Francisca decidiu que primeiro iria se arrumar, tomar o café da manhã e depois pensaria em como encontrar os documentos. Quando desceu, viu que Antônio não tinha ido trabalhar e estava sentado na sala de estar.— Não vai trabalhar hoje? — Perguntou Francisca.— Não.Antônio já havia organizado a maior parte dos assuntos da empresa, não havia nada urgente para tratar.Francisca pensou que, de fato, a empresa dele ainda era pequena e não havia muito a fazer. Mesmo assim, ele ainda a ameaçava...Ela foi para a cozinha preparar algo simples para comer, mas encontrou a mesa cheia de refeições nutritivas. Com um chef e uma empregada em casa, tudo ficava mais fácil. Como seu apetite aumentara, Francisca agora comia por dois. Quando terminou de comer, levantou-se devagar, segurando o ventre que começava a se avolumar, mas antes que pudesse arrumar a mesa, Antônio entrou:— Vai descansar, a empregada cuida disso depois.— Não tem problema, posso me mexer um pouco.— Se quer se mexer, saia para
Desde que Cristina ficou noiva de Admir, eles não falavam mais sobre casamento. Admir, ao ouvir seu irmão mencionar a palavra casamento, lançou um olhar para Francisca. Ao ver que ela estava com uma expressão serena, ele disse lentamente:— Sim, vou organizar tudo.Ao terminar, Admir soltou a mão que Cristina segurava e disse:— Não vamos atrapalhar mais, irmão.Depois que ele saiu, Francisca voltou a si.Antônio abaixou a voz e apertou a mão dela:— Ficou chateada?Francisca estava um pouco confusa:— Do que você está falando?Foi então que percebeu que Antônio estava segurando sua mão com força.— Solte minha mão.Antônio não soltou:— Já está brava?Francisca se inclinou para mordê-lo. Antônio, já acostumado, não afrouxou o aperto, mas o movimento chamou a atenção das enfermeiras e dos pacientes que passavam, lançando olhares curiosos para o casal.Francisca ficou envergonhada. Não teve escolha senão se afastar, endireitar-se e tentar ignorar a situação. Na verdade, ela estava surpr
Embora Antônio lembrasse claramente o caminho, ele não conseguia ver, então certamente esbarraria em alguém ao caminhar. Ele não gostava de tatear o caminho nem de usar bengala. Na porta do hospital, havia muitos carros estacionados, e o motorista demorou para chegar. Antônio ficou parado ali por um bom tempo, e naquele momento, ele aprendeu uma lição valiosa: nunca deixou Francisca ou qualquer grávida irritada.Era a primeira vez que o motorista via Antônio tão sem saída. Ele não esperava que a senhora tivesse deixado Antônio, que estava cego, na porta do hospital. E se algo acontecesse a ele, o que fariam?— Senhor, o senhor está bem? — Perguntou motorista.Ele correu até Antônio. Vendo que o motorista finalmente havia chegado, Antônio, que já estava impaciente, surpreendentemente não se irritou:— Da próxima vez, seja mais rápido.— Desculpe, é que estava difícil encontrar um lugar para estacionar aqui fora.Antônio não o culpou mais. O motorista respirou aliviado e começou a guiá-l
Francisca observou o motorista sair indignado, ponderando se havia realmente exagerado. Afinal, deixar Antônio, que era cego, sozinho não foi muito gentil da parte dela. Ela largou o regador e entrou na sala de estar, onde Antônio estava sentado no sofá, com os olhos fechados, como se estivesse refletindo sobre alguma injustiça.Francisca se aproximou, prestes a falar algo, quando notou os documentos espalhados à frente de Antônio, todos relacionados aos ativos do antigo Grupo Oliveira. Ela ficou parada ali, atordoada.Antônio, sem abrir os olhos, disse calmamente:— O que você pediu está aí. Verifique se não falta nada.Ao ouvir isso, Francisca olhou para os papéis sobre a mesa e lembrou-se do que o motorista havia mencionado sobre Antônio ter esperado por meia hora na porta do hospital. Sentiu-se profundamente culpada:— Desculpe-me.Antônio pensou que ela estava se desculpando por ter saído com a criança, mas ficou surpreso ao ouvi-la continuar:— Não deveria ter deixado você sozinh
