Com a luz, era fácil ver onde havia sujeira e onde não havia no quintal. Entrar no quintal ficou muito mais conveniente.Por sorte, nem todos os cantos eram inacessíveis.O casal da pastelaria voltou para casa e tudo ficou mais calmo. Mariane abriu a porta da sala de estar e convidou o Sr. Frescura Lopes a entrar.- Ainda tem muitas na árvore, vamos colher algumas para levar à vovó. - Ela disse.Vinicius não contestou isso, provavelmente achando que Mariane era sincera em presentear a avó.- Hmm. - Ele respondeu com nobreza, e Mariane revirou os olhos.- Eu não consigo alcançar, venha me ajudar a colher. - Ela disse novamente.- A última vez que levou aquele cesto inteiro de amoras para a montanha, foi seu avô quem voltou dos mortos e te ajudou a colher?Mariane se engasgou. Ela costuraria a boca dele, mais cedo ou mais tarde.Ela pegou um cesto e disse:- Naquela noite eu estava sozinha, hoje tenho alguém ao meu lado, um homem que pode respirar. Por que eu deveria passar por essa difi
Mariane continuou:- A sua família é diferente, a tragédia da sua mãe reside no fato de o seu pai não valer nada, não tem nada a ver com o destino.Vinicius franziu a testa e disse:- Se não sabe falar, cale a boca.Mariane riu.- Quando você diz essa frase para os outros, você não sente nenhuma culpa?Vinicius ergueu o olhar e olhou friamente para ela.Mariane olhou de volta.Vinicius ficou sem palavras e desviou o olhar.- Então? Trapacear, foi o seu avô que ensinou?Ao olhar para a decoração da sala, dá para perceber que o avô dela não era uma pessoa comum.- Trapacear? Isso é habilidade! - Mariane também não escondeu e disse. - Baralho, afinal, não é apenas um jogo? É normal ter um ou dois jogadores de alto nível, não é?- Jogar baralho é habilidade, e roubar cartas também? - Ele a questionou.Mariane ficou perplexa por um momento.Ele resmungou e continuou perguntando:- E o truque de trocar coisas de lugar também?Mariane se lembrou.Ele estava se referindo ao incidente no hipódr
Tesouro?Precisava falar assim?Ela pensou que ele era a Raquel, que precisava de palavras fofas?Vinicius resmungou em seu interior e deu uma olhada para baixo, dizendo:- Não vai fazer uma pequena demonstração primeiro?- Você nem vai me dar gorjeta, por que tem tantas exigências?Ela reclamou, mas ainda assim fez uma demosntração.Originalmente, ela tinha um caule em cada mão. Abriu e fechou as palmas das mãos, mostrando para ele, e de repente suas mãos estavam vazias. Depois de mais alguns movimentos, os caules reapareceram nas palmas das mãos. Ela fechou os punhos em ambas as mãos, os punhos se tocaram e depois abriu as mãos, revelando que havia um caule em cada uma delas.Vinicius arqueou a sobrancelha.Mariane sorriu de forma arrogante, um pouco orgulhosa.- Pronto, já deu. Agora você precisa adivinhar, melhor de três. - Ela estendeu a mão para ele e disse. - Estenda a mão.Vinicius fez o que foi pedido.Dois caules caíram em sua palma.Ela pegou um caule em cada mão na frente d
Mariane acabou de terminar sua apresentação e estava de bom humor. Além disso, Vinicius, pela primeira vez, diminuiu a própria imagem na frente dela, o que indiretamente elogiou seu avô. Ela passou a gostar um pouco mais dele.Ela se inclinou e perguntou:- Seu pai não presta e seu avô também não é uma boa pessoa?Chocante.Vinicius lançou um olhar para ela, claramente relutante em falar.Mariane fez um som de desaprovação e disse:- Não me admira que...- Não te admira o quê?“Que você seja tão desprezível. Seu pai não presta, e você ainda tem os genes ruins do lado da sua mãe. O que mais poderia ser esperado?”Mariane disse isso mentalmente, mas não ousou dizer mais nada para fora e, involuntariamente, seus olhos percorreram o rosto de Vinicius.- Nada. - Respondeu ela.Vinicius era uma pessoa que conseguia entender o que ela pensava com apenas um olhar. Ele não resistiu e estendeu a mão, querendo agarrar a bochecha dela.Antes que ele pudesse mudar de expressão, Mariane rapidamente
