- Vamos nos divorciar.

Após três anos de casamento, essa foi a segunda frase que Lorenzo Borges disse a ela.

A primeira foi na noite do casamento deles. Ela girou em frente a ele com seu vestido de noiva branco, segurando a ampla cauda do vestido, e perguntou sorrindo se estava bonita. A resposta que recebeu foi:

- O casamento já acabou, vou mandar alguém te levar para o exterior.

E assim, ela foi enviada para o exterior sozinha por três anos.

Mas o que ela não esperava era receber essa frase logo após retornar ao país.

Um pedido de divórcio.

No aniversário de casamento deles.

- É realmente necessário nos divorciarmos? - Tatiana questionou, sem olhar para cima. Seu cabelo comprido estava cobrindo seu rosto, escondendo todas as emoções em seus olhos e rosto. Só se ouviu a voz trêmula dela, com um leve tremor de choro. - Não podemos conversar sobre isso e reconsiderar?

Lorenzo a encarou com seus olhos negros por um longo tempo, e ao responder, sua voz fria não tinha qualquer emoção extra:

- Você sabe, se não fosse pela doença grave do meu avô na época, eu nunca teria me casado com você.

Três anos atrás, o avô da família Borges estava gravemente doente, e seu último desejo era ver Lorenzo se casar e formar uma família.

Mas na verdade, esse casamento não era para ser dela. Ela era a garota que a família Garrote pegou errado na maternidade e levou para casa por engano. Quando ela estava com 18 anos, foi informada de que a verdadeira herdeira da família, Carolina Garrote, estava de volta. E assim, Tatiana se tornou a falsa herdeira que usurpou seu lugar.

Tudo o que ela desfrutou deveria ser de Carolina, o amor dos pais, o carinho do irmão mais velho e até mesmo esse casamento que foi combinado entre ela e Lorenzo desde o nascimento.

Mas o avô da família Borges disse que o casamento era baseado em sentimentos. Ela e Lorenzo cresceram juntos desde a infância, mesmo que sua identidade fosse falsa, eles ainda cresceram juntos, então Lorenzo tinha que casar com ela. Enquanto a família Garrote ainda a reconhecesse como filha, então as duas famílias ainda eram parentes.

Assim, ela e Lorenzo se casaram e registraram o casamento.

Mas então, Carolina foi diagnosticada com transtorno bipolar, não suportava ouvir o nome de Tatiana e muito menos vê-la. Ao saber do casamento, ela tentou se suicidar, e só sossegou com a companhia de Lorenzo.

Para evitar que a condição de Carolina piorasse, no segundo dia do casamento, Lorenzo a enviou para o exterior sem se importar com ela, e ela só voltou agora, depois de três anos.

Lorenzo entregou um acordo para ela, dizendo:

- Já fiz o acordo de divórcio com o advogado, dê uma olhada, se não tiver objeções, assine.

Tatiana pegou o documento e perguntou com a cabeça baixa:

- Você pode me dar um tempo para aceitar tudo isso com calma?

Lorenzo olhou para ela, a franja espessa estava cobrindo os olhos dela. Aparentemente, viver sozinha em um país estrangeiro a tornou mais reclusa.

- Se houver algo que você não esteja satisfeita em relação aos bens, fique à vontade para mencionar. Esta mansão também será colocada em seu nome. Te dou uma semana de prazo para digerir tudo isso.

Dito isso, ele se virou para sair do quarto.

Quando apoiou os dedos na maçaneta, ele olhou para dentro do quarto por um momento. Os ombros magros da mulher tremiam levemente, mantendo a posição segurando o acordo imóvel.

Lorenzo tinha uma expressão sombria quando fechou a porta.

O quarto ficou completamente silencioso.

Após um momento, houve um grito de celebração:

- Desgraçado! Finalmente, o divórcio aconteceu!

Tatiana olhou para o acordo de divórcio em suas mãos e finalmente não conseguiu segurar o riso, os traços dos ombros tremendo se tornaram ainda mais evidentes.

Durante os três anos que ela foi enviada para o exterior, ela não recebeu uma única mensagem de preocupação da família Garrote, nem uma palavra de consolo de seu suposto marido.

Mesmo quando estava sendo perseguida e quase morta do lado de fora, ela não conseguia entrar em contato com Lorenzo.

Seu amor, já havia sido enterrado naquele inverno.

Depois de assinar o acordo com satisfação, ela se jogou na cama, sua franja se espalhando junto aos cabelos longos, e em seu belo rosto não havia nenhum sinal de tristeza.

Enquanto se levantava para arrumar a bagagem que ainda não havia sido organizada, seu celular tocou.

Tatiana atendeu o telefone com uma voz doce:

- Alô, meu querido irmão Edu.

Do outro lado da linha, a pessoa foi direto ao assunto:

- Irmãzinha, aquela gangue que tentou sequestrar você no aeroporto quando você voltou para o país, eles já foram capturados, e de quebra, trouxeram pistas daquele seu caso de perseguição de três anos atrás. Infelizmente, todas as pistas apontam para seus pais adotivos e... Aquele seu suposto marido.