Cristina observou Francisca entrar, envolta em roupas pesadas, apenas com o rosto à mostra. Ela não podia negar que Francisca era bonita, com traços delicados, especialmente seus olhos, que deixavam uma impressão marcante.Apesar de estar vestida de forma discreta, ainda era possível notar a forma curvilínea de Francisca. Cristina sabia que sua aparência também não era ruim, mas parecia faltar algo quando comparada a Francisca.- Essas coisas que você enviou não têm utilidade para mim, não perca seu tempo. Eu não tenho medo de você.Cristina falou primeiro.Francisca pensou consigo mesma:“Se você não tem medo, por que veio antes de mim? ”Mas ela não revelou sua descoberta, em vez disso, entregou um documento e o estendeu para Cristina. Cristina recebeu-o com confusão, abriu-o e uma expressão estranha passou por seus olhos:- Você investigou sobre mim?Cristina segurava um teste de paternidade, mas sua primeira pergunta não era sobre a relação de parentesco, era um reproche a Francisc
A sala ficou em silêncio por um momento. Gabriela nunca imaginou que uma ex-empregada de sua casa ousaria falar assim com ela. Ela levantou a mão para bater em Helena.A empregada se aproximou para impedir:- Senhora, a Sra. Helena está doente, você não pode simplesmente agredi-la. Se continuar, vou chamar a polícia.A mão de Gabriela congelou no ar e ela soltou uma risada fria:- Sra. Helena? Ela é apenas uma mulher que ninguém quer. Teve sorte de ser cuidada pela minha filha. Agora, minha filha tem um marido rico e gasta dinheiro com ela, achando que é uma dama.A empregada ficou um pouco surpresa, ela sempre pensou que a mãe da Srta. Francisca fosse Helena, mas agora percebeu que era a mulher diante dela. Olhando mais atentamente, elas até se parecem um pouco, mas como podem ter temperamentos e qualidades tão diferentes? Por que ela estava tão maldosa ao falar?Sabendo que era a mãe biológica da sua empregadora, a empregada não podia dizer muito mais e apenas cuidava de Helena de fo
- Está bem, com quem você quer se encontrar? Eu te acompanho. - Disse Francisca imediatamente.Agora, ela não se atrevia a deixar Helena fora de seu campo de visão nem por um segundo.- Eu só vou para nossa vizinha, Joaquina. Sua nora teve um bebê e eu quero dar uma olhada. Fique em casa e componha suas músicas tranquilamente, não precisa me acompanhar. - Disse Helena gentilmente.- Não, o médico disse que você precisa descansar adequadamente agora.Francisca apertou sua mão com firmeza.- Sua boba, eu estou realmente bem, você esqueceu o que o médico disse antes? Eu tenho mais uns quatro ou cinco anos pela frente. - Helena mentiu com medo de que Francisca não concordasse. -Você não se lembra de Joaquina? Ela não gosta de ter estranhos por perto, ela sempre foi minha amiga. Se você for, ficaremos desconfortáveis.Ao ouvir Helena dizer isso, Francisca pensou sobre o fato de que a Helena havia ficado em casa o tempo todo recentemente, sem sair para lugar nenhum, e certamente precisava da
O toque frio e gelado tocou o pescoço de Gabriela, fazendo suas pupilas se contraírem e o copo d'água em sua mão cair no chão.- O que você está fazendo?Helena apertou com força:- Devolve o dinheiro para a Francisca.- Eu já dei todo o dinheiro para o Alex, de onde vou conseguir mais? Solta essa faca imediatamente, senão eu serei rude contigo.A voz de Gabriela tremia enquanto ela falava.Helena não se deixava intimidar pelo medo dela:- Como você vai ser rude comigo? O que você, uma vagabunda como você, pode fazer comigo?Gabriela sentiu um pouco de dor no pescoço, como se tivesse sido cortada e começado a sangrar.- Se acalma, não é dinheiro que você quer? Eu te dou.Era verdade que diante da morte, todos eram iguais. Helena sabia que Gabriela tinha medo de morrer, mas hoje não era isso que ela queria de Gabriela.- Mãe, por que a porta está trancada? Eu preciso falar com você. De repente, a voz de Lorenzo veio da porta. Helena fingiu estar desesperada:- Eu te matei, em vingança
