Giovana se debatia com todas as forças, mas como poderia competir com a força dos seguranças?— Sílvio, está doendo... — A voz da Giovana estava embargada, enquanto soluçava.Sílvio lançou um olhar direto para Leopoldo, que entendeu o recado e ordenou aos dois seguranças:— Soltem ela.Assim que foi libertada, Giovana, acreditando ter encontrado apoio, correu eufórica em direção a Sílvio, que estava sentado de forma impassível. Porém, talvez pela pressa ou pela intensidade do momento, o salto do sapato que ela usava se quebrou de repente.Um gemido involuntário escapou quando seu tornozelo virou de forma brusca, e ela caiu desajeitada no chão. Tentando se recompor, estendeu a mão, que só conseguiu alcançar a perna perfeitamente alinhada da calça de Sílvio.Ela ergueu os olhos, os mesmos agora úmidos e avermelhados, esperando encontrar nele o olhar de compaixão que tantas vezes havia imaginado. Mas o que viu foi um par de olhos frios, distantes, quase estranhos. Era como se o Sílvio de
Giovana caiu pesadamente no chão, o impacto ecoando pelo silêncio da fábrica abandonada.Sílvio a encarava com um olhar tão frio que parecia congelar o ar ao redor:— Ou será que você acha que eu sou algum idiota que pode ser enganado tão facilmente?Giovana sentia uma dor cortante que fazia as lágrimas escorrerem pelo rosto, mas ela sabia que admitir a verdade seria o fim de tudo. Com esforço, engatinhou até a perna de Sílvio, os olhos transbordando de desespero:— Eu sou Lúcia de verdade, Sílvio! Mesmo que você me mate, eu sou Lúcia! Eu sou a Lúcia que te ama!— Você não é Lúcia. A conta que transferiu o dinheiro para a gente está no nome de Giovana. Sr. Sílvio, não se deixe enganar por ela. — Interrompeu o homem que havia sido capturado, com a voz carregada de rancor.Giovana virou-se para ele com fúria nos olhos:— Se não quer morrer, cale a boca!— Giovana, você fez tantas coisas horríveis. Se você não sabe disso, quem sabe? — Continuou o homem, ignorando sua ameaça. — Você acha
Mas Giovana ainda não tinha desistido, agarrava-se a uma última esperança. Com dor e desespero, rastejou novamente até os pés de Sílvio, tentando alcançar a barra da calça dele com as mãos trêmulas:— Sílvio, você lembra do que me disse esta noite? Você disse que, não importava quem eu fosse ou o que eu tivesse feito, você me amaria, me aceitaria e nunca me trairia!Se não fossem aquelas palavras doces de Sílvio, como ela teria coragem de arriscar tudo para eliminar Arthur? Suas mãos, ainda sujas de sangue, mal puderam ser erguidas antes que um sapato preto pisasse com força em suas costas, esmagando-as contra o chão.A dor fez os lábios de Giovana tremerem. O olhar de Sílvio, frio como gelo, desceu até ela. A pressão do sapato aumentava a cada segundo.— Já ouviu aquela frase? "Enquanto caça os outros, alguém pode estar caçando você"? — Sílvio disse com um sorriso cínico, pausando por um momento antes de continuar. — Se você não tivesse tanta pressa para dar fim ao seu amante, eu até
O segurança pegou o frasco de remédio aberto das mãos de Leopoldo. Uma garrafa inteira foi despejada à força na boca de Giovana. O gosto amargo do remédio fez com que ela quisesse vomitar, mas não tinha escolha. Foi obrigada a engolir até a última gota antes que os seguranças a soltassem.Giovana caiu no chão, sem forças e pensou:“Acabou... tomei tanto veneno. Está perdida.”Ninguém poderia imaginar que o veneno preparado por Arthur acabaria, por um golpe do destino, sendo ingerido por ela mesma.Deitada no chão frio, Giovana tremia de medo, o corpo sacudindo como se estivesse tomado por uma febre de pavor. O desconhecido sempre a aterrorizava, mas agora, a incerteza do que estava acontecendo dentro do seu corpo era ainda pior.Mais alguns seguranças se aproximaram. Não satisfeitos, começaram a chutá-la repetidamente.Giovana sentiu cada golpe como se fosse um martelo esmagando seu corpo. Chutes secos, impiedosos, que a faziam chorar e gritar de dor. Mas os chutes tinham um alvo espec
