Quem gostaria de um "amor" assim? Era doentio. Sufocante.— Acha que meu amor é nojento? Giovana, você só merece alguém como eu para gostar de você. Acha mesmo que o Sílvio iria querer uma mulher venenosa como você? — Arthur viu o olhar de desprezo dela e sentiu o coração se partir em mil pedaços.O olhar frio de Giovana, seu colapso emocional, eram muito mais dolorosos do que as facadas que ela lhe dava. Aquilo o devastava por dentro.Arthur suava frio. O sangue escorria junto com o suor, traçando linhas rubras no rosto pálido. Seus óculos estavam manchados de vermelho, quase opacos pela sujeira. Ele cerrou os dentes, insistindo em um último alerta:— Eu sei que não sou páreo para o Sílvio. Mas vou te dizer uma coisa, Giovana: pense com clareza. Se você me matar, vai morrer ainda mais rápido. Você acha que consegue lidar com o Sílvio sozinha? Você é ingênua demais. Acredita mesmo que, assim que eu morrer, ele não vai virar contra você? Seus sonhos acabam aqui. Só eu posso te ajudar. S
O salto fino e pontudo do sapato cravou-se com força no pulso de Arthur, que jazia no chão, imerso em uma poça de sangue. A dor era tão intensa que ele sentiu a vista escurecer. A camisa de tom escuro, encharcada pelo suor e pelo sangue, grudava em suas costas marcadas por feridas. Estava fria e incômoda, uma sensação insuportável.Arthur sempre esteve no controle, de pé, enquanto ela se curvava como um peixe sobre a tábua, pronto para ser fatiado. Quem diria que o predador se tornaria presa um dia? O velho caçador, que passou a vida abatendo suas vítimas, agora era devorado por uma delas.Giovana ergueu levemente o queixo, exibindo aquela postura arrogante que Arthur conhecia tão bem. Talvez fosse a dor absurda, ou talvez algo mais profundo, mas ele não conseguiu evitar: sua mente o levou de volta ao momento em que viu Giovana pela primeira vez.Era um dia bonito, com uma brisa suave. Giovana havia torcido o tornozelo e foi levada ao hospital por Sílvio. Quando Arthur a viu pela prime
“Quem mais pode ajudá-la agora? Será que Sílvio realmente quer se casar com ela, ou tudo isso é só mais uma armadilha?”Arthur nunca foi do tipo que gosta de abrir o coração. Além disso, ele sabia que não era digno de gostar de Giovana. Comparado a Sílvio, ele era um homem de meia-idade, barrigudo, calvo, sem nenhum traço que pudesse competir com o rosto jovem e atraente de Sílvio. Sem dinheiro, sem poder, vivia apenas à sombra de Sílvio, implorando por uma migalha de sobrevivência. E mesmo que tivesse dinheiro, nunca seria suficiente para se equiparar ao que Sílvio tinha.A única coisa que Arthur possuía era sua astúcia. Ele acreditava que ele e Giovana estariam para sempre presos nesse jogo de gato e rato, mas, inesperadamente, o fim chegou muito antes do que ele imaginava. Arthur lamentava, arrependeu-se profundamente de não ter agido contra Sílvio mais cedo. E mais ainda, arrependia-se de nunca ter tratado Giovana com o cuidado que ela merecia. Por muito tempo, ele apenas descontou
Finalmente, o tão esperado dia havia chegado. A partir de agora, ninguém mais saberia das sujeiras que Giovana havia feito, nem teria como ameaçá-la ou usá-las para obrigá-la a fazer coisas contra sua vontade.Giovana deu alguns passos cambaleantes para trás e, em meio à euforia, soltou uma gargalhada alta e nervosa:— Que maravilha! Que maravilha! A partir de hoje, ninguém mais vai ficar no meu caminho!Mas, conforme ria, uma tristeza inesperada tomou conta dela. Lágrimas grossas começaram a escorrer de seus olhos avermelhados. Todas as dores e humilhações que havia suportado até aqui pesavam em seu peito, e ela não conseguiu conter o choro. Do lado de fora do galpão velho, um relâmpago roxo cortou o céu, iluminando rapidamente o ambiente escuro. Logo depois, o som da chuva começou a ecoar no telhado de amianto, com gotas caindo pesadamente e espalhando-se por toda parte."Chuva pode lavar todas as sujeiras do mundo. Quando a chuva terminar, o sol vai surgir. E quando o sol surgir, mi
