- Está bem, com quem você quer se encontrar? Eu te acompanho. - Disse Francisca imediatamente.Agora, ela não se atrevia a deixar Helena fora de seu campo de visão nem por um segundo.- Eu só vou para nossa vizinha, Joaquina. Sua nora teve um bebê e eu quero dar uma olhada. Fique em casa e componha suas músicas tranquilamente, não precisa me acompanhar. - Disse Helena gentilmente.- Não, o médico disse que você precisa descansar adequadamente agora.Francisca apertou sua mão com firmeza.- Sua boba, eu estou realmente bem, você esqueceu o que o médico disse antes? Eu tenho mais uns quatro ou cinco anos pela frente. - Helena mentiu com medo de que Francisca não concordasse. -Você não se lembra de Joaquina? Ela não gosta de ter estranhos por perto, ela sempre foi minha amiga. Se você for, ficaremos desconfortáveis.Ao ouvir Helena dizer isso, Francisca pensou sobre o fato de que a Helena havia ficado em casa o tempo todo recentemente, sem sair para lugar nenhum, e certamente precisava da
O toque frio e gelado tocou o pescoço de Gabriela, fazendo suas pupilas se contraírem e o copo d'água em sua mão cair no chão.- O que você está fazendo?Helena apertou com força:- Devolve o dinheiro para a Francisca.- Eu já dei todo o dinheiro para o Alex, de onde vou conseguir mais? Solta essa faca imediatamente, senão eu serei rude contigo.A voz de Gabriela tremia enquanto ela falava.Helena não se deixava intimidar pelo medo dela:- Como você vai ser rude comigo? O que você, uma vagabunda como você, pode fazer comigo?Gabriela sentiu um pouco de dor no pescoço, como se tivesse sido cortada e começado a sangrar.- Se acalma, não é dinheiro que você quer? Eu te dou.Era verdade que diante da morte, todos eram iguais. Helena sabia que Gabriela tinha medo de morrer, mas hoje não era isso que ela queria de Gabriela.- Mãe, por que a porta está trancada? Eu preciso falar com você. De repente, a voz de Lorenzo veio da porta. Helena fingiu estar desesperada:- Eu te matei, em vingança
- Não fale, o médico disse que há tratamento.A voz de Francisca estava rouca, as lágrimas escorrendo sem controle pelos cantos dos olhos.- Sim.Helena forçou um sorriso, levantou a mão para tentar enxugar suas lágrimas, mas não conseguiu. Francisca sentiu seu gesto e segurou sua mão, colocando-a em seu próprio rosto.- Helena...- Querida... não chore.Francisca estava com os olhos vermelhos: - Eu não vou chorar, você ficará bem.Helena estava claramente se esforçando para ver Francisca, olhando para a neve branca do lado de fora da janela:- Francisca... é Ano Novo...Faltava uma semana para o Ano Novo. Francisca assentiu:- Sim, é Ano Novo.- Vamos para casa, não quero ficar... aqui.- Certo, vamos para casa.Francisca estendeu a mão e a abraçou.Helena estava tão magra, quase só ossos, mas Francisca, mesmo sem muita força, conseguiu facilmente segurá-la. Ela segurou Helena, caminhando pelo corredor longo, falando ao mesmo tempo, com medo de que Helena partisse repentinamente.- V
Não sabia quanto tempo se passou, mas finalmente Francisca falou:- Antônio, o ano novo está chegando.- Sim.- Helena se foi.Francisca apertou a roupa de Antônio. Ele a abraçou, não sendo bom em consolar as pessoas, ele beijou sua testa. Francisca pensou que já tinha secado as lágrimas, mas neste momento, as lágrimas voltaram a rolar.- É tudo culpa minha, se não fosse por mim, ela não teria ido procurar a Gabriela, e muito menos...- Helena deixou uma carta para você, pedindo para Joaquina trazê-la. - Disse Antônio.Francisca olhou para ele:- Onde está?Antônio se levantou, abriu a gaveta do criado-mudo e entregou a carta para Francisca.Francisca abriu a carta apressadamente. Naquele pequeno pedaço de papel, havia apenas algumas linhas escritas:[Francisca, quando você abrir esta carta, eu já não estarei mais aqui. Não fique triste, é o meu destino. Lembra do que mamãe te disse? As pessoas envelhecem e, no final, todos têm que morrer, então eu não tenho medo. Só queria fazer algo
Admir estendeu a mão para tirar a neve que cobria Francisca. Instintivamente, ela se esquivou: - Cunhado, o que você está fazendo aqui?Esse título fez a mão de Admir congelar no ar por um momento antes de recolhê-la novamente.- Eu vi as notícias e descobri que Helena teve problemas. Você já me disse que Helena é tão importante quanto sua própria mãe. Sabendo que ela faleceu, eu sabia que você estaria triste. Então, eu vim te ver.Depois de falar, Admir colocou um buquê de flores no túmulo de Helena. Francisca não esperava que ele se lembrasse tão claramente das coisas da infância e forçou um sorriso:- Obrigada, estou bem.Admir olhava para o rosto dela, roxo e congelado, com olhos vermelhos, como se nada estivesse errado:- Não precisa ser tão forte na minha frente. Eu disse que estarei ao seu lado, não importa quando.Francisca apenas assentiu, sem saber como responder a ele. Depois de um longo silêncio, ela disse: - Vou embora.- Eu te acompanho. - Respondeu Admir imediatamente.