Sílvia, a princípio, ficou um pouco incomodada por ser chamada de antiquada, mas ao ouvir o restante do que Fábio disse, animou-se instantaneamente:— Você disse sua mãe está gravida?Fábio assentiu:— Sim, minha mãe está esperando dois irmãos para mim.Sílvia estava radiante. Sempre sonhara em ter muitos netos e, com Francisca esperando gêmeos novamente, logo teria quatro netos ou netas. Sua alegria era imensurável e, de repente, levantou-se, dizendo a Francisca:— Você está grávida, não deve ficar muito tempo em pé, sente-se.Desde que Sílvia a convenceu a se casar com seu filho, Francisca nunca havia recebido um tratamento tão cortês. Ela sabia que isso se devia aos bebês que estava esperando.Francisca foi até o sofá e se sentou a uma certa distância de Sílvia.— Amanhã, vou mandar uma nutricionista para ajustar sua dieta. Ela costumava cuidar de mim. — Disse Sílvia.— Não precisa, temos um chef em casa.Francisca recusou de imediato.Sílvia franziu a testa:— Chef e nutricionista
Francisca apertou os dedos, lançando um olhar frio para Susana:— O que você quer dizer com os filhos da Família Pereira? Os bebês que estou esperando também são meus filhos. Eu, mais do que ninguém, sei o que é melhor para eles. Como mãe, ninguém se importa mais com meus filhos do que eu. Posso dar minha vida por eles, e você? E sobre meu rosto, não é da sua conta. Se eu quiser fazer uma cirurgia plástica, faço, e não preciso da sua opinião.Susana ficou sem palavras. Antes de vir, tinha ouvido dizer que a Sra. Francisca era de personalidade fraca, mas agora via que não era bem assim. Francisca levantou-se e estendeu a mão para Susana:— Devolva meu celular.Susana não acreditava que havia uma mulher que não conseguiria controlar. Levantou a mão. Quando Francisca pensou que ela devolveria o celular, Susana soltou-o, deixando-o cair no chão, quebrando a tela.— Ai, desculpe, estou ficando velha e não consigo controlar as mãos. — Explicou Susana.Francisca sabia que não valia a pena se
Chuva forteNa entrada do hospital.A Francisca era magra e segurava em sua mão magra o relatório do teste de gravidez do hospital, com três palavras claras escritas nele.------ Não é grávida!- Três anos de casamento e ainda não está grávida?- Porque você é tão inútil? Se você não estiver grávida, será desistida pela família Pereira. O que faremos então?A mãe da Francisca, Gabriela Oliveira, usando salto alto, estava bem vestida, seus dedos apontavam para a Francisca, seu rosto estava cheio de decepção.Os olhos da Francisca estavam vazios e todas as palavras presas em seu coração finalmente se fundiam em uma frase.- Desculpe.- Eu não quero seu pedido de desculpas. Eu só quero que você dê um bebê para ele. Percebeu?A Francisca não sabia como responder à sua mãe.Ela já tinha sido casada com o Antônio por três anos, o Antônio nunca tocava nela.Então, como conseguiram ter bebês?A Gabriela olhava para a fraqueza e incompetência da Francisca, apenas sentia que a sua filha não pare
Os foliões olharam para a porta.Havia um silêncio estranho na caixa.A Francisca vinha o Antônio de relance, seus olhos estavam claros e ele não estava nem um pouco bêbado.Ela sabia que foi enganada por a Catarina.Quando o Antônio vinha a Francisca, seus olhos escuros se estreitaram.Outros, incluindo o Marcelo, que acabavam de sugerir que o Antônio aceitasse a confissão da Catarina pareciam envergonhados.A Francisca não deveria vir nesta ocasião.- Francisca, não me entenda mal, o Marcelo está brincando, o Antônio e eu somos apenas amigos comuns agora.Foi a Catarina quem quebrou a calma primeiro.Antes de a Francisca responder, o Antônio levantou-se impacientemente.- Não há necessidade de explicar a ela.Depois de dizer isso, ele foi direto para a Francisca.- O que você está fazendo aqui?- Achei que você estava bêbado, então vim te levar para casa. A Francisca respondeu com sinceridade.O Antônio zombou - Parece que você não se lembrou de uma palavra que eu disse a você.Ele b