Ademir não tinha paciência, segurou o rosto de Karina com as mãos, forçando ela a olhar para cima. — Fala! Karina, com o rosto ruborizado e as sobrancelhas franzidas, respondeu: — Vamos falar lá fora, você não tem vergonha? — E se desvencilhou do homem, saindo apressadamente da sala de exame. Ademir ficou paralisado por um segundo. "Isso é vergonha?" Ele correu atrás dela, abraçando ela por trás, enquanto Karina se contorcia. — Não se mexa. — Ademir riu baixo. — Você é médica, o que eu pergunto é normal, qual é o problema em se envergonhar? — E você ainda fala sobre isso. — Karina ergueu a cabeça bruscamente, emburrada e com raiva. — Tudo bem, não vou mais falar. — Ademir se rendeu, com um sorriso nos lábios, e beijou a cabeça de Karina. "É tão fácil ficar envergonhada. Que adorável." Como aquele homem pôde abandoná-la? Ao entrarem no carro, Ademir ajudou Karina a colocar o cinto de segurança e pegou uma caixa do porta-malas, entregando a ela. — O que é isso?
Ademir estava ocupado quando seu celular tocou. Ele olhou rapidamente e atendeu, animado ao ouvir a voz de Karina, algo raro. — Karina. — Ademir. — Karina ainda não se sentia totalmente à vontade para ser íntima. — Esta noite vou a uma festa, vou voltar para casa sozinha. Podemos deixar a mudança das minhas coisas para outro dia? — Festa? — Ademir apertou os olhos, curioso. — São homens ou mulheres? — Tem de tudo. — Karina respondeu honestamente. — Você conhece, a Patrícia e o Sr. Nogueira. Ademir relaxou ao perceber que eram amigos. — Certo, onde será o jantar? Se for tarde, vou te buscar. Essa proposta foi razoável. Karina passou o endereço e acrescentou: — Se a festa acabar cedo, eu volto sozinha. — Ok. Depois de desligar, Ademir sentiu um leve descontentamento. Mesmo sendo amigos dela, ele não tinha o direito de estar presente em uma festa assim. Precisava se esforçar mais. Quando Patrícia chegou, Karina já estava pronta. — Estou pronta, vamos! Patrícia pu
— Karina. — Túlio também tinha um pouco de medo de que Karina ficasse brava, e falou suavemente. — Eu vou soltar sua mão, mas você pode me ouvir por alguns minutos? Karina não entendia: — O que mais precisamos esclarecer? — Algumas coisas. — Túlio assentiu, falando com cuidado e seriedade. — Há três anos, fui eu quem errou. Mas agora é diferente. — O que mudou? — Eu sei. — Túlio falou com arrependimento. — Na última vez, minha mãe disse coisas feias para você, mas não se preocupe, ela não pode nos separar. O que isso significava? Karina ficou paralisada. — Eu me mudei de casa. — Túlio continuou. — Não só isso, eu abri uma empresa e tenho minha própria renda, não preciso mais da minha família. O que Túlio queria dizer era que, por causa de Karina, ele cortou laços com a família? Karina não sabia o que dizer, achando aquilo insensato. — Túlio, são seus pais, isso não é certo. E a relação de vocês não é algo que se pode cortar assim... — Eu posso. — A determinação no
Simão esfregou o nariz e disse: — É tudo culpa minha, nunca mais farei isso. — É melhor que sim! — Patrícia respondeu com um sorriso sarcástico. — Diga ao Túlio que a Karina está ocupada fazendo os exames de pós-graduação; se ele realmente a ama, não deve incomodá-la! Simão concordou distraidamente, mas logo percebeu algo errado. — Espera, fazendo os exames de pós-graduação? O mestrado já não estava garantido? — Isso... — Patrícia hesitou, revelando sem querer. Ficou irritada. — A garantia do mestrado foi destruída por aquela mãe e filha, a Karina não queria que você soubesse disso. — Como assim? — Simão ficou furioso ao ouvir. — Que absurdo! Isso é uma verdadeira humilhação! — Não faça nada precipitado. — Patrícia rapidamente o segurou. — É exatamente essa reação que fez a Karina decidir esconder isso de você. Já passou, não leve a situação adiante! Simão riu friamente: — Entendi! Mas como ele poderia realmente ficar quieto? Karina não tinha pais, ele era como um
