Se não fosse pela presença da criança, Antônio teria usado palavras ainda mais duras.Quando Roberto e Liliane saíram do prédio, seus rostos estavam ruborizados de vergonha. Roberto nem se importava mais com sua dignidade:- Quem ele pensa que é, esse Antônio, para me dar lições? Eu sou o primo dele.Liliane, ao lado, segurando Flávio, também estava indignada:- Esse seu primo não tem nenhuma consideração por você, rebaixando-nos na frente de Flávio e do avô.Liliane olhou para a direção onde Antônio morava e um sorriso irônico se formou em seus lábios:- Acho que ele ainda não sabe quem é a verdadeira piada.Roberto ficou confuso:- O que você quer dizer?Liliane resmungou friamente:- Você não ouviu o que os outros disseram? Ele trouxe de volta aquela surda-muda.- E daí?Roberto pensou em Francisca com um pouco de pesar. Ela era bonita, mas, infelizmente, tinha problemas de audição e sempre precisava usar aparelho auditivo quando saía.- Querido, fique tranquilo, vou devolver o insu
Francisca nunca imaginou que Antônio, conhecido como o impiedoso CEO, teria um lado tão desprezível. Ela sempre pensou que ele não se importava com as mulheres.Antônio olhou para a mulher ao seu lado e pensou que valeria a pena ficar com ela no futuro. Foi somente quando o dia começou a clarear que ela finalmente adormeceu.Na Páscoa, a Família de Pareira estava animada como nos anos anteriores. Muitos parentes da Família de Pareira vieram para celebrar juntos. No entanto, diferente dos anos anteriores, este ano Francisca foi recuperada por Antônio. Algumas pessoas que já sabiam disso começaram a falar em particular. Eles discutiam como Francisca faria papel de tola este ano e como ela tentaria agradar os outros.- Eu realmente não entendo o que Antônio está pensando. Uma mulher daquelas, vai embora e pronto.- Quem sabe, talvez ela tenha voltado atrás por conta própria.Do lado de fora, havia muita animação.Dentro do quarto.Quando Francisca acordou, já era quase meio-dia. Ao levant
- Há quanto tempo! Você mudou bastante.Liliane estendeu a mão.No entanto, Francisca não estendeu a mão para cumprimentá-la, apenas sorriu educadamente:- Você, por outro lado, não mudou muito.O rosto de Liliane ficou tenso e ela recolheu a mão:- Você se importa de conversarmos lá fora?Liliane se casou antes de Francisca. Quando Francisca ficou noiva de Antônio, Liliane costumava visitá-la com frequência para conversar, parecendo uma verdadeira confidente.Mas foi somente depois que Francisca se casou com Antônio e Domingo faleceu, quando a Família Oliveira começou a enfrentar dificuldades financeiras, que a verdadeira face repugnante de Liliane se revelou. Era preciso admitir que algumas pessoas nasceram para serem atrizes.Enquanto caminhavam lado a lado, Liliane falou com ternura:- Você sabia que, quando ouvi dizer que você tinha morrido cinco anos atrás, passei a noite toda sem dormir? Naquela época, eu estava grávida de Flávio e quase sofri um aborto por causa disso.O mundo
Francisca olhou para o pátio não muito distante, pensando nas palavras de Liliane, e sem perceber, caminhou em direção a ele. O pátio estava limpo e arrumado, com o perfume doce das flores de um pé de jasmim que se espalhava pelo ar. Essa sensação era estranhamente familiar, Francisca sabia que já tinha estado ali antes, talvez há muito tempo atrás, mas havia esquecido. Quando era criança, ela acompanhava seu pai nas visitas à Família de Pareira.Francisca ficou em baixo do pé de jasmim e olhou para uma casa de madeira não muito distante. Ela deu passos lentos em direção à casa e empurrou a porta de madeira.A porta se abriu lentamente e Francisca pôde ver tudo lá dentro. Os móveis e objetos da sala estavam cobertos com lençóis brancos, como se estivessem escondendo algum segredo. Francisca ficou intrigada. O que Liliane queria que ela visse? Ela puxou um dos lençóis brancos. Um objeto caiu no chão.Francisca se aproximou e viu que era um porta-retratos. Ela se abaixou para pegá-lo e,