Claudia e Breno acompanharam Francisca depois de entregar as flores para Helena.O carro de Admir era grande, cabendo os quatro confortavelmente, com muito espaço sobrando. Claudia já tinha andado em muitos carros luxuosos, especialmente ultimamente, acompanhando Breno, mas era a primeira vez que via um carro equipado com tantos equipamentos médicos e até mesmo um médico. Se algo acontecesse, parecia que poderiam fazer uma cirurgia ali mesmo no carro.Admir os deixou na porta de casa e depois de se despedir de Francisca, mandou o motorista voltar. Claudia ficou ao lado de Francisca e perguntou:- E Antônio?- Eu mandei ele voltar com Fábio. - Respondeu Francisca.- Ah, entendi. - Claudia observou as roupas molhadas de Francisca e não pôde deixar de comentar. - Ele simplesmente foi embora assim, sem nem te proteger com um guarda-chuva.Como melhor amiga, Claudia, era claro, queria que Francisca encontrasse um homem que a tratasse bem.- Eu queria ficar sozinha um pouco, vamos, está frio
Antes, quando Antônio não tinha sofrido o acidente, Francisca partia em segredo. Agora que ele não podia ver, Francisca ousou dizer-lhe cara a cara que queria ir embora. Era que ela pensava que ele ficou cego e não era mais capaz de enfrentá-la, de agir contra ela?Francisca não percebeu a estranheza de Antônio, seus olhos baixos:- Não tínhamos combinado? Você também prometeu se divorciar de mim, eu não quero mais ficar com você.Antônio apertou com mais força.Francisca gemeu de dor:- Ai.Antônio soltou imediatamente um pouco:- Eu não concordo.- Eu posso te compensar, pagar suas dívidas, ajudar a pagar parte do que você deve, como uma compensação pelo acidente de carro. - Continuou Francisca.Afinal, quando sofreu o acidente de carro, Antônio se colocou na frente dela, evitando que ela se machucasse. Antônio entendeu pela primeira vez a sensação de ter o coração partido, e agora está vivendo isso novamente.- Quem precisa dessa compensação?Antônio aumentou o tom de voz, quase per
Em Cidade C. A situação causada por Gabriela na cidade estava fora de controle, mesmo com todo o dinheiro do mundo, não seria resolvida de imediato. E pela primeira vez, ela sentiu medo.Após o retorno de Francisca, ela foi ao presídio para vê-la. Gabriela, que costumava ser radiante, agora estava pálida.- Francisca, e Helena?Gabriela perguntou imediatamente ao ver Francisca. Mesmo que Helena tinha dito que Gabriela era inocente nesse caso, Francisca a odiava profundamente.- Ela morreu, você a matou.Francisca não sentia mais nenhuma compaixão por ela. Helena a colocou na prisão com tanto esforço, não deixaria Gabriela sair.- Foi ela quem me incriminou, eu não a matei de verdade. - Explicou Gabriela.Francisca olhou friamente para ela:- Quem arriscaria a própria vida para incriminá-la?Gabriela, vendo que Francisca não acreditava, ficou furiosa e apertou os punhos:- Como eu poderia saber o que deu nela, ela não tem medo de morrer, me prejudicou!Ao ouvir isso, Francisca sentiu um