Lembrar. Ademir disse que a criança seria dele no futuro. Karina não disse nada, abaixou a cabeça, parecendo uma criança que cometeu um erro. — Você não precisa ser assim. — Ademir segurou a mão dela, acariciando ela. — Eu só te falei uma coisa, e você já ficou chateada? Foi minha culpa, não deveria ter sido tão severo. Quando você tem tempo? Karina pensou um pouco: — Estou quase terminando meu trabalho no hospital, tenho estado livre ultimamente, mas ainda preciso ir ao hospital. — Tudo bem. — Ademir acenou com a cabeça. — Então eu vou ao hospital e te dou uma ligada. — Certo. Depois de tomarem café da manhã, Ademir levou Karina ao Hospital J, saiu do carro e a acompanhou até a ala cirúrgica. — Está tudo bem, você pode ir. — Karina acenou para ele. — Tudo bem. — Ademir fez um gesto de despedida. — Não esqueça de almoçar direitinho. Karina não conseguiu conter o riso; antes, nunca havia percebido que ele tinha esse lado tão paciente. Ele tratava todas as mulheres
Ademir franziu a testa, sem responder à pergunta de Vitória. O que ela disse era, de certo modo, verdadeiro e falso. Ele queria ficar com Karina, mas a raiz do problema estava em Ademir. Ele engoliu em seco e disse, com calma: — É um problema meu, não tem relação com os outros. Ademir era muito responsável, mas isso não melhorou os sentimentos de Vitória. Ela olhou fixamente para ele e afirmou: — Certo, é sua responsabilidade. As promessas que me fez eram falsas. Você não deveria me dar uma explicação? Ademir permaneceu em silêncio por um longo tempo, até que finalmente murmurou: — Não há explicação, desculpe. Traição era traição! A falta de explicação era, em si, uma forma de desculpas! Vitória sentiu dificuldade em respirar, e sua visão de Ademir começou a ficar turva. — Então, acabamos? Ademir acenou levemente, se levantando. Com a voz baixa, ele disse: — Eu sinto muito. Quanto ao seu futuro, eu irei garantir. Antes de você se casar, estarei aqui para
Karina se virou para Patrícia, preocupada: — O que isso significa? Patrícia, sem entender, respondeu: — Karina, você não tem nada para fazer agora? Ela olhou para o relógio e exclamou: — Eu preciso ir trabalhar! Então, Karina, vou nessa! — Acenou para Ademir. — Sr. Ademir, até logo! E rapidamente se afastou. De repente, Ademir se virou e caminhou apressadamente em direção ao carro. Karina franziu a testa e o seguiu. Uma vez dentro do carro, Ademir ficou em silêncio, a mão descansando no volante sem ligar o carro. Karina sabia que ele estava irritado, mas não sabia como agir. — Karina. — Ademir se virou, um sorriso frio nos lábios. — Para você, quem sou eu? Não sou digno de ser apresentado à sua melhor amiga? — Não é isso! — Karina se apressou em negar. — Então o que é? — Ele elevou a voz, claramente irritado. — Eu... — Quero ouvir a verdade! A raiva de Ademir crescia, e ele se perguntava se ela o considerava indigno ou se não queria estar com ele. Kari
Ademir não tinha paciência, segurou o rosto de Karina com as mãos, forçando ela a olhar para cima. — Fala! Karina, com o rosto ruborizado e as sobrancelhas franzidas, respondeu: — Vamos falar lá fora, você não tem vergonha? — E se desvencilhou do homem, saindo apressadamente da sala de exame. Ademir ficou paralisado por um segundo. "Isso é vergonha?" Ele correu atrás dela, abraçando ela por trás, enquanto Karina se contorcia. — Não se mexa. — Ademir riu baixo. — Você é médica, o que eu pergunto é normal, qual é o problema em se envergonhar? — E você ainda fala sobre isso. — Karina ergueu a cabeça bruscamente, emburrada e com raiva. — Tudo bem, não vou mais falar. — Ademir se rendeu, com um sorriso nos lábios, e beijou a cabeça de Karina. "É tão fácil ficar envergonhada. Que adorável." Como aquele homem pôde abandoná-la? Ao entrarem no carro, Ademir ajudou Karina a colocar o cinto de segurança e pegou uma caixa do porta-malas, entregando a ela. — O que é isso?
