Lúcia não esperava que seus ferimentos acabassem envolvendo a reputação de Basílio.Vendo que ela permanecia em silêncio, Basílio insistiu:— Você vai me contar agora ou eu mesmo vou investigar? Não seria nada difícil descobrir.Lúcia hesitou por um momento antes de responder:— Eu conto, mas você promete que não vai fazer nada contra o Sílvio?Basílio riu, incrédulo:— Foi o Sílvio quem te machucou assim?— Não foi ele, mas tem a ver com ele. Sr. Basílio, eu só te peço que, por mim, não vá atrás dele.Depois de alguns segundos de silêncio, Basílio, contrariado, acabou concordando com o pedido.Foi só então que Lúcia começou a relatar os acontecimentos da manhã, detalhando tudo.Quanto mais Basílio ouvia, mais a raiva crescia dentro dele:— Ele está tão cego assim, e você ainda o defende?— Foi você quem me disse que devemos ter fé nas pessoas que amamos. Esqueceu disso? — Lúcia rebateu, num tom inesperado.Basílio ficou surpreso. Ele realmente havia dito isso, mas sua intenção era mot
O som do vidro quebrando ecoou pela sala. O vinho tinto derramado no carpete formava manchas escuras, quase como flores murchas. Sílvio nem teve tempo de reagir quando Basílio agarrou a gola de sua camisa e, sem aviso, desferiu um soco direto em seu rosto impecável e marcante.— Sílvio, seu desgraçado! Você acha que merece a Lúcia? Tem ideia do que você fez com ela? E ainda tem a cara de pau de ficar aqui bebendo vinho como se nada tivesse acontecido? — Basílio, tomado pela fúria, balançava os punhos, que golpeavam o rosto e o corpo de Sílvio sem piedade.A dor na bochecha latejava. Sílvio passou o dedo pelo canto da boca, agora manchado de sangue vermelho e vivo. Lentamente, ergueu a cabeça e lançou um sorriso para Basílio. Era um sorriso estranho, talvez de deboche, talvez de resignação, mas, acima de tudo, vazio. Ele estava ali porque estava frustrado, amargurado, e um pouco... com ciúmes. Mas o que ele podia fazer? Nada. Absolutamente nada.Para Basílio, aquele sorriso parecia um i
Mas as palavras de Basílio tinham um peso difícil de ignorar.— Olga também foi enviada pela Giovana para matar Lúcia. Só que ela teve um surto de consciência e preferiu se jogar contra a grade e acabar com a própria vida. Sílvio, você nunca acreditou de verdade na Lúcia. Vive dizendo que a ama, mas essa sua "grande" paixão nunca chegou até ela. Nem mesmo depois de tudo o que você fez, ela ainda tentou me impedir de te procurar para acertar as contas. Qualquer outra mulher, com um pouco mais de juízo, já teria te deixado há muito tempo. — Continuou Basílio, com a voz carregada de desprezo.Os olhos de Sílvio começaram a ficar ligeiramente vermelhos, mas ele se recusava a demonstrar qualquer fragilidade na frente de Basílio. Suas íris cor de âmbar piscavam rapidamente, tentando conter as lágrimas que ameaçavam escapar.— Levanta! Vamos buscar a Lúcia e levar ela pra casa! — Basílio gritou, puxando Sílvio pela gola da camisa.“Levar ela pra casa? Ah, como eu queria que fosse tão simples.
