Túlio ficou em silêncio, sem dizer nada. Zeca, por sua vez, ajudou a esposa a falar: — É só encontrar com eles, não estamos te pedindo nada além disso. Nossas famílias sempre tiveram uma boa relação, e se você não for, vai ser muita falta de educação. Depois de um longo momento de silêncio, Túlio hesitou e perguntou: — É só para encontrar com eles? — Que coisa estranha. — Zeca riu. — A gente não pode te obrigar a fazer mais nada além disso, não é? Era verdade. Túlio lutou consigo mesmo por um instante, mas finalmente cedeu, acenando com a cabeça: — Tudo bem, eu aceito. Mas vou só para o encontro. Não quero que esperem nada mais de mim. — Certo. — Júlia sorriu e acenou com a cabeça. — Sua mãe já sabe de tudo. Filho, obrigada. A família Pereira marcou o horário do encontro para o dia seguinte, que coincidia com o fim de semana. Às oito da noite, eles iriam assistir a um drama moderno juntos. ... Noite de sábado. Ademir foi buscar Vitória para irem ao grande teat
Ademir ligou para ele? Ademir também estava no teatro? Ele o chamou para fora porque sabia que ele estava lá? Então, por que Ademir o chamou para fora? Pelo tom de sua voz no telefone, parecia estar muito irritado. Com essas perguntas em mente, Túlio avisou Tábata e saiu do teatro. — Sr. Ademir... Mal tinha aberto a boca para cumprimentá-lo, quando Ademir de repente levantou o punho e o acertou com força. Sem tempo para desviar, Túlio levou o soco. Por sorte, a reação de Ademir não foi das melhores, ele cambaleou um pouco, mas conseguiu se manter em pé. No entanto, o golpe fez com que o canto da boca de Túlio se rachasse, e o sangue começou a escorrer. Túlio levantou a mão, limpou o sangue do canto da boca e, muito confuso, perguntou: — Ademir! O que você quer dizer com isso? Ademir deu um sorriso frio, com os olhos cheios de raiva: — Você foi assistir drama moderno com outra mulher, a Karina sabe disso? Naquele instante, Túlio ficou atônito, e uma expressão
— Isso mesmo, era isso que eu queria dizer. Desculpe pela falta de educação mais cedo.Tábata sorriu com naturalidade, balançando a cabeça:— Não tem problema. Já que estamos aqui, que tal terminarmos de assistir ao drama moderno?— Claro.Túlio assentiu levemente, se sentindo completamente relaxado agora.Karina não sabia nada sobre o que tinha acontecido no teatro da Cidade J durante o final de semana. Na manhã de segunda-feira, ela acordou cedo para se arrumar. Ela havia combinado com Ademir que iriam ao tribunal de justiça assinar os papéis hoje. Quando terminou de se arrumar e estava prestes a trocar de roupa para sair, recebeu uma ligação de Estêvão.— Advogado Estêvão. — Karina atendeu. — Estou saindo agora, não vou me atrasar...Do outro lado da linha, Estêvão respondeu com um tom de desculpas:— Me perdoe, Karina, não sei bem como te explicar isso, mas o Sr. Ademir me ligou esta manhã dizendo que ele não poderá ir ao tribunal de justiça hoje.Karina ficou chocada e perguntou
Karina escolheu a manhã para visitar Otávio. Geralmente, naquele horário, Ademir estaria ocupado na empresa, o que diminuía as chances de encontrá-lo.O quarto estava tranquilo. Karina abriu a porta com cuidado e entrou devagar. Otávio estava com uma agulha no braço, recostado na cabeceira da cama, adormecido. Ela não quis incomodá-lo e, após verificar os dados no monitor, viu que seus sinais vitais estavam estáveis. Isso a tranquilizou.No entanto, no momento em que se preparava para sair, Otávio abriu os olhos lentamente. Seus olhos envelhecidos brilharam com surpresa e alegria. Ele estendeu a mão:— Karina. — Vovô. — Karina segurou sua mão com um doce sorriso. — Eu te acordei? — Não. — Otávio balançou a cabeça, suspirando com a testa franzida. — Minha querida, você sofreu muito. Me desculpe, foi falha minha não ter educado bem o Ademir.De repente, a porta do banheiro se abriu. Ademir saiu a passos largos, sua expressão levemente irritada enquanto se aproximava de Karina