Francisca parecia perdida e desorientada aos olhos de Antônio, o que o deixou inquieto e imediatamente a levou de volta para casa.De volta ao lugar onde estavam hospedados, Antônio pegou uma peça de roupa e a ofereceu a ela: - O que você quer perguntar?- Você tem um irmão gêmeo?Francisca segurava firmemente a foto em suas mãos, sem mostrá-la diretamente a ele.Ao ouvir a palavra irmão, o semblante de Antônio ficou instantaneamente frio. Ele soltou o braço de Francisca que segurava:- Sim.- Por que nunca ouvi falar dele? Onde ele está agora? - Indagou Francisca.Antônio apertou os lábios em uma linha fina, seus olhos cheios de raiva gélida:- Você veio só para perguntar isso?Francisca o encarou. Um sorriso frio se esboçou nos lábios de Antônio, suas palavras eram afiadas como uma faca.- Isso é assunto de família Pareira, você não precisa saber.Assunto de família.Ao ouvir essas palavras, Francisca entendeu que não obteria nenhuma resposta dele. Ela ficou aliviada por não ter mos
As críticas e calúnias sofridas por Antônio durante o banquete de hoje pareciam insignificantes neste momento. Em vez de acordar Francisca, ele a abraçou suavemente em seus braços. Foi então que ele percebeu que a testa de Francisca estava quente.- Você está com febre!Francisca foi despertada pelos movimentos dele e com uma leve dor de cabeça disse:- Você voltou.- Você está com febre, vou chamar o médico para te examinar.Antônio se preparava para colocá-la no chão e pegar o celular. De repente, Francisca o abraçou:- Eu não quero ver o médico, basta eu tomar um remédio para resfriado e febre.Já se passaram quase duas semanas e ela ainda não teve a chance de ir ao hospital para verificar se estava grávida. Seria terrível se o médico descobrisse algo. Ela se aproximou dele de forma sedutora, seu corpo amolecido. O mau humor de Antônio durante o dia desapareceu completamente.- Se comporte.Francisca, no entanto, continuou abraçando-o:- Antônio, eu não quero ver o médico, por favor
Para não decepcionar Francisca, Antônio acabou levando-a para fora. A chuva finalmente havia parado naquela noite. Uma lua cheia brilhava no céu, iluminando tudo ao redor.Antônio levou Francisca até o lugar indicado por ela, que agora era um parque. O antigo lago havia se transformado em um lago artificial. Felizmente, todos já haviam ido embora naquele horário, então não havia muitas pessoas por ali.Francisca desceu do carro usando um casaco. Apesar de ainda não ser inverno, ela estava vestida mais quente do que o normal. Antônio caminhava ao seu lado: - É aqui mesmo?- Sim, mudou muito. - Respondeu Francisca.Antônio não tinha nenhuma lembrança. Ele havia visitado a Família Oliveira algumas vezes quando era criança, mas nunca tinha ido para as montanhas e nem sabia que havia um pequeno lago ali.Francisca caminhou pela ponte de madeira e parou bem no meio, olhando para a lua no céu. Era como se ela tivesse voltado à infância. Ela e Antônio fizeram um desejo juntos.O desejo dela e
Francisca acabou não conseguindo obter informações úteis de Liliane. Ela também não foi tola o suficiente para perguntar a Sílvia.De volta ao quarto, Francisca abriu o celular e viu a mensagem de Henrique:[Quando estiver disponível, me ligue.]Francisca ligou imediatamente. Em pouco tempo, a ligação foi atendida e a voz familiar de Henrique veio do outro lado:- Como têm sido as coisas ultimamente?- Consegui um mapa do lugar onde Fábio está, estou pensando em levá-lo embora quando nos encontrarmos. - respondeu Francisca.- Defina um horário e me avise, não me sinto tranquilo deixando você sozinha.Francisca entendeu o que ele queria dizer, ele estava com medo de que ela levasse Fábio para fora de Vila FlorDoura e acabasse sendo capturada novamente.- Não se preocupe, com certeza vou te procurar quando estivermos partindo.Ela só estava preocupada com um confronto direto entre Henrique e Antônio. Tinha medo de que Antônio se voltasse contra ele depois.- Legal. - Disse Henrique pausa