Arthur congelou levemente a mão enquanto passava o remédio no ferimento de Sílvio.Através da fumaça nebulosa do cigarro, Sílvio conseguiu perceber com clareza a ligeira mudança de expressão no rosto de Arthur.— Arthur, o que você acha disso? — Sílvio perguntou de repente, tragando o cigarro e lançando um sorriso enigmático.Aquele sorriso fez Arthur se sentir desconfortável, e seu coração acelerou de nervosismo:— Sr. Sílvio, o senhor ouviu algum boato?— Boato?— Sr. Sílvio, o senhor e a Sra. Lúcia passaram por tanta coisa para chegarem até aqui. Não foi fácil. Entre marido e mulher, o mais importante é a confiança mútua. A Sra. Lúcia foi salva por mim. Se ela fosse falsa, eu saberia. Agora, o Sr. Basílio… esse sim, tem intenções duvidosas e está claramente tentando causar discórdia entre vocês.Enquanto continuava a enfaixar o ferimento, Arthur sorriu e comentou:— Eu lembro que, naquela vez, quando o senhor e a Sra. Lúcia quase se divorciaram, foi justamente por causa dessa proxim
O carro avançava em alta velocidade pela estrada asfaltada.A pista, molhada pela neve derretida, brilhava sob as luzes dos postes. Os flocos de neve caíam continuamente sobre o para-brisa, e o limpador trabalhava em um ritmo constante, empurrando a neve acumulada para os lados.Sílvio observava com um olhar frio as luzes de néon e os pedestres que passavam pela janela. O vidro estava meio abaixado, e o vento gelado cortava seu rosto, mas ele parecia completamente alheio ao frio.— Sr. Sílvio, os resultados dos exames do hospital ficaram prontos. — Leopoldo falou, segurando o volante com certo nervosismo.Sílvio finalmente desviou o olhar da janela e fixou os olhos nele:— Fale.— Seu instinto estava certo. A Sra. Lúcia que está na sua mansão realmente tem algo errado.— Continue.— O relógio que o senhor me entregou estava cheio de substâncias entorpecentes.— Entorpecentes?— Exato. É um tipo de droga incolor e inodora, quase impossível de ser detectada. Com o uso prolongado, ela cau
Giovana, determinada a impressionar Sílvio, escolheu uma lingerie fina e provocante para a ocasião. Pelas mensagens de Arthur, ela sabia que Sílvio havia brigado com Basílio por causa dela e que, até aquele momento, ele não suspeitava de sua verdadeira identidade.Era impossível para Giovana não se sentir tocada por isso. Mas, mais do que isso, ela sabia que precisava agir rápido e aproveitar o momento para conquistar Sílvio de vez.Ela escolheu um casaco branco, caprichou na maquiagem, dando ao rosto um ar sedutor, e usou o babyliss para deixar as pontas do cabelo levemente onduladas, criando um charme especial. Por fim, calçou botas de cano alto, pegou o celular e as chaves do carro antes de sair da mansão.O que Giovana não sabia era que toda aquela produção só aceleraria sua queda para o inferno.O carro de Giovana acelerava pela estrada, até que uma van surgiu de repente em seu caminho, forçando-a a entrar em um beco longo e estreito.O lugar era mal iluminado, sem postes de luz.
Giovana nem conseguiu terminar de falar. Um dos homens deu mais um soco em seu rosto, desta vez com tanta força que o falso nariz dela se deformou completamente. O sangue começou a escorrer, pingando no chão.— Hah! Você pode até ser a rainha da Inglaterra que isso não muda nada. Hoje você não sai viva daqui se não nos deixar bem satisfeitos. — O homem riu com escárnio, olhando para ela com desprezo.A blusa de lã de Giovana foi rasgada, assim como sua calça jeans.Quando os homens viram o conjunto de lingerie provocante que ela usava por baixo, os olhos de um deles brilharam em excitação:— Vagabunda… com uma roupa dessas, é claro que estava só esperando por isso, não é? Querendo que alguém te pegue à força!Eles não viam uma mulher há muito tempo, e encontrar alguém tão atraente, com um corpo tão sedutor, parecia um presente inesperado.Giovana estava enjoada, sentindo o estômago revirar. Desesperada, começou a implorar:— Quanto vocês querem? Eu tenho dinheiro! Eu pago tudo o que vo
Giovana sentia uma dor insuportável na região íntima. Mesmo assim, reuniu forças para ir até uma farmácia e comprou algumas pomadas de uso tópico. O problema é que elas não surtiram efeito algum.Quando percebeu que o sangramento não parava, finalmente entendeu que a situação era muito mais grave do que imaginava. Ir a um grande hospital estava fora de questão. Ela ainda carregava o rosto de Lúcia, e, se algo viesse à tona e Sílvio descobrisse o que havia acontecido, as consequências seriam catastróficas."Sílvio pode amar essa cara, mas não vai querer uma mulher 'suja'."Giovana decidiu procurar uma pequena clínica.Deitada na maca, Giovana sentiu o espéculo ser introduzido à força. A dor era tão intensa que lágrimas escorriam involuntariamente pelo rosto.Após o exame, a médica, de expressão séria, deu o diagnóstico:— Você sofreu rasgamentos internos graves. Quer que eu chame a polícia?Claro que Giovana queria. Queria não só denunciá-los, mas também acabar com a vida de cada um daq