Ademir estava ocupado quando seu celular tocou. Ele olhou rapidamente e atendeu, animado ao ouvir a voz de Karina, algo raro. — Karina. — Ademir. — Karina ainda não se sentia totalmente à vontade para ser íntima. — Esta noite vou a uma festa, vou voltar para casa sozinha. Podemos deixar a mudança das minhas coisas para outro dia? — Festa? — Ademir apertou os olhos, curioso. — São homens ou mulheres? — Tem de tudo. — Karina respondeu honestamente. — Você conhece, a Patrícia e o Sr. Nogueira. Ademir relaxou ao perceber que eram amigos. — Certo, onde será o jantar? Se for tarde, vou te buscar. Essa proposta foi razoável. Karina passou o endereço e acrescentou: — Se a festa acabar cedo, eu volto sozinha. — Ok. Depois de desligar, Ademir sentiu um leve descontentamento. Mesmo sendo amigos dela, ele não tinha o direito de estar presente em uma festa assim. Precisava se esforçar mais. Quando Patrícia chegou, Karina já estava pronta. — Estou pronta, vamos! Patrícia pu
— Karina. — Túlio também tinha um pouco de medo de que Karina ficasse brava, e falou suavemente. — Eu vou soltar sua mão, mas você pode me ouvir por alguns minutos? Karina não entendia: — O que mais precisamos esclarecer? — Algumas coisas. — Túlio assentiu, falando com cuidado e seriedade. — Há três anos, fui eu quem errou. Mas agora é diferente. — O que mudou? — Eu sei. — Túlio falou com arrependimento. — Na última vez, minha mãe disse coisas feias para você, mas não se preocupe, ela não pode nos separar. O que isso significava? Karina ficou paralisada. — Eu me mudei de casa. — Túlio continuou. — Não só isso, eu abri uma empresa e tenho minha própria renda, não preciso mais da minha família. O que Túlio queria dizer era que, por causa de Karina, ele cortou laços com a família? Karina não sabia o que dizer, achando aquilo insensato. — Túlio, são seus pais, isso não é certo. E a relação de vocês não é algo que se pode cortar assim... — Eu posso. — A determinação no
Simão esfregou o nariz e disse: — É tudo culpa minha, nunca mais farei isso. — É melhor que sim! — Patrícia respondeu com um sorriso sarcástico. — Diga ao Túlio que a Karina está ocupada fazendo os exames de pós-graduação; se ele realmente a ama, não deve incomodá-la! Simão concordou distraidamente, mas logo percebeu algo errado. — Espera, fazendo os exames de pós-graduação? O mestrado já não estava garantido? — Isso... — Patrícia hesitou, revelando sem querer. Ficou irritada. — A garantia do mestrado foi destruída por aquela mãe e filha, a Karina não queria que você soubesse disso. — Como assim? — Simão ficou furioso ao ouvir. — Que absurdo! Isso é uma verdadeira humilhação! — Não faça nada precipitado. — Patrícia rapidamente o segurou. — É exatamente essa reação que fez a Karina decidir esconder isso de você. Já passou, não leve a situação adiante! Simão riu friamente: — Entendi! Mas como ele poderia realmente ficar quieto? Karina não tinha pais, ele era como um
Karina, resignada, tentou explicar: — Eu admito que houve erros no que aconteceu entre mim e o Túlio hoje. Mas, de forma alguma, é como você pensa. Sua primeira reação foi me acusar de ser leviana... Ademir, nervoso, interrompeu: — Eu... — Me deixe terminar. — Karina falou com calma. — Por motivos pessoais, eu entendo a sua desconfiança em relação a mim. — Então, não fique brava. Eu prometo que não farei mais... — Ademir realmente parecia preocupado. — Eu entendo, mas não disse que aceito essa situação. — Karina sorriu com tristeza. — Supondo que nós realmente nos casássemos, se algo semelhante acontecesse, você garantiria que não reagiria assim de novo? Ademir ficou em silêncio, sem responder. — Você não pode garantir, certo? — Karina piscou levemente, com um tom suave. — A base de um casamento é a confiança, e você não confia em mim, então... — Chega! — Ademir a soltou, a insatisfação clara em seu rosto. — Por que você precisa ser tão diplomática? Vamos ser honestos