Francisca mantinha os olhos fechados, seu corpo tremia levemente. Antônio parou sua mão, percebendo que ela não estava dormindo e não continuou. Francisca estava com a testa coberta de suor, aliviada ao vê-lo parar.Noite avançada.Antônio ainda não conseguia dormir enquanto abraçava Francisca, então ele decidiu se levantar e sair. Quando Francisca acordou de manhã, ele já não estava ao seu lado. Tudo o que aconteceu na noite passada parecia um sonho.Francisca não se importou muito e foi se arrumar. Ela ficou em frente ao espelho, tentando ajustar suas emoções antes de sair do quarto. A porta do escritório estava aberta e, ao passar por ela, Francisca viu Antônio sentado em sua cadeira, sua postura ereta.Antônio voltou ao seu habitual ar sombrio, olhando atentamente para os documentos em sua frente. Francisca pensou em seu plano e teve que deixar de lado seu orgulho, se aproximando e batendo na porta.- O que você quer?Antônio nem sequer levantou a cabeça.- Desculpe pelo que aconte
Francisca havia acabado de chegar à antiga Mansão e tomara café da manhã com Antônio quando recebeu uma mensagem de texto de Sílvia. Dizia que queria a encontrar, e tinha algo para conversar.Francisca contou a Antônio.Antônio foi direto:- Não quer ir, recuse.Francisca não sabia se ele estava sendo educado ou sincero.- Eu posso ir.Francisca se levantou e foi encontrar Sílvia. No jardim lá fora, Sílvia estava vestida casualmente, regando as plantas pessoalmente. Ao ver Francisca se aproximando, Sílvia entregou a regadeira para a empregada:- Tire todas essas flores que não estão florescendo. - Sim.Sílvia disse isso de propósito na frente de Francisca, ironizando o fato de Francisca não ter filhos. Francisca, era claro, entendeu a insinuação, mas manteve uma expressão tranquila.As duas entraram no carro. No caminho, Sílvia estava notavelmente calma:- Francisca, você sabe? Recentemente, conheci uma criança muito adorável, que se parece muito com Antônio quando era criança.Franci
Sílvia entregou os valiosos brinquedos um por um na frente de Breno, na esperança de alegrá-lo. Mas para sua surpresa, Breno nem sequer se incomodou em olhar para os brinquedos e disse:- Vovó Sílvia, obrigado, mas minha mãe me disse para não aceitar presentes de estranhos.Francisca teve que se conter para não correr até lá. Ela ainda não sabia se Sílvia havia reconhecido Breno, então precisava ser cautelosa. Sílvia se agachou na frente de Breno, ouviu suas palavras de que ela ainda era uma estranha, e sentiu uma pontada no coração.- Breno, como posso ser uma estranha? Nós nos conhecemos há pelo menos alguns meses, e eu realmente gosto muito de você. - Explicou Sílvia.Ao mencionar a mãe dele, Claudia, Sílvia continuou:- Será que sua mãe está preocupada com a vovó? Depois da Páscoa, eu a convidarei para nos encontrarmos e conversar, assim não seremos mais estranhos, certo?Breno não esperava que sua avó, que costumava intimidar sua mãe, continuasse a persegui-lo. Durante o último mê
Ao retornar à antiga Mansão, Sílvia pediu a Francisca que pensasse cuidadosamente antes de recusar precipitadamente.- Afinal, nós dois sabemos muito bem que a Família Oliveira está em declínio, e você, uma mulher divorciada, não tem renda fixa. - Disse Sílvia.Francisca ficou no terraço do quarto de Antônio, olhando para a paisagem lá fora, com as palavras de Sílvia ecoando em sua mente. Será que uma mulher divorciada não pode se sustentar por si mesma? Um dia, ela provaria a Sílvia que não precisa depender de ninguém.Após refletir sobre tudo, Francisca colocou o copo d'água de lado e fez uma chamada de vídeo para Claudia.- O que está acontecendo, Francisca?Claudia estava comendo frutas.- Claudia, eu quero falar com Breno.- Certo, espere um momento.Claudia apontou a câmera para Breno, que estava sentado à mesa de estudos, arrumado e bem-comportado.- Mamãe.- Sim.Francisca sorriu afetuosamente. Enquanto ela pensava em como abordar Breno sobre o encontro de Sílvia com ele, Breno
