A chuva já havia parado. Ademir desceu sozinho do carro, caminhando à frente. Ele realmente foi ao dormitório, Karina estava um passo atrás dele. De repente, Ademir se virou e a apressou: — Ainda não vai me acompanhar? — Está bem! Sem entender o que ele estava pensando, Karina não ousava desobedecer suas palavras. Parados na entrada, Ademir não disse nada, apenas tirou o paletó que carregava na mão e o entregou para ela. Karina, por instinto, estendeu a mão e pegou, olhando para ele, atônita. Ademir continuou em silêncio, começando a arregaçar as mangas da camisa. As mangas brancas revelaram parte de seus braços fortes. Ele a olhou e disse: — Vá falar com a responsável pelo dormitório e me deixe entrar para carregar suas coisas. Ah, era isso. Karina assentiu e correu para falar com a responsável. De pé na porta, ela acenou para Ademir: — Pronto, pode entrar! Ademir deu um sorriso discreto e se aproximou rapidamente. O dormitório era antigo e a ilumin
Karina hesitou antes de falar: — Já está ficando tarde... Ademir olhou para ela, com um sorriso leve nos lábios: — Sim, vá tomar banho. Você quer ir primeiro ou devo ir? Ou preferimos ir juntos? — Eu... — Karina ficou sem palavras imediatamente. — Eu vou primeiro. Dizendo isso, ela se apressou para o closet, pegou uma roupa e correu para o banheiro. Enquanto pensava, que depois do banho ia falar sobre isso, ligou o chuveiro. Assim que Karina se posicionou debaixo da água, a porta de vidro do box se abriu. — Ademir? — Vamos tomar banho juntos. O homem alto e esguio entrou no box, fechando a porta atrás de si com rapidez. Ele envolveu a cintura dela com o braço, puxando ela para mais perto de si. Karina escorregou e caiu diretamente em seus braços. Ela permaneceu em silêncio. — Você fez de propósito, não foi? — Ademir riu baixo, com um sorriso no canto dos lábios. — Eu não fiz! — O rosto de Karina ficou ruborizado. — Certo, você não fez. Fui eu. Eu fiz de
Karina se virou e saiu correndo.Ademir não conseguiu impedi-la e, observando suas costas, sorriu de leve. "Se for para beijar, que seja direito!" Pura e ao mesmo tempo sedutora, ela era exatamente assim. Deixava seu coração inquieto... Às dez da manhã, Karina recebeu uma ligação de Patrícia: — Karina, o Simão foi solto! Está tudo bem agora! Karina suspirou aliviada: — Que bom. Ademir, apesar de usar seu poder para intimidar os outros, pelo menos cumpria sua palavra. Ela não saiu de casa o dia inteiro. Às sete da noite, enquanto ajudava os empregados a preparar o jantar para Otávio, recebeu uma ligação de Ademir: — O que está fazendo? Karina respondeu: — Estou preparando o jantar para o meu avô. — Sentiu minha falta? A mudança repentina no assunto a deixou surpresa, e ela ficou sem jeito de responder. Do outro lado da linha, Ademir não ficou satisfeito: — Eu te fiz uma pergunta. Por que não responde? Esse homem, quando teimava, ficava igual a uma criança
Ademir ficou furioso. O encontro mal tinha começado, e aquele garçom já havia estragado tudo. Ele estava prestes a perder a paciência quando Karina o interrompeu: — Deixa para lá, não foi nada sério. Estou com fome, vamos pedir logo. — Você realmente não está chateada? — Ademir perguntou, desconfiado. Afinal, o ciúme era uma característica natural das mulheres, pensou ele. — Eu já vim aqui com a Vitória antes. — Já que o assunto havia surgido, Ademir resolveu explicar de uma vez. — Mas naquela época, nós ainda éramos... Ele parou no meio da frase, incapaz de continuar. — Você não precisa se explicar. — Karina, que estava claramente desconfortável pela situação, falou de forma tranquila. — Eu entendo. Ela parecia realmente calma, sem qualquer sinal de raiva. Mas o que exatamente ela entendia? Mesmo sem exigir explicações, Ademir não conseguia se sentir aliviado. Pelo contrário, ficou ainda mais incomodado com o que sentia ser uma estranha indiferença da parte dela.