— Sim. — Ademir assentiu. — Por quê? — Karina não entendia.Pela lógica, se ele quisesse facilitar a entrada da Vitória na família Barbosa, não deveria ter contado ao Sr. Otávio que o bebê em sua barriga não era seu filho biológico?— O que você acha? — Ademir abaixou a cabeça e a olhou como se estivesse falando com uma tola. — Depois que nos separamos, meu avô ficou tão irritado que acabou adoecendo. Se eu contasse que seu filho não é meu, você acha que ele não pioraria ainda mais?Karina compreendeu. Fazia sentido.Ao chegarem ao elevador, Karina parou. — Obrigada por me acompanhar até aqui. Vou pegar o elevador, e você pode voltar a ficar com seu avô.O quê? Ademir ficou espantado. Tinham andado tão pouco, e ela já estava se despedindo?O elevador parou e as portas se abriram. Não havia ninguém lá dentro. — Vamos. Antes que pudesse reagir, Karina sentiu o aperto em seu braço e, num movimento inesperado, Ademir a puxou para dentro do elevador. Com as portas se fechando, e
— O quê? — Ademir parecia um pouco confuso, abaixando a cabeça para olhar.Era um cartão fino, familiar de certa forma.— É o seu cartão. — Karina sorriu e o empurrou de volta para as mãos dele. — Já devia ter devolvido faz tempo, mas agora que saio só com o celular, nunca carrego comigo. Quase esqueci de novo há pouco. Ainda bem que você não foi longe.Depois de falar, ela deu um passo para trás, se afastando do abraço dele.Num instante, o rosto de Ademir endureceu, e ele perguntou:— Você saiu correndo só por causa disso?— Sim. — Karina respirava mais calmamente, um pouco sem jeito. — Agora, só posso devolver o cartão para você.O dinheiro que estava nele, ela havia usado. E se sentia mal por isso, já que não tinha como devolver ao Ademir no momento.Ademir, no entanto, não prestava atenção ao que ela queria dizer com aquelas palavras. O que o perturbava era que Karina não queria mais o cartão dele. Ela estava, pouco a pouco, se afastando do mundo dele!— Então vou me preparar para
— Podemos ir até aquele pequeno parque ali, pode ser?— Pode ser.Na tarde daquele dia, o pequeno parque estava praticamente deserto.Os olhos de Ademir estavam tão frios quanto uma camada de gelo enquanto ele perguntava diretamente:— Por que você não foi morar na Mansão Mission Hills? Por que não quis o dinheiro?Perguntas consecutivas, carregadas de uma raiva profunda.Karina ficou atônita, e após alguns segundos, sorriu levemente.— Então, você já sabe de tudo. — Ela esfregou o pulso com um pouco de resignação. — Naquele dia, no hospital, eu disse que não queria, mas você não aceitou, então só me restou agir assim.Karina enfatizou com firmeza:— Eu realmente não quero nada.— Karina...— Deixa eu terminar. — Os cílios de Karina tremeram levemente. — Eu não posso aceitar o seu dinheiro. Nós não temos sentimentos um pelo outro, então você não me deve nada. Meu filho não é seu, você não tem responsabilidade nenhuma comigo.Karina suspirou, concluindo:— Ademir, você não me deve nada.
Karina olhou e viu que era Vitória.— Olá. — O atendente respondeu prontamente, recebendo ela com entusiasmo. — O que você precisa?Vitória tirou uma lista do bolso e entregou ao atendente:— Separe para mim o que está aí.— Certo. — O atendente concordou, conferindo a lista. De repente, sua expressão mudou, hesitante, ele disse. — Temos tudo, mas o bolo de creme acabou. Só vai chegar mais amanhã.— Acabou? — Vitória notou o pouco que restava do bolo de creme no expositor de vidro e franziu ligeiramente as sobrancelhas. — E isso aqui?O atendente olhou para Karina e sorriu, meio sem jeito:— Esta cliente já comprou tudo.— O quê? — Só então Vitória olhou para Karina, como se só naquele momento percebesse sua presença. — Ah, é você.Foi como se estivesse cumprimentando, mas não passou disso. Com um gesto desdenhoso, ela se virou para o atendente e disse:— O bolo de creme é meu, entendeu?Seu tom era completamente autoritário. Vitória, então, ordenou:— O que está esperando? Embale logo