Túlio havia mentido para ela. Ele escondeu os custos, provavelmente com a intenção de pagá-los em segredo. Aquelas avaliações que o Instituto do País de Gales havia feito no Catarino também deviam ter sido cobradas. — Ele realmente é... — Karina cobriu os olhos, frustrada. — Túlio, quanto mais você quer que eu te deva? Ela precisava descobrir exatamente quanto Túlio havia gasto. Tinha que devolver o dinheiro de alguma forma. Mas, em vez de ligar diretamente para ele, Karina decidiu pedir ajuda ao Simão. — Simão, você pode me fazer um favor? — Ela explicou toda a situação sobre o dinheiro que Túlio gastou. — Você poderia perguntar a ele quanto foi? — Vocês dois... — Simão suspirou, mas aceitou o pedido. — Tá bom, eu vou perguntar.Algum tempo depois, o celular de Karina tocou. Ela pensou que fosse Simão, mas ao olhar a tela, viu que era Túlio. Respirando fundo, Karina atendeu: — Túlio. Do outro lado da linha, Túlio ainda estava no escritório, sem ter terminado o expedi
Júlio, Enzo e Bruno ficaram em silêncio, observando furtivamente a expressão de Ademir. As portas do elevador começaram a se fechar lentamente de forma automática.De repente, Ademir estendeu a mão.Sua mão ficou presa nas portas.— Ademir! — Júlio e os outros correram para ajudá-lo. — Se precisar de algo, pode nos dizer!Ademir segurou o braço que havia sido preso e disse:— Está tudo bem.Foi apenas um impulso.Ele apenas pensou de repente: A Karina veio aqui para jantar, não foi? Com quem ela estaria jantando?Karina estava muito curiosa para saber....Dentro da sala privativa.Karina e Túlio estavam sentados frente a frente.Túlio serviu-lhe um copo de água:— Prefere água ou quer que eu troque por chá?— Não precisa, assim está bom. — Karina segurou o copo com as duas mãos e tomou pequenos goles.— Já fiz o pedido, quer dar uma olhada?Ele havia chegado antes de Karina e fez o pedido de acordo com o gosto dela.Karina balançou a cabeça, respondendo:— Eu como qualquer coisa.Ela
Júlio abriu a porta do carro, e Ademir se abaixou para entrar. O veículo partiu logo em seguida. Todo o processo durou apenas alguns minutos.Túlio viu tudo com clareza. Era realmente Ademir. Ele foi embora assim, sem dizer nada?Surpreso, Túlio olhou para Karina e perguntou hesitante:— Vocês...Karina piscou os olhos, esperando que ele continuasse.Túlio tinha pensado em perguntar se ela e Ademir haviam se divorciado, já que nem sequer se cumprimentaram ao se verem. Mas, após refletir, decidiu não perguntar.Afinal, a maneira como eles estavam lidando com a situação era algo que, para ele, parecia ser uma vantagem.— O carro chegou. — Túlio sorriu, indicando as escadas. — Vamos, eu te levo para casa.No carro, Ademir recebeu uma ligação de Estêvão:— Sr. Ademir, o contrato está pronto. Incluí todos os pontos que o senhor pediu, conforme suas instruções. Já enviei para o senhor revisar. Veja se há algo que precisa ser alterado.Estêvão era um amigo de confiança, e Ademir não queria pe
Estêvão não pensou muito e imediatamente ligou para Karina. Do outro lado da linha, Karina atendeu rapidamente: — Advogado Estêvão, tem algo para me dizer? Segurando o contrato, Estêvão foi direto: — Você só assinou um contrato. Não assinou este que o Sr. Ademir adicionou. Karina fingiu não entender e respondeu: — É mesmo? Talvez eu tenha esquecido. Achei que já tinha assinado tudo. Estêvão não conseguia entender Karina. Como isso poderia ser esquecido? Uma mulher divorciada, não era o dinheiro o que ela mais valorizava? E, além disso, o que Ademir estava oferecendo a ela não era uma quantia pequena. Era suficiente para que ela pudesse passar o resto da vida sem fazer nada. — Então, quando tiver um tempo, passe no meu escritório novamente. — Não precisa ter pressa. — Karina já tinha tudo planejado. — Quando formos ao tribunal de justiça assinar os papéis, assinamos esse junto. — Não é necessário fazer assim. — Replicou Estêvão. — Ainda há alguns trâmites a ser