Não demorou muito, e um trovão ecoou no céu. De repente, começou a cair uma chuva forte. Karina franziu as sobrancelhas e o apressou: — Vá logo! A chuva está forte, vai ficar ainda mais difícil de procurar. Ela não estava brava; pelo contrário, estava pensando no bem dele. Por um momento, Ademir não sabia se deveria ficar feliz ou triste. Ele se levantou, com as sobrancelhas apertadas, e disse: — Então, vou indo. Coma devagar, não tenha pressa. Comer rápido faz mal. — Eu sei. — Karina assentiu sorrindo. Ademir ainda não estava tranquilo: — Além disso, o Enzo e o Bruno vão te levar para casa. Ela sabia que os dois irmãos estavam sempre ao lado de Ademir para protegê-lo. Mesmo que ele dirigisse, eles o seguiriam discretamente logo atrás. Karina, mordendo um pedaço de costeleta de cordeiro, não conseguiu falar, apenas balançou a cabeça repetidamente. — Quando chegar em casa, me ligue. — Tá bom... — Karina não conseguiu segurar o riso. — Vá logo, não sou mais
Depois de tomar banho, Karina saiu do banheiro secando os cabelos e pegou o celular. Viu que havia algumas chamadas não atendidas, todas de Ademir. Ela franziu as sobrancelhas. "Será que Ademir precisava de algo? Devo ligar de volta? Ou talvez não deva... Ele não estava ocupado procurando a Vitória?"Se Ademir precisasse de algo, certamente voltaria a ligar para Karina.Ela esperou um pouco, mas Ademir não ligou novamente. Sem dar muita importância àquilo, Karina secou o cabelo, se deitou na cama e logo adormeceu. Talvez fosse por causa da gravidez, mas agora Karina tinha dormido muito bem. No entanto, foi acordada pelo toque insistente do celular. Ainda com o humor irritado de quem acabou de despertar, atendeu com uma voz nada amigável:— Quem está ligando a essa hora?— Karina! Sou eu, Júlio..."O quê?"Imediatamente, Karina sentiu que o sono desaparecera por completo. Júlio não ligaria para ela sem um bom motivo. Como esperado, antes mesmo que Karina pudesse perguntar o que havi
— Certo. — Karina suspirou longamente. — Que bom, então. Esse acidente do Ademir, de certa forma, valeu a pena.Essas palavras soaram estranhas, fazendo Júlio franzir a testa e dizer:— Karina, não pense dessa forma.— O que estou pensando? — Karina não tinha outra intenção. — Eu apenas disse a verdade, não disse?Uma frase que deixou Júlio sem saber o que responder. No entanto, ele sentia vagamente que Ademir não gostaria que Karina pensasse assim. Porém, Júlio não era bom com as palavras. Melhor não dizer nada imprudente.— Karina. — Júlio quis mudar de assunto. — Você está com fome? Vou buscar algo para você comer.Karina sorriu em agradecimento:— Está bem, obrigada.O café da manhã havia sido trazido por Bruno. Todos estavam preocupados com Ademir e não tinham muito apetite. Somente Karina, comendo seriamente seu pão doce recheado.No canto da sala, Bruno comentou em voz baixa:— A Karina parece que não está nem um pouco preocupada com Ademir.Júlio lançou-lhe um olhar repro
Quando os fios de cabelo roçaram em seu rosto, a mulher adormecida despertou. Ela levantou a cabeça, revelando um rosto claro e limpo. Era Vitória.Ademir franziu o cenho, sentindo uma profunda decepção. — Ademir. — Vitória, ao vê-lo acordado, se mostrou radiante. — Você acordou? Como está se sentindo?— Estou bem. Mas você...Vitória tinha alguns curativos no rosto, e seu braço direito estava envolto em uma faixa, com um pouco de sangue ainda escorrendo. Preocupado, Ademir perguntou:— Você está muito machucada?— Não, não é nada sério. — Vitória sorriu, ajeitando os cabelos atrás da orelha. — São só ferimentos leves.Se lembrando do desaparecimento de Vitória, Ademir não pôde deixar de querer esclarecer as coisas: — A Nadia disse que você tinha sumido. O que aconteceu?— Ah, isso... — Vitória parecia um pouco envergonhada, sorrindo de forma desconcertada. — A Nadia exagerou. Eu só estava me sentindo mal e, depois do trabalho, queria caminhar sozinha. Mas acabei indo para um