Ao olhar para a expressão arrogante e mandona de Arthur, Giovana sentiu o estômago revirar. Era repulsivo, nojento. Apertou com força a alça da bolsa que segurava e permaneceu imóvel, encarando-o com um olhar de desprezo.— Tá esperando o quê, sua idiota? Vem logo me soltar! Ou quer que eu acabe com você? — Arthur, vendo que ela não se movia, explodiu de raiva.Giovana caminhou até ele sem demonstrar qualquer emoção. Quando chegou perto, desferiu um tapa estrondoso em seu rosto:— Vai acabar com quem, hein? Arthur, é melhor você entender a situação. Agora, quem está no controle sou eu, e não você.— Você tá maluca? Como é que você tem coragem de me bater? — Arthur gritou, com o rosto já inchado como o de um porco abatido. O tapa abriu ainda mais as feridas, e sangue começou a escorrer de uma delas.Giovana inclinou-se para mais perto, os lábios curvados em um sorriso divertido, quase cruel, enquanto observava o estado deplorável dele.— Por que você não tenta me pedir desculpas? Quem s
O sangue escorria em gotas pesadas pelo cabo da adaga, caindo no chão com um som abafado. Arthur sentiu uma dor aguda e ofegou. Ele olhou para Giovana, aquela tola apaixonada, lutando para conter a raiva e a dor que borbulhavam em seu interior. Com o rosto pálido, esforçou-se para falar num tom calmo, quase suplicante:— Giovana, me escuta. Nosso inimigo agora é o Sílvio. Este não é o momento para brigas internas, está entendendo? Você não percebe que ele está te manipulando? Ele criou essa armadilha, e você caiu direitinho. Não pensou que é exatamente isso que ele quer? Que a gente se destrua antes mesmo de chegar nele? Me solta. Eu prometo que esqueço tudo isso. Nós nos unimos contra o Sílvio, acabamos com ele, e depois não teremos mais ninguém nos perseguindo. Você não quer ter uma vida boa? Não quer virar o jogo? Não sonha em ser uma mulher rica e respeitada? Eu posso te dar isso! Eu sou muito mais confiável do que ele.A dor no braço o fez apertar os olhos por um instante. Ele res
Quem gostaria de um "amor" assim? Era doentio. Sufocante.— Acha que meu amor é nojento? Giovana, você só merece alguém como eu para gostar de você. Acha mesmo que o Sílvio iria querer uma mulher venenosa como você? — Arthur viu o olhar de desprezo dela e sentiu o coração se partir em mil pedaços.O olhar frio de Giovana, seu colapso emocional, eram muito mais dolorosos do que as facadas que ela lhe dava. Aquilo o devastava por dentro.Arthur suava frio. O sangue escorria junto com o suor, traçando linhas rubras no rosto pálido. Seus óculos estavam manchados de vermelho, quase opacos pela sujeira. Ele cerrou os dentes, insistindo em um último alerta:— Eu sei que não sou páreo para o Sílvio. Mas vou te dizer uma coisa, Giovana: pense com clareza. Se você me matar, vai morrer ainda mais rápido. Você acha que consegue lidar com o Sílvio sozinha? Você é ingênua demais. Acredita mesmo que, assim que eu morrer, ele não vai virar contra você? Seus sonhos acabam aqui. Só eu posso te ajudar. S
O salto fino e pontudo do sapato cravou-se com força no pulso de Arthur, que jazia no chão, imerso em uma poça de sangue. A dor era tão intensa que ele sentiu a vista escurecer. A camisa de tom escuro, encharcada pelo suor e pelo sangue, grudava em suas costas marcadas por feridas. Estava fria e incômoda, uma sensação insuportável.Arthur sempre esteve no controle, de pé, enquanto ela se curvava como um peixe sobre a tábua, pronto para ser fatiado. Quem diria que o predador se tornaria presa um dia? O velho caçador, que passou a vida abatendo suas vítimas, agora era devorado por uma delas.Giovana ergueu levemente o queixo, exibindo aquela postura arrogante que Arthur conhecia tão bem. Talvez fosse a dor absurda, ou talvez algo mais profundo, mas ele não conseguiu evitar: sua mente o levou de volta ao momento em que viu Giovana pela primeira vez.Era um dia bonito, com uma brisa suave. Giovana havia torcido o tornozelo e foi levada ao hospital por Sílvio. Quando Arthur a viu pela prime
