— O quê? — Karina arregalou os olhos, incapaz de acreditar no que ouviu.Ademir, instantaneamente, fechou a expressão:— Somos marido e mulher legalmente, o casamento já está em preparação e você concordou. Não é razoável dormirmos juntos?— É razoável. — Karina respondeu em um sussurro.— Então vamos dormir na mesma cama. — A expressão de Ademir mudou de repente, seus lábios se curvaram em um leve sorriso. — Vá dormir, eu tenho algumas coisas para resolver. Vou dar uma passada no escritório.— Tudo bem.Assim que ele saiu, Karina ficou encarando a grande cama, hesitando antes de se sentar.Ela já tinha dormido ali antes. Contudo, dormir com ele... Embora já tivessem compartilhado momentos íntimos, estar juntos na mesma cama parecia algo muito mais próximo.Ela ainda se sentia como se fosse um sonho, como se ela e Ademir estivessem prestes a se tornar verdadeiramente um casal.O que o fazia agir assim? Seria por causa da noite passada ou por causa de Otávio?A mente de Karina estava
Lembrar. Ademir disse que a criança seria dele no futuro. Karina não disse nada, abaixou a cabeça, parecendo uma criança que cometeu um erro. — Você não precisa ser assim. — Ademir segurou a mão dela, acariciando ela. — Eu só te falei uma coisa, e você já ficou chateada? Foi minha culpa, não deveria ter sido tão severo. Quando você tem tempo? Karina pensou um pouco: — Estou quase terminando meu trabalho no hospital, tenho estado livre ultimamente, mas ainda preciso ir ao hospital. — Tudo bem. — Ademir acenou com a cabeça. — Então eu vou ao hospital e te dou uma ligada. — Certo. Depois de tomarem café da manhã, Ademir levou Karina ao Hospital J, saiu do carro e a acompanhou até a ala cirúrgica. — Está tudo bem, você pode ir. — Karina acenou para ele. — Tudo bem. — Ademir fez um gesto de despedida. — Não esqueça de almoçar direitinho. Karina não conseguiu conter o riso; antes, nunca havia percebido que ele tinha esse lado tão paciente. Ele tratava todas as mulheres
Ademir franziu a testa, sem responder à pergunta de Vitória. O que ela disse era, de certo modo, verdadeiro e falso. Ele queria ficar com Karina, mas a raiz do problema estava em Ademir. Ele engoliu em seco e disse, com calma: — É um problema meu, não tem relação com os outros. Ademir era muito responsável, mas isso não melhorou os sentimentos de Vitória. Ela olhou fixamente para ele e afirmou: — Certo, é sua responsabilidade. As promessas que me fez eram falsas. Você não deveria me dar uma explicação? Ademir permaneceu em silêncio por um longo tempo, até que finalmente murmurou: — Não há explicação, desculpe. Traição era traição! A falta de explicação era, em si, uma forma de desculpas! Vitória sentiu dificuldade em respirar, e sua visão de Ademir começou a ficar turva. — Então, acabamos? Ademir acenou levemente, se levantando. Com a voz baixa, ele disse: — Eu sinto muito. Quanto ao seu futuro, eu irei garantir. Antes de você se casar, estarei aqui para
Karina se virou para Patrícia, preocupada: — O que isso significa? Patrícia, sem entender, respondeu: — Karina, você não tem nada para fazer agora? Ela olhou para o relógio e exclamou: — Eu preciso ir trabalhar! Então, Karina, vou nessa! — Acenou para Ademir. — Sr. Ademir, até logo! E rapidamente se afastou. De repente, Ademir se virou e caminhou apressadamente em direção ao carro. Karina franziu a testa e o seguiu. Uma vez dentro do carro, Ademir ficou em silêncio, a mão descansando no volante sem ligar o carro. Karina sabia que ele estava irritado, mas não sabia como agir. — Karina. — Ademir se virou, um sorriso frio nos lábios. — Para você, quem sou eu? Não sou digno de ser apresentado à sua melhor amiga? — Não é isso! — Karina se apressou em negar. — Então o que é? — Ele elevou a voz, claramente irritado. — Eu... — Quero ouvir a verdade! A raiva de Ademir crescia, e ele se perguntava se ela o considerava indigno ou se não queria estar com ele. Kari
Ademir não tinha paciência, segurou o rosto de Karina com as mãos, forçando ela a olhar para cima. — Fala! Karina, com o rosto ruborizado e as sobrancelhas franzidas, respondeu: — Vamos falar lá fora, você não tem vergonha? — E se desvencilhou do homem, saindo apressadamente da sala de exame. Ademir ficou paralisado por um segundo. "Isso é vergonha?" Ele correu atrás dela, abraçando ela por trás, enquanto Karina se contorcia. — Não se mexa. — Ademir riu baixo. — Você é médica, o que eu pergunto é normal, qual é o problema em se envergonhar? — E você ainda fala sobre isso. — Karina ergueu a cabeça bruscamente, emburrada e com raiva. — Tudo bem, não vou mais falar. — Ademir se rendeu, com um sorriso nos lábios, e beijou a cabeça de Karina. "É tão fácil ficar envergonhada. Que adorável." Como aquele homem pôde abandoná-la? Ao entrarem no carro, Ademir ajudou Karina a colocar o cinto de segurança e pegou uma caixa do porta-malas, entregando a ela. — O que é isso?