Se não fosse pela presença da criança, Antônio teria usado palavras ainda mais duras.Quando Roberto e Liliane saíram do prédio, seus rostos estavam ruborizados de vergonha. Roberto nem se importava mais com sua dignidade:- Quem ele pensa que é, esse Antônio, para me dar lições? Eu sou o primo dele.Liliane, ao lado, segurando Flávio, também estava indignada:- Esse seu primo não tem nenhuma consideração por você, rebaixando-nos na frente de Flávio e do avô.Liliane olhou para a direção onde Antônio morava e um sorriso irônico se formou em seus lábios:- Acho que ele ainda não sabe quem é a verdadeira piada.Roberto ficou confuso:- O que você quer dizer?Liliane resmungou friamente:- Você não ouviu o que os outros disseram? Ele trouxe de volta aquela surda-muda.- E daí?Roberto pensou em Francisca com um pouco de pesar. Ela era bonita, mas, infelizmente, tinha problemas de audição e sempre precisava usar aparelho auditivo quando saía.- Querido, fique tranquilo, vou devolver o insu
Francisca nunca imaginou que Antônio, conhecido como o impiedoso CEO, teria um lado tão desprezível. Ela sempre pensou que ele não se importava com as mulheres.Antônio olhou para a mulher ao seu lado e pensou que valeria a pena ficar com ela no futuro. Foi somente quando o dia começou a clarear que ela finalmente adormeceu.Na Páscoa, a Família de Pareira estava animada como nos anos anteriores. Muitos parentes da Família de Pareira vieram para celebrar juntos. No entanto, diferente dos anos anteriores, este ano Francisca foi recuperada por Antônio. Algumas pessoas que já sabiam disso começaram a falar em particular. Eles discutiam como Francisca faria papel de tola este ano e como ela tentaria agradar os outros.- Eu realmente não entendo o que Antônio está pensando. Uma mulher daquelas, vai embora e pronto.- Quem sabe, talvez ela tenha voltado atrás por conta própria.Do lado de fora, havia muita animação.Dentro do quarto.Quando Francisca acordou, já era quase meio-dia. Ao levant
- Há quanto tempo! Você mudou bastante.Liliane estendeu a mão.No entanto, Francisca não estendeu a mão para cumprimentá-la, apenas sorriu educadamente:- Você, por outro lado, não mudou muito.O rosto de Liliane ficou tenso e ela recolheu a mão:- Você se importa de conversarmos lá fora?Liliane se casou antes de Francisca. Quando Francisca ficou noiva de Antônio, Liliane costumava visitá-la com frequência para conversar, parecendo uma verdadeira confidente.Mas foi somente depois que Francisca se casou com Antônio e Domingo faleceu, quando a Família Oliveira começou a enfrentar dificuldades financeiras, que a verdadeira face repugnante de Liliane se revelou. Era preciso admitir que algumas pessoas nasceram para serem atrizes.Enquanto caminhavam lado a lado, Liliane falou com ternura:- Você sabia que, quando ouvi dizer que você tinha morrido cinco anos atrás, passei a noite toda sem dormir? Naquela época, eu estava grávida de Flávio e quase sofri um aborto por causa disso.O mundo
Francisca olhou para o pátio não muito distante, pensando nas palavras de Liliane, e sem perceber, caminhou em direção a ele. O pátio estava limpo e arrumado, com o perfume doce das flores de um pé de jasmim que se espalhava pelo ar. Essa sensação era estranhamente familiar, Francisca sabia que já tinha estado ali antes, talvez há muito tempo atrás, mas havia esquecido. Quando era criança, ela acompanhava seu pai nas visitas à Família de Pareira.Francisca ficou em baixo do pé de jasmim e olhou para uma casa de madeira não muito distante. Ela deu passos lentos em direção à casa e empurrou a porta de madeira.A porta se abriu lentamente e Francisca pôde ver tudo lá dentro. Os móveis e objetos da sala estavam cobertos com lençóis brancos, como se estivessem escondendo algum segredo. Francisca ficou intrigada. O que Liliane queria que ela visse? Ela puxou um dos lençóis brancos. Um objeto caiu no chão.Francisca se aproximou e viu que era um porta-retratos. Ela se abaixou para pegá-lo e,