Sílvio a olhava de cima, o semblante frio e impiedoso. Um sorriso cínico surgiu em seus lábios:— Você acha que merece?— Eu não mereço? E quem merece então? Lúcia? Sílvio, você realmente acredita que pode voltar a ser como antes com ela? — Giovana riu com desdém, enquanto estava jogada no chão, os olhos carregados de ironia. Com os dedos trêmulos, ela arrastava o sangue que se acumulava no piso.Ao perceber o franzir de sobrancelhas de Sílvio, ela sorriu ainda mais.O sapato de couro dele esmagou a mão dela com força. Giovana, no entanto, não parou de rir:— Pode me matar, mas nunca vai conseguir voltar no tempo com ela. Se eu não me engano, Lúcia perdeu a memória de novo, não foi? Esqueceu tudo... Esqueceu você, esqueceu todo o sofrimento que você causou. Vocês podem até ter se reconciliado agora, mas e daí?Giovana gargalhou alto, a voz ecoando no espaço vazio. Ela continuou, sem dar trégua:— Entre vocês há uma bomba-relógio. Mesmo sem mim, ela vai recuperar as memórias. E você sab
Afinal, a família Baptista sempre foi inocente, e Sílvio havia direcionado sua vingança para o alvo errado. A família Baptista nunca lhe faltou com bondade, mas acabou sofrendo um destino tão cruel.Sílvio sentia-se tomado por raiva e tristeza. Embora não soubesse toda a verdade, tinha certeza de uma coisa: Giovana estava no centro de tudo isso.Ao perceber que Giovana estava à beira da morte, Sílvio a soltou bruscamente e se levantou:— Morrer? Não vai ser tão fácil assim.Ele virou-se para Leopoldo:— Leve Giovana de volta para Cidade A. Dê um jeito de fazê-la falar. Quanto a Paulo, certifique-se de que os guardas da prisão o interroguem com rigor.— O senhor vai voltar para Cidade A antes? — Perguntou Leopoldo, encarando-o.Sílvio respondeu com voz grave:— Vou buscar Lúcia para levá-la para casa.— Sra. Lúcia vai ficar muito feliz de ver o senhor, Sr. Sílvio. — Comentou Leopoldo com um leve sorriso.Ao sair da fábrica abandonada, percebeu que a chuva havia cessado. O ar estava impr
Pensando no passado, Sílvio não sabia se era por culpa ou por remorso. Sílvio mantinha o rosto tenso. Suas mãos grandes e alvas seguravam um isqueiro retrô com detalhes em relevo, mas parecia que a força tinha lhe abandonado. Tentou várias vezes acendê-lo, sem sucesso.Ele retirou o cigarro branco que mordia entre os lábios, partiu-o em dois e o jogou pela janela do carro, caindo no chão úmido. Seus olhos cor de âmbar, por trás dos óculos de armação metálica, estavam levemente avermelhados. Ligou o carro e acelerou em direção ao aeroporto.Sílvio nunca imaginou que ele próprio era o causador de tudo. Ele era o verdadeiro responsável pela ruína da família de Lúcia!“Com que cara eu vou procurar a Lúcia?” Sílvio murmurou para si mesmo. Giovana tinha razão: Lúcia só gostava dele porque havia perdido todas as lembranças.Ele sabia melhor do que ninguém o quanto a família significava para ela. Da última vez, quando precisou de um transplante de fígado e recuperou a memória, ela ficou descon
O vice-diretor tinha muito a agradecer a Sílvio.Com o celular na mão, Sílvio falou com um tom frio e distante:— Não tem mais nada? Então vou desligar.— Sr. Sílvio, quando o senhor pretende se internar para o tratamento? Não dá mais para adiar. O senhor está em estágio avançado de leucemia... Já conversou com a Sra. Lúcia? — Do outro lado da linha, o agora Dr. Bruno, vice-diretor do hospital, tentava alertá-lo, preocupado.Sílvio sabia que ele só queria o seu bem. Massageou as têmporas, exausto:— Daqui a alguns dias, vou me internar.— Quanto antes, melhor. A saúde é o mais importante.Com a cabeça cheia e ansioso para ver Lúcia, Sílvio nem tomou café da manhã. Decidiu ir ao encontro dela para, quem sabe, tomarem o café juntos.O carro estacionou na entrada da propriedade da família Araújo. Quem o recebeu foi Enzo.Com um sorriso educado, mas sem se curvar, Enzo perguntou:— Sr. Sílvio, que vento o trouxe até aqui?— Está se fazendo de desentendido? — Sílvio respondeu, com uma das m