“Quem mais pode ajudá-la agora? Será que Sílvio realmente quer se casar com ela, ou tudo isso é só mais uma armadilha?”Arthur nunca foi do tipo que gosta de abrir o coração. Além disso, ele sabia que não era digno de gostar de Giovana. Comparado a Sílvio, ele era um homem de meia-idade, barrigudo, calvo, sem nenhum traço que pudesse competir com o rosto jovem e atraente de Sílvio. Sem dinheiro, sem poder, vivia apenas à sombra de Sílvio, implorando por uma migalha de sobrevivência. E mesmo que tivesse dinheiro, nunca seria suficiente para se equiparar ao que Sílvio tinha.A única coisa que Arthur possuía era sua astúcia. Ele acreditava que ele e Giovana estariam para sempre presos nesse jogo de gato e rato, mas, inesperadamente, o fim chegou muito antes do que ele imaginava. Arthur lamentava, arrependeu-se profundamente de não ter agido contra Sílvio mais cedo. E mais ainda, arrependia-se de nunca ter tratado Giovana com o cuidado que ela merecia. Por muito tempo, ele apenas descontou
Finalmente, o tão esperado dia havia chegado. A partir de agora, ninguém mais saberia das sujeiras que Giovana havia feito, nem teria como ameaçá-la ou usá-las para obrigá-la a fazer coisas contra sua vontade.Giovana deu alguns passos cambaleantes para trás e, em meio à euforia, soltou uma gargalhada alta e nervosa:— Que maravilha! Que maravilha! A partir de hoje, ninguém mais vai ficar no meu caminho!Mas, conforme ria, uma tristeza inesperada tomou conta dela. Lágrimas grossas começaram a escorrer de seus olhos avermelhados. Todas as dores e humilhações que havia suportado até aqui pesavam em seu peito, e ela não conseguiu conter o choro. Do lado de fora do galpão velho, um relâmpago roxo cortou o céu, iluminando rapidamente o ambiente escuro. Logo depois, o som da chuva começou a ecoar no telhado de amianto, com gotas caindo pesadamente e espalhando-se por toda parte."Chuva pode lavar todas as sujeiras do mundo. Quando a chuva terminar, o sol vai surgir. E quando o sol surgir, mi
Não podia ser. Ela devia ter ouvido errado. E, mesmo que tivessem descoberto alguma coisa, o que poderiam fazer? Desde que ela negasse tudo para Sílvio e ficasse firme em sua história, eles não teriam provas. Sem provas, não tinham como incriminá-la.Esse pensamento trouxe a Giovana algum alívio. Respirou fundo e, com uma expressão calma, respondeu:— Leopoldo, esse tipo de brincadeira não tem graça. Eu sou a Lúcia. Como poderia ser a tal Srta. Giovana? Eu sou Lúcia, a noiva do Sr. Sílvio.Leopoldo, no entanto, apenas sorriu. Um sorriso carregado de ironia e desprezo, que fez o coração de Giovana bater mais rápido.Para Giovana, Leopoldo não passava de um subordinado de quinta categoria, um cão de guarda fiel de Sílvio. Assim que ela se tornasse a Sra. Baptista, a primeira coisa que faria seria demitir esse homem insuportável. Mas agora não era hora de criar problemas.— Leopoldo, nós já confessamos tudo! Por que você ainda não nos soltou?Giovana ouviu a voz e sentiu um arrepio percor
Giovana se debatia com todas as forças, mas como poderia competir com a força dos seguranças?— Sílvio, está doendo... — A voz da Giovana estava embargada, enquanto soluçava.Sílvio lançou um olhar direto para Leopoldo, que entendeu o recado e ordenou aos dois seguranças:— Soltem ela.Assim que foi libertada, Giovana, acreditando ter encontrado apoio, correu eufórica em direção a Sílvio, que estava sentado de forma impassível. Porém, talvez pela pressa ou pela intensidade do momento, o salto do sapato que ela usava se quebrou de repente.Um gemido involuntário escapou quando seu tornozelo virou de forma brusca, e ela caiu desajeitada no chão. Tentando se recompor, estendeu a mão, que só conseguiu alcançar a perna perfeitamente alinhada da calça de Sílvio.Ela ergueu os olhos, os mesmos agora úmidos e avermelhados, esperando encontrar nele o olhar de compaixão que tantas vezes havia imaginado. Mas o que viu foi um par de olhos frios, distantes, quase estranhos. Era como se o Sílvio de