Quanto mais Ademir se irritava, mais sua expressão permanecia serena. Soltou uma risada fria e disse calmamente: — Júlio, acelere. — Sim, Ademir. Júlio pressionou o acelerador, e o carro ganhou velocidade. Pelo canto dos olhos, Ademir viu Karina sendo colocada no carro pelo Sr. Francisco. O que Karina estava tentando fazer? Ele não a tinha alimentado o suficiente? Por que Karina estava saindo novamente para seduzir outro homem? Karina precisava de dinheiro? Se ela precisasse, por que não pedia ao Ademir? E mais, ela não se importava nem um pouco com o filho que carregava no ventre? Ah, sim... Ele se lembrou. Se não fosse por ele, ela já teria abandonado aquele filho! O que aconteceria a seguir? Só de imaginar o que aquele velho Sr. Francisco estava prestes a fazer com Karina, Ademir quase enlouquecia! Ao volante, Júlio observava as mudanças de expressão de Ademir, hesitante, até que decidiu falar: — Ademir, acho que isso não está certo. Ademir entreabriu os lábios fin
Enquanto falava, o Sr. Francisco inclinou a cabeça e encostou o nariz no pescoço de Karina, inalando profundamente. — Esse aroma da vela aromática é realmente delicioso...O velho homem estava muito satisfeito, olhando para Karina como se fosse um tesouro raro. Ele, no entanto, não estava com pressa de consumar seu desejo.Com a ponta dos dedos, o Sr. Francisco acariciou levemente a bochecha dela: — Tenho todo o tempo do mundo, vou te fazer sentir muito bem...As palavras nojentas do Sr. Francisco fizeram Karina estremecer de nojo. O desespero tomava conta dela, e a sensação de náusea era insuportável. "E agora? Será que não há como escapar dessa situação hoje à noite?"— Karina, me deixa te dar um beijo...O rosto gordo e enrugado de Sr. Francisco se aproximava cada vez mais, aumentando o pânico de Karina. Ela gritou de medo: — Socorro! Socorro, por favor! Alguém me ajude! Não chega perto...!Sem pensar em mais nada, Karina começou a gritar desesperadamente. — Cala a boca!
Júlio, Bruno e Enzo trocaram olhares, assentiram com a cabeça e avançaram juntos para impedir Ademir.— Ademir! Você vai matá-lo! Aquele homem imponente, naquele momento, transmitia um medo profundo.— É isso mesmo, Ademir! Não vale a pena por causa desse canalha!Mesmo com as palavras deles, o rosto de Ademir continuava impassível, frio como sempre. Bruno, subitamente lembrando de algo, disse: — Ademir, parece que a Karina não está bem... Ela está fazendo algum tipo de som...Ao ouvir o nome de Karina, Ademir finalmente reagiu. Soltou o pé, mas logo deu mais um chute para afastar o homem. Os três suspiraram aliviados ao ver que Karina, de fato, era a única capaz de deter Ademir. — Karina. — Ademir se virou e a pegou nos braços, afastando um lado do paletó para ajudá-la a soltar as amarras em seus pulsos e tornozelos. — O que houve?Bruno não estava mentindo. Karina realmente parecia estranha. Seu rosto estava ruborizado, e ela respirava pesadamente, com a boca entreaberta.Kari
Ademir se sentou à beira da cama, observando as longas e delicadas pestanas de Karina que tremiam levemente, como se fossem pequenos leques. Ele se conteve para não sorrir.— Karina, acorde.Karina fingiu que estava acordando apenas com a voz dele. Abriu os olhos devagar, evitando olhar diretamente para ele, o olhar hesitante. Seus lábios se apertaram, mas ela não disse nada.— Se já acordou, vá se arrumar. O avô está esperando a gente em casa para o almoço.Karina assentiu com a cabeça, lançando-lhe um olhar esperançoso. Quando viu que ele não se mexia, murmurou, com o rosto corado: — Preciso me vestir, você pode sair?Apenas com essas palavras, seu rosto já estava completamente vermelho. Ademir achou engraçado. Será que Karina ainda estava envergonhada de ser vista por ele? Depois da noite passada, não havia mais uma parte do corpo dela que ele não tivesse visto. E não só visto... Ele a beijou, e... Muito mais.Mas, mesmo assim, Ademir respeitou o pedido dela e se levantou. — T
O carro estava em completo silêncio. Ademir olhava fixamente para Karina, sem expressão. Essa mulher era a fonte de seu descontentamento! Antes, ele não queria se casar com Karina, e ela o irritava; agora que ele estava disposto, ela continuava a deixá-lo bravo! Karina não sabia o que havia feito de errado. Ela já não se importava mais; será que ele ainda não estava satisfeito? — Karina. — Ademir, reprimindo a raiva, ia falar quando seu celular tocou. Era Otávio, cobrando o retorno: — Onde vocês estão? Não disseram que voltariam para o jantar? — Vovô, estamos a caminho. Após encerrar a chamada, o carro já havia chegado à Mansão da família Barbosa, e o portão estava à vista. Ademir, sem expressão, disse de forma fria: — Vamos primeiro jantar com o vovô. — Tudo bem. Hoje, Otávio parecia estar bem, com mais apetite do que nas semanas anteriores. Ademir e Karina o acompanhavam durante a refeição; após o jantar, Karina observou enquanto ele tomava os remédios.
