica de Ademir: — Karina, você vai recusar só porque foi uma decisão minha? Ela permaneceu em silêncio, porque, de fato, isso passava por sua mente. — Que tolice! — Ademir rosnou. — Você sabe o que significa entrar na Equipe do Projeto Cardiopulmonar para a sua carreira, ou eu preciso te e
O olhar de Júlia ocasionalmente recaía sobre Tábata, enquanto dizia:— Eu acho que a Tábata seria uma boa escolha, mas, infelizmente, nosso Túlio não tem tanta sorte.Tábata rapidamente rebateu:— Tia Júlia, não fale assim.— Ah, Tábata... — Júlia não se deu por vencida, segurou a mão de Tábata e continuou. — Na última vez, você e Túlio assistiram ao drama moderno, mas não teve mais nada depois. Me conta, o que você achou dele? Há algo de que não gostou?— Isso... — Tábata hesitou, sem saber o que dizer.Naquela vez, ela e Túlio haviam combinado tudo. Depois de assistir ao drama moderno, voltaram e disseram a seus pais que foi ela quem não gostou de Túlio. Assim, mantinham as aparências para Tábata. Túlio, sendo homem, naturalmente não se importou muito com isso. Mas o que ela não esperava era que Júlia voltaria a tocar no assunto.Tábata lançou um olhar para Túlio, se sentindo hesitante ao falar:— Tia, não há nada de errado com o Túlio, é que... Nós mal nos conhecemos.Essas palavr