Mas Giovana ainda não tinha desistido, agarrava-se a uma última esperança. Com dor e desespero, rastejou novamente até os pés de Sílvio, tentando alcançar a barra da calça dele com as mãos trêmulas:— Sílvio, você lembra do que me disse esta noite? Você disse que, não importava quem eu fosse ou o que eu tivesse feito, você me amaria, me aceitaria e nunca me trairia!Se não fossem aquelas palavras doces de Sílvio, como ela teria coragem de arriscar tudo para eliminar Arthur? Suas mãos, ainda sujas de sangue, mal puderam ser erguidas antes que um sapato preto pisasse com força em suas costas, esmagando-as contra o chão.A dor fez os lábios de Giovana tremerem. O olhar de Sílvio, frio como gelo, desceu até ela. A pressão do sapato aumentava a cada segundo.— Já ouviu aquela frase? "Enquanto caça os outros, alguém pode estar caçando você"? — Sílvio disse com um sorriso cínico, pausando por um momento antes de continuar. — Se você não tivesse tanta pressa para dar fim ao seu amante, eu até
O segurança pegou o frasco de remédio aberto das mãos de Leopoldo. Uma garrafa inteira foi despejada à força na boca de Giovana. O gosto amargo do remédio fez com que ela quisesse vomitar, mas não tinha escolha. Foi obrigada a engolir até a última gota antes que os seguranças a soltassem.Giovana caiu no chão, sem forças e pensou:“Acabou... tomei tanto veneno. Está perdida.”Ninguém poderia imaginar que o veneno preparado por Arthur acabaria, por um golpe do destino, sendo ingerido por ela mesma.Deitada no chão frio, Giovana tremia de medo, o corpo sacudindo como se estivesse tomado por uma febre de pavor. O desconhecido sempre a aterrorizava, mas agora, a incerteza do que estava acontecendo dentro do seu corpo era ainda pior.Mais alguns seguranças se aproximaram. Não satisfeitos, começaram a chutá-la repetidamente.Giovana sentiu cada golpe como se fosse um martelo esmagando seu corpo. Chutes secos, impiedosos, que a faziam chorar e gritar de dor. Mas os chutes tinham um alvo espec
Sílvio a olhava de cima, o semblante frio e impiedoso. Um sorriso cínico surgiu em seus lábios:— Você acha que merece?— Eu não mereço? E quem merece então? Lúcia? Sílvio, você realmente acredita que pode voltar a ser como antes com ela? — Giovana riu com desdém, enquanto estava jogada no chão, os olhos carregados de ironia. Com os dedos trêmulos, ela arrastava o sangue que se acumulava no piso.Ao perceber o franzir de sobrancelhas de Sílvio, ela sorriu ainda mais.O sapato de couro dele esmagou a mão dela com força. Giovana, no entanto, não parou de rir:— Pode me matar, mas nunca vai conseguir voltar no tempo com ela. Se eu não me engano, Lúcia perdeu a memória de novo, não foi? Esqueceu tudo... Esqueceu você, esqueceu todo o sofrimento que você causou. Vocês podem até ter se reconciliado agora, mas e daí?Giovana gargalhou alto, a voz ecoando no espaço vazio. Ela continuou, sem dar trégua:— Entre vocês há uma bomba-relógio. Mesmo sem mim, ela vai recuperar as memórias. E você sab
Afinal, a família Baptista sempre foi inocente, e Sílvio havia direcionado sua vingança para o alvo errado. A família Baptista nunca lhe faltou com bondade, mas acabou sofrendo um destino tão cruel.Sílvio sentia-se tomado por raiva e tristeza. Embora não soubesse toda a verdade, tinha certeza de uma coisa: Giovana estava no centro de tudo isso.Ao perceber que Giovana estava à beira da morte, Sílvio a soltou bruscamente e se levantou:— Morrer? Não vai ser tão fácil assim.Ele virou-se para Leopoldo:— Leve Giovana de volta para Cidade A. Dê um jeito de fazê-la falar. Quanto a Paulo, certifique-se de que os guardas da prisão o interroguem com rigor.— O senhor vai voltar para Cidade A antes? — Perguntou Leopoldo, encarando-o.Sílvio respondeu com voz grave:— Vou buscar Lúcia para levá-la para casa.— Sra. Lúcia vai ficar muito feliz de ver o senhor, Sr. Sílvio. — Comentou Leopoldo com um leve sorriso.Ao sair da fábrica abandonada, percebeu que a chuva havia cessado. O ar estava impr
