O grito de dor chegou aos ouvidos de Francisca, que estava compondo uma música. Curiosa, ela saiu em direção ao salão. De longe, viu Gabriela na sala de estar, com uma mão no rosto e a outra apontando para Fábio:— Você fez isso de propósito, não fez?Uma vez poderia ser acidente, mas duas? Fábio mantinha uma expressão inocente e confusa:— Vovó, o que aconteceu? Por que está gritando comigo?A babá se colocou à frente dele:— Senhora, o Fábio não fez de propósito, ele é um menino tão bom.Gabriela não acreditava:— Isso é álcool, não iodo. Meu rosto está ardendo de dor!— Fábio nem começou a ir à escola ainda, como ele poderia distinguir entre iodo e álcool? — Explicou a babá e pensava que a jovem senhora estava sendo muito difícil. Como alguém que se dizia avó do menino podia ser tão pouco compreensiva? Gabriela considerou a explicação da babá, lembrando que o garoto parecia ter apenas quatro ou cinco anos. Mas ao pensar no seu rosto, danificado por causa da criança, não conseguia s
Francisca instruiu a babá a nunca mais deixar Gabriela entrar.Uma pessoa que nem reconhecia a própria filha, como iria reconhecer o neto?Enquanto isso, do outro lado, Gabriela voltou para casa ainda sentindo dores no abdômen. Francisca apenas a empurrou, então por que seu estômago doía tanto?Gabriela pensou em consultar um médico, mas a dor diminuiu logo depois. Ela não deu muita importância e ligou a televisão no hospital, onde viu um vídeo de Cristina dançando. Olhando para a filha glamorosa na tela, seus olhos se encheram de alegria.Lorenzo entrou na sala com uma pilha de documentos jurídicos:— Mãe, aqui estão as intimações da Francisca. Ela quer que devolvamos os bens da família Oliveira.Gabriela ficou surpresa. Pegou os documentos e viu que era verdade:— Francisca realmente quer brigar comigo.— Mãe, você não disse que o dinheiro foi emprestado temporariamente à família Costa? Que eles devolveriam o dobro? Agora que a família Costa está bem de vida, devolvam o dinheiro para
Depois que Lorenzo saiu do carro, Sónia, sentada no banco do passageiro, perguntou intrigada:— Mestre Admir, eu investiguei esse cara. Ele não sabe nada sobre gerenciar uma empresa. O Grupo Oliveira quase faliu sob sua gestão. Só melhorou quando Mestre Antônio o comprou, e ele ainda desviou fundos da Família Oliveira para outras pessoas. Ele é um completo idiota.Sónia via Lorenzo como um típico playboy mimado, incapaz de gerir qualquer coisa e que conseguiria desperdiçar toda a fortuna da família. Admir, recostado no banco, murmurou:— Eu não preciso que ele ganhe dinheiro.Sónia ficou ainda mais confusa, mas sabia que com Mestre Admir, era melhor falar pouco e agir mais.— Mestre Admir, recentemente o Grupo IM tem levado todos os nossos artistas.— Ainda não descobriram quem está por trás dessa empresa?Sónia balançou a cabeça:— Não. Sabemos apenas que é uma empresa registrada no exterior. E não somos os únicos; muitas outras empresas também tiveram projetos roubados pela IM.Admir
Francisca riu:— Trocar minha vida pela de Sra. Lara, parece um bom negócio.Lara não esperava que Francisca fosse tão ousada.— Francisca, seu filho não está bem? Se você morrer, quem vai cuidar dele? Lara não tinha medo de morrer, já havia passado por isso uma vez. Mas ela não queria morrer agora, ainda precisava encontrar sua filha nunca antes vista.Francisca pressionou a faca com mais força, penetrando a pele de Lara.— Meu filho é da Família de Pareira. Eles cuidarão dele. Minha morte não afetará sua segurança.Lara sentiu a dor intensa, o suor se formando na testa. Ela não esperava que esta mulher fosse tão determinada a buscar vingança sozinha.Francisca não tinha a intenção de matar Lara. Precisava continuar cuidando de Breno e Fábio. Mas como mãe, precisava garantir a segurança de seus filhos.Francisca retirou a faca.— Sra. Lara, isso é um aviso. Proteger sua filha é compreensível, mas não deveria ter machucado meu filho. Se houver uma próxima vez, não serei tão misericord