Não podia ser. Ela devia ter ouvido errado. E, mesmo que tivessem descoberto alguma coisa, o que poderiam fazer? Desde que ela negasse tudo para Sílvio e ficasse firme em sua história, eles não teriam provas. Sem provas, não tinham como incriminá-la.Esse pensamento trouxe a Giovana algum alívio. Respirou fundo e, com uma expressão calma, respondeu:— Leopoldo, esse tipo de brincadeira não tem graça. Eu sou a Lúcia. Como poderia ser a tal Srta. Giovana? Eu sou Lúcia, a noiva do Sr. Sílvio.Leopoldo, no entanto, apenas sorriu. Um sorriso carregado de ironia e desprezo, que fez o coração de Giovana bater mais rápido.Para Giovana, Leopoldo não passava de um subordinado de quinta categoria, um cão de guarda fiel de Sílvio. Assim que ela se tornasse a Sra. Baptista, a primeira coisa que faria seria demitir esse homem insuportável. Mas agora não era hora de criar problemas.— Leopoldo, nós já confessamos tudo! Por que você ainda não nos soltou?Giovana ouviu a voz e sentiu um arrepio percor
Giovana se debatia com todas as forças, mas como poderia competir com a força dos seguranças?— Sílvio, está doendo... — A voz da Giovana estava embargada, enquanto soluçava.Sílvio lançou um olhar direto para Leopoldo, que entendeu o recado e ordenou aos dois seguranças:— Soltem ela.Assim que foi libertada, Giovana, acreditando ter encontrado apoio, correu eufórica em direção a Sílvio, que estava sentado de forma impassível. Porém, talvez pela pressa ou pela intensidade do momento, o salto do sapato que ela usava se quebrou de repente.Um gemido involuntário escapou quando seu tornozelo virou de forma brusca, e ela caiu desajeitada no chão. Tentando se recompor, estendeu a mão, que só conseguiu alcançar a perna perfeitamente alinhada da calça de Sílvio.Ela ergueu os olhos, os mesmos agora úmidos e avermelhados, esperando encontrar nele o olhar de compaixão que tantas vezes havia imaginado. Mas o que viu foi um par de olhos frios, distantes, quase estranhos. Era como se o Sílvio de
Giovana caiu pesadamente no chão, o impacto ecoando pelo silêncio da fábrica abandonada.Sílvio a encarava com um olhar tão frio que parecia congelar o ar ao redor:— Ou será que você acha que eu sou algum idiota que pode ser enganado tão facilmente?Giovana sentia uma dor cortante que fazia as lágrimas escorrerem pelo rosto, mas ela sabia que admitir a verdade seria o fim de tudo. Com esforço, engatinhou até a perna de Sílvio, os olhos transbordando de desespero:— Eu sou Lúcia de verdade, Sílvio! Mesmo que você me mate, eu sou Lúcia! Eu sou a Lúcia que te ama!— Você não é Lúcia. A conta que transferiu o dinheiro para a gente está no nome de Giovana. Sr. Sílvio, não se deixe enganar por ela. — Interrompeu o homem que havia sido capturado, com a voz carregada de rancor.Giovana virou-se para ele com fúria nos olhos:— Se não quer morrer, cale a boca!— Giovana, você fez tantas coisas horríveis. Se você não sabe disso, quem sabe? — Continuou o homem, ignorando sua ameaça. — Você acha
Mas Giovana ainda não tinha desistido, agarrava-se a uma última esperança. Com dor e desespero, rastejou novamente até os pés de Sílvio, tentando alcançar a barra da calça dele com as mãos trêmulas:— Sílvio, você lembra do que me disse esta noite? Você disse que, não importava quem eu fosse ou o que eu tivesse feito, você me amaria, me aceitaria e nunca me trairia!Se não fossem aquelas palavras doces de Sílvio, como ela teria coragem de arriscar tudo para eliminar Arthur? Suas mãos, ainda sujas de sangue, mal puderam ser erguidas antes que um sapato preto pisasse com força em suas costas, esmagando-as contra o chão.A dor fez os lábios de Giovana tremerem. O olhar de Sílvio, frio como gelo, desceu até ela. A pressão do sapato aumentava a cada segundo.— Já ouviu aquela frase? "Enquanto caça os outros, alguém pode estar caçando você"? — Sílvio disse com um sorriso cínico, pausando por um momento antes de continuar. — Se você não tivesse tanta pressa para dar fim ao seu amante, eu até