— Túlio... — Júlia ficou boquiaberta, sem acreditar no que via. Estava tendo alucinações?A mulher andando ao lado do filho... Era Karina?Sem perder um segundo, Júlia seguiu-os de perto....Ao entrar na doceria, Túlio pediu um bolinho de chocolate e um suco de laranja para Karina.— Está bom assim?— Está, sim. — Karina assentiu.Claro que estava. Túlio se lembrava muito bem dos gostos de Karina.— Está gostoso?Karina comia devagar, com pequenos pedaços, e sorriu:— Está gostoso.— Que bom. — Túlio abaixou a cabeça e tomou um gole de água.De repente, Karina perguntou:— Túlio, e sua namorada? Vocês ainda estão bem?Túlio levantou a cabeça bruscamente, sem saber como responder. Disse:— Estamos bem, por que está perguntando sobre ela?Karina largou a colher, olhando para ele por um momento, e então disse lentamente:— Túlio, você não tem namorada, não é?Depois de tantos anos de relacionamento, Karina conhecia bem Túlio.Ele não era o tipo de homem que ficava com várias mulheres. Se
As mãos de Karina tremiam levemente enquanto apertava a bolsa, e ela disse:— Eu tenho que ir, tenho outras coisas para fazer.Sem esperar que Júlia respondesse, Karina abaixou a cabeça e rapidamente desceu as escadas.Lá dentro, Túlio saiu correndo atrás dela.— Karina!— Túlio! — Túlio nem sequer notou a presença de Júlia, mas ela o agarrou com força. — Onde você pensa que vai? Não me diga que vai atrás da Karina!Foi só então que Túlio viu sua mãe e, assustado, exclamou:— Mãe? O que você está fazendo aqui?De repente, sua expressão se transformou em raiva, e ele gritou:— O que você disse para a Karina? Você foi falar bobagens para ela de novo, não foi?O rosto de Júlia também mostrava indignação, e ela gritou de volta:— Bobagens? Túlio, você nunca aprende! Será que não pode ser mais sensato? O irmão dela tem autismo! E você ainda quer ficar com ela? Quer ter um filho autista para me matar e matar seu pai de desgosto?As mesmas palavras de sempre, como se fosse uma repetição dos a
Durante o jantar, Ademir notou que Karina comia tudo o que Otávio colocava em seu prato. Quando os legumes acabavam, ela comia apenas o arroz.— O que está olhando? — Otávio, irritado ao perceber o olhar de Ademir sobre Karina, ralhou. — Não sabe cuidar da sua esposa e do seu filho!Ademir ergueu as sobrancelhas, mas fingiu não ter escutado as palavras de Otávio.Mais tarde, de volta ao quarto, Ademir foi direto ao closet para trocar de roupa. Ao entrar, ele viu Karina de pé, em frente ao espelho, com as mãos suavemente acariciando o ventre.Embora estivesse prestes a completar três meses de gravidez, não havia nenhum sinal visível; sua barriga continuava plana.Ademir passou por ela, mas foi interrompido por sua voz repentina:— Quase três meses.Ele parou, confuso, e olhou para Karina, perguntando:— O quê?Karina não repetiu. Em vez disso, olhou profundamente nos olhos de Ademir e, com suavidade, disse:— Estou pensando... Talvez esse bebê não devesse nascer. O que você acha, Ademir
Era tarde da noite. Antes de sair, Ademir, ao passar pela porta do quarto, decidiu entrar de repente. Sua visão era excelente, mesmo na escuridão ele conseguia enxergar com clareza. Ademir se aproximou da cama. Karina já estava dormindo profundamente. Ademir se sentou à beira da cama, observando o rosto de Karina com atenção. Por que a Karina fez aquela pergunta para o Ademir esta noite? Será que o Túlio não queria esse bebê? Karina está triste? Uma inquietação começou a se formar dentro dele, como se formigas estivessem caminhando pelo seu coração. Repentinamente, Ademir se levantou e saiu do quarto. Afinal, esse era um problema entre Karina e Túlio, e não tinha nada a ver com ele. ...No almoço, Karina estava comendo com Patrícia. Elas conversavam sobre seus planos para o futuro. Com a boca cheia de comida, Patrícia disse: — O estágio está quase no fim. Estou planejando voltar para a faculdade antes para me preparar para os exames de pós-graduação. E você, Karin
