As palavras de sua mãe foram como uma mão gigantesca apertando o coração de Lúcia, causando-lhe uma dor tão intensa que ela mal conseguia respirar. Ela perguntou, ansiosa: — Mas o pagamento dos medicamentos foi feito há poucos dias, como é que o dinheiro acabou tão rápido?— Ainda temos dois milhões na conta, o dinheiro está lá, mas aquele desgraçado do Sílvio congelou tudo! Se não pagarmos, vão suspender os medicamentos à força! — A voz aflita de Sandra do outro lado da linha quase se quebrava em prantos. — Lúcia, o Dr. Arthur disse que seu pai estava se recuperando bem, mas parar com a medicação agora é muito perigoso! Lúcia, me diga a verdade, vocês brigaram de novo?Lúcia apertou o celular com força. Ela já sabia o que estava acontecendo. Sílvio estava tentando forçá-la a ter o bebê, usando seu pai como moeda de troca!Eles eram marido e mulher, ela o amava, confiava nele, o protegia, se casou com ele, e ele a enganou, a machucou e agora queria destruí-la!Como é que o amor deles
Marina, ao perceber que Lúcia não tinha a menor intenção de comer, ficou preocupada: — Srta. Lúcia, a senhora precisa comer. Eu ainda preciso gravar um vídeo seu comendo para mandar para o Leopoldo.Lúcia lembrou-se de que na noite anterior não havia comido nada, e que Marina havia ficado de joelhos na chuva por tanto tempo. Ela não podia deixar que suas próprias emoções punissem os outros, especialmente Marina, que não tinha culpa de nada.Reprimindo a sensação de saciedade no estômago, Lúcia forçou-se a comer cada colherada até limpar o prato.Marina, com o celular em mãos, gravou um vídeo dela comendo e logo enviou para Leopoldo.— Marina, você consegue entrar em contato com o Sílvio?Marina ficou um pouco surpresa ao ouvir a pergunta de Lúcia.— Pode tentar falar com ele para que me encontre? Eu preciso conversar com ele pessoalmente. — disse Lúcia, e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. — Marina, meu pai está sem os medicamentos. Por favor, me ajude a falar com ele, p
Após ver o nome no visor do celular, Lúcia sentiu uma pontada de decepção. Não era Sílvio. Mesmo assim, atendeu e levou o aparelho ao ouvido, falando em voz baixa:— Doutor.— Srta. Lúcia, não me leve a mal, mas eu preciso insistir! Como eu disse ontem, você precisa vir ao hospital para interromper a gravidez o quanto antes.A preocupação na voz do médico aqueceu o coração de Lúcia. Um estranho mostrava mais cuidado com sua saúde e segurança do que as pessoas próximas.— Doutor, eu decidi que não vou fazer o aborto.— Srta. Lúcia, você só pode estar brincando! — A voz do médico estava carregada de choque e incredulidade.Lúcia apertou os lábios e respondeu:— Não estou brincando. Eu realmente decidi ter esse filho. Obrigada, doutor. Agradeço de verdade pela sua preocupação.— Mas...— Não tem "mas". Essa é a minha vida, doutor. Se não há mais nada a dizer, eu vou desligar. — Lúcia cortou a ligação antes que ele pudesse responder.Ela sempre quis desafiar o destino. Quando sua mãe tento
— Sílvio, vou te perguntar uma última vez: se um dia eu desaparecer da sua vida para sempre... — Lúcia ainda não desistira, precisava fazer aquela pergunta.Mas antes que ela pudesse terminar a frase, ele a interrompeu, impaciente:— Lúcia, estou muito ocupado para ouvir essas bobagens.Então, sua vida, sua saúde, eram apenas bobagens para ele. A frieza e a indiferença de Sílvio perfuraram seu coração como uma lâmina gelada. Sua alma estava despedaçada, sangrando, mas Sílvio não conseguia ver!E mesmo que visse, Lúcia duvidava que ele se importaria.Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, viu que ele, impaciente, já se levantava para ir embora:— Quando você tiver pensado bem, então conversamos.Era óbvio que ele estava ali para forçá-la a se submeter.Sílvio achava que, ao aceitar ter o filho, Lúcia já havia cedido. Mas, para sua surpresa, ela tinha mais a dizer.— Eu posso ter esse filho! Mas tenho condições! — Ela falou olhando para as costas dele, com firmeza.Ele parou abru