- Não fale, o médico disse que há tratamento.A voz de Francisca estava rouca, as lágrimas escorrendo sem controle pelos cantos dos olhos.- Sim.Helena forçou um sorriso, levantou a mão para tentar enxugar suas lágrimas, mas não conseguiu. Francisca sentiu seu gesto e segurou sua mão, colocando-a em seu próprio rosto.- Helena...- Querida... não chore.Francisca estava com os olhos vermelhos: - Eu não vou chorar, você ficará bem.Helena estava claramente se esforçando para ver Francisca, olhando para a neve branca do lado de fora da janela:- Francisca... é Ano Novo...Faltava uma semana para o Ano Novo. Francisca assentiu:- Sim, é Ano Novo.- Vamos para casa, não quero ficar... aqui.- Certo, vamos para casa.Francisca estendeu a mão e a abraçou.Helena estava tão magra, quase só ossos, mas Francisca, mesmo sem muita força, conseguiu facilmente segurá-la. Ela segurou Helena, caminhando pelo corredor longo, falando ao mesmo tempo, com medo de que Helena partisse repentinamente.- V
Não sabia quanto tempo se passou, mas finalmente Francisca falou:- Antônio, o ano novo está chegando.- Sim.- Helena se foi.Francisca apertou a roupa de Antônio. Ele a abraçou, não sendo bom em consolar as pessoas, ele beijou sua testa. Francisca pensou que já tinha secado as lágrimas, mas neste momento, as lágrimas voltaram a rolar.- É tudo culpa minha, se não fosse por mim, ela não teria ido procurar a Gabriela, e muito menos...- Helena deixou uma carta para você, pedindo para Joaquina trazê-la. - Disse Antônio.Francisca olhou para ele:- Onde está?Antônio se levantou, abriu a gaveta do criado-mudo e entregou a carta para Francisca.Francisca abriu a carta apressadamente. Naquele pequeno pedaço de papel, havia apenas algumas linhas escritas:[Francisca, quando você abrir esta carta, eu já não estarei mais aqui. Não fique triste, é o meu destino. Lembra do que mamãe te disse? As pessoas envelhecem e, no final, todos têm que morrer, então eu não tenho medo. Só queria fazer algo
Admir estendeu a mão para tirar a neve que cobria Francisca. Instintivamente, ela se esquivou: - Cunhado, o que você está fazendo aqui?Esse título fez a mão de Admir congelar no ar por um momento antes de recolhê-la novamente.- Eu vi as notícias e descobri que Helena teve problemas. Você já me disse que Helena é tão importante quanto sua própria mãe. Sabendo que ela faleceu, eu sabia que você estaria triste. Então, eu vim te ver.Depois de falar, Admir colocou um buquê de flores no túmulo de Helena. Francisca não esperava que ele se lembrasse tão claramente das coisas da infância e forçou um sorriso:- Obrigada, estou bem.Admir olhava para o rosto dela, roxo e congelado, com olhos vermelhos, como se nada estivesse errado:- Não precisa ser tão forte na minha frente. Eu disse que estarei ao seu lado, não importa quando.Francisca apenas assentiu, sem saber como responder a ele. Depois de um longo silêncio, ela disse: - Vou embora.- Eu te acompanho. - Respondeu Admir imediatamente.
Claudia e Breno acompanharam Francisca depois de entregar as flores para Helena.O carro de Admir era grande, cabendo os quatro confortavelmente, com muito espaço sobrando. Claudia já tinha andado em muitos carros luxuosos, especialmente ultimamente, acompanhando Breno, mas era a primeira vez que via um carro equipado com tantos equipamentos médicos e até mesmo um médico. Se algo acontecesse, parecia que poderiam fazer uma cirurgia ali mesmo no carro.Admir os deixou na porta de casa e depois de se despedir de Francisca, mandou o motorista voltar. Claudia ficou ao lado de Francisca e perguntou:- E Antônio?- Eu mandei ele voltar com Fábio. - Respondeu Francisca.- Ah, entendi. - Claudia observou as roupas molhadas de Francisca e não pôde deixar de comentar. - Ele simplesmente foi embora assim, sem nem te proteger com um guarda-chuva.Como melhor amiga, Claudia, era claro, queria que Francisca encontrasse um homem que a tratasse bem.- Eu queria ficar sozinha um pouco, vamos, está frio