As coisas continuavam a se desenrolar. Karina ficou paralisada, sem saber como reagir. Para sua surpresa, Lucas pegou a carteira. Ele ainda tinha o hábito de carregar dinheiro vivo, algo incomum para pessoas da sua idade. Com um gesto rápido, ele tirou uma grande quantia de dinheiro e a estendeu para Karina, dizendo:— Está faltando dinheiro? O papai tem aqui. Pegue, se não for suficiente, eu te dou mais.Karina não se moveu.O que estava acontecendo? O pai que, desde os oito anos, nunca mais se importou com ela, agora se preocupava?Vendo que ela não aceitava o dinheiro, Lucas segurou sua mão e forçou o dinheiro nela.— Pegue, fique com o dinheiro.Karina franziu a testa e puxou a mão bruscamente. Seu olhar era frio, indiferente. Não importava o motivo pelo qual Lucas estivesse fazendo isso, Karina não aceitaria sua preocupação.— Leve isso embora! Eu não quero! — Disse ela, já se preparando para ir embora.— Karina, não vá!Lucas, no entanto, a segurou com força, insistindo em lhe
— Sr. Ademir, você veio. — Ademir! — Vitória imediatamente se aproximou, segurando o braço dele. — Eu não disse para você não vir? Você está tão ocupado. Ademir se manteve impassível e respondeu friamente: — Tenho um pouco de tempo para isso. Ele continuou: — O Júlio já está cuidando dos documentos. — Então, vamos? Ademir assentiu com a cabeça, cercado pela família animada enquanto se afastavam juntos. Em momento algum seu olhar se deteve em Karina. Ela suspirou profundamente, esfregando a bochecha. Estava dolorida. À noite, Karina voltou à Mansão da família Barbosa. Durante o banho, notou que sua bochecha estava bastante inchada, precisaria de uma compressa de gelo. Desceu as escadas em busca de gelo na cozinha. Já eram dez horas da noite, todos estavam descansando, e a casa estava silenciosa. Houve um som vindo da sala de estar, e Karina parou por um momento, imaginando que Ademir tinha voltado. Ele só tinha retornado para trocar de roupa, já que sairi
— O que você está fazendo? — Karina ficou extremamente surpresa, ainda segurando o saco de gelo contra a bochecha. O rosto de Ademir, de traços perfeitos, estava tomado por uma expressão fria e distante. Ele falou lentamente: — Não aceito que você pegue dinheiro de outras pessoas! Eu não te dei um cartão? Está sem dinheiro? Karina ficou sem palavras. Nunca imaginaria que toda a raiva de Ademir fosse apenas para dizer algo assim. Até a paciência dela tinha limites. Com a mão livre, Karina empurrou Ademir e disse irritada: — Saia do meu quarto! Não quero te ver! Eu quero dormir! Mas Ademir continuou imóvel. — Você... — Karina revirou os olhos, claramente sem paciência, olhando para ele com aqueles olhos grandes e expressivos. Para a surpresa de Ademir, ele viu naquela expressão uma pitada de birra. Foi então que ele reparou no saco de gelo sobre o rosto dela. De repente, se lembrou de que Karina tinha levado um tapa de Eunice mais cedo naquele dia! Ademir segurou
De acordo com a vontade de Ademir, ele queria deixar a Mansão da família Barbosa imediatamente, sem querer passar mais um segundo sob o mesmo teto que Karina! No entanto, já era tarde, ainda estava chovendo lá fora, e na manhã seguinte teria que tomar café com o avô. Com irritação, Ademir tirou um cigarro do bolso, acendeu ele e deu duas tragadas profundas antes de se virar e entrar no quarto de hóspedes. Felizmente, a Mansão da família Barbosa sempre mantinha os quartos de hóspedes limpos e prontos, caso contrário, ele realmente não saberia onde dormir naquela noite. Ele se jogou no sofá, sentindo a umidade que ainda grudava em seu corpo. Tudo por causa de Karina, mas Karina simplesmente não parecia se importar com nada disso. ... Logo pela manhã, Rui percebeu que o casal havia dormido em quartos separados e contou isso a Otávio. Otávio acenou com a cabeça e comentou: — Deixe que eles resolvam sozinhos. Se não brigarem enquanto são jovens, será que vão esperar até a