Nessa hora, houve um baque!A porta do pátio foi batida por alguém.Mariane ficou assustada e se virou rapidamente, seus olhos atravessaram a sala de estar e as duas portas do pátio, pousando no homem em frente à porta.Ela suspirou de alívio e colocou o bilhete no bolso.Vinicius entrou pela porta do pátio e franziu a testa ao ver a bagunça no quintal. Sem expressão, ele perguntou:- Esta é mesmo a casa do casal da pastelaria?Mariane achou que ele não poderia saber sobre Marcelo, pensou por um momento e pareceu desnecessário dizer a ele, e mesmo que dissesse, ele talvez não quisesse ouvir.Ela olhou ao redor e disse:- É a casa de um amigo de infância, vim dar uma olhada.Dizendo isso, ela saiu da sala de estar e fechou a porta.Ela se aproximou de Vinicius, cada vez mais perto, e só então percebeu que ele não estava com uma aparência muito boa.- O que aconteceu com você? - Ela terminou de perguntar e se lembrou de que ele tinha bebido, provavelmente não estava se sentindo bem por n
O som de uma bicicleta elétrica passando pela rua ecoou, tornando a cozinha ainda mais silenciosa.Mariane sentiu seu coração pulsar e ficou parada no mesmo lugar, imóvel.Recuperando o raciocínio, ela pegou o celular de forma entorpecida e ligou a lanterna.A luz iluminou a área, revelando Vinicius agachado, com a cabeça baixa, aparentemente aliviando a dor, mas também procurando algo no chão próximo.- Desligue isso! - Ele levantou a cabeça bruscamente e disse, seu olhar penetrante atravessou o feixe de luz e atingiu o rosto dela.Mariane ficou assustada e rapidamente desligou a lanterna.- Você está procurando alguma coisa? - Ela perguntou.Ninguém respondeu.Ela teve certeza.Ele realmente não conseguia ouvir.Como isso era possível? Vinicius tinha algum problema de audição?Um pequeno objeto metálico passou rapidamente por sua mente e ela entendeu de repente.Seria um aparelho auditivo?Ou algo parecido com um implante coclear?Sua mente estava confusa, mas ela se abaixou com cuid
- Senhora, vá para o banco de trás. Vou pedir a alguém para dirigir para você. O Sr. Vinicius tem assuntos a tratar e não poderá te acompanhar de volta para casa. - Na beira da estrada, Túlio cumprimentou Mariane apressadamente e foi em direção ao carro preto atrás.Mariane ficou parada na beira da estrada e, com a ajuda da luz da rua, conseguiu ver o rosto pálido de Vinicius no banco de trás.No segundo seguinte, ele abriu os olhos.Em um breve momento de contato visual, ele virou o rosto para o lado, a janela do carro subiu, bloqueando sua visão.O carro se afastou lentamente diante de Mariane.- Senhora, por favor, entre no carro. - Disse o motorista que ficou para trás.Mariane continuou olhando para as luzes traseiras do carro que se afastava até que não pudesse mais vê-las e só então voltou a si.Ao entrar no carro, ela revivia em sua mente as cenas na cozinha.“O que estava acontecendo afinal?”Isso já existia antes do casamento ou aconteceu durante os três anos de casados e ela
No teatro, às 10 da manhã, quando Mariane chegou ao camarim, estava animado lá dentro.A diretora Flávia estava dando instruções para Cláudia e alguns rostos novos, incluindo alguns rapazes.Mariane nem teve a chance de falar quando um jovem ao seu lado largou o roteiro que estava segurando e cumprimentou ela:- Olá, sou Ícaro.Mariane respondeu:- Ah... Prazer, Raíssa.“Que incômodo.”Ela precisava encontrar uma maneira de voltar rapidamente para o seu nome de verdade.Enquanto pensava nisso, a diretora Flávia a chamou e disse:- Cláudia te chamou, não é?- Sim.- Não precisa se preocupar. - Disse a diretora Flávia, dando um gole no chá. - Não precisamos competir com a Sabrina. Vamos seguir nosso próprio ritmo, ensaiar, subir ao palco, passo a passo.Mariane observou a diretora Flávia tão relaxada e assentiu com a cabeça.A diretora Flávia disse:- Perfeito, o elenco está todo reunido. Vocês devem se familiarizar primeiro. Hoje à tarde, faremos o primeiro ensaio completo.- Certo.Mar