Francisca ficou sem palavras e baixou a cabeça para comer. Ela não sabia exatamente o que estava sentindo, mas parecia que não conseguia mais aceitar a ajuda e a gentileza dos outros, com medo de ficar em dívida. Por causa disso, mesmo sabendo que Lara e Cristina tinham causado seus problemas e os de seu filho, ela nunca contou nada a Claudia ou Antônio.Antônio ouviu o som de Francisca comendo e se sentiu um pouco frustrado. A sensação de ser ignorado era horrível.Durante a refeição, Antônio mal tocou na comida. Quando estavam saindo, Francisca tentou segurar a mão dele:— Vamos.Antônio permaneceu sentado, imóvel. Francisca ficou confusa:— Você não vai?Ele estava fazendo birra como uma criança? Antônio se levantou e a puxou para um abraço apertado. Tão apertado que Francisca teve dificuldade para respirar e bateu no braço dele:— Solte-me! Por que você sempre me abraça assim de repente?Enquanto eles saíam, a porta do reservado estava aberta. Cristina e Admir, que acabavam de sair
Francisca olhou para Antônio, confusa, e o ouviu continuar:— Meus olhos não enxergam.Ao longo do caminho, perceberam olhares curiosos e cochichos.Embora Antônio não pudesse ver, ele podia sentir e ouvir os murmúrios ao seu redor. Francisca permaneceu em silêncio por um momento antes de responder:— Acho que ser cego não é vergonhoso. Vergonhoso é discriminar os outros.As palavras de Francisca fizeram Antônio se lembrar de quando eles estavam juntos e ele desprezava a deficiência auditiva dela.— Francisca, me desculpe.Francisca ficou surpresa novamente, sem entender o que estava acontecendo com ele no mesmo hoje.— O que houve?— Nada, vamos voltar para casa.— Está bem.Francisca ligou o carro.No caminho de volta, Antônio perguntou:— E sobre a falsa doença de Gabriela?— Um renomado especialista em neurologia me ajudou a encontrar provas. Em breve, ela estará de volta na prisão. — Respondeu Francisca.Antônio ficou surpreso. Ele havia secretamente pedido a Marcelo para cuidar d
Antônio, no entanto, recusou:— Não, obrigado. Eu não estou com fome.Fábio insistiu, teimoso:— Não, você tem que comer mais um.Francisca, vendo a interação entre os dois, entrou na cozinha e perguntou:— Fábio, isso não é educado.Ao ouvir a mãe, Fábio não ousou mais forçar Antônio a comer.Depois que Antônio saiu, Fábio, ainda insatisfeito, pegou um dos onigiris e deu uma mordida. A picância quase o fez pular.— Está muito picante!Fábio pegou um copo de água da mesa, que havia preparado para Antônio, e tomou um gole. A água quente piorou a sensação de ardência.— Droga...Ele percebeu que tinha sido enganado por Antônio. Como ele conseguiu comer tudo aquilo sem demonstrar nada? Fábio olhou para os outros quatro onigiris na mesa, pronto para jogá-los fora. Antes que pudesse fazer isso, Francisca apareceu e notou o wasabi nos onigiris:— Fábio, o que você está fazendo?Os olhos de Fábio se encheram de lágrimas.— Mamãe, eu...— Você colocou wasabi. Por que queria dar isso ao tio Ant
— Eu sonâmbulo? — Fábio franziu a testa. — Como assim? Eu nunca sonâmbulei antes.Antônio não respondeu diretamente, apenas disse:— Arrume-se, vamos para a empresa.— Tá bom.Ao mencionar a visita à empresa, Fábio ficou imediatamente animado.Quando Francisca soube que Fábio iria com Antônio para a empresa, não se opôs. Apenas pediu que ele tivesse cuidado e não corresse por aí. Durante a viagem, Fábio olhou para a paisagem pela janela, de ótimo humor.Uma hora depois, o carro parou em frente a um prédio luxuoso.Observando o Grupo IM, Fábio achou o lugar muito familiar. Não era essa a empresa que seu irmão mencionou? A mesma que estava ganhando muito dinheiro recentemente e roubando negócios de muitas outras? A Família Pareira também estava investigando os proprietários do Grupo IM.— Tio Antônio, essa é a sua empresa? — Perguntou Fábio.— Sim, por quê?— É enorme.Fábio respondeu sinceramente. Agora ele parecia saber de um segredo que os outros não sabiam.— E comparada com a empres