Ademir estava ocupado quando seu celular tocou. Ele olhou rapidamente e atendeu, animado ao ouvir a voz de Karina, algo raro. — Karina. — Ademir. — Karina ainda não se sentia totalmente à vontade para ser íntima. — Esta noite vou a uma festa, vou voltar para casa sozinha. Podemos deixar a mudança das minhas coisas para outro dia? — Festa? — Ademir apertou os olhos, curioso. — São homens ou mulheres? — Tem de tudo. — Karina respondeu honestamente. — Você conhece, a Patrícia e o Sr. Nogueira. Ademir relaxou ao perceber que eram amigos. — Certo, onde será o jantar? Se for tarde, vou te buscar. Essa proposta foi razoável. Karina passou o endereço e acrescentou: — Se a festa acabar cedo, eu volto sozinha. — Ok. Depois de desligar, Ademir sentiu um leve descontentamento. Mesmo sendo amigos dela, ele não tinha o direito de estar presente em uma festa assim. Precisava se esforçar mais. Quando Patrícia chegou, Karina já estava pronta. — Estou pronta, vamos! Patrícia pu
— Karina. — Túlio também tinha um pouco de medo de que Karina ficasse brava, e falou suavemente. — Eu vou soltar sua mão, mas você pode me ouvir por alguns minutos? Karina não entendia: — O que mais precisamos esclarecer? — Algumas coisas. — Túlio assentiu, falando com cuidado e seriedade. — Há três anos, fui eu quem errou. Mas agora é diferente. — O que mudou? — Eu sei. — Túlio falou com arrependimento. — Na última vez, minha mãe disse coisas feias para você, mas não se preocupe, ela não pode nos separar. O que isso significava? Karina ficou paralisada. — Eu me mudei de casa. — Túlio continuou. — Não só isso, eu abri uma empresa e tenho minha própria renda, não preciso mais da minha família. O que Túlio queria dizer era que, por causa de Karina, ele cortou laços com a família? Karina não sabia o que dizer, achando aquilo insensato. — Túlio, são seus pais, isso não é certo. E a relação de vocês não é algo que se pode cortar assim... — Eu posso. — A determinação no
Simão esfregou o nariz e disse: — É tudo culpa minha, nunca mais farei isso. — É melhor que sim! — Patrícia respondeu com um sorriso sarcástico. — Diga ao Túlio que a Karina está ocupada fazendo os exames de pós-graduação; se ele realmente a ama, não deve incomodá-la! Simão concordou distraidamente, mas logo percebeu algo errado. — Espera, fazendo os exames de pós-graduação? O mestrado já não estava garantido? — Isso... — Patrícia hesitou, revelando sem querer. Ficou irritada. — A garantia do mestrado foi destruída por aquela mãe e filha, a Karina não queria que você soubesse disso. — Como assim? — Simão ficou furioso ao ouvir. — Que absurdo! Isso é uma verdadeira humilhação! — Não faça nada precipitado. — Patrícia rapidamente o segurou. — É exatamente essa reação que fez a Karina decidir esconder isso de você. Já passou, não leve a situação adiante! Simão riu friamente: — Entendi! Mas como ele poderia realmente ficar quieto? Karina não tinha pais, ele era como um