Mas Karina ainda não conseguia aceitar essa situação. Ela mordeu os lábios e disse:— Você não sabe das minhas coisas?O que Karina se referia, claro, era ao fato de ter estado com outros homens. O quanto Ademir a odiava na época, Karina ainda se lembrava com clareza!Ademir olhou para ela com um olhar gélido, afirmando que não se importava com essa situação, mas, na verdade, ele gostava dela.— Cada um tem seu passado. Você tem suas experiências, eu tenho as minhas, então está tudo bem.Nenhum deles tinha o que reclamar do outro.— Não, é diferente. — Karina sacudiu a cabeça.Finalmente, Ademir não aguentou mais a raiva e gritou, mordendo os dentes:— O que é diferente?— Eu... — Karina colocou a mão sobre a barriga. — Meu filho...Era isso que ela queria dizer.— Karina, escute bem, vou repetir isso apenas uma vez. O olhar de Ademir se fixou em sua barriga, com uma expressão séria.— A partir de hoje, eu serei o pai da criança. Não quero saber quem é o pai biológico, e você nunca m
— O quê? — Karina arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que ouviu.Ademir, instantaneamente, fechou a expressão:— Somos marido e mulher legalmente, o casamento já está em preparação e você concordou. Não é razoável dormirmos juntos?— É razoável. — Karina respondeu em um sussurro.— Então vamos dormir na mesma cama. — A expressão de Ademir mudou de repente, seus lábios se curvaram em um leve sorriso. — Vá dormir, eu tenho algumas coisas para resolver. Vou dar uma passada no escritório.— Tudo bem.Assim que ele saiu, Karina ficou encarando a grande cama, hesitando antes de se sentar.Ela já tinha dormido ali antes. Contudo, dormir com ele... Embora já tivessem compartilhado momentos íntimos, estar juntos na mesma cama parecia algo muito mais próximo.Ela ainda se sentia como se fosse um sonho, como se ela e Ademir estivessem prestes a se tornar verdadeiramente um casal.O que o fazia agir assim? Seria por causa da noite passada ou por causa de Otávio?A mente de Karina estava
Lembrar. Ademir disse que a criança seria dele no futuro. Karina não disse nada, abaixou a cabeça, parecendo uma criança que cometeu um erro. — Você não precisa ser assim. — Ademir segurou a mão dela, acariciando ela. — Eu só te falei uma coisa, e você já ficou chateada? Foi minha culpa, não deveria ter sido tão severo. Quando você tem tempo? Karina pensou um pouco: — Estou quase terminando meu trabalho no hospital, tenho estado livre ultimamente, mas ainda preciso ir ao hospital. — Tudo bem. — Ademir acenou com a cabeça. — Então eu vou ao hospital e te dou uma ligada. — Certo. Depois de tomarem café da manhã, Ademir levou Karina ao Hospital J, saiu do carro e a acompanhou até a ala cirúrgica. — Está tudo bem, você pode ir. — Karina acenou para ele. — Tudo bem. — Ademir fez um gesto de despedida. — Não esqueça de almoçar direitinho. Karina não conseguiu conter o riso; antes, nunca havia percebido que ele tinha esse lado tão paciente. Ele tratava todas as mulheres