Lúcia percebeu que Sílvio não estava reagindo e decidiu aumentar a aposta. De repente, agarrou a tesoura e a direcionou com força em direção à própria barriga.Quando a lâmina estava prestes a perfurar sua pele, num piscar de olhos, Sílvio agarrou a lâmina da tesoura com a mão, com precisão e força.A lâmina cortou a palma de sua mão, causando-lhe uma dor intensa que fez com que ele franzisse a testa.O sangue escorreu de sua mão, pingando no chão. Lúcia sabia que tinha vencido a aposta, a tesoura foi arrancada de sua mão e caiu no chão com um estrondo.— Você odeia tanto assim esse filho? Lúcia, você é ainda mais desprezível do que eu imaginava! — Sílvio agarrou sua garganta com a outra mão, seu rosto estava tenso, e as veias em sua testa pulsavam de raiva.Lúcia sentia uma dor tão profunda que já não conseguia chorar; suas lágrimas haviam secado. Ela olhou para ele com um sorriso irônico:— Sílvio, pare de enrolar. Se quer que eu tenha esse filho, então assine os papéis! Caso contrár
Lúcia bloqueou novamente o caminho de Sílvio.— O que você quer agora? Ainda não acabou com essa confusão? — Sílvio perguntou, impaciente.Lúcia deu um leve sorriso:— Sílvio, você ainda me deve uma última coisa!— Você nunca se cansa, né? — Sílvio estreitou os olhos.Lúcia o observou, murmurando:— Você precisa me prometer uma coisa. Não importa o que aconteça no futuro, você deve deixar de lado o ódio e cuidar dos meus pais até o fim de suas vidas! E proteger a família Baptista!— Lúcia, quem te deu coragem pra falar assim comigo? — Sílvio agarrou bruscamente o pescoço dela, empurrando-a contra a parede, com os olhos cheios de fúria.Ele já havia cedido a tantas exigências absurdas, e agora ela ainda queria que ele fizesse um juramento? Ela achava que era quem? Eles eram inimigos jurados, com sangue derramado entre suas famílias!Ela estava se aproveitando do fato de que ele se importava com aquela criança, para fazer mais e mais exigências irracionais!Antes, quando ele ficava irrit
— Eu, Sílvio, juro que, aconteça o que acontecer, independentemente de qualquer adversidade, cuidarei do bem-estar dos meus sogros, garantindo que tenham uma vida digna! Vou proteger a família Baptista!— E se quebrar essa promessa, você ficará sem filhos, amaldiçoado para sempre! — Lúcia acrescentou, sorrindo enquanto olhava para ele.Sílvio não podia acreditar que sua esposa, que havia concordado em ter filhos com ele, agora o estava forçando a fazer um juramento tão pesado! Parecia que os papéis entre eles haviam se invertido.O peso daquela situação fez os olhos de Sílvio arderem, lágrimas silenciosas escorreram pelo seu rosto enquanto ele repetia com os dentes cerrados: — Se eu quebrar esse juramento, eu, Sílvio, ficarei sem filhos, amaldiçoado para sempre!Sílvio gritou com raiva:— Está satisfeita?Lúcia estremeceu de medo.Ele a soltou bruscamente, sem sequer olhá-la, e virou-se para sair.— Mande os seguranças embora. Eu prometi não abortar, e vou cumprir! — Lúcia disse, firm
Lúcia estava prestes a responder que não iria, pensando que, se fosse, ele acabaria perdendo ainda mais o apetite.Marina começou a falar animadamente à sua frente: — Srta. Lúcia, os seguranças lá de baixo não estão mais por aqui. Isso significa que a senhora pode sair para dar uma volta e respirar um pouco, né?Então era verdade, ele realmente mandou os seguranças embora.Lúcia ficou ligeiramente surpresa.— Srta. Lúcia, preciso te agradecer. O Sr. Sílvio aumentou meu salário em dois mil reais, só para que eu cuide bem da senhora e prepare suas refeições favoritas. Ele é realmente uma boa pessoa.Lúcia sabia a verdade, mas preferiu não comentar. Boa pessoa? Ele era o pior dos ingratos!Mesmo assim, não queria piorar a situação. Depois de sua morte, seus pais e a família Baptista precisariam do apoio de Sílvio.Além disso, Leopoldo sempre a tratou bem, e ela não queria colocá-lo em uma situação difícil.Lúcia então disse a Marina: — Marina, faça o favor de preparar um pouco de sopa n