Antônio segurou a mão de Francisca:— Não, eu quero passar o dia com você.— Então, passe sozinho. — Disse Francisca, tentando se afastar.Antônio a puxou com firmeza para perto de si:— De jeito nenhum.— Vamos jantar, eu pago. — Ele insistiu.Francisca não queria ir, mas Antônio não soltava sua mão. Os dois ficaram parados no frio.Surpresa com a teimosia dele, Francisca cedeu:— Está bem, vamos.Ela não conhecia bem os restaurantes da área e não sabia qual escolher. Vendo que já era tarde, decidiu por um restaurante mais tranquilo.Assim que entraram, atraíram olhares. Como Antônio era cego, Francisca precisou guiá-lo pela mão, e a beleza dele chamava muita atenção. Algumas pessoas até pegaram o celular para tirar fotos.Francisca se aproximou e bloqueou uma moça das pessoas:— Desculpe, mas não permitimos fotos.A moça hesitou, mas ao ver a expressão fria de Antônio, abaixou o celular imediatamente.Francisca pensou que da próxima vez deveria trazer óculos escuros e máscara para An
Francisca ficou sem palavras e baixou a cabeça para comer. Ela não sabia exatamente o que estava sentindo, mas parecia que não conseguia mais aceitar a ajuda e a gentileza dos outros, com medo de ficar em dívida. Por causa disso, mesmo sabendo que Lara e Cristina tinham causado seus problemas e os de seu filho, ela nunca contou nada a Claudia ou Antônio.Antônio ouviu o som de Francisca comendo e se sentiu um pouco frustrado. A sensação de ser ignorado era horrível.Durante a refeição, Antônio mal tocou na comida. Quando estavam saindo, Francisca tentou segurar a mão dele:— Vamos.Antônio permaneceu sentado, imóvel. Francisca ficou confusa:— Você não vai?Ele estava fazendo birra como uma criança? Antônio se levantou e a puxou para um abraço apertado. Tão apertado que Francisca teve dificuldade para respirar e bateu no braço dele:— Solte-me! Por que você sempre me abraça assim de repente?Enquanto eles saíam, a porta do reservado estava aberta. Cristina e Admir, que acabavam de sair
Francisca olhou para Antônio, confusa, e o ouviu continuar:— Meus olhos não enxergam.Ao longo do caminho, perceberam olhares curiosos e cochichos.Embora Antônio não pudesse ver, ele podia sentir e ouvir os murmúrios ao seu redor. Francisca permaneceu em silêncio por um momento antes de responder:— Acho que ser cego não é vergonhoso. Vergonhoso é discriminar os outros.As palavras de Francisca fizeram Antônio se lembrar de quando eles estavam juntos e ele desprezava a deficiência auditiva dela.— Francisca, me desculpe.Francisca ficou surpresa novamente, sem entender o que estava acontecendo com ele no mesmo hoje.— O que houve?— Nada, vamos voltar para casa.— Está bem.Francisca ligou o carro.No caminho de volta, Antônio perguntou:— E sobre a falsa doença de Gabriela?— Um renomado especialista em neurologia me ajudou a encontrar provas. Em breve, ela estará de volta na prisão. — Respondeu Francisca.Antônio ficou surpreso. Ele havia secretamente pedido a Marcelo para cuidar d
Antônio, no entanto, recusou:— Não, obrigado. Eu não estou com fome.Fábio insistiu, teimoso:— Não, você tem que comer mais um.Francisca, vendo a interação entre os dois, entrou na cozinha e perguntou:— Fábio, isso não é educado.Ao ouvir a mãe, Fábio não ousou mais forçar Antônio a comer.Depois que Antônio saiu, Fábio, ainda insatisfeito, pegou um dos onigiris e deu uma mordida. A picância quase o fez pular.— Está muito picante!Fábio pegou um copo de água da mesa, que havia preparado para Antônio, e tomou um gole. A água quente piorou a sensação de ardência.— Droga...Ele percebeu que tinha sido enganado por Antônio. Como ele conseguiu comer tudo aquilo sem demonstrar nada? Fábio olhou para os outros quatro onigiris na mesa, pronto para jogá-los fora. Antes que pudesse fazer isso, Francisca apareceu e notou o wasabi nos onigiris:— Fábio, o que você está fazendo?Os olhos de Fábio se encheram de lágrimas.— Mamãe, eu...— Você colocou wasabi. Por que queria dar isso ao tio Ant