Fábio tinha um sorriso no rosto, mas por dentro pensava: “Quer tanto ser madrasta, então vou te dar uma lição.”A secretária ficou visivelmente constrangida, sem entender a mudança repentina no comportamento de Fábio. Guilherme, percebendo as intenções da secretária, lançou-lhe um olhar frio e levou Fábio embora. Ele decidiu que era hora de reorganizar o departamento de secretariado.À noite, de volta para casa.O motorista dirigia. Fábio estava sentado no carro com Antônio e perguntou, curioso:— Tio Antônio, com tantas secretárias bonitas na sua empresa, por que você gosta da minha mãe?Antônio respondeu sem hesitação:— Não sei.Se ele soubesse por que gostava de Francisca, talvez pudesse resolver seus sentimentos e evitar sofrimento.Fábio ficou sem resposta. Ele queria continuar a conversa, mas o motorista avisou:— Sr. Antônio, tem um carro nos seguindo.Desde que o Grupo IM começou a se destacar, muitas empresas estavam tentando descobrir quem estava no comando. Antônio já estav
Fábio continuava fazendo birra, e o pior era que ele estava realmente doente e se sentia mal. Francisca, com paciência, tentava acalmá-lo.— Mamãe, eu só quero que o tio Antônio fique com a gente. — Insistiu Fábio.— Tudo bem, vou chamar o tio Antônio. Mas você tem que se comportar, ok?Sem outra opção, Francisca levantou-se da cama e foi até a sala. Antônio ainda estava no escritório, trabalhando. Ela bateu na porta com certa hesitação. Antônio parou o que estava fazendo e olhou para a porta.— Você ainda não terminou? — Perguntou Francisca.— Quase. O que foi? — Perguntou Antônio.Francisca respirou fundo e disse com coragem:— Quando você terminar, pode dormir connosco?Ao ouvir isso, Antônio perdeu todo o foco no trabalho, mas manteve a expressão neutra.— Claro.Francisca voltou ao quarto e contou a Fábio que o tio Antônio estava vindo. Ela achava que ele demoraria pelo menos meia hora, mas, para sua surpresa, Antônio apareceu em poucos minutos, já vestido com pijamas.Quando Fábi
Breno pediu para Fábio contar os detalhes do ocorrido. Alguns minutos depois, Breno ouviu tudo e ficou em silêncio por um tempo e comentou:— Ele, às vezes, realmente não é ruim.— Não é? Você também acha isso? Os olhos de Fábio brilhavam de expectativa.Breno assentiu:— Sim, mas o que isso significa? Ele também mandou alguém me salvar.Fábio ficou um pouco desapontado:— Então, você ainda não quer aceitá-lo?Breno permaneceu em silêncio novamente e, depois de um tempo, disse:— Se a mamãe perdoá-lo, eu também perdoo.A Francisca havia os criado sozinha com muita dificuldade. Não podiam esquecer o quanto ela sofreu no exterior só porque Antônio mostrou um pouco de bondade.— Combinado.Fábio decidiu que iria ajudar o pai aos poucos, para que a mãe voltasse a amá-lo.Breno não disse mais nada e desligou o telefone, querendo dormir mais um pouco. Marcelo entrou no quarto e jogou uma mochila para ele:— Chega de dormir. Hora de ir para a escola.Mais um dia de escola...Breno quase se e
Quando Fábio estava entediado em casa, costumava sair para dar uma volta. Por coincidência, encontrou Flávio com dois garotos na porta de sua casa. Flávio, que não conseguia entrar, viu Fábio e gritou:— Fábio, se você é corajoso, venha aqui fora!Fábio viu os dois garotos com Flávio e percebeu que eles não estavam ali para conversar. Não era bobo. Com sua saúde frágil, ele sabia que não conseguiria vencer Flávio, muito menos os três juntos.— Você está falando comigo? Por que eu deveria te obedecer? — Respondeu Fábio.Fábio revirou os olhos para eles, irritando ainda mais Flávio, dizendo:— Seu bastardo! Como ousa me encarar assim?Ser chamado de bastardo fez o olhar de Fábio gelar. Hoje, ele daria uma lição nesses moleques.— Flávio, tem coragem de entrar sozinho? — Provocou Fábio.Flávio, pensando que Fábio só se parecia com Breno e não era tão forte, achou que venceria facilmente e concordou:— Claro que tenho!Flávio falou com os outros dois garotos e entrou. Os seguranças, reconh