Karina, resignada, tentou explicar: — Eu admito que houve erros no que aconteceu entre mim e o Túlio hoje. Mas, de forma alguma, é como você pensa. Sua primeira reação foi me acusar de ser leviana... Ademir, nervoso, interrompeu: — Eu... — Me deixe terminar. — Karina falou com calma. — Por motivos pessoais, eu entendo a sua desconfiança em relação a mim. — Então, não fique brava. Eu prometo que não farei mais... — Ademir realmente parecia preocupado. — Eu entendo, mas não disse que aceito essa situação. — Karina sorriu com tristeza. — Supondo que nós realmente nos casássemos, se algo semelhante acontecesse, você garantiria que não reagiria assim de novo? Ademir ficou em silêncio, sem responder. — Você não pode garantir, certo? — Karina piscou levemente, com um tom suave. — A base de um casamento é a confiança, e você não confia em mim, então... — Chega! — Ademir a soltou, a insatisfação clara em seu rosto. — Por que você precisa ser tão diplomática? Vamos ser honestos
Karina hesitou um momento e disse: — Não é nada, apenas algumas coisas do hospital. — É mesmo? — Ademir apertou os olhos. — Vou tomar um banho e já volto para ficar com você. Ele se inclinou e deu um beijo suave em seus lábios, dizendo: — Vou me banhar. Ao vê-lo se afastar, o sorriso de Karina desapareceu. Como ele conseguia isso? Tinham acabado de brigar, e ele agia como se nada tivesse acontecido. Ele realmente queria se casar com ela? Por causa de Otávio, ele precisava fazer isso? Quando Ademir saiu do banho, Karina já estava deitada. Ele se juntou a ela, envolvendo ela em seus braços e baixando a cabeça para beijá-la. — Karina, Karina... Sentindo o calor crescente dele, Karina ficou um pouco assustada e o empurrou. — Não faça isso. Ademir, ofegante, perguntou: — O que houve? Já se passaram vários dias desde a última vez, não tem problema, vou ter cuidado. — Não é isso! — O coração de Karina acelerou, e ela engoliu em seco. — Estou cansada, não quer
Como não conseguiram esclarecer a situação ao telefone, Karina correu para a delegacia. Assim que desceu do carro, viu Patrícia esperando na porta, ansiosa. — Karina, você chegou! Karina acenou com a cabeça e disse: — Vamos conversando pelo caminho. — Certo... — Patrícia respondeu. — A irmã do Simão já chegou e está lá dentro falando com ele. Na delegacia, Alice Nogueira olhava para seu irmão com raiva. — De que adianta você ser tão arrogante? Você acha que isso é só mais uma das suas pequenas encrencas? Ouça bem, você se meteu com o Ademir! — Por quê? — Simão estava chocado. — A pessoa ferida é a Vitória, o que isso tem a ver com o Ademir? Alice deu um empurrão na testa dele: — Você ainda não entendeu? A Vitória é da turma do Ademir! Você acha que não tem relação? Por um momento, Simão ficou em silêncio. Isso era algo que ele não esperava. — Falar com você não adianta. — Alice pegou a bolsa e se levantou. — Preciso voltar e pensar em um jeito, e você precisa
— Você pode ser mais sensato agora? O que pode ser mais importante do que a sua segurança? — Eu, eu não estou preocupado... — Simão coçou o rosto. Karina riu sarcasticamente e disse: — Você não está preocupado? E sua família? E a Patrícia? Se algo acontecer com você, como vamos viver bem? — De qualquer forma, você não pode pedir ajuda daquela mulher... Enquanto a tensão aumentava, Túlio entrou com o advogado. Os olhos de Simão brilharam: — Você veio! Eu sabia que não ia deixar seu irmão na mão. — Melhor você ficar quieto agora. — Túlio lançou um olhar a ele, se voltando para Karina. — O Simão está certo, não se sacrifique. Quanto ao Simão, eu e a Alice cuidaremos. Você e a Patrícia podem esperar lá fora; o advogado precisa falar com o Simão. Assim que Túlio chegou, Karina pareceu muito mais calma. Karina assentiu: — Tudo bem. ... Na enfermaria. Vitória, com a ajuda da agente Nadia e da enfermeira, estava colocando a perna recém-enfaixada em um suporte. A p