Pensando no passado, Sílvio não sabia se era por culpa ou por remorso. Sílvio mantinha o rosto tenso. Suas mãos grandes e alvas seguravam um isqueiro retrô com detalhes em relevo, mas parecia que a força tinha lhe abandonado. Tentou várias vezes acendê-lo, sem sucesso.Ele retirou o cigarro branco que mordia entre os lábios, partiu-o em dois e o jogou pela janela do carro, caindo no chão úmido. Seus olhos cor de âmbar, por trás dos óculos de armação metálica, estavam levemente avermelhados. Ligou o carro e acelerou em direção ao aeroporto.Sílvio nunca imaginou que ele próprio era o causador de tudo. Ele era o verdadeiro responsável pela ruína da família de Lúcia!“Com que cara eu vou procurar a Lúcia?” Sílvio murmurou para si mesmo. Giovana tinha razão: Lúcia só gostava dele porque havia perdido todas as lembranças.Ele sabia melhor do que ninguém o quanto a família significava para ela. Da última vez, quando precisou de um transplante de fígado e recuperou a memória, ela ficou descon
O vice-diretor tinha muito a agradecer a Sílvio.Com o celular na mão, Sílvio falou com um tom frio e distante:— Não tem mais nada? Então vou desligar.— Sr. Sílvio, quando o senhor pretende se internar para o tratamento? Não dá mais para adiar. O senhor está em estágio avançado de leucemia... Já conversou com a Sra. Lúcia? — Do outro lado da linha, o agora Dr. Bruno, vice-diretor do hospital, tentava alertá-lo, preocupado.Sílvio sabia que ele só queria o seu bem. Massageou as têmporas, exausto:— Daqui a alguns dias, vou me internar.— Quanto antes, melhor. A saúde é o mais importante.Com a cabeça cheia e ansioso para ver Lúcia, Sílvio nem tomou café da manhã. Decidiu ir ao encontro dela para, quem sabe, tomarem o café juntos.O carro estacionou na entrada da propriedade da família Araújo. Quem o recebeu foi Enzo.Com um sorriso educado, mas sem se curvar, Enzo perguntou:— Sr. Sílvio, que vento o trouxe até aqui?— Está se fazendo de desentendido? — Sílvio respondeu, com uma das m
— Senhor, é melhor o senhor voltar outro dia. Se quiser falar com o Sr. Basílio, seria bom agendar uma hora com antecedência. — A recepcionista, incapaz de resistir ao charme de Sílvio, ainda assim jogou pelo seguro. Pegou o telefone fixo e, na frente dele, ligou para a linha interna para confirmar com Basílio. Depois de receber a negativa, olhou para Sílvio com um olhar de pesar.Sílvio lançou um olhar frio para a recepcionista e, em seguida, varreu com os olhos indiferentes o movimento intenso do Grupo Araújo. Sem mais palavras, virou-se e foi embora.A noite já caía. O céu escuro se estendia como um manto negro, pontilhado por poucas estrelas dispersas, que brilhavam com uma luz tímida e amarelada.Basílio, por sua vez, havia decidido trabalhar até depois das dez da noite antes de finalmente sair de sua imponente sala na presidência. Entrou no elevador e, enfiando a mão no bolso do casaco azul-acinzentado, tirou o celular e discou para Lúcia.Do outro lado, a ligação foi atendida no
— Onde está a Lúcia? — Perguntou Sílvio, direto.— Não sei.— Não sabe? Acha que pode me enganar? Foi você que a escondeu, não foi? — Sílvio arqueou os lábios em um sorriso debochado. — Não era você que dizia que não se interessava por mulheres casadas? O que foi agora? Mudou de ideia?Basílio estreitou os olhos, o tom repleto de provocação:— Sílvio, ela já está divorciada de você. Vocês dois não têm mais nenhuma ligação.— Divorciada ou não, ainda podemos nos casar de novo. Ela gosta de mim, não de você. Basílio, será que até agora você não entendeu qual é o seu lugar? Lúcia não te ama! Nunca amou! Se ela te amasse, eu já estaria fora da vida dela há muito tempo. Quem não ama, Basílio, não importa o que aconteça, perda de memória, tragédias ou o que for, ela nunca vai te amar.As palavras atingiram Basílio como uma lâmina afiada. Ele sabia que Sílvio tinha razão, mesmo que doesse admitir. Em todos esses anos, ele havia sido apenas o plano B. Não, nem isso. Ele era apenas a pessoa con