Eles não eram um casal, então não podia deixar que ele sempre pagasse a conta.— Tudo bem. — Túlio a conhecia bem e não insistiu.Os dois foram juntos à segunda cantina. Túlio foi comprar a comida, enquanto Karina procurou um lugar para sentar.— Aqui, para você. — Sabendo que Karina adorava ensopado de carne, Túlio colocou sua porção também na frente dela. — Você come o quanto quiser, e eu como o que sobrar.— Obrigada. — Karina começou a comer com seriedade, mas, ao olhar para ele, não conseguiu conter um suspiro. — Túlio, mesmo deixando de lado os problemas da sua família, você conhece bem a minha situação. Não deveria...— Não diga mais nada. — Túlio franziu o cenho e a interrompeu. — Sou adulto, sei o que estou fazendo.Ele fez uma breve pausa e continuou:— Se você conseguir, me bata toda vez que nos encontrarmos, ou ligue para a polícia e me denuncie por assédio. Caso contrário, nada vai me impedir de continuar.Karina ficou surpresa.Como ela poderia fazer algo assim com ele?—
— Algo relacionado à Karina? — Ademir ficou em silêncio por um momento, antes de perguntar calmamente. — O que tem ela?Estêvão sorriu.Não sabia se o Sr. Ademir havia percebido, mas sempre que mencionavam Karina, sua voz se tornava muito mais suave.— É o seguinte, a Karina pediu para que eu te avisasse que ela quer ir primeiro ao tribunal de justiça para assinar os papéis. O restante dos trâmites, ela não tem pressa para resolver.Ao ouvir isso, Ademir ficou surpreso. Era sobre isso que se tratava.Karina estava com tanta pressa assim?O coração de Ademir se encheu de amargura.Ele pensou em Túlio.Ela estava com pressa por causa dele, não era? Agora que estavam juntos, como Túlio suportaria que o nome dela continuasse ligado à família Barbosa?A mão que segurava o celular se apertou com força.Ademir disse lentamente:— Faça como ela pediu, você pode organizar tudo.Ele já a havia desapontado demais, então permitiria que ela estivesse com o homem que amava o quanto antes.— Certo, S
Júlia tinha pouco mais de quarenta anos, vivia uma vida confortável e sempre teve uma saúde excelente. Túlio não conseguia conceber que sua mãe estivesse doente, e ainda por cima, com uma enfermidade tão grave.Ele tentou manter a calma:— O que o médico disse? O tumor é benigno ou...— Ainda não sabemos. — Zeca balançou a cabeça. — Isso só poderá ser determinado após a cirurgia e exames mais detalhados.Essas palavras fizeram o coração de Túlio afundar ainda mais.Pai e filho ficaram em silêncio, compartilhando a mesma angústia.— Vá ficar um pouco com sua mãe. — Zeca deu um tapinha no ombro de Túlio. — Desde que você se mudou, ela pensa em você todos os dias.Túlio assentiu dolorosamente e empurrou a porta do quarto, entrando.No quarto, Júlia dormia tranquilamente.Túlio ficou ao lado dela a noite inteira, sem sair por um minuto.Na manhã seguinte, Júlia acordou, com um ânimo razoável, e ficou ainda mais feliz ao ver o filho.— Túlio, você veio. — Disse ela, tentando se levantar.—
— Você é...? — Túlio perguntou, franzindo as sobrancelhas.A jovem à sua frente lhe parecia familiar, mas ele não conseguia lembrar o nome.A garota sorriu com confiança e se levantou, inclinando a cabeça de leve:— Sou a Tábata Pereira. Quando éramos crianças, eu vivia atrás de você, aquela garotinha gordinha.Com essa explicação, Túlio finalmente se lembrou.A família Pereira e a família Martins sempre tiveram uma relação muito próxima. A mãe de Tábata e a mãe de Túlio eram amigas de infância.No entanto, a jovem à sua frente, com sua figura esguia, estava completamente diferente daquela menininha rechonchuda que ele lembrava.— Ah, é você! Agora me lembro. — Túlio sorriu gentilmente. — Quanto tempo, hein?Há muitos anos, o pai de Tábata havia sido enviado pela família para cuidar dos negócios no exterior, e desde então eles não se viam mais.— Mãe. — Túlio olhou rapidamente para o relógio. — Eu preciso ir para a empresa. O papai deve chegar logo, mas se acontecer qualquer coisa, me